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segunda-feira, 27 de julho de 2015

Deuses Estranhos


          Salmo 81:9
          Não tenha nenhum deus estrangeiro no seu meio; não se incline perante nenhum deus estranho.

          A palavra acima poderia ser tomada como uma palavra dirigida especialmente para o povo de Israel. E foi. Mas não só para o povo de Israel. Assim como foi dirigida para os israelitas, da mesma forma esta palavra é dirigida a nós hoje, em pleno século XXI.
          Poderíamos dizer: “Mas nós não temos nenhum deus estrangeiro entre nós. Nem mesmo somos politeístas. A maioria é monoteísta e, alguns outros, nem deus têm, pois não acreditam em nenhum. Assim, deus estrangeiro não há entre nós!” Poderíamos dizer assim. E poderíamos dizer mais: “Assim como não há nenhum deus estrangeiro entre nós, muito menos nos inclinamos perante esse tal deus estranho. Não mesmo!” Poderíamos dizer assim também.
          Mas bem poderíamos estar errados nessas afirmações. E Deus – como sempre! – bem poderia estar certo na afirmação do salmo citado acima – e Ele está! Vejamos.
          Por deus estrangeiro, em nossos dias, não entendemos mais com sendo uma entidade de algum culto politeísta da antiguidade, ou uma imagem esculpida em madeira, barro, mármore ou granito. Para nós, bípedes humanoides do presente tempo, não se trata mais disso. Trata-se dos deuses subjetivos, que permitimos estar em nosso meio e que, com frequência, diante deles nos inclinamos. Vamos citar alguns.
          Há o deus do dinheiro, referido por Jesus em Mateus 6:24. Diante desse deus, muitas vezes nos inclinamos. Não quer se dizer com isso que não o devamos ter, o tal do dinheiro. Podemos tê-lo e dele necessitamos. Mas não podemos servi-lo. E como o servimos? Quando permitimos que ele – o dinheiro – domine nossa vida, seja a nossa principal razão de existência, seja pelo que nos levantamos todos os dias, para ganhá-lo. Achamos, assim, que o ganhamos, mas, na verdade, é ele quem já nos ganhou. Quando permitimos que este deus nos ganhe, nos domine, já “perdemos”, como se diz na gíria, e já nos inclinamos diante dele, já não mais ele nos serve, mas nós o estamos servindo. E Jesus mesmo disse que não podemos servir a Deus e ao dinheiro ao mesmo tempo. Há uma música do Barão Vermelho – banda do pop-rock nacional – em que o Frejat – o vocalista – canta assim: “Desejo que você tenha dinheiro, pois é preciso viver também; mas que, ao menos uma vez, você diga a ele quem é mesmo o dono de quem”. Bem isso.
          Há também o deus do tempo. Não o da meteorologia, nem Thor, o deus do trovão da mitologia nórdica e dos quadrinhos da Marvel. É claro que não falo disso. Falo do tempo, da agenda, daquilo que cabe – ou deveria caber – dentro das 24 horas do dia. O tempo que nos consome e do qual, muitas vezes, somos escravos. Já não nos sobra mais tempo para nada! Temos que ter cuidado para que o tempo – ou a falta dele – não nos escravize. Quando menos nos damos conta, estamos ajoelhados diante dele.
          Há o deus do poder. Esse é terrível e sedutor! É difícil não nos inclinarmos diante dele. Esse deus tem uma irmãzinha muito tinhosa: a deusa da vaidade. Normalmente andam juntos, o deus do poder e a deusa da vaidade. Quantas vezes nos encontramos inclinados perante eles? O poder e a vaidade estão em todos os meios sociais: na família, na escola, no trabalho, no clube social, e mesmo – com espantosa frequência! – dentro da igreja. Fazemos joguinhos de poder e vaidade o tempo todo e, na maior parte das vezes, nem percebemos. Queremos saber sempre quem está em melhor posição, quem aparece mais, quem influencia mais, quem pode mais. E, quando percebemos que temos o poder, isso nos enche de vaidade. O poder e a vaidade se instalaram até mesmo entre os discípulos primeiros de Cristo, quando eles perguntaram “quem seria o maior no Reino dos céus” (Mateus 18:1). A esta pergunta, Jesus apresentou uma criança como exemplo e disse a eles que deveriam comparar-se a uma criança, se quisessem entrar no Reino. Jesus nem mesmo falou em “ser maior”. Ele simplesmente falou em “entrar”. Pois é: os deuses – ou os diabos – do poder a da vaidade estão aí, ao nosso redor, isso quando já não estão dentro de nós!
          E quando se juntam os três deuses acima citados? Quando se juntam o dinheiro, o poder e a vaidade? Isso é o inferno! E, normalmente, formam uma trindade nada divina, locupletando-se uns aos outros. Quando andam juntos no coração de uma pessoa, fazem com que essa pessoa ache que pode tudo! Fazem com que essa pessoa subjugue os outros – próximos ou não – e fazem com que essa pessoa se ache maior do que os outros. Isso é um perigo iminente!
          Quero aproveitar o ensejo para falar também, encerrando o assunto, de um outro deusinho que anda nos rondando. O apóstolo Paulo já falava nele e o chamava de “doutrinas estranhas”. Quando ele falava em “doutrinas estranhas”, falava sobre qualquer coisa que depusesse contra o Evangelho, especialmente infundidas – essas doutrinas – por pseudo-pregadores que andavam grassando àquela época procurando causar divisão entre os cristãos recém convertidos.
          Hoje, esse deus estranho, é todo tipo de pensamento que nega a Cristo. Por negar a Cristo, quero dizer que nega a existência de Deus conosco, tendo Se manifestado a nós humanamente, no tempo e na história, na pessoa de Jesus de Nazaré. Toda forma de pensamento que nega que Deus se fez presente entre nós, como alguém de nós, em forma humana e, assim, abriu o caminho para que nós possamos estar com Ele sempre – se assim o quisermos –, isso é negar a Cristo.
          E esse deus – essa forma de pensamento – normalmente está escondido, dentro mesmo da nossa busca espiritual, dentro da filosofia, dentro da nossa sociabilidade, dentro das manifestações artísticas, intelectuais, culturais e espirituais. Não falo aqui de outras formas “religiosas” fora do cristianismo. Não falo aqui do islamismo, do budismo, do hinduísmo – de qualquer tipo de “ismos” – nem de outras formas culturais/religiosas africanas, indo/americanas, asiáticas – nada disso! De certa maneira, toda forma religiosa – de religar-se – a Deus tem sua validade. E, em si mesma, nenhuma delas pode negar a Cristo em Sua essência, pois Deus conosco também está presente aí, nessa forma de busca espiritual “fora” do cristianismo (até mesmo o que conhecemos hoje por “cristianismo” não passa, muitas vezes, de mais um “ismo” manipulável por pessoas mais ou menos influentes, mas isso já é assunto para outra hora).
          Falando bem claramente, quando digo negar a Cristo, me refiro a toda manifestação que defende que não precisamos de Deus, que nos bastamos por nós mesmos, que somos, por nós mesmos, auto-suficientes. Se assim fôssemos, tão bons assim por nós mesmos, o mundo não estaria virado nesse chapéu velho em que está. É inegável que necessitamos de Deus, que necessitamos do Deus conosco, seja qual for a forma cultural/religiosa como O entendamos. Tudo o que nega esse fato, tudo o que nega a Deus em Si mesmo, tudo o que coloca Deus para escanteio, tudo isso – escondidinho e manifesto ao mesmo tempo – é esse deus estranho. Diante dele não podemos nos inclinar. Em nenhum tempo.

          Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
          Saudações,
          Kurt Hilbert

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