O povo de Israel
estava insatisfeito com a sua liderança, que havia passado do profeta Samuel
para seus filhos. Por essa época, também sofria repetidos ataques dos
filisteus, os seus antigos inimigos (cerca de 1100 a.C.). Numa tentativa de
unir os grupos tribais contra os filisteus, os anciãos israelitas passaram a
exigir um rei. Apesar dos alertas de Samuel com relação à taxação e
recrutamento, o povo de Israel decidiu tornar-se uma nação sob o governo de
Saul, o primeiro rei de Israel. O reinado atingiu o auge durante a época do rei
Salomão, quando se transformou num enorme império comercial.
Os
primeiros reis
Samuel desempenhou um
importante papel no estabelecimento da monarquia. Ajudou a escolher os dois
primeiros reis, Saul (cerca de 1050 – 1010 a.C.) e Davi (cerca de 1010 – 970
a.C.), que reinaram, cada um, por volta de quarenta anos. Davi escolheu o filho
Salomão para ser o terceiro rei de Israel. Ele também reinou durante quarenta
anos (cerca de 970 – 930 a.C.).
A
unção de reis
Os israelitas
costumavam ungir os seus sacerdotes, o que consistia em esfregar um óleo
sagrado (*) na pele
deles. Esse ato simbolizava a consagração a Deus, para o ofício religioso. A
partir da época de Samuel, também ungiam os seus reis. Essa prática indicava
que os reis não eram escolhidos pelo povo, mas por Deus.
A unção também
significava a fidelidade de um rei a Deus e sua dedicação ao povo de Israel. O
rei de Israel passou a ser conhecido como o “messias”, termo hebraico para o “ungido”.
A palavra grega para “messias” é “christos”, da qual derivou “Cristo”.
O
reinado de Saul
Saul pertencia à tribo
de Benjamim, a menor das doze tribos de Israel. Os benjamitas ocupavam a terra
entre Efraim, ao norte, e Judá, ao sul. Saul foi, portanto, uma boa opção de
rei para um Israel unido, pois agradaria tanto às tribos do norte quanto às do
sul.
Saul,
o soldado
Saul era um excelente
líder militar. Das diferentes tribos de Israel, ele formou um único exército,
que, embora tivesse armamento inferior, combateu com sucesso os amonitas e os
filisteus. Entretanto, as vitórias de Saul merecem apenas uma breve menção na
Bíblia. Por outro lado, ele é duramente criticado por sua desobediência a Deus (1º
Samuel, caps. 13 – 15). Deus o rejeitou, o que fez com que ele se tornasse cada
vez mais desconfiado e enciumado, principalmente de Davi, que o servia em seu
palácio. Saul perdeu muito tempo perseguindo Davi, e a nação de Israel sofreu
com isso. Nos anos finais de seu reinado, ele via Davi como uma ameaça ao seu
poder.
O
reinado de Davi
Após a morte de Saul,
Davi foi ungido como rei pelos seus conterrâneos da tribo de Judá. Ele herdou,
porém, um reino dividido. Isbaal, um dos filhos de Saul, foi proclamado rei das
tribos do norte de Israel, por Abner, o comandante do exército de Saul. Isbaal
acabou sendo morto, e Davi foi ungido pelas tribos do norte.
Conquistas
militares de Davi
Davi foi um soldado
corajoso e um general habilidoso. Subjugou nações vizinhas de todos os lados.
Derrotou os amonitas, os moabitas e os edomitas no leste; os filisteus, no
oeste e os sírios (armênios) no norte. O declínio do Egito e o poder
enfraquecido de outras grandes civilizações permitiram que Davi fizesse
alianças bem-sucedidas, para garantir as suas fronteiras do Nilo ao Eufrates.
Davi
conquista Jerusalém
Davi tomou dos
jebuseus a antiga cidade de Jerusalém e a tornou o centro religioso e político
do seu reinado. Sua localização era ideal, instalada bem no centro, entre as
tribos do norte e do sul de Israel. A antiga capital israelita era Hebron, que
ficava muito ao sul. Jerusalém também estava convenientemente situada num
planalto e era densamente fortificada. Davi instalou a Arca da Aliança
(contendo as Leis de Moisés) em sua nova capital.
Oposição
a Davi
Davi transformou a
sociedade tribal israelita em um estado centralizado. Também aumentou os
impostos para pagar as suas campanhas militares e projetos de construção. Isso
provocou muita hostilidade entre as tribos israelitas, que não sentiram os
benefícios de suas reformas. Uma revolta foi liderada por Seba, um benjamita
que pretendia dividir o reino e destruir a monarquia. Mas Davi derrotou os
revoltosos em Abel-Bet-Maaca.
O reinado de Davi
também foi obscurecido por problemas dentro de sua família. Absalão, um de seus
filhos, tentou tomar o trono, e Davi foi forçado a fugir de Jerusalém. Esses
problemas internos sublinharam a instabilidade da monarquia dessa época.
O
reinado de Salomão
Davi indicou o filho
Salomão para sucedê-lo. O seu reinado foi pacífico e ele expandiu o reino
através de tratados assinados com outras nações. Salomão, entretanto, tinha
tendência a ser ditatorial, e as pessoas o viam como um soberano opressor.
Salomão propiciou grade riqueza e prestígio ao seu reino. Também se destacou
por sua sabedoria e erudição. Muitos dos textos de Salomão fazem parte da
Bíblia. Formou uma coletânea de provérbios, poemas de amor e salmos.
O
comércio de Salomão
Salomão iniciou um
sistema de acordos comerciais com países vizinhos. Algumas operações comerciais
eram realizadas por terra, utilizando caravanas de camelos, mas a maior parte
era feita por mar. Ele construiu uma enorme frota de navios, com a ajuda do rei
Hirão, de Tiro. As operações comerciais de Salomão o levaram a entrar em
contato com a rainha de Sabá (1º Reis 10:1-3).
Salomão,
o construtor
Não houve guerras
durante o reinado de Salomão, o que lhe facilitou a execução de grandes
projetos arquitetônicos. O seu palácio, uma série de cinco estruturas, levou treze
anos para ser concluído. Construiu cidades-entrepostos e fortalezas para
proteger o reino, como as de Hasor, Megido e Geser. Salomão usou escravos
estrangeiros como mão-de-obra para esses projetos. Também recrutou israelitas
para recolherem materiais de construção no Líbano.
O
Templo de Jerusalém
O Templo foi o mais
importante dos projetos arquitetônicos de Salomão. Hoje em dia, nada resta
desse prédio magnífico, mas o livro dos Reis o descreve em grades detalhes (1º
Reis, cap. 6). Era dividido em três setores principais: o Santo dos Santos, o
Recinto Sagrado e os Átrios Externos. Seu desenho era semelhante ao do
Tabernáculo (o santuário portátil dos israelitas). Salomão foi ajudado por
Hirão-Abi, um habilidoso artífice de Tiro.
(*)
Óleos de unção: O Antigo Testamento
fornece instruções detalhadas para se fazer o óleo especial de unção (Êxodo
30:22-33). Os ingredientes eram mirra líquida, canela, cana aromática e cássia,
que deviam ser misturadas com azeite de oliva puro.
Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.
Muito bom!
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