Gálatas 6:10
Portanto, enquanto temos
oportunidade, façamos o bem a todos, especialmente aos da família da fé.
Quero
iniciar fazendo uma diferenciação entre Igreja
e igreja.
A
Igreja (com maiúscula) é composta por
todas aquelas pessoas que têm em Cristo seu Mestre, Senhor e Salvador, e
orientam as suas vidas segundo o Evangelho de Jesus, as Boas Novas, sendo elas
mesmas a Igreja, sendo membros em
tempo integral do assim chamado corpo de Cristo.
E
igreja (com minúscula) são as denominações
tantas que se encontram espalhadas sobre a face da terra. Quero deixar claro
que não faço julgamento de nenhum tipo, nem contra nem a favor das igrejas, posto que não me cabe – nunca –
julgar nada nem ninguém. O que farei logo mais é um diagnóstico do que ocorre
em muitas delas.
Ainda,
quero dizer que muitíssimos dos que são membros das igrejas são também Igreja,
posto que muitos da Igreja
encontram-se espalhados em muitas igrejas.
Mas também muitos dos que são membros das igrejas
nunca foram, não são e nem serão Igreja,
pois estão completamente alijados do Evangelho da vida. E há também aqueles que
são Igreja que nunca frequentaram as igrejas e, outros tantos mais, que saíram
das igrejas para só então se tornarem
Igreja.
A
única regra para ser Igreja é ser de
Cristo de todo o coração, amando a Deus e ao próximo, fazendo de suas palavras,
atitudes e modo de ser a expressão do amor.
E
a regra comum para ser das igrejas é
ter seu nome no rol dos membros, estatisticamente falando. Salvo exceções –as
há – é por aí que a banda toca.
Antes
de prosseguir, quero dizer que eu, particularmente, sei que sou Igreja e congrego-me – inclusive na igreja –, com outros irmãos em Cristo, muitos
deles também Igreja.
Se
ficou confuso o que escrevi até agora, volte e releia até entender, pois, isto
posto, passo a falar do que realmente quero falar.
O
que quero realmente falar neste texto é sobre Gálatas 6:10 e como há igrejas
que desconhecem a prática do que aí está dito, especialmente na parte que toca aos da família da fé – entendendo-se que
os que compõem esta família são os
membros do seu rol.
Certa
vez ouvi uma frase que, a princípio, me chocou e a achei exagerada. Depois,
examinando o que eu mesmo tinha por muito tempo visto e vivido na igreja, dei razão a ela. Dizia: “A igreja é o único exército que abandona
seus soldados caídos no campo de batalha”. Exagero? Acho que não é, não.
Há
muitas igrejas que viraram clubes. Têm
seu rol de membros, mas aqueles que não vão à sede do clube para as reuniões,
ficam esquecidos em suas casas ou onde estiverem. Um ou outro pode até ser
visitado uma ou outra vez, mas não mais do que isso. “Cada um escolhe o que
quer fazer”, dizem alguns líderes eclesiásticos, isentando-se, assim, da
corresponsabilidade que têm para com este que não vai mais às reuniões da igreja, lá na igreja, na sede do
clubinho. A igreja virou um clubinho
e a sua sede virou o seu QG.
Claro
que cada um tem que escolher, mas, na maioria das vezes, só precisa de ajuda,
pois já não consegue mais fazer a boa escolha sozinho. Cita-se muito a parábola
do Filho Pródigo para justificar que o ausente precisa voltar por conta própria
para “a casa do pai”. Mas, proposital e convenientemente, esquecem-se de outra
parábola contada por Jesus que diz que o pastor deixa noventa e nove ovelhas –
em segurança – e vai atrás daquela que se extraviou, trazendo-a sobre os
ombros, se necessário for.
Há
muitas igrejas que não se incomodam
tanto assim quando alguém se afasta. “É sua escolha”, dizem. O que eu digo é: É
sua escolha, se forem buscadas duas, três, sete vezes e, deliberadamente, não
quiserem mais, dizendo isso de forma bem clara. Aí, sim, fizeram uma escolha e
a ratificaram. De outro modo, é acomodação da igreja deixar sua ovelha extraviada!
Esta
ovelha pode estar doente! Pode não conseguir mais, sozinha, achar o caminho do
aprisco! Esta ovelha pode estar ferida por dentro, deixando-a animicamente
paralisada! Esta ovelha só precisa de uma visita, de uma ajuda, pelo amor de
Deus (!).
A
igreja não deve ter medo de acolher
suas ovelhas doentes! Sim, muitas vezes estão doentes! Doentes em suas almas!
Doentes espiritualmente!
E
a igreja não deve ter medo que esta
ovelha, com sua doença espiritual, contamine as outras ovelhas “sadias”! Se a igreja tiver medo de contaminação,
francamente, confia muito pouco na atuação do Espírito Santo e na Palavra,
capaz de curar a alma mais enferma!
Jesus
nunca teve medo de abraçar um leproso. E não porque Ele fosse Jesus, o Cristo, supostamente
imune a contágios, mas porque Seu amor lançava fora o medo!
O
que vejo por aí são igrejas que
cuidam mais da sua imagem do que dos seus membros! Estão mais preocupadas com a
instituição e seus mecanismos, doutrinas e catecismos do que com os irmãos que
“não vão mais à igreja”. “Que eles possam voltar”, dizem em suas
orações, esquecendo-se que é a Igreja
que vai em busca dos da família da fé.
Deus as pode trazer de volta, sim, claro que pode, e devemos orar por isso, mas
devemos fazer a nossa parte buscando-as também.
Quero
proposital e enfaticamente repetir: O que vejo por aí são igrejas que cuidam mais da sua imagem do que dos seus membros! Vejo
por aí muitas igrejas que se
transformaram em clubinhos!
Estes
clubes/igrejas têm muitos membros
amputados. Chamam aqueles que vão à igreja
de ativos, e aos que não vão – os amputados – de inativos, como se o corpo de
Cristo pudesse ter membros inativos! Se tem, só Ele está apto a dizer quem são,
nunca nós!
Sei
que há, muitas vezes, limitações de pessoal “autorizado” pela denominação para
“ativar” e, ocasionalmente, buscar estes membros extraviados pelo caminho. Mas
isso se dá por falta de conhecimento do Evangelho. Pois não é necessariamente
responsabilidade exclusiva de alguns “autorizados” ou com “ministérios”
buscarem aos seus irmãos. É responsabilidade de todos! Basta que o Evangelho
seja ensinado e que as pessoas o interiorizem e o vivam, para, voluntariamente,
irem em busca de seus irmãos.
Mas
também há igrejas que acham, em seus
dogmas, que só alguns podem ensinar o Evangelho, supostamente por terem o envio
deste ou daquele que o autorize para tal. Há, ainda, igrejas que desaconselham que seus membros leiam e estudem a
Palavra entre eles, pois têm medo, essas igrejas,
que possa haver má-interpretação da Bíblia. Absolutamente não confiam, os que
assim pensam, na atuação do Espírito Santo, a revelar a Palavra a quem a busca.
Bem, lamento que assim pensem!
A
solução para isso que expus? Ensinar o
Evangelho às pessoas. Só isso.
Uma
vez a Palavra do Senhor atuando nos corações, manifestam-se as
corresponsabilidades de todos por todos! O ensino do Evangelho não se dá
somente sentando-se uma hora semanalmente no banco da igreja, ouvindo-se um sermão, mas
criando-se o hábito de alimentar-se dele todos os dias! Isso exige um pouquinho
de dedicação! E demanda que assim seja ensinado a fazer. Leva um tempo a
semeadura, mas colhem-se os frutos.
Mas,
mesmo cansando, forço-me a repetir: O que vejo por aí são igrejas que cuidam mais da sua imagem do que dos seus membros!
E
acrescento, para concluir: Há igrejas
que têm medo que o Evangelho, uma vez ensinado e revelado pelo Espírito, comece
fazendo a diferença, erigindo a Igreja
onde só há igreja.
Falo
tudo isso de cátedra. Sei do que estou falando. E quero dizer que, por muito
tempo, eu mesmo não via isso que descrevo. Hoje vejo, graças a Deus!
O
que aqui escrevo será recebido com desaprovação por muitos, eu sei. Por outros,
no entanto – especialmente aqueles que estiverem abertos aos questionamentos –,
será recebido com bons olhos, espero, fazendo com que haja reflexão.
De
qualquer modo, está dito o que tinha que ser dito!
Por
hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
Saudações,
Kurt Hilbert