Provérbios
23:26
Meu
filho, dê-me o seu coração; mantenha os seus olhos em meus caminhos.
Jesus de Nazaré já
ensinava, enquanto caminhava conosco fisicamente em nosso planetinha azul, que
“onde estiver o tesouro de uma pessoa, aí estará também o seu coração” (Mateus
6:21).
O que Jesus chamava de
“tesouro” significa aquilo que nós consideramos o mais importante na vida. Para
muitos, o mais importante é a família; para outros, a saúde física; para
outros, o trabalho ou a carreira; para outros, ainda, a importância que julgam
terem adquirido perante a sociedade; para muitos outros, o mais importante é o
dinheiro – e o poder que ele compra; para alguns, é o bem-estar
psicológico/espiritual. Cada um tem o seu “tesouro”, ao qual está cativo o seu
coração, a sua essência, o seu ser.
E Jesus ainda ensina que
aquele tesouro ao qual estiver cativo o nosso coração nos domina e, ainda, que
não podemos “ser servos/ser dominados” por dois “tesouros/senhores” ao mesmo
tempo. Temos que escolher a quem servir: “Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará
o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a
Deus e ao Dinheiro” (Mateus 6:24).
Deus nos ensina, na
Palavra que aqui serve de mote para este texto, que o nosso coração não só deve
estar n’Ele, como deve ser d’Ele: Meu filho, dê-me o
seu coração.
Havia
um pastor amigo meu – que hoje já está com o Senhor na eternidade – que usava
muito essa expressão, com seu carregado sotaque alemão, apesar de ter vindo ao
Brasil ainda guri: “Meu filho, dê-me o seu coração, diz o Senhor”. Perdi a
conta de quantas vezes, em mais de vinte anos, o ouvi dizer isso. É uma
lembrança nostálgica muito agradável...
Numa empresa que eu
trabalhava, logo no hall de entrada,
havia uma placa que dizia: “Corações e mentes pela empresa”. Minha melhor
disposição mental a empresa terá, pensava eu, mas meu coração não. E não tinha.
As ocupações da vida,
não raro, pedem o nosso coração. E, muitas vezes, o entregamos sem pestanejar!
Deus nos pede o nosso coração e, não raro, pensamos trezentas vezes antes de
tomar essa decisão!
Vejamos: o curioso nessa
história toda é que Deus “pede” que demos a Ele o nosso coração. Mesmo tendo
poder para tomá-lo, Ele não o toma sem nossa permissão. O mundo nos açambarca,
insiste em tomar à força o nosso coração, quando somos inundados por coisinhas
do cotidiano, que nos tomam todo o tempo.
Deus bate à porta e pede
licença. O mundo simplesmente chuta a porta.
Mas a chave da porta do coração está sempre
conosco. O mundo entra se lhe abrimos a porta, mesmo estando a esmurrá-la. Deus
bate carinhosamente, pacientemente e amorosamente esperando nosso convite para
que Ele entre: “Eis
que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo”
(Apocalipse 3:20). É o que Jesus diz. Abrimos a Ele?
“Mantenha
os olhos em meus caminhos”, segue dizendo o mesmo versículo.
Mesmo o título deste
texto remetendo ao tema “dar o coração”, não quero esquecer de comentar sobre
esta seqüência da Palavra, a de “manter os olhos no caminho”.
Desde os tempos de
Abraão que, obedecendo ao mandamento de Deus lhe dizendo para sair de sua casa,
da terra de seus parentes e ir a uma terra que lhe estava por Ele prometida, o
“caminho” e o “caminhar” eram termos usuais e bem conhecidos. O povo hebreu
fora um povo “caminhante”. Assim, “manter os olhos no caminho” de Deus
significava também “estar atento aos Seus ensinamentos/mandamentos”.
Há, na Bíblia, várias
menções a este tema: Mostra-me, SENHOR, os teus caminhos, ensina-me as tuas veredas; guia-me com a
tua verdade e ensina-me, pois tu és Deus, meu Salvador, e a minha esperança
está em ti o tempo todo (Salmo 25:4-5). Bom e justo é o SENHOR; por isso mostra o caminho aos
pecadores. Conduz os humildes na justiça e lhes ensina o seu caminho
(Salmo 25:8-9). Todos os caminhos do SENHOR são amor e fidelidade para com os que cumprem os preceitos
da sua aliança (Salmo 25:10). Quem é o homem que teme o SENHOR?
Ele o instruirá no caminho que deve seguir (Salmo 25:12).
Veja que fiquei só no Salmo 25. Há centenas de ocorrências onde o termo “caminho”
aparece, significando, na maior parte das vezes, instruções, mandamentos,
orientações, ensinos, enfim, tudo aquilo que o Senhor nos disponibiliza para
que “caminhemos” pela vida em Sua segurança.
Por fim – e mais
definitivamente – vem Jesus e resume tudo numa só Pessoa: “Eu sou o caminho, a
verdade e a vida” (João 14:6).
Lembro da passagem
onde Jesus levou Pedro, Tiago e João para um monte e Se transfigurou diante
deles, aparecendo-lhes Moisés e Elias, uma nuvem luminosa que os encobriu a
todos, e uma voz que saía da nuvem. Os discípulos caíram com o rosto em terra e
ficaram apavorados. Jesus tocou-lhes e disse que não tivessem medo. Ao
levantarem os olhos viram somente Jesus. Você pode ler isso na íntegra em
Mateus, no capítulo 17. Sempre me chamou a atenção o ponto que diz que “eles
viram somente Jesus”. Diante de tudo, mesmo diante da experiência da sobreposição
de dimensões diferentes – a que eles estavam e a que estavam Moisés e Elias –,
e mesmo diante da “presença” da voz divina, ao final, tudo o que lhes “restava”
era Jesus. Só Jesus permanecia. Só a Ele viam. E é só a Ele que nós precisamos
“ver” em nosso “caminho da vida”, dando-Lhe o nosso coração!
Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o
amor de Cristo nos acompanhem.
Saudações,
Kurt Hilbert
Nenhum comentário:
Postar um comentário