2º
Coríntios 8:12-15
Porque, se
há prontidão, a contribuição é aceitável de
acordo com aquilo que alguém tem, e não de acordo com o que não tem. Nosso
desejo não é que outros sejam aliviados enquanto vocês são sobrecarregados, mas
que haja igualdade. No presente
momento, a fartura de vocês suprirá a necessidade deles, para que, por sua vez,
a fartura deles supra a necessidade de vocês. Então haverá igualdade, como está
escrito: “Quem tinha recolhido muito não teve demais, e não faltou a quem tinha
recolhido pouco”.
O apóstolo Paulo, escrevendo aos coríntios, ensina sobre a
importância de contribuir para a obra da divulgação do Evangelho, a Boa Nova de
Jesus Cristo. Ensina ele que a prontidão, ou um coração predisposto a ajudar,
faz com que aquilo que se dê para a igreja seja aceitável perante o Senhor, mas
sempre de acordo com aquilo que se tenha, sem incorrer no risco de empenhar
mais do que dispomos para isso, nos prejudicando depois. E ele não fala nada em
percentual, décima parte, dízimo ou coisas que o valham. Não. O critério que ele
coloca é simples: contribuir de acordo com aquilo que alguém tem.
Na sequência, ele chama a atenção à caridade. Os irmãos da
Judeia estavam passando por necessidades materiais. Faltava-lhes de tudo,
inclusive alimento. Paulo fala sobre a importância de ajudar a estes irmãos e,
nestes, estão personalizados todos aqueles que passam necessidades materiais. O
ensino é claro: Nosso desejo não é que
outros sejam aliviados enquanto vocês são sobrecarregados, mas que haja igualdade. Isso quer dizer que
ninguém deve “se deitar” nas costas dos outros, prejudicando-os, mas que haja o
zelo pela igualdade. Vejamos como ele aclara esse pensamento: No presente momento, a fartura de vocês
suprirá a necessidade deles, para que, por sua vez, a fartura deles supra a
necessidade de vocês. Podemos ver que os irmãos de Corinto tinham, naquele
momento, sobra de condições, e esta fartura deveria ser utilizada para socorrer
os irmãos desvalidos. Fica claro que a situação poderia mudar: naquele momento
havia fartura em Corinto e falta na Judeia; posteriormente, como tudo é
volúvel, poderia haver fartura na Judeia e falta em Corinto. Aí seria a vez da
inversão de mão, seria a vez daqueles agora ajudados, ajudarem; e aqueles agora
doadores, receberem a doação. Assim, haveria igualdade.
Vivemos num mundo onde a injustiça social borboleteia à solta.
Assim é no mundo; assim é em nosso continente; assim é em nosso país; assim é
em nosso estado; assim é em nossa cidade; assim é em nosso bairro; assim é em
nossa rua. Assim pode estar acontecendo com nosso vizinho de porta. Acho que já
ouvimos aquele ditado: “Você quer transformar o mundo? Comece por transformar a
sua rua”. Eu ouso aprofundar: “Comece transformando a sua casa; comece
transformando o seu coração”.
A orientação que nos é dada nesta instrução para a caridade
entre irmãos coríntios e judaicos, pode – e deveria mesmo – ser aplicada entre
irmãos humanos, independente de nacionalidade ou profissão de fé. Em pleno
século XXI sabemos que o planeta todo é uma aldeia, com sete bilhões de irmãos
homo-sapiens. E o que estamos fazendo?
Sei que posso estar um tanto utópico – acho que estou mesmo –, mas e daí? Se
estou faltando com a verdade, me contestem, não tem problema. A desigualdade
social que há é intragável.
Mas voltemos ao nosso vizinho de porta, voltemos à nossa rua, ao
nosso bairro. Há alguém que precisa de alguma ajuda, de alguma solidariedade,
de algum ato de caridade? Há algum Jesus
morando perto de nós? Como assim? Vejamos isso: “Digo-lhes a verdade: o que vocês fizeram a algum dos meus menores
irmãos, a mim o fizeram” (Mateus
25:40). E, logo em seguida, Ele diz: “Digo-lhes
a verdade: o que vocês deixaram de fazer a alguns destes mais pequeninos,
também a mim deixaram de fazê-lo”
(Mateus 25:45) (Se quiser, leia na íntegra em Mateus 25:31-46). Jesus ensina,
nesta passagem, como Ele está presente em todos os momentos da nossa vida, e
“sente”, por assim dizer, tanto o amparo quanto o desamparo humano.
Para finalizar, penso sinceramente que tudo isso nos ensina que quem deseja amar e ter um relacionamento com Deus, não pode se furtar de amar e
se relacionar com o semelhante. E amar não é uma coisa teórica, é uma coisa que
se vive. Já paramos para pensar que talvez Deus nos ame através do nosso próximo, e que somente podemos
verdadeiramente amá-Lo também através do nosso próximo? Penso ser impossível
vivermos a experiência de Deus sem termos verdadeira preocupação – e ocupação –
social.
Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos
acompanhem.
Saudações,
Kurt Hilbert