Romanos
10:4
Porque
o fim da Lei é Cristo, para a justificação de todo o que crê.
Cristo não veio
revogar a Lei, mas cumpri-la, o que é dito em Suas próprias palavras: “Não pensem que vim
abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir. Digo-lhes a verdade: Enquanto existirem céus e terra,
de forma alguma desaparecerá da Lei a menor letra ou o menor traço, até que
tudo se cumpra” (Mateus 5:17-18).
Aí você,
que aqui lê, pergunta: Então, por que é dito o que é dito, nesta Palavra aos
irmãos da Igreja em Roma, usada aqui como mote para este texto?
Para termos uma resposta mais clara a esta
pergunta, temos que conhecer o contexto do que é dito.
Como pseudo-cumpridores da Lei de Moisés, os
israelitas criam que podiam se autojustificar diante de Deus, e que a sua
justificação não tinha a ver com a graça divina – um amor não merecido –, mas
com seus próprios méritos.
Por isso, logo antes o apóstolo Paulo diz assim:
Irmãos, o desejo do
meu coração e a minha oração a Deus pelos israelitas é que eles sejam salvos.
Posso testemunhar que eles têm zelo por Deus, mas o seu zelo não se baseia no conhecimento.
Porquanto, ignorando a justiça que vem de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se submeteram à justiça
de Deus (Romanos 10:1-3).
Aí entra esta Palavra:
Porque o fim da Lei é Cristo, para a
justificação de todo o que crê (Romanos 10:4).
E, logo em seguida a ela, ele segue: Moisés descreve desta forma a justiça que
vem da Lei: “O homem que fizer estas coisas viverá por meio delas”. Mas a
justiça que vem da fé diz: “Não diga em seu coração: ‘Quem subirá aos céus?’
(isto é, para fazer Cristo descer) ou ‘Quem descerá ao abismo?’” (isto é, para
fazer Cristo subir dentre os mortos). Mas o que ela diz? “A palavra está perto de você; está em sua boca e em seu coração”, isto é, a palavra da fé que estamos proclamando:
Se você confessar com a sua boca que Jesus
é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo. Pois com o coração se crê
para justiça, e com a boca se confessa para salvação
(Romanos 10:5-10).
Dentro de um texto
como esse que lhes escrevo, é comum as pessoas quererem “pular” os textos
bíblicos que estão inseridos nele, especialmente quando estes textos são um
pouco longos, como os acima. Mas são justamente estes textos que nos colocam no
contexto do que é dito, e não se mal-iterpretam pontos isolados.
Pois bem, seguimos.
Cristo disse que não
veio revogar a Lei, mas cumpri-la. E mais, Ele afirma que nenhuma letra ou
traço dela desapareceriam sem esse cumprimento.
E agora? Como entender
isso? Não é tão difícil, se lermos o Antigo Testamento tendo Jesus como chave
de interpretação. Aliás, costumo dizer – e já disse isso em vários momentos –
que Jesus deve ser a chave de interpretação para ler toda a Bíblia, e para ler
a vida de uma forma geral.
Vamos avançar no nosso
entendimento: a Lei do Antigo Testamento, conhecida também como a Lei de
Moisés, desdobrava-se em mais de seiscentos decretos, mandamentos e ordenanças,
e era baseada nos célebres “dez mandamentos” do monte Sinai. Continha também
algumas orientações do “código de Hamurabi” e decretos egípcios, pois não
podemos esquecer que Moisés havia sido ensinado na cultura egípcia. Essa Lei de
Moisés tinha como finalidade regulamentar questões religiosas, políticas e
sociais do povo israelita.
Esta Lei nunca foi
cumprida a contento – por isso eu disse acima que os israelitas eram
pseudo-cumpridores da Lei –, pois, por desobediência a ela, eles caíram em
desgraças as mais variadas.
Agora vem um ponto importante a ser observado:
essa Lei e suas variantes, como os livros dos Profetas, os Salmos, os
Provérbios e outros livros do Antigo Testamento, tinham, em conjunto, uma
finalidade muito mais nobre e elevada: apontar para o surgimento do Cristo!
Este era, em instância
maior, o fim (ou finalidade) da Lei!
Então, sim, o fim e
finalidade da Lei é Cristo!
Cristo é o fim
(finalidade) da Lei, e é também o fim (fim mesmo, de final) da mesma Lei!
Sim, porque em Cristo,
o antigo pacto, a antiga aliança, o Antigo Testamento, finalizam, e se inicia
um novo pacto, uma nova aliança, um Novo Testamento.
E este é o “para” da Palavra aqui: o fim da Lei é Cristo, para a justificação de todo o que crê.
Assim como a antiga aliança (a da Lei) não podia
em si mesma justificar (tornar justo) alguém, a nova aliança (a de Cristo) pode
justificar (fazer justo) alguém por um único meio: a fé do que crê!
Ainda, como exemplo objetivo, vale ressaltar
aqui o que o profeta Isaías escrevia a respeito d’Ele sete séculos antes:
(Sim, eu sei, é um pouco longa a citação bíblica
que segue, mas leia, por favor!)
Quem
creu em nossa mensagem? E a quem foi revelado o braço do SENHOR? Ele cresceu diante dele como um broto tenro, e como uma
raiz saída de uma terra seca. Ele não tinha qualquer beleza ou majestade que
nos atraísse, nada havia em sua aparência para que o desejássemos. Foi desprezado e rejeitado pelos homens,
um homem de dores e experimentado no sofrimento. Como alguém de quem os homens
escondem o rosto, foi desprezado, e nós não o tínhamos em estima. Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades
e sobre si levou as nossas doenças;
contudo nós o consideramos castigado por Deus, por Deus atingido e afligido.
Mas ele foi transpassado por causa
das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniquidades; o castigo que nos trouxe a paz estava sobre
ele, e pelas suas feridas fomos
curados. Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se
voltou para o seu próprio caminho; e o SENHOR
fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós. Ele foi oprimido e afligido; e, contudo, não abriu a sua
boca; como um cordeiro foi levado para o matadouro, e como uma ovelha que
diante de seus tosquiadores fica calada, ele não abriu a sua boca. Com
julgamento opressivo ele foi levado. E quem pode falar dos seus descendentes?
Pois ele foi eliminado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu
povo ele foi golpeado. Foi-lhe dado um
túmulo com os ímpios, e com os ricos em sua morte, embora não tivesse
cometido nenhuma violência nem houvesse nenhuma mentira em sua boca. Contudo, foi vontade do SENHOR
esmagá-lo e fazê-lo sofrer,
e, embora o SENHOR tenha feito da vida dele uma oferta pela culpa, ele verá sua prole e prolongará
seus dias, e a vontade do SENHOR prosperará em sua mão. Depois do
sofrimento de sua alma, ele verá a luz e ficará satisfeito; pelo seu
conhecimento meu servo justo justificará
a muitos, e levará a iniquidade
deles. Por isso eu lhe darei uma porção entre os grandes, e ele dividirá os
despojos com os fortes, porquanto ele
derramou sua vida até a morte, e foi
contado entre os transgressores. Pois ele
levou o pecado de muitos, e pelos
transgressores intercedeu (Isaías 53:1-12).
E, depois, o
evangelista Mateus faz referência a este profeta, confirmando o que ele
dissera: E assim se cumpriu o que fora dito pelo profeta Isaías: “Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e
sobre si levou as nossas doenças” (Mateus 8:17).
Então, mais uma vez,
fica claro: Cristo é o cumprimento!
É isso. Que a liberdade e o amor de Cristo nos
acompanhem!
Saudações,
Kurt Hilbert
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