Jó
33:14
“Pois
a verdade é que Deus fala, ora de um modo, ora de outro, mesmo que o homem não
o perceba”.
A Palavra usada aqui começa falando da
“verdade”. É difícil nos depararmos com o uso seguro desta palavra: a verdade.
Muitos já perguntaram: O que é a verdade?
A Jesus foi perguntado isso. Quando Pôncio
Pilatos, o responsável romano pelos trâmites da “condenação” de Jesus perguntou
isso ao Mestre, recebeu o silêncio como resposta. “Que é a verdade?”, perguntou Pilatos
(João 18:38) – e, na seqüência, não se lê nada a respeito de alguma resposta de
Jesus, significando o Seu silêncio.
Noutro momento, Jesus
não ficou em silêncio quando o tema era a “verdade”, mas falou claramente: “Eu
sou o caminho, a verdade e a
vida” (João 14:6).
E Jesus complementa a
informação a respeito do que é a “verdade”, em Sua oração pelos discípulos: “Eles não são do mundo, como eu também não
sou. Santifica-os na verdade; a tua
palavra é a verdade” (João 17:16-17).
E isso se fecha em si mesmo, pois, em Jesus
sendo a Palavra encarnada, a “verdade” reside n’Ele e é Ele: No
princípio era aquele que é a Palavra.
Ele estava com Deus, e era Deus
(João 1:1).
Pois bem, a Palavra
usada como mote para este texto segue dizendo que “Deus fala, ora de um modo, ora de outro”. Isto está atestado nas
Escrituras, pois ali encontramos as mais diversas formas de ensino, sob várias
abordagens, sendo que, caso não entendamos bem alguma coisa nalgum lugar,
noutro o mesmo nos é ensinado de maneira diferente na forma, mas não no conteúdo.
Deus aborda de várias formas um mesmo tema, para que possamos chegar ao
entendimento dele.
E Deus nos fala também
no dia a dia, de várias formas, pelas situações que vivemos e com as quais nos
deparamos. Muitas vezes não percebemos: “mesmo
que o homem não o perceba”, como segue dizendo a Palavra. Também por isso é
tão necessário estarmos em comunhão com Ele em nossas orações, pois isso
enternece nosso coração e nos predispõe à percepção e à compreensão.
Muitas pessoas creem que Deus
somente fala com algumas pessoas mais “santas” ou “escolhidas”, e que estas
seriam as porta-vozes d’Ele para nós.
Outras creem que Ele
fala somente com as pessoas mais dignas e que têm uma vida exemplar em suas
condutas e aparências.
Outras, ainda, creem
que é necessário algum tempo de percurso no caminho, que não é de uma hora para
outra que Ele fala conosco, mas que temos que ter pelo menos alguns anos de
“bom comportamento” para “merecermos” Sua interlocução conosco.
Ora, nada disso é
verdadeiro!
Deus fala com todos,
com o mais “santo” e com o mais “pecador” – e com todos nós nos intervalos
entre um estado e outro.
A grande pergunta não é: Com quem Deus fala?
A grande pergunta é:
Quem O ouve?
Sim, esta é a questão:
Paramos, vez ou outra, para ouvi-Lo?
Pedimos em nossas orações – quando falamos com
Ele – que Ele nos fale?
Ficamos atentos para “ouvir a Sua voz”?
Fique certo disso: Deus Se comunica conosco!
Temos que tomar um cuidado, no entanto: Deus nos
fala, sim, mas nem tudo é Deus
falando.
É preciso termos discernimento.
Veja o que nos ensina o apóstolo João a este
respeito: Amados, não
creiam em qualquer espírito, mas examinem
os espíritos para ver se eles procedem
de Deus, porque muitos falsos
profetas têm saído pelo mundo (1º João 4:1).
E ainda: Vocês podem reconhecer o Espírito de Deus deste modo: todo espírito que confessa
que Jesus Cristo veio em carne procede de Deus; mas todo espírito que não confessa Jesus não procede de Deus.
Esse é o espírito do anticristo, acerca do qual vocês ouviram que está vindo, e
agora já está no mundo (1º João
4:2-3).
O “discernimento de espíritos” – isto é, de
intenções – é um dos dons e uma das manifestações do Espírito Santo (1º
Coríntios 12:10).
Então, repetindo: Deus
Se comunica conosco de muitas e variadas formas, mas nem tudo é Deus falando.
Deus não nos revela
nada, por Seu Espírito, que esteja fora do modo de ser de Cristo.
Deus nunca fala nada
que esteja fora do contexto da Sua Palavra, encontrada na Bíblia. Então, é bom
que a leiamos, sempre tendo Jesus como chave de interpretação!
É isso. Que a liberdade e o amor de Cristo nos
acompanhem!
Saudações,
Kurt Hilbert