155 – A Sabedoria de Salomão (1º Reis 3)

Salomão^{1(versículo de 1º Reis 3)} aliou-se ao faraó, rei do Egito ^I, casando-se com a filha dele. Ele a trouxe à Cidade de Davi até terminar a construção do seu palácio e do templo do SENHOR, e do muro em torno de Jerusalém.

O⁴ rei Salomão foi a Gibeom ^II para oferecer sacrifícios, pois ali ficava o principal lugar sagrado, e ofereceu naquele altar mil holocaustos. Em⁵ Gibeom o SENHOR apareceu a Salomão num sonho, à noite, e lhe disse: “Peça-me o que quiser, e eu lhe darei”.

Salomão⁶ respondeu: “Tu foste muito bondoso para com o teu servo, o meu pai Davi, pois ele foi fiel a ti, e foi justo e reto de coração. Tu mantiveste grande bondade para com ele e lhe deste um filho que hoje se assenta no seu trono. Agora⁷, SENHOR meu Deus, fizeste o teu servo reinar em lugar de meu pai Davi. Mas eu não passo de um jovem e não sei o que fazer. Dá⁹, pois, ao teu servo um coração cheio de discernimento para governar o teu povo e capaz de distinguir entre o bem e o mal. Pois, quem pode governar este teu grande povo?”

O¹⁰ pedido que Salomão fez agradou ao SENHOR. Por¹¹ isso Deus lhe disse: “Já que você pediu isto e não uma vida longa nem riqueza, nem pediu a morte dos seus inimigos, mas discernimento para ministrar a justiça, farei¹² o que você pediu. Eu lhe darei um coração sábio e capaz de discernir, de modo que nunca houve nem haverá ninguém como você. Também¹³ lhe darei o que você não pediu: riquezas e fama, de forma que não haverá rei igual a você durante toda a sua vida. E¹⁴, se você andar nos meus caminhos e obedecer aos meus decretos e aos meus mandamentos, como o seu pai Davi, eu prolongarei a sua vida”. Então¹⁵ Salomão acordou e percebeu que tinha sido um sonho.

Certo¹⁶ dia duas prostitutas compareceram diante do rei ^III.

Uma¹⁷ delas disse: “Ah, meu senhor! Esta mulher mora comigo na mesma casa. Eu dei à luz um filho e ela estava comigo na casa. Três¹⁸ dias depois de nascer o meu filho, esta mulher também deu à luz um filho. Estávamos sozinhas, e não havia mais ninguém na casa. Certa¹⁹ noite esta mulher se deitou sobre o seu filho, e ele morreu. Então²⁰ ela se levantou no meio da noite e pegou o meu filho enquanto eu, tua serva, dormia, e o pôs ao seu lado. E pôs o filho dela, morto, ao meu lado. Ao²¹ levantar-me de madrugada para amamentar o meu filho, ele estava morto. Mas quando olhei bem para ele de manhã, vi que não era o filho que eu dera à luz”.

A²² outra mulher disse: “Não! O que está vivo é meu filho; o morto é seu”.

Mas a primeira insistia: “Não! O morto é seu; o vivo é meu”. Assim elas discutiram diante do rei.

O²³ rei disse: “Esta afirma: ‘Meu filho está vivo, e o seu filho está morto’, enquanto aquela diz: ‘Não! Seu filho está morto, e o meu está vivo’”.

Então²⁴ o rei ordenou: “Tragam-me uma espada”. Trouxeram-lhe. Ele²⁵ então ordenou: “Cortem a criança viva ao meio e deem metade a uma e metade à outra ^IV”.

A²⁶ mãe do filho que estava vivo, movida pela compaixão materna, clamou: “Por favor, meu senhor, dê a criança viva a ela! Não a mate!”

A outra, porém, disse: “Não será nem minha nem sua. Cortem-na ao meio!”

Então²⁷ o rei deu o seu veredicto: “Não matem a criança! Deem-na à primeira mulher. Ela é a mãe”.

Quando²⁸ todo o Israel ouviu o veredicto do rei, passou a respeitá-lo profundamente, pois viu que a sabedoria de Deus estava nele para fazer justiça.

 

v     Para entender a história

Salomão reconhece a sua inexperiência e revela o desejo de ser um bom rei, pedindo a Deus a habilidade de servir ao seu povo com retidão. Sua sabedoria na solução dessa difícil disputa conquista o respeito de seus súditos.

 

v     Curiosidades

                                      I.     “Faraó, rei do Egito” – Esse faraó, provavelmente, foi Siamom (cerca de 978 – 959 a.C.). O poder do Egito sobre o Oriente Médio havia diminuído nos dois séculos anteriores, e o seu império, se desvanecendo. Por essa época, a política externa do faraó era manter a paz com os países vizinhos através de alianças. Em geral, eram seladas com o casamento com fins políticos.

                                   II.      “O rei Salomão foi a Gibeom” – O segundo livro das Crônicas diz que Salomão foi a Gibeom porque o Tabernáculo estava lá (2⁰ Crônicas 1:5). A Arca já se encontrava em Jerusalém esperando a construção do Templo.

                                III.     “Duas prostitutas compareceram diante do rei” – Apesar de a prostituição ser contra a Lei de Moisés, a profissão parecia ser tolerada em Israel, já que essas mulheres ofereciam a sua “mercadoria” em locais públicos. Elas chamavam a atenção pela aparência. Em geral, mulheres que usavam roupas sedutoras ou joias e maquilagem em excesso eram rotuladas como prostitutas.

                                IV.     “Metade a uma e metade à outra” – Quando o direito a uma propriedade em disputa não conseguia ser determinado, o juiz a dividia igualmente entre as partes em litígio. Salomão, usando de astúcia e sabedoria, aplicou a mesma regra a um caso incomum. A verdadeira mãe preferiria ficar sem o filho, do que vê-lo morto.

                                          

- Cidade de Davi: Tratava-se de uma extensão de Jerusalém, à época do rei Davi, entes de Salomão construir o conjunto que incluía o Templo e o palácio real. A obra do Templo foi iniciada em 960 a.C.

- Gibeom: Ficava a cerca de 10 quilômetros a noroeste de Jerusalém.

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

Jesus é o Centro de Tudo

 

João 1:1-3

No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus. Ele estava com Deus no princípio. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito.

 

O Evangelho segundo João nos traz muita luz sobre Quem É Jesus, o Cristo, logo no seu primeiro capítulo.

Separando aqui, como base para este texto, apenas os seus três primeiros versículos, temos a centralidade do Cristo em tudo!

Começa se dizendo que o Cristo é a Palavra. Ora, isto é de um fundamento absoluto, uma vez que, em o Cristo se tornando humano em Jesus de Nazaré, a Palavra de Deus se torna andante no meio dos homens, torna-se um homem e convive (vive com) os homens!

Segue o apóstolo João dizendo que o Cristo/a Palavra era Deus. Não só era como É, uma vez que “céus e terra passarão”, mas Ele não passa, isto é, É absoluto e permanentemente eterno!

Em se dizendo que Ele estava com Deus no princípio, afirma-se a Sua unidade com Deus – o Pai – e a Sua santa simbiose, uma vez que Ele mesmo dizia “eu e o Pai somos um” (João 10:30).

Se todas as coisas foram feitas por intermédio dele, isto significa que Ele É o agente que torna o que não era no que é, a Palavra em concretude, o projeto em objeto, o propósito em vida!

Segue se dizendo que sem ele, nada do que existe teria sido feito. Em outras palavras: sem o Cristo desde sempre e, depois, tornado Jesus de Nazaré, nada – absolutamente nada! – haveria. Nem eu, nem você, nem coisa alguma!

Parando nestes três primeiros versículos – poderíamos ir muito adiante! – já temos a base das bases, a noção de tudo o que há para se ter, para início de conversa, e para chegarmos a uma revelação total/final/absoluta: Jesus é o centro de tudo!

Dito isto, vamos àquilo que quero falar aqui neste texto: a centralidade de Jesus na leitura – e interpretação/revelação – da Bíblia.

Quando leio a Bíblia, ato diariamente salutar para uma boa alimentação da alma, devo ter esta noção bem clara: Jesus é a chave hermenêutica – de interpretação – do que leio.

Começo por ler os quatro evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João. Ali me está contado de Jesus tudo o que sobre Jesus preciso saber. Ali tenho noção clara de Quem Jesus era, como Ele pensava, como Ele agia com as pessoas e com a vida, e o que Ele ensinava, por palavras, ações e exemplos. Ali Jesus me é dado a conhecer.

Conhecendo a Jesus, leio os princípios da Igreja nos Atos dos Apóstolos, bem como a doutrina dos apóstolos, descrita nas cartas, desde Romanos até o Apocalipse. Tendo lido o Novo Testamento, tenho base e estofo para ler o Antigo.

Tendo agora base e estofo para ler o Antigo Testamento, e tendo, como disse acima, Jesus como chave de interpretação, fico seguro para prosseguir. Do Antigo Testamento, aquilo que se coaduna e parece com Jesus, é Palavra eterna; o que difere d’Ele, é apenas informação de contexto, útil para a compreensão do todo. Assim, fica gravado em minha mente/alma/ser aquilo que É Jesus nos antigos escritos.

Jesus é o centro. Em volta d’Ele, orbitam os apóstolos e os Seus ensinos no Novo Testamento. Em volta do Novo Testamento, orbita tudo o que consta no Antigo Testamento.

Desta forma, partindo de “fora para dentro”, daquilo que consta no Antigo Testamento, tudo o que se coaduna com Jesus permanece; o que não se coaduna, se desprende e vai. Inclusive no Novo Testamento, da doutrina dos apóstolos: o que é segundo Jesus, Seus ensinamentos e exemplos, permanece; o que eventualmente não é, se desprende e vai. E, por fim, no centro, Jesus, o Cristo de Deus, a chave para a interpretação da Bíblia – e de toda a vida!

Da minha parte posso, aqui, corroborar o apóstolo Paulo, que diz: “Sejam fortalecidos em seu coração, estejam unidos em amor e alcancem toda a riqueza do pleno entendimento, a fim de conhecerem plenamente o mistério de Deus, a saber, Cristo. Nele estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento (Colossenses 2:2-3).

 

É isso. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem!

Saudações,

Kurt Hilbert

154 – Salomão é Ungido (1º Reis 1)

Quando^{1(versículo de 1º Reis 1)} o rei Davi envelheceu, já de idade bem avançada, cobriam-no de cobertores, mas ele não se aquecia. Por² isso os seus servos lhe propuseram: “Nós vamos procurar uma jovem virgem para servir e cuidar do rei. Ela se deitará ao seu lado, a fim de aquecer o rei”.

Então³ procuraram em todo o território de Israel uma jovem que fosse bonita e encontraram Abisague, uma sunamita ^I, e a levaram ao rei. A⁴ jovem, muito bonita, cuidava do rei e o servia, mas o rei não teve relações com ela.

Ora⁵, Adonias ^II, cuja mãe se chamava Hagite, tomou a dianteira e disse: “Eu serei o rei”. Providenciou uma carruagem e cavalos, além de cinquenta homens para correrem à sua frente. Seu⁶ pai nunca o havia contrariado; nunca lhe perguntava: “Por que você age assim?” Adonias também tinha boa aparência e havia nascido depois de Absalão.

Adonias⁷ fez acordo com Joabe, filho de Zeruia, e com o sacerdote Abiatar, e eles o seguiram e o apoiaram. Mas⁸ o sacerdote Zadoque, Benaia, filho de Joiada, o profeta Natã, Simei, Reí e a guarda especial de Davi não deram apoio a Adonias.

Então⁹ Adonias sacrificou ovelhas, bois e novilhos gordos junto à pedra de Zoelete, próximo a En-Rogel. Convidou todos os seus irmãos, filhos do rei, e todos os homens de Judá que eram conselheiros do rei, mas¹⁰ não convidou o profeta Natã nem Benaia nem a guarda especial nem o seu irmão Salomão.

Natã¹¹ perguntou então a Bate-Seba, mãe de Salomão: “Você ainda não sabe que Adonias, o filho de Hagite, tornou-se rei, sem que o nosso senhor Davi ficasse sabendo? Agora¹², vou dar-lhe um conselho para salvar a sua vida e também a vida do seu filho Salomão ^III. Vá¹³ perguntar ao rei Davi: Ó rei, meu senhor, não juraste a esta tua serva, prometendo: ‘Tenha certeza que o seu filho Salomão me sucederá como rei ^IV, e se assentará no meu trono?’ Por que foi então, que Adonias se tornou rei?”

Bate-Seba foi visitar o rei e contou-lhe tudo. Depois, Natã foi até diante de Davi e confirmou o relato de Bate-Seba.

O²⁹ rei fez então um juramento: “Juro pelo nome do SENHOR, o qual me livrou de todas as adversidades, que³⁰, sem dúvida, hoje mesmo vou executar o que jurei pelo SENHOR, o Deus de Israel. O seu filho Salomão me sucederá como rei e se assentará no meu trono em meu lugar”.

Então³¹ Bate-Seba prostrou-se, rosto em terra, e, ajoelhando-se diante do rei, disse: “Que o rei Davi, meu senhor, viva para sempre!”

O³² rei Davi ordenou: “Chamem o sacerdote Zadoque, o profeta Natã e Benaia, filho de Joiada”.

Então³⁸ o sacerdote Zadoque, o profeta Natã, Benaia, filho de Joiada, os queretitas e os peletitas ^V fizeram Salomão montar a mula do rei Davi e o escoltaram até Giom ^VI. O³⁹ sacerdote Zadoque pegou na Tenda o chifre com óleo e ungiu Salomão. Então tocaram a trombeta e todo o povo gritou: “Viva o rei Salomão!”

Mas⁵⁰ Adonias, com medo de Salomão, foi agarrar-se às pontas do altar ^VII.

Salomão perdoou Adonias, e logo depois Davi morreu. Mas, quando Adonias pediu a Salomão permissão para se casar com Abisague, ele interpretou o pedido como uma pretensão ao trono e mandou executá-lo. Salomão também foi duro com os seguidores de Adonias. Abiatar foi exilado e Joabe perdeu a vida.

 

v     Para entender a história

Na velhice, Davi continuou sofrendo pelos pecados de sua juventude. Adonias segue o exemplo de Absalão e desafia o reinado do pai, e a casa de Davi é envolvida em mais uma disputa. Seja por fraqueza ou enfermidade, Davi deixa de agir com firmeza. A iniciativa é tomada por Natã e Bate-Seba.

 

v     Curiosidades

                                      I.     “Uma sunamita” – Abisague veio de Sunam, uma cidade ao norte, no vale de Jezreel. Hoje em dia, chama-se Solem. Fica perto de Nazaré, a cidade onde Jesus passou a infância.

                                   II.      “Adonias” – Adonias era o quarto filho de Davi. Nasceu em Hebrom, enquanto Davi ainda lutava com Is-Bosete pelo trono de Israel. Como o mais velho dos filhos sobreviventes do rei, era natural que esperasse sucedê-lo no trono.

                                III.     “Salvar a sua vida e também a vida do seu filho Salomão” – No antigo Oriente Médio era comum um usurpador eliminar os rivais. A vida de Bate-Seba também corria risco porque uma rainha-mãe desempenhava um importante e influente papel na corte real.

                                IV.     “Salomão me sucederá como rei” – A Bíblia diz que, quando Salomão nasceu, “o SENHOR o amou” (2⁰ Samuel 12:24). Embora a promessa de Davi a Bate-Seba não esteja registrado no texto da Bíblia, os atos de Adonias sugerem que estava ciente de que Salomão era o herdeiro escolhido por Davi.

                                   V.      “Os queretitas e os peletitas” – Eram mercenários filisteus. Davi os recrutou durante os seus anos como proscrito. Continuaram ardorosamente fieis a Davi e se transformaram em sua guarda palaciana.

                                VI.     “Giom” – Essa nascente fora das muralhas, do lado oriental de Jerusalém, era a principal fonte de abastecimento de água da cidade. Tornou-se tradição um novo rei beber das águas de Giom durante sua coroação.

                             VII.     “As pontas do altar” – Há traduções que dizem “os chifres do altar”. Os altares israelitas tinham coberturas quadradas e planas, com saliências curvadas nos quatro ângulos. Ao segurar esses “chifres”, uma pessoa podia reivindicar direito de asilo.

 

- Zadoque, Natã e Benaia: Estes homens eram os aliados e conselheiros mais próximos de Davi. Zadoque, o sacerdote, era descendente de Arão e sucedeu a Abiatar como sumo sacerdote de Israel. Natã foi o principal profeta da corte de Davi. O fato de ter apoiado Salomão indica que este era o escolhido por Deus como sucessor de Davi. Benaia era o comandante da guarda palaciana de Davi.

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

Jesus Era Ruim de Marketing!

Alguém me escreveu dizendo que não entende por que Jesus agiu como agiu, ao invés de fazer como César ou Alexandre, o Grande.

A ele e a tantos quantos pensam a mesma coisa, digo o seguinte:

Jesus veio para salvar o mundo e, contudo, não fez nada igual aos que se oferecem como salvadores dos homens.

Já se disse demais (embora valha a pena repetir) que Ele não escreveu sequer um livro, não erigiu um pilar, por mais fajuto que fosse; não mudou para Roma e nem para Atenas ou mesmo para Jerusalém; não aceitou a oferta dos gregos de ir viver entre eles; não buscou impressionar os filósofos gregos ou os senadores romanos; e nem tampouco sistematizou um ensino para ser decorado ou aprendido; e, para completar a série de “insensatezes”, ainda escolheu andar com gente que não formava opinião, não era conhecida, não tinha berço, e não agia no meio político ou religioso. Ele fez como o Pai: do que estava sem forma e vazio Ele iniciou o Reino!

Além disso, Ele não gerou filhos e nem deixou herdeiros carnais de nada. Não criou amuletos com pedaços de Suas roupas ou utensílios de uso pessoal (toda essa história de Graal e relíquias santas é paganismo comercial brabo feito em nome de Jesus), não “marcou lugares santos” e nem estabeleceu “peregrinações sagradas”, como ir a Jerusalém, a Cafarnaum, e muito menos a qualquer outro lugar santo ou “Meca”.

Também não inventou “uma parte profunda” de Seu ensino apenas reservado aos entendidos e autoridades. Não venerou nada. Não Se vinculou à coisa alguma, nem mesmo ao Templo de Jerusalém, ao qual derrubou com palavras proféticas.

Chocante também é o fato d’Ele não Se poupar em nada. Cansado, então cansado. Com sede, então com sede. Ameaçado, então cauteloso. Descrido, então muda de lugar. Amado, mostra amor, mas não fica sequestrado pelo amor de ninguém. “Desperdiça” oportunidades de ouro. Joga fora o que ninguém jogava. Insurge-Se contra aquilo que ninguém se levantava em oposição. Provoca a morte com vida até ressuscitar.

Ressuscitar. Sim! Mas para quê? Se as testemunhas não eram críveis. Até óvnis têm testemunhas mais críveis do ponto de vista do que se julga um testemunho respeitável. E além de tudo Ele só aparece para quem crê, e não faz nenhuma aparição ante Seus inimigos, no Sinédrio de Jerusalém, por exemplo. Até para ressuscitar Ele trabalha contra Ele mesmo, do ponto de vista de “estratégia de ressurreição”.

Sim! Jesus não fez nada concreto. Tudo n’Ele era abstrato, até quando era concreto. Tudo tinha que ser apreendido com o coração, e não apenas aprendido com a mente. Um dia depois do milagre da multiplicação de pães e peixes, todo o resultado do milagre já havia sido digerido e evacuado. Ninguém foi por Ele instruído a guardar amostra dos pães e peixes, nem tampouco pediu Ele que se guardasse um tonel de vinho de Caná.

Jesus era do tipo que jamais chegaria a Betânia e diria: “Foi aqui que ressuscitei Lázaro!”

Sim! Ele não tem histórias de Si mesmo para contar. O presente é a História para Jesus. Suas histórias não são passadas, são todas presentes. Suas histórias são as Suas Palavras de vida e poder no enquanto...

Ora, eu poderia ficar escrevendo aqui para sempre sobre o assunto (aliás, tenho três livros que lidam com essas questões de modo amplo e extenso); no entanto, o que me interessa é apenas afirmar que assim como Jesus tratou a vida e a História, do mesmo modo Ele espera que nós o façamos, até quando estivermos exaltando o Seu nome ou pregando a Sua Palavra; e, sobretudo, no vivendo da vida.

Ou quem nos fez pensar que Jesus era assim apenas porque Ele tinha que ser assim? Mas que nós, que não somos Ele (e que temos a tarefa de propagandeá-Lo na Terra), temos permissão para tratarmos Jesus em relação ao mundo de um modo diferente do que Ele tratou a Si mesmo? Sim! Quem nos convenceu de tal loucura?

O modo de vivermos e pregarmos o nome de Jesus no mundo é exatamente o mesmo com o qual Ele tratou a Si mesmo na experiência humana de Seu existir entre nós. 

“Meu reino não é deste mundo!”

Afinal, quem é César? Quem é Alexandre?

Você deve a vida a qualquer um dos dois? Em que César ou Alexandre ajudam a sua vida hoje?

Assim, pergunto:

Você aceita desistir do erro no qual foi criado na religião e passar a viver com os modos e motivações de Jesus?

Pense nisso!

 

(um texto de Caio Fábio D´Araújo Filho)

153 – Davi e Absalão (2º Samuel 13 – 18)

 

Depois^{1(versículo de 2º Samuel 13)} de algum tempo, Amnom, filho de Davi, apaixonou-se por Tamar; ela era muito bonita e era irmã de Absalão, outro filho de Davi.

Amnom² ficou angustiado ^I a ponto de adoecer por causa de sua meia-irmã Tamar, pois ela era virgem, e parecia-lhe impossível aproximar-se dela.

Amnom⁶ deitou-se na cama, fingindo-se doente. Quando o rei foi visitá-lo, Amnom lhe disse: “Eu gostaria que minha irmã Tamar viesse e preparasse dois bolos aqui mesmo e me servisse”.

Davi mandou Tamar até Amnom, que a violentou e, depois, mandou-a embora, em desgraça. Davi ficou furioso ao descobrir, mas nada fez para castigar Amnom. Absalão planejou vingar a sua irmã e ordenou que os seus homens assassinassem Amnom enquanto ele estivesse embriagado.

Absalão³⁷ fugiu para o território de Talmai, filho de Amiúde, rei de Gesur ^II. E o rei Davi pranteava por seu filho todos os dias.

Depois³⁸ que Absalão fugiu para Gesur, e lá permaneceu três anos, a³⁹ ira do rei contra Absalão cessou, pois ele se sentia consolado da morte de Amnom.

Então^{23(versículo de 2º Samuel 14)} Joabe foi a Gesur e trouxe Absalão de volta para Jerusalém. Mas²⁴ o rei disse: “Ele irá para a casa dele; não virá à minha presença ^III”. Assim, Absalão foi para a sua casa e não compareceu mais à presença do rei.

Em²⁵ todo o Israel não havia homem tão elogiado por sua beleza como Absalão. Da cabeça aos pés não havia nele nenhum defeito.

Ele²⁷ teve três filhos e uma filha, chamada Tamar, que se tornou uma linda mulher.

Absalão²⁸ morou dois anos em Jerusalém sem ser recebido pelo rei.

Muitos israelitas começavam a ficar descontentes com a administração de Davi. Absalão tornou-se popular para essas pessoas a passou a conspirar contra o seu pai. Reuniu muitos seguidores e proclamou-se rei. Davi, querendo evitar um confronto armado, fugiu de Jerusalém. Um dos assessores de Davi fingiu ser um desertor e aconselhou erroneamente Absalão com relação a táticas de batalha.

O^{6(versículo de 2º Samuel 18)} exército saiu a campo para enfrentar Israel, e a batalha aconteceu na floresta de Efraim, onde⁷ o exército de Israel foi derrotado pelos soldados de Davi ^IV. Houve grande matança naquele dia, elevando-se o número de mortos a vinte mil. A⁸ batalha espalhou-se por toda a região e, naquele dia, a floresta matou mais que a espada.

Durante⁹ a batalha, Absalão, montado em sua mula, encontrou-se com os soldados de Davi. Passando a mula debaixo dos galhos de uma grande árvore ^V, Absalão ficou preso pela cabeça nos galhos. Ele ficou pendurado entre o céu e a terra, e a mula prosseguiu.

E¹⁴ Joabe disse: “Não vou perder mais tempo com você”. Então pegou três dardos e com eles traspassou o coração de Absalão, quando ele ainda estava vivo na árvore. E¹⁵ dez dos escudeiros de Joabe cercaram Absalão e acabaram de matá-lo.

A¹⁶ seguir Joabe tocou a trombeta para que o exército parasse de perseguir Israel, e assim deteve o exército. Retiraram¹⁷ o corpo de Absalão, jogaram-no num grande fosso na floresta e fizeram um grande monte de pedras sobre ele. Enquanto isso, todos os israelitas fugiam para casa.

 

v     Para entender a história

A fraqueza de Davi em deixar impunes os crimes dos filhos leva à sua decadência. As mortes de ambos concretizam a profecia de Natã: “De sua própria família trarei desgraça sobre você” (2⁰ Samuel 12:11). Davi é punido por causa do adultério com Bate-Seba e do assassinato de Urias.

 

v     Curiosidades

                                      I.     “Amnom ficou angustiado” – Amnom era o filho mais velho de Davi. Sua mãe era Aquinoã, com quem Davi se casou quando era um proscrito. O amor de Amnom por Tamar não podia levar ao casamento, pois isso era proibido. A Lei de Moisés dizia que, “se um homem tomar por mulher sua irmã, filha de seu pai ou de sua mãe, e se envolver sexualmente com ela, pratica um ato vergonhoso [...]. Esse homem desonrou sua irmã e sofrerá as consequências de sua iniquidade” (Levítico 20:17).

                                   II.      “Talmai, filho de Amiúde, rei de Gesur” – Gesur era uma pequena cidade do reino arameu, situada a nordeste do Mar da Galileia. Talmai era avô de Absalão. Na época em que Davi foi rei de Judá, casou-se com Maaca, a filha de Talmai, para selar uma aliança política com Gesur. Isso deu a Davi um forte aliado na fronteira setentrional de Israel quando ele enfrentou Is-Bosete, filho de Saul, que governava as tribos do norte de Israel.

                                III.     “Não virá à minha presença” – A falha de Davi em não castigar Amnom levou ao ato de Absalão. Davi também não castigou Absalão, mas se recusou a vê-lo. Isso alimentou o ressentimento de Absalão.

                                IV.     “Soldados de Davi” – Durante os seus anos de exílio na Filisteia, Davi recrutou um bando de mercenários filisteus, que se juntaram ao seu grupo de soldados. Quando Davi voltou para Israel, após a morte de Saul, os mercenários mantiveram fidelidade a Davi o formaram a sua guarda pessoal. Portanto, o núcleo do exército de Davi era uma força de combate de elite com muitos anos de experiência militar.

                                   V.     “Uma grande árvore” – A batalha ocorreu em Gileade, a leste do rio Jordão. Essa área, como muitas outras do Israel bíblico, era coberta por densas florestas de carvalho. Havia mais de vinte espécies, e algumas árvores chegavam a grande altura. A madeira era utilizada na construção de barcos.

 

- Dardos: No princípio da Idade do Bronze, os dardos eram feitos amarrando-se, com tiras de couro, pontas de lanças em hastes de madeira. Na época de Davi, o avanço tecnológico já propiciava a fundição, e deixava-se uma ponta oca na qual era enfiada a haste.

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.