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sexta-feira, 20 de junho de 2014

Amar Mais a Ferramenta que a Obra


          Marcos 9:38-40
          “Mestre”, disse João, “vimos um homem expulsando demônios em teu nome e procuramos impedi-lo, porque ele não era um dos nossos”. “Não o impeçam”, disse Jesus. “Ninguém que faça um milagre em meu nome, pode falar mal de mim logo em seguida, pois quem não é contra nós está a nosso favor”.

          Filipenses 1:18
          O importante é que de qualquer forma, seja por motivos falsos ou verdadeiros, Cristo está sendo pregado, e por isso me alegro.

          Vamos imaginar a seguinte situação: há uma lavoura a ser feita e há um terreno para isso. Mas o terreno precisa ser preparado. É um local totalmente inexplorado. O que se precisa fazer? Primeiro, precisamos desmatá-lo, derrubar as árvores (antes que a turma do “politicamente correto” me xingue, quero dizer que não estou fazendo apologia ao desmatamento, isso é só um exemplo); segundo, depois das árvores derrubadas, é preciso limpar o restante, tirar os arbustos e a vegetação menor; em terceiro lugar, precisamos arar a terra; em quarto, capinar para aplainar os sulcos; por último, lançar a semente.
          Para cada passo desses há ferramentas apropriadas. Para o primeiro, podemos utilizar um machado; para o segundo, uma foice dá conta; para o terceiro, um arado cai bem; para o quarto, uma enxada. Por fim, semeamos.
          Não é lá muito inteligente arar com um machado, derrubar as árvores com uma enxada, capinar com uma foice ou usar um arado para limpar a vegetação menor. Para cada trabalho, a sua ferramenta.
          Podemos perguntar-nos: “Qual é a obra em questão?”
          Repostas possíveis: “É preparar a terra”. “É semear”. Alguém mais adiantado no pensamento poderia dizer: “É colher”. Bem, nenhuma delas está totalmente errada, tampouco está totalmente certa.
          A resposta mais acertada seria: “A obra em questão é produzir alimento para sustentar a vida”. Que tal? Concorda?
          Na chamada “Obra de Deus” também é assim.
          A Obra de Deus consiste em nos dar condições de produzir-se o alimento para sustentar a vida, a terrena e a transcendental – a chamada “vida eterna”.
          A Obra em si não é desmatar, limpar o terreno, ará-lo, capiná-lo – ou carpi-lo, dependendo da pronúncia que se use –, ou tão-somente semear. A Obra de Deus consiste em tudo isso. É desmatar, limpar, arar, capinar, semear, esperar o crescimento, colher, e alimentar-se da colheita!
          Para tudo na vida – e na Obra de Deus – há as ferramentas e os modos mais eficazes de se fazer as coisas. Todas são importantes. Nenhuma deve ser relegada a um segundo plano. Todas são dons, são bênçãos, são atos de amor.
          Quero voltar agora aos dois pontos bíblicos acima mencionados.
          No primeiro, Jesus ensina a seus discípulos que não há exclusividade. João relatou que eles – os discípulos de Jesus – queriam impedir de fazer a Obra aquele que “não era um dos nossos. Jesus ensina que não há essa coisa de “os nossos” e “os deles”. A resposta d’Ele foi sensacional: Ninguém que faça um milagre em meu nome, pode falar mal de mim logo em seguida, pois quem não é contra nós está a nosso favor”. Bingo!
          Depois, Paulo, em sua carta aos Filipenses, esclarece que não arrogava a si mesmo a prerrogativa de ser o único com “aval” para pregar o Evangelho, nem tampouco fazia questão de exclusividade ou de ser reconhecido como o melhor. Segundo ele, “o importante é que de qualquer forma, seja por motivos falsos ou verdadeiros, Cristo está sendo pregado, e por isso me alegro”. Paulo entendia que o importante era pregar o Evangelho, não importando por quem e como. Paulo não desmerecia o trabalho dos outros, nem mesmo julgava este trabalho como certo ou errado em si mesmo, ou inferior ao seu trabalho. Paulo apenas se alegrava quando via Cristo sendo pregado! Que ensinamento!
          Juntando agora a historinha da lavoura e essas duas passagens bíblicas, quero fazer uma reflexão:
          Como é comum em nossos dias, nos meios cristãos, alguns arrogarem para si o direito de exclusividade! Quando não, fazem questão de deixar nas entrelinhas que, se não são exclusivos, ao menos os seus caminhos são os melhores. “Esta é a Obra de Deus”, dizem com relação à “sua” Igreja. Com isso, nas entrelinhas dizem que a “dos outros” não é. Assim como João disse a Jesus, eles dizem não são dos nossos”.
          Ou então dizem a si mesmos e aos do “seu grupo”: “O melhor modo de pregar o Evangelho, a melhor doutrina, o melhor dogma, a melhor Igreja, a verdadeira, é a nossa”. E a Palavra do Senhor diz que “o importante é que de qualquer forma, seja por motivos falsos ou verdadeiros, Cristo está sendo pregado.
          Estou convencido de que cada Igreja cristã, cada movimento, cada grupo, cada organização, cada site ou blog, cada revista, enfim, cada ferramenta que se usa para pregar e fomentar a fé em Deus através de Jesus Cristo, tudo isso, são tão-somente ferramentas. Não são a Obra de Deus em si – esta é muito maior, é imensurável.
          O problema é que algumas pessoas amam mais a ferramenta que a Obra! Estão tão concentradas em seu machado, em sua foice, em seu arado, em sua enxada, que não conseguem ver a lavoura como um todo. Não conseguem ver o processo como um todo. A Obra de Deus é mais até do que a lavoura, é o processo todo! E cada um faz parte do processo, e não é exclusivamente “o” processo.
          Lembro de uma música do Oswaldo Montenegro, onde há um verso que cita um pescador “que se encanta mais com a rede que com o mar”. Temos que amar as ferramentas como ferramentas, e a Obra como Obra. É necessário discernir.
          A Igreja A ou B não é sozinha a Obra de Deus. A doutrina A ou B não é somente ela a Obra de Deus. O site ou blog A ou B não são eles só a Obra de Deus. Ninguém, absolutamente ninguém – somente Cristo – é o “dono” da Obra de Deus. Tudo e todos somos ferramentas. E beneficiados.
          Os LIVRES DISCÍPULOS DE CRISTO são um modo de vida, como diz aí em cima no cabeçalho, junto ao logotipo. É uma ferramenta de internet. O trabalho de divulgar a Palavra, seja por e-mail, por blog, pessoalmente, tudo isso que usamos são ferramentas.
          Dia desses fui criticado por usar essa ferramenta. Fui criticado por irmãos de fé, por pessoas que lideram a Igreja, por pessoas que me são muito caras e amadas. Solicitaram que eu não enviasse mais e-mails, que tirasse o blog do ar, que suspendesse o trabalho sob o título LIVRES DISCÍPULOS DE CRISTO.  Fiquei muito triste com isso, claro, mas aceito a crítica, pois críticas servem – também – para construir. A resposta para esse tipo de crítica não serei eu quem a dá. Apenas peço a esses críticos que leiam Marcos 9:38-40 e Filipenses 1:18 – está logo acima, no cabeçalho deste texto.
          Precisamos todos – eu também – aprender a amar mais a Obra do Senhor do que as ferramentas em si.

          Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.

          Saudações,
          Kurt Hilbert

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