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domingo, 12 de dezembro de 2021

Dar o Coração


 

Provérbios 23:26

Meu filho, dê-me o seu coração; mantenha os seus olhos em meus caminhos.

 

Jesus de Nazaré já ensinava, enquanto caminhava conosco fisicamente em nosso planetinha azul, que “onde estiver o tesouro de uma pessoa, aí estará também o seu coração” (Mateus 6:21).

O que Jesus chamava de “tesouro” significa aquilo que nós consideramos o mais importante na vida. Para muitos, o mais importante é a família; para outros, a saúde física; para outros, o trabalho ou a carreira; para outros, ainda, a importância que julgam terem adquirido perante a sociedade; para muitos outros, o mais importante é o dinheiro – e o poder que ele compra; para alguns, é o bem-estar psicológico/espiritual. Cada um tem o seu “tesouro”, ao qual está cativo o seu coração, a sua essência, o seu ser.

E Jesus ainda ensina que aquele tesouro ao qual estiver cativo o nosso coração nos domina e, ainda, que não podemos “ser servos/ser dominados” por dois “tesouros/senhores” ao mesmo tempo. Temos que escolher a quem servir: “Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro” (Mateus 6:24).

Deus nos ensina, na Palavra que aqui serve de mote para este texto, que o nosso coração não só deve estar n’Ele, como deve ser d’Ele: Meu filho, dê-me o seu coração.

Havia um pastor amigo meu – que hoje já está com o Senhor na eternidade – que usava muito essa expressão, com seu carregado sotaque alemão, apesar de ter vindo ao Brasil ainda guri: “Meu filho, dê-me o seu coração, diz o Senhor”. Perdi a conta de quantas vezes, em mais de vinte anos, o ouvi dizer isso. É uma lembrança nostálgica muito agradável...

Numa empresa que eu trabalhava, logo no hall de entrada, havia uma placa que dizia: “Corações e mentes pela empresa”. Minha melhor disposição mental a empresa terá, pensava eu, mas meu coração não. E não tinha.

As ocupações da vida, não raro, pedem o nosso coração. E, muitas vezes, o entregamos sem pestanejar! Deus nos pede o nosso coração e, não raro, pensamos trezentas vezes antes de tomar essa decisão!

Vejamos: o curioso nessa história toda é que Deus “pede” que demos a Ele o nosso coração. Mesmo tendo poder para tomá-lo, Ele não o toma sem nossa permissão. O mundo nos açambarca, insiste em tomar à força o nosso coração, quando somos inundados por coisinhas do cotidiano, que nos tomam todo o tempo.

Deus bate à porta e pede licença. O mundo simplesmente chuta a porta.

Mas a chave da porta do coração está sempre conosco. O mundo entra se lhe abrimos a porta, mesmo estando a esmurrá-la. Deus bate carinhosamente, pacientemente e amorosamente esperando nosso convite para que Ele entre: “Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo” (Apocalipse 3:20). É o que Jesus diz. Abrimos a Ele?

“Mantenha os olhos em meus caminhos”, segue dizendo o mesmo versículo.

Mesmo o título deste texto remetendo ao tema “dar o coração”, não quero esquecer de comentar sobre esta seqüência da Palavra, a de “manter os olhos no caminho”.

Desde os tempos de Abraão que, obedecendo ao mandamento de Deus lhe dizendo para sair de sua casa, da terra de seus parentes e ir a uma terra que lhe estava por Ele prometida, o “caminho” e o “caminhar” eram termos usuais e bem conhecidos. O povo hebreu fora um povo “caminhante”. Assim, “manter os olhos no caminho” de Deus significava também “estar atento aos Seus ensinamentos/mandamentos”.

Há, na Bíblia, várias menções a este tema: Mostra-me, SENHOR, os teus caminhos, ensina-me as tuas veredas; guia-me com a tua verdade e ensina-me, pois tu és Deus, meu Salvador, e a minha esperança está em ti o tempo todo (Salmo 25:4-5). Bom e justo é o SENHOR; por isso mostra o caminho aos pecadores. Conduz os humildes na justiça e lhes ensina o seu caminho (Salmo 25:8-9). Todos os caminhos do SENHOR são amor e fidelidade para com os que cumprem os preceitos da sua aliança (Salmo 25:10). Quem é o homem que teme o SENHOR? Ele o instruirá no caminho que deve seguir (Salmo 25:12). Veja que fiquei só no Salmo 25. Há centenas de ocorrências onde o termo “caminho” aparece, significando, na maior parte das vezes, instruções, mandamentos, orientações, ensinos, enfim, tudo aquilo que o Senhor nos disponibiliza para que “caminhemos” pela vida em Sua segurança.

Por fim – e mais definitivamente – vem Jesus e resume tudo numa só Pessoa: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (João 14:6).

Lembro da passagem onde Jesus levou Pedro, Tiago e João para um monte e Se transfigurou diante deles, aparecendo-lhes Moisés e Elias, uma nuvem luminosa que os encobriu a todos, e uma voz que saía da nuvem. Os discípulos caíram com o rosto em terra e ficaram apavorados. Jesus tocou-lhes e disse que não tivessem medo. Ao levantarem os olhos viram somente Jesus. Você pode ler isso na íntegra em Mateus, no capítulo 17. Sempre me chamou a atenção o ponto que diz que “eles viram somente Jesus”. Diante de tudo, mesmo diante da experiência da sobreposição de dimensões diferentes – a que eles estavam e a que estavam Moisés e Elias –, e mesmo diante da “presença” da voz divina, ao final, tudo o que lhes “restava” era Jesus. Só Jesus permanecia. Só a Ele viam. E é só a Ele que nós precisamos “ver” em nosso “caminho da vida”, dando-Lhe o nosso coração!

 

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.

Saudações,

Kurt Hilbert

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