Mateus 8:2-3
Um
leproso, aproximando-se, adorou-o de joelhos e disse: “Senhor, se quiseres, podes purificar-me!” Jesus
estendeu a mão, tocou nele e disse:
“Quero. Seja purificado”. Imediatamente ele foi purificado da
lepra.
Deixei grifado em negrito, de propósito, algumas palavras no
texto acima: “se quiseres”, “estendeu a mão”, “quero” e “imediatamente”.
Desejo começar pelo fim, ou seja, dos temas grifados, iniciar
pela palavra “imediatamente”. Quando
colocamos algo em pedido a Deus, pela oração – já que não o podemos fazer pessoalmente, por assim dizer, como fez
o leproso a Jesus –, podemos ficar descansados, que Deus ouviu nossa oração. É
simplesmente impossível que Deus deixe de ouvir qualquer oração proferida no
terceiro planeta do sistema solar, por um terráqueo, por menor que seja o
bípede da raça humana. Impossível que Ele não ouça. Por quê? Porque Ele é
onisciente – sabe tudo. Buenas, se Ele sabe tudo, sabe de todas as palavras que
se originaram dos pensamentos e sentimentos; assim, ouve todas as orações –
mesmo as sem palavras, feitas só em pensamento e sentimento. Estando claro
isso, podemos dizes que Ele ouve nossas orações imediatamente. Mas a Sua resposta a elas não necessariamente é
imediata – ela vem ao Seu tempo. E, às vezes, a resposta também pode ser
imediata, como no caso do leproso.
Jesus disse “quero” ao
pedido do leproso. A nós o Senhor sempre diz “quero”, quando oramos a Ele com sinceridade. Só que o “quero” de Deus, o “sim” de Deus, é sempre para o nosso bem. Sempre. Vejamos: Sabemos que Deus age em todas as coisas para
o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito
(Romanos 8:28). Deu para ver? E Ele sempre diz “quero”? Sim. Mas o “sim”
do Senhor é sempre para o nosso bem. Para o nosso bem é que Ele diz “sim”. Quando pedimos algo que nós
julgamos que seja para o nosso bem, mas o Senhor, conhecedor de tudo –
onisciente, lembra? – vê que não é para o nosso bem, Ele transforma esse “sim” direto em “não” direto, mas preservando sempre o “sim” maior, que é o do Seu amor por nós. E quando Ele traduz esse “sim” d’Ele por “quero”, então o pedido está ao nosso alcance. Pareceu confuso?
Aparentemente, talvez. Mas não é. Leia de novo.
Seguindo, vemos que Jesus “estendeu
a mão” ao leproso; tocou o leproso. Jesus chegou mesmo a abraçar leprosos,
quando isso era inimaginável naquela época, em que leprosos eram isolados e
excluídos da sociedade. Jesus sempre estende
a mão para os isolados e excluídos – e os toca. Isso não é demais?
Para finalizar, chegamos ao começo: à primeira parte grifada no
texto acima – “se quiseres”. Aqui vou
me permitir uma delonga. Peço um pouco de paciência a quem se encorajou a ler
estas linhas.
O leproso chegou ao Senhor e tinha certeza que Jesus poderia
purificá-lo da lepra. A sua fala nos deixa transparecer isso. Ele estava
convicto de que Jesus poderia purificá-lo. Aquele leproso via isso de forma
muito clara, sem um cílio de dúvida no seu olhar: o Senhor pode me purificar.
Essa certeza ululava em seu coração. Mas aí vem a grande “palavrinha mágica” –
duas palavrinhas, para ser exato: “se
quiseres”.
Hoje em dia pode-se ouvir por aí, em boca de pregadores televisivos,
coisas como “eu determino a cura”, “eu tomo posse da cura”, “eu ordeno ao
‘demônio’ da doença que saia desse corpo, que não te pertence”, et cetera e tal. E tudo isso
acompanhado, infalivelmente, pelo bordão onipresente “em o nome de Jesus”. Ok,
ok, eu não quero – nem devo – julgar procedimentos de ninguém. Mas me parece
que há uma voz imperativa do orante,
muito mais exigindo do que pedindo. Jesus disse “pedi e dar-se-vos-á” (Mateus 7:7). Ele
não disse “exigi, determina, ordena”. Em meus ouvidos, quando ouço orações imperativas, com expressões exigentes, meus tímpanos saltitam em
desconforto. Aquilo me incomoda – por algum motivo deve ser... E aí eu volto à
expressão do humilde leproso, achegando-se a Jesus e dizendo “se quiseres”. Isso saltita confortavelmente
em meus tímpanos!
Concluo, cá com meus botões, que SEMPRE deveríamos nos dirigir
ao Senhor, pedindo o que quer que seja, com essa humilde e amável conjunção de
palavrinhas: “Senhor, eu sei que o Senhor pode me conceder tudo o que peço. Então te peço isso
e aquilo. SE QUISERES, podes
conceder-me. Porque sei também que o Senhor só me concederá o que for o melhor
para mim”. E aí sim, após agradecermos antecipadamente pela graça divina, podemos
fechar nossa oração pronunciando-a “em nome de Jesus”.
Para finalizar, não posso deixar de comentar: que baita lição
nos ensinou aquele humilde e anônimo leproso!
Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos
acompanhem.
Saudações,
Kurt Hilbert