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domingo, 13 de dezembro de 2015

Dois Senhores


          Mateus 6:24
          “Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro”.

          Há traduções onde a palavra Dinheiro, na passagem acima citada, é traduzida por Mamon. Este é um termo para descrever riqueza material ou cobiça, e nem sempre é personificado como uma “divindade”. É, essencialmente, um termo de origem hebraica que significa “dinheiro”. Por isso, na tradução para um português mais inteligível, usa-se simplesmente a expressão Dinheiro, assim mesmo, com inicial maiúscula, em virtude da importância a ele referida. Bem, essa introdução é apenas para nos situarmos no exato significado da expressão. Isso feito, vamos entrar no assunto em si.
          Jesus nos ensina que não se pode servir a dois senhores. Isso é uma característica intrínseca da psique humana: não pode haver dedicação ou subserviência a duas coisas em igual estado de importância; uma sempre será dominante. E, etimologicamente, o que é dominante, domina. Quando positiva, abarca e abraça para o bem. Quando negativa, escraviza para o mal.
          Jesus está, então, dizendo que o dinheiro é algo negativo? Não. Ele está falando de senhorio. Quando nós exercemos o senhorio sobre o dinheiro, é positivo. Quando o significado em nossa vida de se ter – ou não se ter – dinheiro domina sobre nós, é negativo. É o tal do quem é mesmo que manda em quem? Se o dinheiro nos serve – para o suprimento de nossas necessidades – ele é o servo e nós o senhor. Se servimos ao dinheiro – quando ele assume uma proporção quase divinizada, quando achamos que na sua ausência ou escassez não podemos viver, e quando fazemos todos os esforços possíveis para termos cada vez mais dele – então ele é o nosso senhor e nós os servos.
          Então, enfatizando outra vez, Jesus está falando aqui de senhorio.
          Quando Ele diz que odiará um e amará o outro, Ele está apresentando uma antítese: o amor e o não amor. Quando servimos a Deus, então O amaremos e não amaremos o Dinheiro – e tudo o que ele representa, especialmente de mal. Quando servimos ao Dinheiro, então o amaremos e não amaremos a Deus – e tudo o que Ele representa de bom.
          Quando Jesus diz que se dedicará a um e desprezará o outro, Ele está nos mostrando claramente onde e em quem depositamos nossos melhores esforços, nossa energia, nosso coração, nossa alma. Nossa vida!
          Dedicar, etimologicamente, é também consagrar; é oferecer; é aplicar; é servir! Podemos nos perguntar, porque perguntar é sempre útil: A quem eu me dedico? A quem eu me consagro (torno-me sagrado para quem)? A quem eu me ofereço? A quem eu me aplico? A quem eu sirvo?
          Desprezar não é – ao que possa parecer à primeira vista ou de forma desavisada e pouco profunda – não considerar. Desprezar é simplesmente não prezar. E não prezar é diminuir ou tirar o valor. Então, quando não prezamos, estamos diminuindo ou tirando o seu valor.
          Quando podemos aplicar isso a Deus, então podemos dizer que prezamos a Ele, e que não prezamos – ou diminuímos o valor – de tudo o que não é Ele.
          Gosto muito de uma canção do Roberto Frejat – antigo Barão Vermelho e parceiro artístico do Cazuza – que diz assim: desejo que você tenha dinheiro / pois é preciso viver também / mas que, ao menos uma vez / você diga a ele quem é mesmo o dono de quem. Frejat também falava, em outras palavras, de senhorio.
          O dinheiro é apenas isso: instrumento de troca de valores. Deus é apenas isso: Tudo.
          Como perguntas finais: Quando estou sem dinheiro, como me sinto? E sem Deus, como me sentiria? Em quem eu deposito minha confiança: em Deus ou no dinheiro? Se estivesse sem Deus, eu me sentiria seguro? E quando estou sem dinheiro ou com pouco dele, ainda assim me sinto seguro?
          Na fonte onde depositamos a nossa segurança, é aí que depositamos o nosso senhorio.
          Para terminar, outra pérola do Mestre: “Onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração” (Mateus 6:21).

          Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
          Saudações,
          Kurt Hilbert

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