No
mesmo dia em que as mulheres tinham encontrado a sepultura vazia e levado a
mensagem dos anjos, sobre a ressurreição de Jesus Cristo, ao círculo dos
discípulos, dois desses discípulos puseram-se a caminho de uma aldeia
localizada a duas horas de caminho de Jerusalém. Eles também tinham recebido as
boas novas das mulheres, mas sabiam tão pouco o que fazer com essa informação
como os restantes discípulos reunidos em Jerusalém, que achavam que a notícia
da ressurreição era «conversa fiada». Por isso, os dois peregrinos só tinham um
único tema de conversa: a sua desilusão profunda face a tudo o que acontecera.
É possível que também nós sejamos um
dia profundamente desiludidos. As nossas expectativas não foram satisfeitas; ou
até aconteceu o contrário daquilo que nós esperávamos. Estamos desiludidos com
o apóstolo, com o sacerdote, com os irmãos e irmãs, com alguém que nos é muito
próximo.
Talvez até estejamos desiludidos com
o amado Deus e já não o conseguimos entender. Até a comunidade pode parecer-nos
estranha, afastada, já não entendemos nada do que se passa lá; tudo acabou por
acontecer de maneira diferente à que nós esperávamos. Tudo parece já não ter
sentido e ter sido em vão, já só se sente um vazio interior.
Ninguém está salvo de ter de passar
por momentos de amarga desilusão. Como acontece com todos os males e obstáculos
incontornáveis, a questão mais importante será a pergunta: como é que eu lido
com tais situações? A forma mais fácil parece ser a
de fugir, afastar-se, sair da comunhão. E alguns até se afastam de Deus por
estarem desiludidos com Ele. Mas isso não vai resolver nem ajudar a superar a
desilusão, antes pelo contrário. Muitas vezes, ela continua a apoquentar-nos no
nosso interior e acompanha-nos durante anos, como uma sombra escura, talvez até
mesmo durante uma vida inteira.
Os discípulos de Emaús conseguiram
ajuda, pois pediram ao Senhor: “Fica connosco!” O Senhor atendeu esse pedido,
sentou-se juntamente com eles à mesa, ceou com eles e tudo se resolveu (Lucas
24).
O Senhor consegue tirar-nos desse
estado de desilusão profunda e sabe como voltamos à alegria. É preciso que não
lhe viremos as costas, mas que lhe digamos o nosso desejo: Senhor, fica comigo,
não me abandones. Não quero perder-te. Embora já não te consiga entender, embora
esteja desiludido contigo, ajuda-me, por favor, eu quero ficar junto de Ti! Se
este desejo, esta ansiedade de estar em unanimidade com Cristo, de ter comunhão
com Ele, prevalecer sempre forte na nossa vida, o Senhor poderá e irá
ajudar-nos sempre.
Quando eu deixo de entender este
mundo, e também o amado Deus, quando tudo acontece de forma diferente à que eu
imaginava, eu penso no Senhor Jesus e em como seria se Ele agora viesse ter
comigo e me perguntasse: “Amas-me?” Então eu
diria: “Senhor, para ser sincero, eu não te estou a entender, mas sei uma
coisa com toda a certeza: eu amo-te de todo o coração!” E então eu sei: Ele
ajuda. E tudo ficará em ordem de novo.
Retirado de um Serviço Divino do Apóstolo Maior
Fonte: http://igrejanovaapostolica.org/site/ndice/portugus/palavra_do_ms/palavras_do_ms/view-details-id-59.htm
A desilusão é quase sempre imperceptível para quem, amando o que é bom, a sofre.
ResponderExcluir