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domingo, 12 de outubro de 2025

181 – Louvor, Sabedoria e Profecias


Os últimos 22 livros do Antigo Testamento estão agrupados como “Poesia e Sabedoria” e “Profecia”. Os 5 primeiros (Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos Cânticos) formam a parte de “Poesia e Sabedoria”. Esta também pode ser dividida em “Palavras de Louvor” e “Palavras de Sabedoria”. Os últimos 17 livros registram a vida e a obra dos mais importantes profetas de Israel.

Os 22 livros variam em conteúdo, mas quase todos têm um elemento em comum: o uso da poesia. Cerca de um terço dos textos do Antigo Testamento foi escrito em forma de poemas. Infelizmente, grande parte de sua sutileza original perdeu-se nas traduções. As características da poesia hebraica incluem ritmo, repetição de frases, semelhanças sonoras e trocadilhos, como nos significados dos nomes. Esses truques literários ajudavam o leitor a memorizar os textos. A poesia hebraica é fértil em imaginação, e os autores bíblicos lançavam mão disso para transmitir os mais profundos sentimentos humanos e expressar o poder da experiência espiritual.

 

Louvor

O livro dos Salmos é uma reunião de 150 poemas e preces. Na literatura hebraica, é chamado de “Livro dos Louvores”, indicando o seu conteúdo. Esses salmos datam da época de Moisés até o período da volta dos judeus do exílio na Babilônia. Outro nome para o livro é “Saltério”, do título grego, que significa “cantos acompanhados pela harpa”. Quase metade deles é atribuída ao rei Davi, um exímio tocador deste instrumento.

Há salmos para o indivíduo e para a comunidade, e expressam as esperanças e os temores do povo de Israel. O livro, portanto, fornece uma melhor compreensão da espiritualidade de Israel durante os altos e baixos de sua acidentada história. Jesus transformou muitos destes salmos em suas próprias preces e costumava citá-los.

 

Salmos no culto judeu

Por tradição, a edição final dos salmos é creditada a Esdras, que remodelou a prática religiosa em Jerusalém após o exílio no século V a.C. O livro dos Salmos divide-se em cinco partes, igual à Torá, os primeiros 5 livros da Bíblia hebraica. A maior parte dos salmos tem um título, que fornece informações sobre o autor ou a dedicatória, a ocasião para a qual foi escrito e instruções para o acompanhamento musical.

Durante as cerimônias religiosas, os salmos costumavam ser cantados ou entoados alternadamente pois dois coros, ou um coro e a congregação.

 

Sabedoria

Os livros de Jó, Provérbios e Eclesiastes são conhecidos como “Livros de Sabedoria”. A literatura de sabedoria era comum no antigo Oriente Médio. Milhares de ditados curtos, em forma de provérbios, circulavam entre o Egito e a Mesopotâmia e terras a leste. Esses ditados eram criados ou colecionados por sábios, que costumavam ser patrocinados por cortes reais.

Esses sábios também escreviam monólogos ou diálogos e respeito de questões humanas específicas, como o significado da existência ou o motivo do sofrimento. O exemplo mais conhecido é o “Instruções de Amenemope”, do primeiro milênio a.C., bastante semelhante ao livro dos Provérbios, na Bíblia. Muitos eruditos israelitas conheciam a literatura de sabedoria de outras culturas. Isso se reflete no fato de, no Antigo Testamento, os Livros de Sabedoria serem mais cosmopolitas.

 

Cântico dos Cânticos

O Cântico dos Cânticos é um poema de amor sobre uma moça do campo que vê o seu amado, um pastor, como um rei destemido. A fértil e sensual fantasia do poema reproduz a vida e a paisagem da Palestina. Considera-se que o poema simboliza o amor de Deus pelo Seu povo. O seu título em hebraico significa “o maior dos cantos”.

A voz do amor é a voz de uma mulher. Tradicionalmente, o poema é atribuído a Salomão, razão pela qual costuma, às vezes, ser chamado de “Canção de Salomão”.

 

O sofrimento de Jó

A livro de Jó trata da fé em Deus e da função do sofrimento. Satanás desafia Deus, afirmando que Jó, um homem honesto, feliz e bem-sucedido, rejeitará Deus, se Ele retirar as Suas bênçãos. Satanás impõe dificuldades cada vez maiores a Jó, que perde a família, os bens e a saúde. Ele não perde a fé em Deus, mas é forçado a questionar a própria honestidade. Jó não entende como Deus pode permitir que o justo e inocente sofra, ao mesmo tempo em que a maldade parece prosperar, e amaldiçoa o dia em que nasceu.

Finalmente, Deus fala com Jó, a quem é dada a percepção da benevolência e da sabedoria infinitas de Deus. Jó percebe que é a sua fé, e não a compreensão, que é importante.

 

Provérbios

O livro dos Provérbios é composto de nove coleções de ditados transmitidos pelos sábios. Essas pessoas desempenhavam um importante papel na sociedade. Aconselhavam os reis e instruíam os jovens a como se comportar sabiamente em todas as circunstâncias, a fim de levar uma vida ética.

O tema fundamental do livro é que o bom será recompensado e o mau será castigado. É dado ênfase à boa relação entre vizinhos e os seus benefícios para toda a comunidade, principalmente no caso de indivíduos necessitados de ajuda.

 

Eclesiastes

O Eclesiastes é um livro que faz reflexões sobre o sentido da vida e a existência humana. Alguns estudiosos atribuem a obra ao rei Salomão. Seu título em hebraico, “O Livro de Koheleth”, sugere que o autor é um pregador. “Eclesiastes” é a palavra grega para “professor” que fala para uma assembleia.

A mensagem do livro é que a vida é efêmera; não tem propósito ou significado se Deus não for o centro dela.

O autor conclui que, em geral, a vida é injusta, mas que deve ser desfrutada e não suportada. Garante-se que Deus é o derradeiro juiz, e os que n’Ele mantêm a fé nada têm a temer.

 

Profecia

Por todo o Antigo Testamento, uma sucessão de pregadores carismáticos, chamados de profetas, vaticinam os propósitos de Deus para o povo de Israel.

Os profetas costumavam prever terríveis consequências quando o povo se afastava de Deus. Nem sempre eram ouvidos e, geralmente, eram perseguidos. Mas os profetas também prometiam a graça derradeira de Deus: a chegada de um salvador, o Messias.

Os profetas têm procedências diversas: Amós era pastor, Ezequiel, um sacerdote, e Isaías tinha um passado aristocrático. Muitos são anônimos. Os profetas que merecem um livro na Bíblia são conhecidos como “profetas escritores”. Em geral, a mensagem que trouxeram foi registrada muito tempo depois de suas épocas.

 

Relação dos profetas:

·  Samuel e Natã(*) (1050 a.C. a 1010 a.C.): Samuel pegou os tempos dos reis Saul e Davi, e Natã os tempos de Davi e Salomão.

·  Elias(*) (870 a.C. a 852 a.C.): pegou os tempos dos reis Acabe e Acazias.

·  Eliseu(*) (855 a.C. a 798 a.C.): pegou os tempos dos reis Jorão, Jeú, Joacaz, Jeoás e Joás.

·  Amós (760 a.C. a 750 a.C.): pegou os tempos do rei Jeroboão II.

·  Jonas (760 a.C. a 750 a.C.): pegou os tempos do rei Jeroboão II.

·  Oséias (760 a.C. a 722 a.C.): pegou os tempos dos reis Jeroboão II e Oséias.

·  Em 722 a.C. ocorreu a queda do reino do norte de Israel.

·  Isaías (740 a.C. a 680 a.C.): pegou os tempos dos reis Uzias, Jotão, Acaz, Ezequias e Manassés.

·  Miquéias (740 a.C. a 687 a.C.): pegou os tempos dos reis Uzias, Jotão, Acaz, Ezequias e Manassés.

·  Sofonias (640 a.C. a 610 a.C.): pegou os tempos do rei Josias.

·  Naum (630 a.C a 612 a.C.): pegou os tempos do rei Josias.

·  Jeremias (626 a.C. a 587 a.C.): pegou os tempos dos reis Josias, Jeoacaz, Jeoaquim, Joaquim e Zedequias.

·  Habacuque (600 a.C.): pegou os tempos do rei Jeoaquim.

·  Em 586 a.C. ocorreu a queda do reino de Judá.

·  Daniel (604 a.C. a 535 a.C.): pegou os tempos do exílio.

·  Ezequiel (592 a.C. a 570 a.C.): pegou os tempos do exílio.

·  Obadias (587 a.C.): pegou os tempos do exílio.

·  Ageu (520 a.C.): pegou a reconstrução do segundo Templo.

·  Zacarias (520 a.C.): pegou a reconstrução do segundo Templo.

·  Malaquias (450 a.C.): pegou os tempos do segundo retorno de Neemias à Pérsia.

·  Joel (data desconhecida).

 

(*): Indica que o profeta não tem um livro na Bíblia com o seu nome.

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

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