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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Secura ou Deserto?

 
           João 6:35
          “Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a mim nunca terá fome; aquele que crê em mim nunca terá sede”.
 
          Dia desses estava ouvindo um padre falar num programa de TV. Falava sobre um livro que lançara, que tratava sobre períodos da vida do ser humano, em que atravessamos momentos de secura ou de deserto espiritual. Lamentavelmente, não gravei o nome deste padre nem o título do livro.
          Falava ele que há momentos na vida de toda pessoa, mesmo e também as mais crentes e de vida cristã ativa, em que há desertos. Ele citava, inclusive, madre Teresa de Calcutá, que, em seus diários, mencionava que havia momentos em que ela sentia uma completa ausência de Deus, um completo deserto espiritual (não conheço esses diários, não posso garantir que ela tenha escrito isso ou não, então fico com a palavra do padre, sem entrar nos méritos deste tema na vida da madre). Ele seguia dizendo que na nossa vida, a maior parte da caminhada fazemos em desertos e, de vez em quando, encontramos um oásis. Os oásis, dizia ele, não são a regra da vida, mas o deserto sim. E que, nos momentos de deserto, devemos manter nossa disciplina espiritual para manter a nossa vida de oração e de conduta cristã ativa. Falava ele ainda que a oração deve ser mantida disciplinarmente, mesmo nos momentos em que não sentimos vontade de orar, e que isso nos fortalece. Em suma, ele falava que nos momentos de secura e de deserto espirituais, devemos nos manter firmes na fé, e isso nos traz grande crescimento.
          Fiquei por longo tempo pensando a respeito disso. Nos dias posteriores a essa entrevista, volta e meia me lembrava do que esse padre falara e, francamente, encontrava em minha própria vida indícios de que o que ele dissera estava certo. Eu mesmo passei – como acho que muitas pessoas passam – por profundos momentos de deserto e secura espiritual. Passei por momentos de abandono, de solidão, de profunda depressão, de perdas de valores psicológicos e materiais, enfim, deserto e secura não faltaram em minha vida. Inclusive, tudo isso se deu em épocas que eu andava bastante ativo em atividades relacionadas com a vida na igreja, com cargo eclesiástico e tudo.
          Tudo o que esse padre falou fazia sentido em minha vida, e deve fazer sentido na vida de muitos. Existem, de fato, desertos e securas espirituais em nossas vidas.
          Tempos depois, passeando pelas Escrituras, deparei-me com a passagem acima, cabeçalho deste texto. Parei nela, meditei nela, orei sobre ela, e minha mente se abriu para o seu sentido.
          Jesus diz, sobre Si mesmo, que Ele é o pão da vida. Que quem vem a Ele nunca terá fome. Que quem crê n’Ele nunca terá sede. Mas a parte que me saltou aos olhos e que ficou gravada em minha mente e em meu coração foi justamente esta: “aquele que crê em mim nunca terá sede”. Não tinha como não ligá-la à imagem de secura e deserto que ouvira há tempos atrás, naquela entrevista do padre. Aquela imagem não me saíra da cabeça, a de períodos de secura e deserto espiritual. A imagem de secura remete à sede, a imagem de deserto remete à falta de água. Mas, agora, contrapunha-se a estas imagens esta outra imagem que Jesus me falava através desta Palavra: “aquele que crê em mim nunca terá sede”. Então, entendi.
          Eu não podia negar que eu sempre buscara a Deus através de Cristo, que eu cria n’Ele com todas as forças que me eram possíveis. Mas eu tinha – e por longos períodos, não curtos – momentos de secura e de deserto. Como era possível? Será que não O buscava o suficiente? Será que não cria n’Ele o bastante? Onde eu estava falhando? Pois, conforme podia entender pela Palavra, eu, em O buscando e crendo n’Ele, não poderia ter esses momentos de secura e de deserto, pois a Palavra diz que nunca terá sede”. E nunca é nunca, não é de vez em quando; é simples assim. Ele não disse “aquele que crê em mim de vez em quando não terá sede”. Ele disse, claramente, nunca terá sede. Então, somando A + B, concluí que não pode haver períodos de secura e deserto espirituais. Materiais, talvez; espirituais, nunca!
          Depois de pensar bastante a respeito, de refletir, de ponderar comigo mesmo, e de orar sobre isso, cheguei a uma conclusão: eu estava, sim, O buscando; eu estava, sim, crendo n’Ele. Eu não tinha que me preocupar com isso, me recriminar por causa de uma suposta pouca busca ou pouca fé. Não. Eu apenas não tinha me dado conta, não tinha me caído a ficha, de que Ele já me dera, pela busca que eu fazia d’Ele, pela fé que eu punha n’Ele, todas as condições de nunca mais ter fome ou sede espiritual. Eu apenas ainda não tinha percebido isso. Eu já tinha tudo isso, bastava me dar conta, bastava saber. Agora eu sei.
          É bem possível que você, com quem eu tenho o prazer de compartilhar essas linhas, também já tenha tudo isso. Que já tenha todas as condições em si de nunca sentir-se num deserto espiritual ou com secura espiritual. Pare e pense. Você busca a Deus? Você crê n’Ele? Você vive conforme Suas palavras? Sim? Sim mesmo? Então, dê-se conta que você já tem tudo do que precisa, você já é tudo o que precisa! Isso não são palavras de efeito, blábláblá de autoajuda ou coisas do tipo. São palavras d’Ele!
          Agradeço a Deus por ter sintonizado a TV naquela entrevista, agradeço por aquele padre ter levantado esse assunto, agradeço por essa situação toda, pois ela me fez pensar a respeito, refletir, e buscar uma resposta às securas e desertos espirituais que tinha até então. Tinha, não tenho mais.
          Agora sei que podemos ter períodos de deserto e secura em nossas vidas exteriormente, por circunstâncias difíceis que se nos apresentam, por momentos de lutas, por todas essas coisas. Mas que essas coisas são coisas externas, são momentos e circunstâncias que podem nos rodear, no nosso dia-a-dia, em casa, no trabalho, na sociedade – e mesmo na igreja. Mas, enquanto nos dermos conta de que Deus está conosco, que estamos n’Ele e Ele em nós, interiormente jamais haverá nem um período sequer de secura ou deserto. Pode haver secura ou deserto material, mas nunca espiritual. Haverá pão e água para a nossa alma e, por tabela, para nossa vida como um todo, pois deve estar na nossa mente e no nosso coração, full-time, esta palavra de Jesus: Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a mim nunca terá fome; aquele que crê em mim nunca terá sede”.
          Não há deserto, não há secura!
          Não estou desdizendo o padre da entrevista na TV, seu livro e o tema deste. Não. Sigo concordando com grande parte do que ele falou, mas faço a ressalva sobre esses hiatos de tempo, onde aparecem secura e desertos. Como disse há pouco, agradeço por ter me deparado com esse tema. Mas, efetivamente, devo concordar e me dar conta do que Jesus disse: só terei fome e sede espiritual se me esquecer das Suas palavras.
          E, para melhorar um pouco mais, logo adiante Ele nos dá mais uma indicação. Uma indicação da importância que nós temos com relação aos nossos irmãos, nossos semelhantes, com relação ao ambiente em que vivemos e nos movemos: nós somos o que Ele falou. Nós apenas precisamos decidir ser. Nós somos os agentes da vida eterna em nosso meio. Nós temos as condições de saciar a sede e a ser um oásis quando nosso semelhante estiver passando por algum deserto espiritual. Vejamos como: Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva (João 7:38).
          Estejamos em Deus através de Cristo. Esta é a condição. E sejamos também fonte de vida a quem está conosco!
 
          Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
          Saudações,
          Kurt Hilbert

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