Salmo 51:17
Os
sacrifícios que agradam a Deus são um espirito quebrantado; um coração
quebrantado e contrito, ó Deus, não desprezarás.
Dia desses ouvi alguém dizer que, durante o período de um evento
que estava promovendo, esta pessoa não comeria chocolates, que era uma espécie
de propósito para que tudo corresse bem: “Temos que fazer algum sacrifício”,
justificava.
Como eu não tinha nenhum grau de maior intimidade com esta
pessoa, nem tampouco o lugar e o tempo davam, deixei o assunto quieto e nem
argumentei. Ainda, há de se respeitar as opiniões, crenças e crendices, mesmo
que nos pareçam descabidas. Mas aqui, nestas linhas e no anonimato da pessoa em
questão, posso tratar do assunto, levantando um contraponto que fundamenta a
sua falta de profundidade.
Alguém poderia dizer que a promessa feita descrita acima é bem
“bobinha” e insignificante. É, também acho. Mas há outras que se fazem que são
mais “sacrificantes”, despendendo considerável esforço físico, ou financeiro,
ou de outra ordem qualquer. E é a estas que me refiro, muito mais do que àquela
que descrevi acima, tendo-o feito apenas para ilustrar o quão ingênuo ainda se
pode ser em se tratando deste tema.
O que ocorre é que muitos acham que esse tipo de “sacrifício” a
que se propõem comove Deus ou alguma “divindade” a atenderem os seus desejos. É
uma forma muito primitiva a simplória de fé – simplória, não simples, que a fé
tem que ser simples em sua essência.
Essa forma de “pensar” a fé, numa troca de “sacrifícios” daqui
versus “benefícios” de lá, é uma negociação e seria um querer barganhar com
Deus, o que não funciona, pois não se pode barganhar com Ele. Tudo o que temos
e recebemos é por graça e por Sua vontade – desde a vida em si, até as
condições para buscarmos nosso sustento.
Há ainda aqueles que se deixam manipular por estelionato
“evangélico”, achando que as bênçãos recebidas dependem de seus “dízimos” e
“ofertas”, como se Deus tivesse uma espécie de conta corrente bancária onde
acumularíamos “créditos” ou “débitos” celestiais, dependendo do que
sacrificamos ou deixamos de sacrificar, ou ofertamos ou deixamos de ofertar. É
uma ingenuidade acreditar-se nesse tipo de manipulação cretina!
Somente quando nos quebrantamos diante de Deus é que podemos
estar oferecendo algum sacrifício. Quebrantar-se significa nos colocarmos com
uma humildade tamanha que esteja claro a nós que temos total dependência de
Deus.
Quando chegamos diante de Deus, em nossas orações, com um
coração contrito – apertado, submisso e dependente – é que manifestamos total
transparência diante d’Ele.
Quando podemos nos colocar numa condição de alma assim, nos
mostramos como realmente somos, sem subterfúgios nem meandros, mas tão-somente
desnudando nossa alma para nós mesmos – já que Deus sempre vê nossa alma
desnudada.
Desta forma mostramos total ligação com o Pai, como filhos
amados que somos, e abrimos o caminho – em resposta ao Seu amor – para que a
vida e sua plenitude fluam em nossas vidas.
Aí, sim, Ele nos abraça e nos ampara.
Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos
acompanhem.
Saudações,
Kurt Hilbert