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sábado, 6 de julho de 2013

Sobre a Bíblia (Para Iniciantes)

II Timóteo 3:16-17
          Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra.

          As linhas que seguem abaixo são para aqueles que estão iniciando suas leituras e estudos bíblicos. São para aqueles que se depararão com dúvidas, angústias, questionamentos – o que é normal e muito comum. As linhas a seguir não dissiparão nada disso – isso se dissipará com o tempo –, mas podem ajudar um pouco. E, seguramente, serão encontradas, nas viagens pelas páginas bíblicas, em muito maior quantidade, fé, amor, alegria, paz, etc.  
          A Bíblia é um livro que nos oferece, dentro de suas pontuais diferenças, a oportunidade de escolha. Em que pese as características citadas, também nos oferece luz, sabedoria, elevação, destemor e a oportunidade de viver o amor de Deus ensinado por Cristo. Ela é um livro que nos oportuniza exercer o livre arbítrio, fazer as escolhas apropriadas a quem queremos ser. Podemos escolher entre o Deus algumas vezes apresentado como encolerizado, vingativo e destruidor do Antigo Testamento e o Deus apresentado pelo Filho, compassivo e cheio de amor. Podemos escolher agir pelo medo da danação eterna (inferno, demônio, castigo no lago de enxofre, etc.), ou agir sem medo disso, mas pelo puro e simples amor descrito pelo Filho e poetizado por Paulo em I Coríntios 13.
          Ademais, Deus não se manifesta “por completo”, pois aí não seria mais necessária a fé e o “jogo da vida” relativa acabaria. Do mesmo modo, as Escrituras. Há contradições, contrapontos, partes incoerentes, para que cresçamos e aprendamos a escolher, a discernir. Há aí também um pouco de “joio no meio do trigo”, para que possamos aprender a identificar e agir sob a ótica do ensinamento do amor de Cristo.
          Ao lermos as Escrituras, podemos e devemos “filtrar” o que nos “serve” para aquele momento, usando como filtro e prova o amor ensinado por Cristo, um amor incondicional, uma espécie de “ética cristã”. Em Mateus 22:37-40, Ele mesmo ensina que as Escrituras dependem dos mandamentos másteres, os do amor: Respondeu Jesus: “‘Ame o SENHOR, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento’. Este é o primeiro e maior mandamento. O segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas”.
          Alguns poderiam dizer que isso seria conveniência, comodidade e certa indução. Refuto essa afirmação com base nas próprias Escrituras. Uso como exemplo o texto de Hebreus 2:11-13, que diz: Ora, tanto o que santifica quanto os que são santificados provém de um só. Por isso Jesus não se envergonha de chamá-los irmãos. Ele diz: “Proclamarei o teu nome a meus irmãos; na assembléia te louvarei”(*). E também: “Nele porei a minha confiança”(**). Novamente diz: “Aqui estou eu com os filhos que Deus me deu”(***). A primeira citação(*) é do Salmo 22:22, a segunda(**) de Isaías 8:17 e a terceira(***) de Isaías 8:18, textos aparentemente desconexos entre si – pelo menos entre o Salmo e os escritos pelo profeta –, tanto em que pese a época em que foram escritos quanto ao teor, mas que o escritor aos Hebreus justapõe para dar veracidade e coerência ao seu pensamento. São passagens pinçadas que, ordenadas segundo o ponto de vista do escritor, conferem autenticidade à sua afirmação. A Bíblia, especialmente no Novo Testamento, usa desse subterfúgio, plenamente válido.
          Por que não poderíamos nós usar?
          As Escrituras são também um exercício de inteligência, interpretação e revelação pessoal. É o perguntar-se: “O que isto significa para mim agora? O que Deus está querendo me falar, me ensinar, me mostrar, neste momento e aqui?”
          As Escrituras mostram situações “boas” e “ruins”, pessoas e povos com “acertos” e “erros”. Penso que devemos avaliar o “certo” e o “errado” sempre à luz de Cristo, na sua “lei de amor a Deus e ao próximo”.
          A Bíblia não é simplesmente uma fórmula pronta, mas ela mesma, por seus “erros” e “incongruências”, nos dá a oportunidade de evoluirmos à luz de Deus. Nesse contexto, faz sentido o “livre arbítrio” que Deus nos deu, tão propagado no meio cristão. Quando falo em “erros”, refiro-me, logicamente, a erros historicamente comprováveis; não estou dizendo que o Espírito “errou” ao inspirar o texto, obviamente, mas que o ser humano que segurou a pena sobre o pergaminho – para usar uma figura de linguagem – pode ter cometido seus equívocos.
          Aprender a ver o intento de um escritor nalguma afirmação é útil. Isso faz com que não usemos a “Palavra de Deus” para condenar o nosso semelhante, por suas inclinações ou escolhas pessoais.
          Se nos aproximarmos da Bíblia para encontrarmos erros, encontraremos. Deus, em Sua infinita sabedoria, deixou essa brecha aberta, se por ela quisermos entrar. Porém, se quisermos encontrar na Bíblia o alimento eterno para nossa alma, também o encontraremos, e em maior quantidade, quanto mais por ele buscarmos. Deus, de novo em Sua infinita sabedoria, deixou escancarada essa porta para por ela entrarmos e O encontrarmos. Tudo depende com qual intuito nos aproximamos das Escrituras.
          Ainda uma última coisinha: façamos a experiência de ler e estudar a Bíblia. Nos surpreenderemos!

          Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
Saudações,
Kurt Hilbert

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