A providência divina é a
chave deste livro.
O livro de Ester descreve graficamente as lutas vitoriosas dos judeus
dispersos, durante o período do rei persa Assuero, contra as iníquas
conspirações de certo primeiro-ministro por nome Hamã. Embora nunca se mencione
neste livro o nome de Deus, sua mão se manifesta continuamente em todos os
pormenores circunstanciais da narrativa. Ester, por sua beleza, é escolhida
rainha em lugar de Vasti; Mardoqueu, em virtude de sua capacidade, toma o lugar
de Hamã no cargo de primeiro-ministro. Todos os personagens, desde o rei até ao
escravo obsequioso, desempenham seu papel no momento oportuno. Hamã é a encarnação
do mal; Mardoqueu, a essência da bondade; Assuero, inflexível, possui também
traços vigorosos. Ester, prima de Mardoqueu e sob a tutela deste, converte-se
na heroína da história devido à sua boa vontade de arriscar a vida e sua
posição, a pedido de Mardoqueu, em benefício de seu próprio povo em época de
profunda necessidade.
Não se pode conseguir evidência certa com respeito ao autor do livro de
Ester. A paternidade literária tem sido atribuída a vários personagens (Esdras,
Joaquim, Mardoqueu, homens da Grande Sinagoga).
Intrinsecamente nada há de improvável em se atribuir o livro a
Mardoqueu, destacado personagem guardador dos fatos principais narrados no
livro.
Diferentemente das obras de ficção e romance, o livro de Ester está
profundamente saturado de história e documentado com datas específicas. Este
livro, à semelhança da profecia de Ageu (1:1, 15; 2:1, 10, 20) está datado
segundo o reinado de Assuero, a quem se identifica comumente como Xerxes I (485
a 465 a.C.) da antiguidade. Segundo escavações realizadas na era moderna, em
Susã, tem-se comprovado de forma substancial a exatidão do autor, que deve ter
tido conhecimento pessoal do povo e da história.
Talvez nenhum outro livro da Bíblia tenha sido atacado tão acerbadamente
nem com tanta veemência como o livro de Ester. Devido a seu espírito de
nacionalismo e vingança, os críticos o têm declarado indigno de ocupar lugar no
cânon sagrado. Contudo, se lermos a história com reverência, dependendo
humildemente do Espírito Santo para que nos ensine, acharemos verdades que
satisfarão nossa mente e edificarão a alma. Quanto mais estudarmos esta
história incomparável, tanto mais chegaremos à conclusão de que suas profundas
verdades deverão ser desenterradas como se fossem pepitas de ouro.
Wick
Broomall