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domingo, 17 de março de 2024

142 – Israel Governada Por Reis


 

O povo de Israel estava insatisfeito com a sua liderança, que havia passado do profeta Samuel para seus filhos. Por essa época, também sofria repetidos ataques dos filisteus, os seus antigos inimigos (cerca de 1100 a.C.). Numa tentativa de unir os grupos tribais contra os filisteus, os anciãos israelitas passaram a exigir um rei. Apesar dos alertas de Samuel com relação à taxação e recrutamento, o povo de Israel decidiu tornar-se uma nação sob o governo de Saul, o primeiro rei de Israel. O reinado atingiu o auge durante a época do rei Salomão, quando se transformou num enorme império comercial.

 

Os primeiros reis

Samuel desempenhou um importante papel no estabelecimento da monarquia. Ajudou a escolher os dois primeiros reis, Saul (cerca de 1050 – 1010 a.C.) e Davi (cerca de 1010 – 970 a.C.), que reinaram, cada um, por volta de quarenta anos. Davi escolheu o filho Salomão para ser o terceiro rei de Israel. Ele também reinou durante quarenta anos (cerca de 970 – 930 a.C.).

 

A unção de reis

Os israelitas costumavam ungir os seus sacerdotes, o que consistia em esfregar um óleo sagrado (*) na pele deles. Esse ato simbolizava a consagração a Deus, para o ofício religioso. A partir da época de Samuel, também ungiam os seus reis. Essa prática indicava que os reis não eram escolhidos pelo povo, mas por Deus.

A unção também significava a fidelidade de um rei a Deus e sua dedicação ao povo de Israel. O rei de Israel passou a ser conhecido como o “messias”, termo hebraico para o “ungido”. A palavra grega para “messias” é “christos”, da qual derivou “Cristo”.

 

O reinado de Saul

Saul pertencia à tribo de Benjamim, a menor das doze tribos de Israel. Os benjamitas ocupavam a terra entre Efraim, ao norte, e Judá, ao sul. Saul foi, portanto, uma boa opção de rei para um Israel unido, pois agradaria tanto às tribos do norte quanto às do sul.

 

Saul, o soldado

Saul era um excelente líder militar. Das diferentes tribos de Israel, ele formou um único exército, que, embora tivesse armamento inferior, combateu com sucesso os amonitas e os filisteus. Entretanto, as vitórias de Saul merecem apenas uma breve menção na Bíblia. Por outro lado, ele é duramente criticado por sua desobediência a Deus (1º Samuel, caps. 13 – 15). Deus o rejeitou, o que fez com que ele se tornasse cada vez mais desconfiado e enciumado, principalmente de Davi, que o servia em seu palácio. Saul perdeu muito tempo perseguindo Davi, e a nação de Israel sofreu com isso. Nos anos finais de seu reinado, ele via Davi como uma ameaça ao seu poder.

 

O reinado de Davi

Após a morte de Saul, Davi foi ungido como rei pelos seus conterrâneos da tribo de Judá. Ele herdou, porém, um reino dividido. Isbaal, um dos filhos de Saul, foi proclamado rei das tribos do norte de Israel, por Abner, o comandante do exército de Saul. Isbaal acabou sendo morto, e Davi foi ungido pelas tribos do norte.

 

Conquistas militares de Davi

Davi foi um soldado corajoso e um general habilidoso. Subjugou nações vizinhas de todos os lados. Derrotou os amonitas, os moabitas e os edomitas no leste; os filisteus, no oeste e os sírios (armênios) no norte. O declínio do Egito e o poder enfraquecido de outras grandes civilizações permitiram que Davi fizesse alianças bem-sucedidas, para garantir as suas fronteiras do Nilo ao Eufrates.

 

Davi conquista Jerusalém

Davi tomou dos jebuseus a antiga cidade de Jerusalém e a tornou o centro religioso e político do seu reinado. Sua localização era ideal, instalada bem no centro, entre as tribos do norte e do sul de Israel. A antiga capital israelita era Hebron, que ficava muito ao sul. Jerusalém também estava convenientemente situada num planalto e era densamente fortificada. Davi instalou a Arca da Aliança (contendo as Leis de Moisés) em sua nova capital.

 

Oposição a Davi

Davi transformou a sociedade tribal israelita em um estado centralizado. Também aumentou os impostos para pagar as suas campanhas militares e projetos de construção. Isso provocou muita hostilidade entre as tribos israelitas, que não sentiram os benefícios de suas reformas. Uma revolta foi liderada por Seba, um benjamita que pretendia dividir o reino e destruir a monarquia. Mas Davi derrotou os revoltosos em Abel-Bet-Maaca.

O reinado de Davi também foi obscurecido por problemas dentro de sua família. Absalão, um de seus filhos, tentou tomar o trono, e Davi foi forçado a fugir de Jerusalém. Esses problemas internos sublinharam a instabilidade da monarquia dessa época.

 

O reinado de Salomão

Davi indicou o filho Salomão para sucedê-lo. O seu reinado foi pacífico e ele expandiu o reino através de tratados assinados com outras nações. Salomão, entretanto, tinha tendência a ser ditatorial, e as pessoas o viam como um soberano opressor. Salomão propiciou grade riqueza e prestígio ao seu reino. Também se destacou por sua sabedoria e erudição. Muitos dos textos de Salomão fazem parte da Bíblia. Formou uma coletânea de provérbios, poemas de amor e salmos.

 

O comércio de Salomão

Salomão iniciou um sistema de acordos comerciais com países vizinhos. Algumas operações comerciais eram realizadas por terra, utilizando caravanas de camelos, mas a maior parte era feita por mar. Ele construiu uma enorme frota de navios, com a ajuda do rei Hirão, de Tiro. As operações comerciais de Salomão o levaram a entrar em contato com a rainha de Sabá (1º Reis 10:1-3).

 

Salomão, o construtor

Não houve guerras durante o reinado de Salomão, o que lhe facilitou a execução de grandes projetos arquitetônicos. O seu palácio, uma série de cinco estruturas, levou treze anos para ser concluído. Construiu cidades-entrepostos e fortalezas para proteger o reino, como as de Hasor, Megido e Geser. Salomão usou escravos estrangeiros como mão-de-obra para esses projetos. Também recrutou israelitas para recolherem materiais de construção no Líbano.

 

O Templo de Jerusalém

O Templo foi o mais importante dos projetos arquitetônicos de Salomão. Hoje em dia, nada resta desse prédio magnífico, mas o livro dos Reis o descreve em grades detalhes (1º Reis, cap. 6). Era dividido em três setores principais: o Santo dos Santos, o Recinto Sagrado e os Átrios Externos. Seu desenho era semelhante ao do Tabernáculo (o santuário portátil dos israelitas). Salomão foi ajudado por Hirão-Abi, um habilidoso artífice de Tiro.

 

(*) Óleos de unção: O Antigo Testamento fornece instruções detalhadas para se fazer o óleo especial de unção (Êxodo 30:22-33). Os ingredientes eram mirra líquida, canela, cana aromática e cássia, que deviam ser misturadas com azeite de oliva puro.

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS. 

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