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sábado, 20 de agosto de 2022

Condenações e Salvações


 

João 3:17

“Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que esse fosse salvo por meio dele”.

 

Esta fala de Jesus se dá em Seu encontro com Nicodemos, um proeminente líder religioso do seu tempo, que encontrou-se com Jesus à noite, pois não queria ser visto por seus colegas.

O diálogo de Jesus com este homem girou em torno da essência da vinda do Filho de Deus à terra e de como isso deveria impactar o ser humano, significando, para o ser humano, um momento de tal amplitude que poderia se comparar a um “novo nascimento”.

Em Jesus de Nazaré Deus Se humanizou e visitou a humanidade como um homem, no tempo, na geografia a na história. No tempo e na geografia do planeta, pois ocorreu há dois mil anos em Israel, e na história porque dividiu a História entre a.C. e d.C.

Jesus é chamado de “o Filho de Deus”, mas também de “o Filho do homem”, revelando, assim, Sua natureza divina e humana.

A pergunta que se poderia fazer agora é: Por que disso?

Ou então: Para que Deus Se fez humano e “veio” à terra?

A Palavra de Deus, mais do que conjecturas humanas, responde a estas duas questões.

Primeiro, ela diz “para que não”: não para condenar!

É aí que se diferencia o Evangelho de Cristo das práticas de muitos “cristãos”: a não condenação. Enquanto que muitos, em nome de Jesus, condenam seu próximo por suas escolhas, suas situações de vida, suas fraquezas, suas inclinações de natureza humana, ou pelo que quer que seja, o Filho de Deus “não veio para condenar”. Isso deveria ficar muito claro para nós!

Depois, a Palavra de Deus revela “para que sim”: Jesus veio para que fôssemos salvos por meio d’Ele. E a Palavra não fala de meia-dúzia de privilegiados; ela fala que Jesus veio “para salvar o mundo”, dizendo, assim, que esta ação divina atinge a todos os seres humanos!

Em Cristo e na Sua mensagem não há acepção de pessoas: “Agora percebo verdadeiramente que Deus não trata as pessoas com parcialidade, mas de todas as nações aceita todo aquele que o teme a faz o que é justo” (Atos 10:34-35).

Ele diz claramente que gente como eu precisa d’Ele, pois gente como eu sabe de como é fraco, necessitado, incapaz de se ajudar por si mesmo, cônscio de sua natureza psicológica e de sua potencialidade para o pecado. “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Eu não vim chamar justos, mas pecadores ao arrependimento” (Lucas 5:31-32).

O arrependimento em si já é uma graça de Deus, pois alguém apenas pode se arrepender de algo quando toma consciência do seu erro, e essa consciência é despertada pelo Espírito de Deus, que nos convence do pecado: “Mas eu lhes afirmo que é para o bem de vocês que eu vou. Se eu não for, o Conselheiro não virá para vocês; mas se eu for, eu o enviarei. Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Do pecado, porque os homens não creem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e vocês não me verão mais; e do juízo, porque o príncipe deste mundo já está condenado” (João 16:7-11).

O arrependimento traz conversão, isto é, faz com que a pessoa converta seu caminho, mudando de direção e indo, ao invés de na direção do erro/pecado, em direção a Cristo e Seus ensinamentos.

Conversão é não ter mais nenhum ponto de vista que não seja o do Evangelho!

Se diz muito que não devemos julgar pessoas, mas sim suas atitudes e comportamentos. Isso faz sentido, mas o problema é que, para a maioria de nós, é muito subjetivo diferenciarmos pessoas e atitudes, pois temos a tendência de enxergarmos uma coisa só. É muito difícil entendermos os motivos reais que levam uma pessoa a ter um determinado comportamento. É fácil confundirmos caráter/personalidade com palavras/ações. Não sabemos o que levou uma pessoa a ter determinado comportamento ou fazer determinadas escolhas. Não conhecemos sua real história de vida nem suas motivações mais profundas. Enxergamos, quando muito, parcialmente. Só Deus tem capacidade para julgamentos, pois Ele sim enxerga o todo. E – vejam só – Jesus diz que nem Ele veio condenar!

O que nós podemos fazer é conversar com as pessoas, procurar entender seus motivos, nos colocarmos no lugar delas – isso se chama empatia –, dar conselhos com gentileza nas palavras, e orarmos por e com elas. Ponto. Acabou nossa tarefa. Nada de julgar – e muito menos de condenar!

Voltando ao tema principal destes escritos, poderíamos nos fazer mais uma perguntinha: Jesus veio “salvar o mundo” do quê? Do que precisamos ser salvos?

Ora, toda a mensagem de Cristo se centra no amor!

Assim, Ele nos salva de todas as atitudes e vivências sem amor.

Ele nos salva do não-significado da vida.

Ele nos salva do vazio da vida.

Ele nos salva de não viver de verdade.

Ele nos salva de experimentarmos a ausência de amor divino na infinitude da existência – o que para muitos é o inferno!

Quero agora colocar o contexto todo daquilo que Jesus diz a Nicodemos; quero colocar a Palavra que uso aqui como tema desta crônica dentro do seu contexto.

“Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que esse fosse salvo por meio dele. Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por não crer no nome do Filho Unigênito de Deus” (João 3:16-18).

Deus amou/ama/amará o mundo – a humanidade.

Através de se crer e viver a mensagem de Jesus a pessoa não perece, mas tem a vida eterna.

Jesus veio ao mundo não para condenar as pessoas, mas para salvá-las.

Quem crê e pratica o que Jesus ensina não é condenado.

Quem escolhe não crer, este a si mesmo se condena, pois recusa o amor.

E veja que interessante sabermos o que é o julgamento: Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram as trevas, e não a luz, porque as suas obras eram más” (João 3:19).

Assim, por esta Palavra de Jesus, somente se condena a si mesmo, aquele ser humano que, em rejeitando a Jesus e Seu significado, rejeita a luz do amor a si mesmo e ao próximo e prefere andar em trevas existenciais. Somente se condena a si mesmo, aquele ser humano que olha para si, para o seu próximo e para a vida, e prefere condenar as suas relações com outros humanos e a vida à escuridão, ao amor às trevas, à cegueira de significados, ao desamor total. Para um ser humano assim, todas as obras são más. Para um ser humano assim, a sua escolha é por sua auto-condenação.

Para todos os outros seres humanos que têm em si um lampejo ou uma faísca – ainda que mínima – de amor a si e ao próximo, há esperança de salvação e vida eterna junto a Deus.

Esta é a mensagem do Evangelho!

 

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.

Saudações,

Kurt Hilbert

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