2º
Timóteo 2:24
Ao
servo do Senhor não convém brigar, mas, sim, ser amável para com todos, apto
para ensinar, paciente.
Mesmo que haja sempre um discurso de tolerância,
seja nas mídias, seja nas instituições, ou mesmo no dia a dia, na nossa
convivência em sociedade, o fato é que vivemos num tempo onde o limite entre
tolerância e intolerância é tênue.
Nos mais diversos tópicos abordados, sejam
políticos, filosóficos, clubísticos, e mesmo teológicos ou religiosos –
especialmente nestes –, escorregar para a discussão e a intolerância é
extremamente fácil.
Aqui e agora, quero falar especificamente das
tolerâncias e intolerâncias concernentes aos temas da fé.
Conquanto a fé seja sempre um tema pessoal e
intransferível, parece que somos impulsionados a coletivizá-la.
Dia desses li nalgum lugar que “as verdades
espirituais são tantas quanto forem as pessoas no nosso planeta”. Esta
afirmação tem um fundo de verdade, posto que cada um de nós enxerga tudo na
vida – e não somente a fé – pelas suas próprias lentes, e estas diferem de
pessoa para pessoa.
Para os cristãos, por óbvio, a verdade é Cristo
e, em assim sendo, a verdade não é um conceito, mas uma Pessoa. Ainda assim,
cada um de nós tem experiências únicas e exclusivas com o Cristo. Ainda que
formemos a Igreja e esta é indivisível como conceito, somos todos tijolinhos
diferentes dentro dela, ou, como diz o apóstolo Paulo, membros diferentes do
mesmo Corpo, interligados entre si: Assim
como cada um de nós tem um corpo com muitos membros e esses membros não exercem
todos a mesma função, assim também em
Cristo nós, que somos muitos,
formamos um corpo, e cada membro está ligado a todos os outros
(Romanos 12:4-5).
Há no mundo um número
expressivo de religiões, religiosidades e caminhos espirituais.
Mesmo dentro do
cristianismo, há uma elevadíssima quantidade de subdivisões, entre denominações
eclesiásticas, grupos, seitas e afins.
Há países onde não há liberdade religiosa, e aí
o caso adquire particular delicadeza, pois as divergências e imposições não se
limitam ao campo das ideias e dos conceitos, mas extrapolam-se à imposição da
força que coage e amedronta, causando mesmo risco de vida.
Há países, como o nosso, em que há liberdade
religiosa e de credos, mas, mesmo que não haja imposições coercitivas, a
delicadeza com que se deve tocar nestes assuntos é sempre, no mínimo,
recomendável, para não causar inconvenientes e constrangimentos. Ou seja, por
aqui o caso também não é simples, como poderia e deveria ser – está se pisando
em ovos o tempo todo.
O grande problema ocorre quando olhamos apenas
para o nosso umbigo – que achamos ser, claro, o melhor e o mais bonito! –,
achando que apenas nós ou nosso grupo temos razão, que nós somos os detentores,
os administradores e os despenseiros das benesses de Deus. Ou seja, é conforme
a doutrina que o meu grupo dita, ou então está errado!
Achamos também que cabe imputar nossa
religiosidade/espiritualidade aos outros, como uma espécie de missão divina a
nós outorgada, colocando-nos como soldados de uma milícia evangelizadora, uma
espécie de “tropa de elite” de Jesus.
Mas não deveria ser assim! Muito antes pelo
contrário!
Se queremos ter um modelo de modus operandi, olhemos para Jesus –
sempre olhemos para Ele!
Jesus nunca coagiu ninguém. Ele sempre deixou as
pessoas livres para que, ao Seu convite, O seguissem, se quisessem: Então Jesus chamou a multidão e os discípulos e disse: “Se alguém quiser acompanhar-me,
negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”
(Marcos 8:34). Ele nunca disse algo do tipo: “Você precisa seguir-me, caso
contrário sofrerá alguma punição”.
A Palavra usada aqui como mote para este texto
diz que “ao servo do Senhor não convém brigar”. E prossegue dizendo que “sejamos
amáveis para com todos, aptos para ensinar, pacientes”. A amabilidade e a paciência
são gomos do “fruto do Espírito” de Jesus: Mas
o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência,
amabilidade, bondade, fidelidade,
mansidão e domínio próprio (Gálatas 5:22-23). E a seiva que alimenta esse
fruto do Espírito é o amor!
Assim, sempre que
pregarmos o Evangelho a alguém, que o façamos com respeito às diferenças e com
amor!
É tempo de mais pontes
e menos muros!
É isso. Que a liberdade e o amor de Cristo nos
acompanhem!
Saudações,
Kurt Hilbert
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