João
3:17
“Pois
Deus enviou o seu Filho ao mundo, não
para condenar o mundo, mas para que esse fosse salvo por meio dele”.
Esta fala de Jesus se dá em Seu encontro com
Nicodemos, um proeminente líder religioso do seu tempo, que encontrou-se com
Jesus à noite, pois não queria ser visto por seus colegas.
O diálogo de Jesus com este homem girou em torno
da essência da vinda do Filho de Deus à terra e de como isso deveria impactar o
ser humano, significando, para o ser humano, um momento de tal amplitude que
poderia se comparar a um “novo nascimento”.
Em Jesus de Nazaré Deus Se humanizou e visitou a
humanidade como um homem, no tempo, na geografia a na história. No tempo e na
geografia do planeta, pois ocorreu há dois mil anos em Israel, e na história
porque dividiu a História entre a.C. e d.C.
Jesus é chamado de “o Filho de Deus”, mas também
de “o Filho do homem”, revelando, assim, Sua natureza divina e humana.
A pergunta que se poderia fazer agora é: Por que
disso?
Ou então: Para que Deus Se fez humano e “veio” à
terra?
A Palavra de Deus, mais do que conjecturas
humanas, responde a estas duas questões.
Primeiro, ela diz “para que não”: não para
condenar!
É aí que se diferencia o Evangelho de Cristo das
práticas de muitos “cristãos”: a não condenação. Enquanto que muitos, em nome
de Jesus, condenam seu próximo por suas escolhas, suas situações de vida, suas
fraquezas, suas inclinações de natureza humana, ou pelo que quer que seja, o
Filho de Deus “não veio para condenar”. Isso deveria ficar muito claro para
nós!
Depois, a Palavra de Deus revela “para que sim”:
Jesus veio para que fôssemos salvos por meio d’Ele. E a Palavra não fala de
meia-dúzia de privilegiados; ela fala que Jesus veio “para salvar o mundo”,
dizendo, assim, que esta ação divina atinge a todos os seres humanos!
Em Cristo e na Sua mensagem não há acepção de
pessoas: “Agora
percebo verdadeiramente que Deus não
trata as pessoas com parcialidade, mas de todas as nações aceita todo
aquele que o teme a faz o que é justo” (Atos 10:34-35).
Ele diz claramente que gente como eu precisa
d’Ele, pois gente como eu sabe de como é fraco, necessitado, incapaz de se
ajudar por si mesmo, cônscio de sua natureza psicológica e de sua
potencialidade para o pecado. “Não
são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Eu não vim
chamar justos, mas pecadores ao arrependimento”
(Lucas 5:31-32).
O arrependimento em si
já é uma graça de Deus, pois alguém apenas pode se arrepender de algo quando
toma consciência do seu erro, e essa consciência é despertada pelo Espírito de
Deus, que nos convence do pecado: “Mas eu
lhes afirmo que é para o bem de vocês
que eu vou. Se eu não for, o Conselheiro não virá para vocês; mas se eu for, eu
o enviarei. Quando ele vier, convencerá
o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Do pecado,
porque os homens não creem em mim; da justiça,
porque vou para o Pai, e vocês não me verão mais; e do juízo, porque o príncipe deste mundo já está condenado” (João
16:7-11).
O arrependimento traz
conversão, isto é, faz com que a pessoa converta seu caminho, mudando de
direção e indo, ao invés de na direção do erro/pecado, em direção a Cristo e
Seus ensinamentos.
Conversão é não ter
mais nenhum ponto de vista que não seja o do Evangelho!
Se diz muito que não
devemos julgar pessoas, mas sim suas atitudes e comportamentos. Isso faz
sentido, mas o problema é que, para a maioria de nós, é muito subjetivo
diferenciarmos pessoas e atitudes, pois temos a tendência de enxergarmos uma
coisa só. É muito difícil entendermos os motivos reais que levam uma pessoa a
ter um determinado comportamento. É fácil confundirmos caráter/personalidade
com palavras/ações. Não sabemos o que levou uma pessoa a ter determinado
comportamento ou fazer determinadas escolhas. Não conhecemos sua real história
de vida nem suas motivações mais profundas. Enxergamos, quando muito,
parcialmente. Só Deus tem capacidade para julgamentos, pois Ele sim enxerga o
todo. E – vejam só – Jesus diz que nem Ele veio condenar!
O que nós podemos
fazer é conversar com as pessoas, procurar entender seus motivos, nos
colocarmos no lugar delas – isso se chama empatia –, dar conselhos com
gentileza nas palavras, e orarmos por e com elas. Ponto. Acabou nossa tarefa.
Nada de julgar – e muito menos de condenar!
Voltando ao tema
principal destes escritos, poderíamos nos fazer mais uma perguntinha: Jesus
veio “salvar o mundo” do quê? Do que precisamos ser salvos?
Ora, toda a mensagem
de Cristo se centra no amor!
Assim, Ele nos salva
de todas as atitudes e vivências sem amor.
Ele nos salva do
não-significado da vida.
Ele nos salva do vazio
da vida.
Ele nos salva de não
viver de verdade.
Ele nos salva de
experimentarmos a ausência de amor divino na infinitude da existência – o que
para muitos é o inferno!
Quero agora colocar o
contexto todo daquilo que Jesus diz a Nicodemos; quero colocar a Palavra que
uso aqui como tema desta crônica dentro do seu contexto.
“Porque
Deus tanto amou o mundo que deu o
seu Filho Unigênito, para que todo o que
nele crer não pereça, mas tenha a
vida eterna. Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que esse fosse salvo por meio dele. Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por não crer no nome do Filho Unigênito de Deus”
(João 3:16-18).
Deus amou/ama/amará o mundo – a humanidade.
Através de se crer e viver a mensagem de Jesus a
pessoa não perece, mas tem a vida eterna.
Jesus veio ao mundo não para condenar as
pessoas, mas para salvá-las.
Quem crê e pratica o que Jesus ensina não é
condenado.
Quem escolhe não crer, este a si mesmo se
condena, pois recusa o amor.
E veja que interessante sabermos o que é o julgamento: “Este
é o julgamento: a luz veio ao
mundo, mas os homens amaram as trevas,
e não a luz, porque as suas obras eram más” (João 3:19).
Assim, por esta Palavra de Jesus, somente se
condena a si mesmo, aquele ser humano que, em rejeitando a Jesus e Seu
significado, rejeita a luz do amor a si mesmo e ao próximo e prefere andar em
trevas existenciais. Somente se condena a si mesmo, aquele ser humano que olha
para si, para o seu próximo e para a vida, e prefere condenar as suas relações
com outros humanos e a vida à escuridão, ao amor às trevas, à cegueira de
significados, ao desamor total. Para um ser humano assim, todas as obras são
más. Para um ser humano assim, a sua escolha é por sua auto-condenação.
Para todos os outros seres humanos que têm em si
um lampejo ou uma faísca – ainda que mínima – de amor a si e ao próximo, há
esperança de salvação e vida eterna junto a Deus.
Esta é a mensagem do Evangelho!
Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o
amor de Cristo nos acompanhem.
Saudações,
Kurt Hilbert
Nenhum comentário:
Postar um comentário