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domingo, 23 de abril de 2023

Mais Pontes e Menos Muros!


 

2º Timóteo 2:24

Ao servo do Senhor não convém brigar, mas, sim, ser amável para com todos, apto para ensinar, paciente.

 

Mesmo que haja sempre um discurso de tolerância, seja nas mídias, seja nas instituições, ou mesmo no dia a dia, na nossa convivência em sociedade, o fato é que vivemos num tempo onde o limite entre tolerância e intolerância é tênue.

Nos mais diversos tópicos abordados, sejam políticos, filosóficos, clubísticos, e mesmo teológicos ou religiosos – especialmente nestes –, escorregar para a discussão e a intolerância é extremamente fácil.

Aqui e agora, quero falar especificamente das tolerâncias e intolerâncias concernentes aos temas da fé.

Conquanto a fé seja sempre um tema pessoal e intransferível, parece que somos impulsionados a coletivizá-la.

Dia desses li nalgum lugar que “as verdades espirituais são tantas quanto forem as pessoas no nosso planeta”. Esta afirmação tem um fundo de verdade, posto que cada um de nós enxerga tudo na vida – e não somente a fé – pelas suas próprias lentes, e estas diferem de pessoa para pessoa.

Para os cristãos, por óbvio, a verdade é Cristo e, em assim sendo, a verdade não é um conceito, mas uma Pessoa. Ainda assim, cada um de nós tem experiências únicas e exclusivas com o Cristo. Ainda que formemos a Igreja e esta é indivisível como conceito, somos todos tijolinhos diferentes dentro dela, ou, como diz o apóstolo Paulo, membros diferentes do mesmo Corpo, interligados entre si: Assim como cada um de nós tem um corpo com muitos membros e esses membros não exercem todos a mesma função, assim também em Cristo nós, que somos muitos, formamos um corpo, e cada membro está ligado a todos os outros (Romanos 12:4-5).

Há no mundo um número expressivo de religiões, religiosidades e caminhos espirituais.

Mesmo dentro do cristianismo, há uma elevadíssima quantidade de subdivisões, entre denominações eclesiásticas, grupos, seitas e afins.

Há países onde não há liberdade religiosa, e aí o caso adquire particular delicadeza, pois as divergências e imposições não se limitam ao campo das ideias e dos conceitos, mas extrapolam-se à imposição da força que coage e amedronta, causando mesmo risco de vida.

Há países, como o nosso, em que há liberdade religiosa e de credos, mas, mesmo que não haja imposições coercitivas, a delicadeza com que se deve tocar nestes assuntos é sempre, no mínimo, recomendável, para não causar inconvenientes e constrangimentos. Ou seja, por aqui o caso também não é simples, como poderia e deveria ser – está se pisando em ovos o tempo todo.

O grande problema ocorre quando olhamos apenas para o nosso umbigo – que achamos ser, claro, o melhor e o mais bonito! –, achando que apenas nós ou nosso grupo temos razão, que nós somos os detentores, os administradores e os despenseiros das benesses de Deus. Ou seja, é conforme a doutrina que o meu grupo dita, ou então está errado!

Achamos também que cabe imputar nossa religiosidade/espiritualidade aos outros, como uma espécie de missão divina a nós outorgada, colocando-nos como soldados de uma milícia evangelizadora, uma espécie de “tropa de elite” de Jesus.

Mas não deveria ser assim! Muito antes pelo contrário!

Se queremos ter um modelo de modus operandi, olhemos para Jesus – sempre olhemos para Ele!

Jesus nunca coagiu ninguém. Ele sempre deixou as pessoas livres para que, ao Seu convite, O seguissem, se quisessem: Então Jesus chamou a multidão e os discípulos e disse: “Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Marcos 8:34). Ele nunca disse algo do tipo: “Você precisa seguir-me, caso contrário sofrerá alguma punição”.

A Palavra usada aqui como mote para este texto diz que “ao servo do Senhor não convém brigar”. E prossegue dizendo que “sejamos amáveis para com todos, aptos para ensinar, pacientes”. A amabilidade e a paciência são gomos do “fruto do Espírito” de Jesus: Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gálatas 5:22-23). E a seiva que alimenta esse fruto do Espírito é o amor!

Assim, sempre que pregarmos o Evangelho a alguém, que o façamos com respeito às diferenças e com amor!

É tempo de mais pontes e menos muros!

 

É isso. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem!

Saudações,

Kurt Hilbert

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