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domingo, 13 de novembro de 2022

Justiça Própria


Hoje quero compartilhar uma parábola que Jesus contou e que nos traz uma profunda reflexão de carona.

O texto está em Mateus, no capítulo 20, versículos de 1 a 16, onde Jesus fala assim:

 

Pois o Reino dos céus é como um proprietário que saiu de manhã cedo para contratar trabalhadores para a sua vinha. Ele combinou pagar-lhes um denário pelo dia e mandou-os para a sua vinha.

Por volta das nove horas da manhã, ele saiu e viu outros que estavam desocupados na praça, e lhes disse:

“Vão também trabalhar na vinha, e eu lhes pagarei o que for justo”.

E eles foram.

Saindo outra vez, por volta do meio dia e das três horas da tarde, fez a mesma coisa. Saindo por volta das cinco horas da tarde, encontrou ainda outros que estavam desocupados e lhes perguntou:

“Por que vocês estiveram aqui desocupados o dia todo?”

“Porque ninguém nos contratou”, responderam eles.

Ele lhes disse:

“Vão vocês também trabalhar na vinha”.

Ao cair da tarde, o dono da vinha disse a seu administrador:

“Chame os trabalhadores e pague-lhes o salário, começando com os últimos contratados e terminando nos primeiros”.

Vieram os trabalhadores contratados por volta das cinco horas da tarde, e cada um recebeu um denário. Quando vieram os que tinham sido contratados primeiro, esperavam receber mais. Mas cada um deles também recebeu um denário. Quando o receberam, começaram a se queixar do proprietário da vinha, dizendo-lhe:

“Estes homens contratados por último trabalharam apenas uma hora, e o senhor os igualou a nós, que suportamos o peso do trabalho e o calor do dia”.

Mas ele respondeu a um deles:

“Amigo, não estou sendo injusto com você. Você não concordou em trabalhar por um denário? Receba o que é seu e vá. Eu quero dar ao que foi contratado por último o mesmo que lhe dei. Não tenho o direito de fazer o que quero com o meu dinheiro? Ou você está com inveja porque sou generoso?”

Assim, os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos.

 

Há várias coisas que aprendemos aí.

Jesus, como de costume, usava imagens agro-pastoris para contar estórias com fundo de ensinamento – as chamadas parábolas –, porque as pessoas estavam familiarizadas com estas cenas e as entendiam.

Para entendermos os valores em jogo, um “denário” era o pagamento diário de um trabalhador braçal.

O dono da propriedade – também chamado de dono da vinha, em outras traduções – representa Deus.

A colheita representa a tarefa de pregar o Evangelho e também aplicar em sua própria vida o que o Evangelho ensina.

Os trabalhadores chamados no início do dia representam aqueles que foram chamados nos tempos de Jesus e dos apóstolos, e também representam aquelas pessoas chamadas no início das suas vidas, tendo, assim, toda uma vida pela frente para viverem o Evangelho.

Os demais trabalhadores, chamados em diversas horas do dia, representam aquelas pessoas chamadas em épocas subsequentes na História, e também representam aquelas pessoas chamadas em outros estágios das suas vidas, não necessariamente no início, e tendo, assim, tempos diferentes de vivência do Evangelho.

Os chamados no finalzinho do dia representam aquelas pessoas chamadas no final dos tempos da Igreja na terra, e que vivem o epílogo da História e estão às portas da segunda vinda de Jesus, e representam também aquelas pessoas que foram chamados no finalzinho de suas vidas, tendo pouco tempo de vivência do Evangelho, e o vivem de forma curta, mas intensa.

O que Jesus mostra é que todos recebem a mesma recompensa: o Reino dos céus, ou, em palavras menos parabólicas e mais diretas, a eternidade e o absoluto junto a Deus.

Chama muito a atenção nesta estorinha que Jesus conta, como foi a reação dos trabalhadores chamados: os últimos saíram quietos e felizes com seu pagamento; dos demais também nada se fala de desabonador, entendendo-se que saíram da mesma forma; a questão estava com os primeiros.

Estes, por sua vez, estavam tomados de justiça própria, pois julgavam a si mesmos mais merecedores e que deveriam receber um pagamento maior. Sim, porque se aqueles últimos receberam o mesmo que fora prometido a eles lá no início, então seria “justo” que eles recebessem mais, não é mesmo?

Não, não é mesmo!

O que eles receberam foi exatamente o combinado, que eles conheciam desde antes de começar o trabalho.

Isso mostra, primeiro, que a lógica de Deus não é a mesma lógica humana, e que a justiça de Deus não é a mesma humana. Depois, isso mostra que, mesmo que haja o pagamento do trabalho, este é feito segundo a medida de Deus, que a todos considera iguais, e não tem nada a ver com a suposta meritocracia humana. E mostra mais: mostra que a justiça própria, da qual estavam tomados os trabalhadores do início do dia, traz em si amargura e inveja!

Cuidado, pois!

Quando estamos tomados de justiça própria, aquela que nos faz pensar que sabemos mais, e – pior ainda! – que merecemos mais, somos tomados de amargura, murmuração, sentindo-nos “injustiçados” pela vida, nos vitimizamos – “Pobre de mim, sou revoltado porque a vida me fez assim...” – e desenvolvemos, gradativamente, a inveja.

Veja que o dono da vinha diz que eles estavam com inveja da sua bondade para com os demais. Sim, a inveja nos faz achar que os outros não são tão merecedores da bondade de Deus!

A justiça própria gera inveja, e a inveja gera ingratidão na alma e, nesta amargura, vamos morrendo lentamente!

Em qualquer estágio do dia – no tempo da História ou na idade da sua vida terrena – apenas seja grato por ser chamado!

E não se preocupe com a recompensa – isto é assunto de Deus. E Deus é justo!

O SENHOR é justo em todos os seus caminhos e é bondoso em tudo o que faz (Salmo 145:17).

 

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.

Saudações,

Kurt Hilbert

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