Alguém me escreveu dizendo
que não entende por que Jesus agiu como agiu, ao invés de fazer como César ou
Alexandre, o Grande.
A ele e a tantos quantos
pensam a mesma coisa, digo o seguinte:
Jesus veio para salvar o
mundo e, contudo, não fez nada igual aos que se oferecem como salvadores dos
homens.
Já se disse demais (embora
valha a pena repetir) que Ele não escreveu sequer um livro, não erigiu um
pilar, por mais fajuto que fosse; não mudou para Roma e nem para Atenas ou
mesmo para Jerusalém; não aceitou a oferta dos gregos de ir viver entre eles;
não buscou impressionar os filósofos gregos ou os senadores romanos; e nem
tampouco sistematizou um ensino para ser decorado ou aprendido; e, para
completar a série de “insensatezes”, ainda escolheu andar com gente que não
formava opinião, não era conhecida, não tinha berço, e não agia no meio
político ou religioso. Ele fez como o Pai: do que estava sem forma e vazio Ele
iniciou o Reino!
Além disso, Ele não gerou
filhos e nem deixou herdeiros carnais de nada. Não criou amuletos com pedaços
de Suas roupas ou utensílios de uso pessoal (toda essa história de Graal e
relíquias santas é paganismo comercial brabo feito em nome de Jesus), não
“marcou lugares santos” e nem estabeleceu “peregrinações sagradas”, como ir a
Jerusalém, a Cafarnaum, e muito menos a qualquer outro lugar santo ou “Meca”.
Também não inventou “uma
parte profunda” de Seu ensino apenas reservado aos entendidos e autoridades.
Não venerou nada. Não Se vinculou à coisa alguma, nem mesmo ao Templo de
Jerusalém, ao qual derrubou com palavras proféticas.
Chocante também é o fato d’Ele
não Se poupar em nada. Cansado, então cansado. Com sede, então com sede.
Ameaçado, então cauteloso. Descrido, então muda de lugar. Amado, mostra amor,
mas não fica sequestrado pelo amor de ninguém. “Desperdiça” oportunidades de
ouro. Joga fora o que ninguém jogava. Insurge-Se contra aquilo que ninguém se
levantava em oposição. Provoca a morte com vida até ressuscitar.
Ressuscitar. Sim! Mas para
quê? Se as testemunhas não eram críveis. Até óvnis têm testemunhas mais críveis
do ponto de vista do que se julga um testemunho respeitável. E além de tudo Ele
só aparece para quem crê, e não faz nenhuma aparição ante Seus inimigos, no
Sinédrio de Jerusalém, por exemplo. Até para ressuscitar Ele trabalha contra
Ele mesmo, do ponto de vista de “estratégia de ressurreição”.
Sim! Jesus não fez nada
concreto. Tudo n’Ele era abstrato, até quando era concreto. Tudo tinha que ser
apreendido com o coração, e não apenas aprendido com a mente. Um dia depois do
milagre da multiplicação de pães e peixes, todo o resultado do milagre já havia
sido digerido e evacuado. Ninguém foi por Ele instruído a guardar amostra dos
pães e peixes, nem tampouco pediu Ele que se guardasse um tonel de vinho de Caná.
Jesus era do tipo que jamais
chegaria a Betânia e diria: “Foi aqui que ressuscitei Lázaro!”
Sim! Ele não tem histórias de
Si mesmo para contar. O presente é a História para Jesus. Suas histórias não
são passadas, são todas presentes. Suas histórias são as Suas Palavras de vida
e poder no enquanto...
Ora, eu poderia ficar
escrevendo aqui para sempre sobre o assunto (aliás, tenho três livros que lidam
com essas questões de modo amplo e extenso); no entanto, o que me interessa é
apenas afirmar que assim como Jesus tratou a vida e a História, do mesmo modo
Ele espera que nós o façamos, até quando estivermos exaltando o Seu nome ou pregando
a Sua Palavra; e, sobretudo, no vivendo da vida.
Ou quem nos fez pensar que
Jesus era assim apenas porque Ele tinha que ser assim? Mas que nós, que não
somos Ele (e que temos a tarefa de propagandeá-Lo na Terra), temos permissão
para tratarmos Jesus em relação ao mundo de um modo diferente do que Ele tratou
a Si mesmo? Sim! Quem nos convenceu de tal loucura?
O modo de vivermos e
pregarmos o nome de Jesus no mundo é exatamente o mesmo com o qual Ele tratou a
Si mesmo na experiência humana de Seu existir entre nós.
“Meu reino não é deste
mundo!”
Afinal, quem é César? Quem é
Alexandre?
Você deve a vida a qualquer
um dos dois? Em que César ou Alexandre ajudam a sua vida hoje?
Assim, pergunto:
Você aceita desistir do erro
no qual foi criado na religião e passar a viver com os modos e motivações de
Jesus?
Pense nisso!
(um texto de Caio Fábio D´Araújo Filho)
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