A vida está
acontecendo e a essência e o que é essencial da vida acontecem nas entranhas
dos relacionamentos.
O que se vê da
vida é apenas uma parte dela, às vezes, a menos significativa.
No que acontece
nos bastidores, no que se segreda, na intimidade, é que estão as verdades e, às
vezes, as mais doloridas.
Tudo que acontece
aqui fora, neste mundo visível, hoje mais visível que nunca, claro, pode ser o
resultado do que não se vê, mas é provável que o que não se vê é muito mais
essencial do que o que se está vendo.
No que está
visível, todo mundo palpita e oferece respostas, mas, no que não se vê (nossa!),
quem cuida, quem lida, quem ajuda, quem assessora, quem acolhe, quem dá conta?
A impressão é que
nas redes sociais se têm respostas para tudo, no entanto, a vida está
acontecendo nos porões da alma, nas angústias solitárias, nos relacionamentos
adoecidos, nas trincas e nas rupturas que afetam para valer a vida.
Lamento que os
ambientes que deveriam estar equipados para lidar com os dramas humanos estejam
contaminados pelos mercados e seus interesses normalmente desumanos, já que se
tornaram sistemas, engrenagens e estruturas onde as pessoas são trituradas e
desrespeitadas nas suas tragédias pessoais.
Os sistemas, as
engrenagens, as estruturas precisam de gente inteira para dar conta e muitos
são usados como mão de obra gratuita e descartados quando se ferem, trincam e não
produzem mais.
Lamento pelos “líderes
espirituais” que, hoje, se transformaram em “gerentes de negócios e gestores de
pessoas” e abandonaram o cuidado individual daqueles e daquelas que lhes
procuram e lhes contam suas mazelas e o quanto estão “mortos” por dentro.
Lamento que os
interesses dos mercados que não têm almas estejam em primeiro plano em
detrimento dos que sofrem.
Sim, os que
sofrem são as vítimas e estão cada vez mais feridos, feridos de morte.
Há uma Voz que
chama para fora.
Há uma Voz que chama
para a vida.
Há uma Voz que
tem poder de ressurreição.
É a Voz da Vida
que tem um Nome, cujo Nome está sobre todo nome, Jesus de Nazaré.
Felizes os que se
encontram com Jesus, só com Jesus e são encontrados por Ele e de mãos dadas
seguem a vida.
É, é de mãos
dadas com Jesus que o melhor da vida acontece, pois Jesus visita os bastidores,
os segredos, as intimidades, e onde Ele chega tudo se sacraliza, tudo se
santifica.
Fico com Jesus
nos bastidores, no que ninguém vê, só Ele e aqueles que com Ele andam.
Fico no serviço
aos anônimos, aos desconhecidos, aos frágeis, aos vulneráveis, aos pobres, aos
desgraçados, aos miseráveis, aos que ninguém quer por perto, aos cujas
histórias não podem ser contadas nas redes sociais.
O Evangelho
responde a estes, e responde a mim, que tenho tanto para melhorar que nunca
deveria sequer insinuar julgar alguém.
Há vida fora,
aqui fora, lá fora, ao ar livre, nas ruas, nos encontros, nas surpresas, nos
improvisos, nos imprevistos, no belo, mas, também, na tragédia, na dor.
Há almas se
identificando na vida e de mãos dadas em amor, amizade, esperança, fé,
compaixão, misericórdia, sem concorrências, sem comparações, sem competições,
estão construindo o Reino, sim, o Reino que tem uma Nova Ordem e cujo Senhor é
o Amor.
É neste movimento
da vida que estou.
Um
texto de Carlos Bregantim
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