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domingo, 5 de fevereiro de 2017

Os Trabalhadores na Vinha


          Jesus parou e contou uma parábola aos Seus discípulos e a todos que O ouviam. E Ele dizia assim:
          Pois o Reino dos céus é como um proprietário que saiu de manhã cedo para contratar trabalhadores para a sua vinha. Ele combinou pagar-lhes um denário(a) pelo dia e mandou-os para a sua vinha.
          Por volta das nove horas da manhã, ele saiu e viu outros que estavam desocupados na praça, e lhes disse: “Vão trabalhar na vinha, e eu lhes pagarei o que for justo”. E eles foram.
          Saindo outra vez, por volta do meio-dia e das três horas da tarde, fez a mesma coisa. Saindo por volta das cinco horas da tarde, encontrou ainda outros que estavam desocupados e lhes perguntou: “Por que vocês estiveram aqui desocupados o dia todo?” “Porque ninguém nos contratou”, responderam eles.
          Ele lhes disse: “Vão vocês também trabalhar na vinha”.
          Ao cair da tarde, o dono da vinha disse a seu administrador: “Chame os trabalhadores e pague-lhes o salário, começando com os últimos contratados e terminando nos primeiros”.
          Vieram os trabalhadores contratados por volta das cinco horas da tarde, e cada um recebeu um denário. Quando vieram os que tinham sido contratados primeiro, esperavam receber mais. Mas cada um deles também recebeu um denário. Quando o receberam, começaram a se queixar do proprietário da vinha, dizendo-lhe: “Estes homens contratados por último trabalharam apenas uma hora, e o senhor os igualou a nós, que suportamos o peso do trabalho e o calor do dia”.
          Mas ele respondeu a um deles: “Amigo, não estou sendo injusto com você. Você não concordou em trabalhar por um denário? Receba o que é seu e vá. Eu quero dar ao que foi contratado por último o mesmo que lhe dei. Não tenho o direito de fazer o que eu quero com o meu dinheiro? Ou você está com inveja porque sou generoso?”
          Assim, os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos.
          Esta parábola encontra-se em Mateus 20:1-16.
          Contando esta historinha, com características bem simples e entendíveis às pessoas do Seu tempo, Jesus dava uma série de ensinamentos, que veremos se estivermos atentos. Entre estes ensinamentos, poderemos encontrar alguns que se estendem também a nós, no tempo em que vivemos, mesmo tendo se passado dois mil anos desde que esta historinha foi contada in loco.
          Primeiro, Jesus explica de forma simples com o que o Reino dos céus – metáfora usada para designar o estado espiritual em que reconhecemos Deus com soberania sobre todas as coisas e nos submetemos em amor a Ele – se parece, usando uma vinha como exemplo. Ora, uma vinha é um lugar onde se cultiva, onde há a terra, a preparação, a plantação, o desenvolvimento, os frutos e a colheita. A vinha tem um dono – no caso, Deus – e chega o tempo da colheita. São chamados trabalhadores, representando aqueles que se dispõe a servir a Deus. Jesus mesmo, noutra passagem, ensina que Ele é a videira e nós somos os ramos. Se estivermos ligados a Ele, produziremos frutos. Pois bem.
          São chamados alguns trabalhadores desde o início, representando que há aqueles que se dispõe a servir a Deus desde cedo em suas vidas. E há aqueles que são chamados em vários estágios do dia – ou da vida – mesmo no finalzinho. Entende-se este “chamado” como o momento em que a pessoa se dá conta do significado de Deus em sua vida e se dispõe a seguir este “chamado”, priorizando a sua vida segundo os ensinamentos de Cristo e colocando-os em prática – literalmente, trabalhando na vinha da vida, produzindo e colhendo frutos.
          Então, há aqueles que vivem assim uma vida toda e outros que vivem assim apenas por poucos momentos – anos, meses ou dias –, segundo o despertar de cada um.
          Jesus ensina também que Deus tem a liberalidade de “chamar” cada um a Seu tempo e de acordo com a Sua vontade soberana, e que isto é uma graça d’Ele, não tendo ingerência nossa no processo, nem lógica humana envolvida. Assim, quando reconhecemos a Cristo como nosso Senhor e Salvador e nos dedicamos a Ele, aí estaremos sabendo que somos “chamados”. Jesus nos ensina também que este “chamado” é inicialmente unilateral, ou seja, é de Deus para nós, sendo que Ele vem a nós para nos conduzir a Si. Cabe a nós, no momento em que somos “chamados”, aceitar o convite, assim como fizeram os trabalhadores da vinha.
          Por fim, mostra que as lógicas divinas são diferentes das lógicas humanas, ou seja, para Deus não importa o tempo de dedicação, mas a intensidade. A intensidade – e não o tempo – é que deve ser considerada. Devo saber que, uma vez que sou “chamado” e que digo “sim” ao Senhor, devo viver esta “nova vida” com intensidade em amor, seja ela de sessenta anos, sessenta meses, sessenta dias ou sessenta minutos. O que não deve haver é uma constante oscilação entre intensidade e paralisação. Assim, uma vez em movimento a minha caminhada com Jesus, esta não deve desacelerar ou parar, mas deve prosseguir para o alvo a cada dia. E que alvo é este? A vida eterna com Deus – que se inicia não num plano etéreo, mas desde aqui e agora, desde o momento em que digo “sim” a Ele.
          Para concluir, Jesus faz uma denúncia do nosso caráter: mostra como somos invejosos para com a bondade alheia, e como julgamos como injustiça quando a “bondade da vida” contempla mais a uns do que a outros.
          No meu ver, este é o ápice do ensinamento desta parábola: fazer com que nos demos conta da nossa mesquinharia e pequenez diante da felicidade dos outros, julgando que estamos sendo “injustiçados”.
          Podemos perceber que, desde o início, o dono da vinha tinha combinado um pagamento àqueles que começaram cedo – e cumpriu o prometido. Eles, por sua vez, entenderam que houve “injustiça” por parte do proprietário, não pelo fato de eles receberam o combinado desde o início, mas porque o proprietário foi bondoso com os que trabalharam menos tempo.
          E eu me pergunto agora: Eu não sou assim também? Sou sim, muitas vezes, devo confessar! Tenho essa tendência encravada em mim! E graças a Deus por Ele me alertar quanto a essa patologia espiritual que tenho, ensinando-me que somente respondendo em amor ao amor d’Ele por mim é que produzirei cura para mim, eliminando a inveja a sabendo que a “justiça” d’Ele é infinitamente superior à minha limitada noção humana!
          Percebemos ainda que, em Jesus, muitas vezes as lógicas humanas são subvertidas, quando Ele diz que “os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos”. Somente esta expressão daria muitos parágrafos de aprofundamento – mas ficará para outra hora, pois esse não é o foco agora.
          Assim, posso estar agradecido pelo simples – e vital – fato de ser “chamado” a trabalhar na vinha do Senhor. Só em participar minha alegria já é completa! Sirvo ao Senhor não pela recompensa, mas pelo Senhor, pelo amor d’Ele para comigo.
          E me alegro quando meu próximo, que também recebeu e aceitou Seu “chamado”, pode receber o que o Senhor quer lhe dar, por Sua plena e soberana vontade em amor.
          Quanto mais lemos e relemos a Palavra segundo o Espírito de Jesus, tanto mais descobrimos e aprendemos d’Ele.

(a)    O denário era uma moeda de prata equivalente à diária de um trabalhador braçal.

          Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
          Saudações,
                Kurt Hilbert

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