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quarta-feira, 30 de maio de 2018

Virando as Coisas do Avesso


          Isaías 29:16
          Vocês viram as coisas pelo avesso! Como se fosse possível imaginar que o oleiro é igual ao barro!

          Quero pedir emprestada esta Palavra que o profeta Isaías falava ao seu povo em idos tempos, falando em nome do Senhor, para tergiversar um pouco – não sei se exatamente em nome do Senhor, mas, certamente, em nome do sentimento que Ele desperta em meu coração pelo Seu Espírito; não fosse assim, por mim mesmo, nada poderia escrever sobre o tema.
          Pois bem. Esta Palavra inicia com uma constatação divina bem direta, e que deixei grifada em negrito de propósito, pois salta aos olhos: Vocês viram as coisas pelo avesso!
          Não quero falar de temas muito variados para aplicar esta Palavra, somente um: espiritualidade. Poderia falar de valores éticos, morais, até mesmo políticos ou quaisquer outros societários, pois somos serem que vivemos em sociedades agregadoras – para o bem e para o mal. Quero falar apenas de como esta Palavra se aplica à nossa espiritualidade. E acho que já é muito, pois a espiritualidade de alguém – ou a falta dela – implica em toda a sua vida, passando pelos tangentes psicológicos até os físicos.
          Espiritualmente falando, o mundo tem virado as coisas pelo avesso. E o que chamo de “mundo” aqui é tudo aquilo que Jesus dizia de onde “Ele não era”. Em João 8:23, está registrado que Ele disse: “Eu não sou deste mundo”. Assim, é natural que “este mundo” esteja invertendo as coisas, por seus líderes espirituais de “nova era”. E como invertem as coisas? Como as viram pelo avesso?
          Basta que lancemos mão de um pouco das suas mais variadas literaturas, que nos depararemos com este ponto central: igualam o homem a Deus. Deus deixa de ser o centro e o homem passa a ocupar este lugar. Dizem que “somos Deus”.
          Não, não somos Deus! “Pois os meus pensamentos não são como os pensamentos de vocês, nem os seus caminhos são os meus caminhos”, declara o SENHOR. “Assim como os céus são mais altos do que a terra, também os meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os seus pensamentos” (Isaías 55:8-9). “Deus não é homem para que minta, nem filho de homem para que se arrependa. Acaso ele fala, e deixa de agir? Acaso promete, e deixa de cumprir?” (Números 23:19).
          Ora, se os pensamentos de Deus “não são nossos pensamentos”, e se “os nossos caminhos não são os caminhos d’Ele”, e se “Deus não é homem” – no sentido de ser comportamentalmente como um –, então, obviamente, não temos os Seus pensamentos e não andamos em Seus caminhos – e não somos Ele!
          Apenas passamos a conhecer “Seus pensamentos” e “andar em Seus caminhos”, quando nos achegamos a Ele por Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim” (João 14:6). Se acatarem a minha repreensão, eu lhes darei um espírito de sabedoria e lhes revelarei os meus pensamentos (Provérbios 1:23). E passaremos a “ser um” com Ele quando e enquanto estivermos em Cristo. “Não ficarei mais no mundo, mas eles ainda estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, protege-os em teu nome, o nome que me deste, para que sejam um, assim como somos um (João 17:11). Quero adensar uma coisa aqui: “somos um”, ou “somos todos um” – um dos mantras da “nova era” – apenas quando podemos estar incluídos na oração de Jesus, cuja parte está neste João 17:11. Só assim.
          Não é preciso pensar muito para concluirmos que não somos Deus. Uma passagem que os pregadores espirituais da “nova era” usam para embasar o seu pressuposto é esta – a tenho encontrado aos borbotões em suas literaturas: “Eu disse: vocês são deuses, todos vocês são filhos do Altíssimo” (Salmo 82:6). Ok, porém, vamos atentar para uma coisa aqui: não diz “vocês são Deus”, mas “vocês são deuses”. Como somos deuses? “Mas a própria Palavra de Deus confirma que somos como Ele, ou seja, deuses”, argumentam os pensadores da “nova era”. Com isso concluem que, se “somos deuses”, logo, “somos como Deus”. Mas não é assim. Se continuarmos no contexto da Palavra citada e usada, logo se explica como somos deuses: vocês são filhos do Altíssimo. Ora, “filhos do Altíssimo”, ou “filhos de Deus”, somente podemos ser por e em Cristo. Assim ó: Aquele que é a Palavra estava no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram por descendência natural, nem pela vontade da carne nem pela vontade de algum homem, mas nasceram de Deus (João 1:10-13).
          Somente por e em Cristo – e por Sua obra de redenção na cruz – é que podemos ser “filhos de Deus”, corroborando o salmista que, por inspiração divina, percebe que “somos deuses”. Assim somos, se somos “filhos de Deus”, e só podemos ser feitos “filhos de Deus”, por recebermos Jesus Cristo – e tudo o que isso implica!
          O irônico da literatura da “nova era” era é que eles colocam, sutil e habilmente, Jesus e Sua vida dada por nós, para escanteio. Basta que leiamos e perceberemos. (Se bem que nem aconselho este tipo de literatura, mesmo que eu tenha passeado por ela, mas para mim foi bom tê-lo feito para discernir o espírito dela). Assim, em negando Aquele que nos torna “deuses”, como podemos ser “deuses”? E mais: como podemos “ser Deus”? Isso não faz sentido: é vaidade e correr atrás do vento, parafraseando um eclesiástico bíblico.
          Há muitos “profetas” de “nova era” virando as coisas do avesso! Jesus, em Seu tempo, prevenia sobre os falsos profetas: “Pois aparecerão falsos cristos e falsos profetas que realizarão grandes sinais e maravilhas para, se possível, enganar até os eleitos. Vejam que eu os avisei antecipadamente (Mateus 24:24-25).
          Há muitas “falsas doutrinas” grassando à solta por aí. O apóstolo Paulo já prevenia seu pupilo acerca delas, incentivando para que fizesse o que fosse certo: Pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda a paciência e doutrina. Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; ao contrário, sentindo coceira nos ouvidos, juntarão mestres para si mesmos, segundo os seus próprios desejos. Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos. Você, porém, seja moderado em tudo, suporte os sofrimentos, faça a obra de um evangelista, cumpra plenamente o seu ministério (II Timóteo 4:2-5).
          Quero arrematar, usando a outra parte da Palavra de base para este texto: Como se fosse possível imaginar que o oleiro é igual ao barro! Definitivamente, não somos iguais a Deus, muito menos somos Deus!
          Contudo – e isso é o que vale – podemos ser e fazer muita coisa, se e enquanto estivermos em Cristo. Deixo nas Palavras d’Ele a forma:
          “Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dará muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma (João 15:5).
          “Digo-lhes a verdade: aquele que crê em mim fará também as obras que tenho realizado. Fará coisas ainda maiores do que estas, porque eu estou indo para o Pai. E eu farei o que vocês pedirem em meu nome, para que o Pai seja glorificado no Filho. O que vocês pedirem em meu nome, eu farei” (João 14:12-14).
          “O discípulo não está acima do seu mestre, mas todo aquele que for bem preparado será como o seu mestre (Lucas 6:40).
          Depois destas palavras do Mestre, creio que posso encerrar por aqui.

          Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
          Saudações,
          Kurt Hilbert

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