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quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Uma Súplica por Libertação


          
          Ouve, SENHOR, a minha oração, dá ouvidos à minha súplica; responde-me por tua fidelidade e por tua justiça.
          Mas não leves o teu servo a julgamento, pois ninguém é justo diante de ti.
          O inimigo persegue-me e esmaga-me ao chão; ele me faz morar em trevas, como os que há muito morreram.
          O meu espírito desanima; o meu coração está em pânico.
          Eu me recordo dos tempos antigos; medito em todas as tuas obras e considero o que as tuas mãos têm feito.
          Estendo as minhas mãos para ti; como a terra árida, tenho sede de ti.
          Apressa-te em responder-me, SENHOR!
          O meu espírito se abate.
          Não escondas de mim o teu rosto, ou serei como os que descem à cova.
          Faze-me ouvir do teu amor leal pela manhã, pois em ti confio.
          Mostra-me o caminho que devo seguir, pois a ti elevo a minha alma.
          Livra-me dos meus inimigos, SENHOR, pois em ti eu me abrigo.
          Ensina-me a fazer a tua vontade, pois tu és o meu Deus; que o teu bondoso Espírito me conduza por terreno plano.
          Preserva-me a vida, SENHOR, por causa do teu nome; por tua justiça, tira-me desta angústia.
          E no teu amor leal, aniquila os meus inimigos; destrói todos os meus adversários, pois sou teu servo.
         
          (Salmo 143)

          Este Salmo é uma verdadeira oração do rei Davi.
          Ele inicia rogando que Deus o ouça. Ele não estava apenas orando – o que fazemos de forma serena. Ele estava suplicando – o que fazemos quando nosso coração está doído, chorando até. Ele rogava que Deus lhe respondesse, pois sabia que Deus era fiel e justo.
          Davi reconhecia que Deus podia responder-lhe porque Deus é justo, mas ele – Davi – não. Tanto que ele pede que Deus o ouça, incline seus ouvidos para a oração, mas que não o julgue, pois reconhecia que o ser humano repetidamente comete injustiças, e necessita do perdão divino.
          Na oração, Davi se abre ao Senhor, reconhecendo que o seu inimigo o perseguia e era, naquele momento, mais forte que ele, já que o esmagava. Davi compara o seu sofrimento como morar em completa escuridão, e sente-se como quem já está morto – e muitas vezes podemos nos encontrar assim, mortos em nossa fé e em nossa relação com o divino.
          Ele confessa que está sem forças, sem ânimos e, mais ainda, que está em pânico. Quantas vezes nos encontramos assim? E abrimo-nos a Deus, confessando-lhe com nossas palavras nossos sentimentos? A Psicologia ensina que a verbalização – ou seja, o falar – dos nossos sentimentos é o início da cura. Deus, logicamente sabedor disso desde sempre, inspirava o salmista a escreve-lo, muito antes que a Psicologia – como ciência – existisse.
          Na oração, Davi recordava-se do passado e dos feitos que ele entendia serem de Deus. Em nossas orações, para nos recordarmos dos feitos do Senhor, precisamos conhecê-los, através da leitura bíblica. E, também, teremos experiências pessoais a recordar, momentos em que reconhecemos que Deus agiu diretamente em nosso favor.
          Davi dizia que estendia as mãos a Deus. Que exemplo de um coração infantil, que estende as mãos para o pai ou a mãe! E Jesus mesmo dizia que, para entrarmos do Reino de Deus, deveríamos ter um coração como o de uma criança. Assim, nós, ao orarmos, que possamos orar como uma criança, que fala ao Pai com o coração. Davi tinha o desejo de uma experiência com Deus e, mais, sentia essa necessidade vital para a sua vida, assim como a terra árida anseia pela chuva.
          O salmista, em sua súplica, não tinha o menor medo de pedir a Deus que se apressasse em lhe dar Sua resposta. Isto é confiança e intimidade.
          Novamente, ele confessa o seu abatimento, sem receios ou vergonhas.
          Ansiava por experimentar a Deus; caso não o fizesse, considerava que sua vida perderia o sentido – como quem desce à cova, ele dizia. Outro reconhecimento magnífico! Nossa vida, sem o relacionamento com Deus, pode até estar pulsando fisicamente, mas a alma agoniza.
          Ele queria ouvir do amor de Deus pela manhã. O que isso significa para nós? Que diariamente possamos ouvir de Deus Sua Palavra, seja pela leitura bíblica, seja pela nossa participação na Igreja, seja pelas nossas orações. Isso deve ser diário, pois Davi fala que quer experimentar isso a cada manhã, ou seja, a cada início de jornada. E ele justificava o por que queria isso: porque confiava em Deus.
          Em elevando a sua alma ao Senhor, ele não tinha receio de pedir a orientação divina para que os seus caminhos fossem os mesmos caminhos de Deus.
          Davi se abrigava no Senhor. O que é abrigar-se? É encontrar um ambiente que nos envolva por completo. Quando nos abrigamos em Deus, Ele nos envolve por todos os lados, e nos perpassa com Seu Espírito e Seu amor. Podemos dizer como o apóstolo Paulo, que diz que não é mais ele – Paulo – que vive, mas que Cristo vive nele. Assim, nestas condições, Davi pedia que Deus o livrasse de seus inimigos.
          Davi sabia que isso só seria real se ele pudesse fazer a vontade de Deus – e pedia, outra vez, que Deus lhe ensinasse a Sua vontade. Davi estava constantemente aberto para aprender. Ele rogava para que o Espírito Santo o conduzisse, e sabia que essa condução seria em terreno plano, ou seja, espiritualmente falando, com o coração em paz, com amor, paz e harmonia interna. Isso era um desejo psicológico que Davi tinha, pois me parece que, de alguma forma, Davi sabia que se psicologicamente estamos bem, todo o demais se arranja.
          Davi rogava pela preservação da sua vida, pela libertação da angústia, pelo nome de Deus e por Sua justiça. Isso não é pouca coisa, ao contrário, a vida é tudo! Tempos depois desse Salmo ser escrito, Jesus nos ensinava a pedir tudo em Seu nome. Isso não é uma palavrinha mágica, do tipo “em nome de Jesus, abracadabra, sim salabim”. Não. Isso é uma orientação do Mestre maior. E eu desconfio que Ele sabia do que estava falando...
          Encerrando, Davi reitera o pedido para que Deus aniquilasse seus adversários e inimigos. Pergunto: hoje em dia, para nós, quais podem ser nossos adversários e inimigos? Para Davi, naquele tempo, eram os poderosos que o perseguiam. Mas, e para nós, quem são? Arrisco uma resposta, bem pessoal: nossos adversários e inimigos principais são a falta de amor, a incredulidade, a mentira, a falsidade, o egoísmo, a maledicência – popular fofoca, falar mal dos outros –, a falta de fé, a falta de confiança em Deus, a falta de tempo para investirmos em nosso relacionamento com Deus e com nosso semelhante, enfim, cada um terá seguramente um rol para acrescentar. Podemos pedir ao Senhor que nos livre de tudo isso.
          Mas, para encerrar, há uma situação muitíssimo importante para que isso aconteça, e Davi sabia disso – e Davi era isso. O que é? É sermos servos de Deus! Servo não é apenas quem tem algum cargo eclesiástico. Não. Cada um de nós tem o dever – consigo mesmo – de servir a Deus. Como? Inicialmente, servindo ao próximo. Para maiores detalhes de como isso se dá, dê uma espiadinha no capítulo 25 de Mateus, mais precisamente nos versículos 35-40 e 42-45. Ali Jesus dá um manual, um modus operandi, de como ser um servo de Deus!  
          Quando precisarmos, podemos pegar emprestado este Salmo – Davi não se importará, eu suponho. Orando com base neste Salmo, sentiremos os resultados.

          Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
          Saudações,
          Kurt Hilbert

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