Os últimos 22 livros do
Antigo Testamento estão agrupados como “Poesia e Sabedoria” e “Profecia”. Os 5
primeiros (Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos Cânticos) formam a
parte de “Poesia e Sabedoria”. Esta também pode ser dividida em “Palavras de
Louvor” e “Palavras de Sabedoria”. Os últimos 17 livros registram a vida e a obra
dos mais importantes profetas de Israel.
Os 22 livros variam em
conteúdo, mas quase todos têm um elemento em comum: o uso da poesia. Cerca de
um terço dos textos do Antigo Testamento foi escrito em forma de poemas. Infelizmente,
grande parte de sua sutileza original perdeu-se nas traduções. As características
da poesia hebraica incluem ritmo, repetição de frases, semelhanças sonoras e
trocadilhos, como nos significados dos nomes. Esses truques literários ajudavam
o leitor a memorizar os textos. A poesia hebraica é fértil em imaginação, e os
autores bíblicos lançavam mão disso para transmitir os mais profundos
sentimentos humanos e expressar o poder da experiência espiritual.
Louvor
O livro dos Salmos é uma
reunião de 150 poemas e preces. Na literatura hebraica, é chamado de “Livro dos
Louvores”, indicando o seu conteúdo. Esses salmos datam da época de Moisés até
o período da volta dos judeus do exílio na Babilônia. Outro nome para o livro é
“Saltério”, do título grego, que significa “cantos acompanhados pela harpa”. Quase
metade deles é atribuída ao rei Davi, um exímio tocador deste instrumento.
Há salmos para o
indivíduo e para a comunidade, e expressam as esperanças e os temores do povo
de Israel. O livro, portanto, fornece uma melhor compreensão da espiritualidade
de Israel durante os altos e baixos de sua acidentada história. Jesus transformou
muitos destes salmos em suas próprias preces e costumava citá-los.
Salmos
no culto judeu
Por tradição, a edição
final dos salmos é creditada a Esdras, que remodelou a prática religiosa em
Jerusalém após o exílio no século V a.C. O livro dos Salmos divide-se em cinco
partes, igual à Torá, os primeiros 5 livros da Bíblia hebraica. A maior parte
dos salmos tem um título, que fornece informações sobre o autor ou a
dedicatória, a ocasião para a qual foi escrito e instruções para o acompanhamento
musical.
Durante as cerimônias
religiosas, os salmos costumavam ser cantados ou entoados alternadamente pois
dois coros, ou um coro e a congregação.
Sabedoria
Os livros de Jó,
Provérbios e Eclesiastes são conhecidos como “Livros de Sabedoria”. A literatura
de sabedoria era comum no antigo Oriente Médio. Milhares de ditados curtos, em
forma de provérbios, circulavam entre o Egito e a Mesopotâmia e terras a leste.
Esses ditados eram criados ou colecionados por sábios, que costumavam ser
patrocinados por cortes reais.
Esses sábios também escreviam
monólogos ou diálogos e respeito de questões humanas específicas, como o
significado da existência ou o motivo do sofrimento. O exemplo mais conhecido é
o “Instruções de Amenemope”, do primeiro milênio a.C., bastante semelhante ao
livro dos Provérbios, na Bíblia. Muitos eruditos israelitas conheciam a
literatura de sabedoria de outras culturas. Isso se reflete no fato de, no
Antigo Testamento, os Livros de Sabedoria serem mais cosmopolitas.
Cântico
dos Cânticos
O Cântico dos Cânticos é
um poema de amor sobre uma moça do campo que vê o seu amado, um pastor, como um
rei destemido. A fértil e sensual fantasia do poema reproduz a vida e a
paisagem da Palestina. Considera-se que o poema simboliza o amor de Deus pelo Seu
povo. O seu título em hebraico significa “o maior dos cantos”.
A voz do amor é a voz de
uma mulher. Tradicionalmente, o poema é atribuído a Salomão, razão pela qual
costuma, às vezes, ser chamado de “Canção de Salomão”.
O
sofrimento de Jó
A livro de Jó trata da
fé em Deus e da função do sofrimento. Satanás desafia Deus, afirmando que Jó,
um homem honesto, feliz e bem-sucedido, rejeitará Deus, se Ele retirar as Suas
bênçãos. Satanás impõe dificuldades cada vez maiores a Jó, que perde a família,
os bens e a saúde. Ele não perde a fé em Deus, mas é forçado a questionar a
própria honestidade. Jó não entende como Deus pode permitir que o justo e
inocente sofra, ao mesmo tempo em que a maldade parece prosperar, e amaldiçoa o
dia em que nasceu.
Finalmente, Deus fala
com Jó, a quem é dada a percepção da benevolência e da sabedoria infinitas de
Deus. Jó percebe que é a sua fé, e não a compreensão, que é importante.
Provérbios
O livro dos Provérbios é
composto de nove coleções de ditados transmitidos pelos sábios. Essas pessoas desempenhavam
um importante papel na sociedade. Aconselhavam os reis e instruíam os jovens a
como se comportar sabiamente em todas as circunstâncias, a fim de levar uma
vida ética.
O tema fundamental do
livro é que o bom será recompensado e o mau será castigado. É dado ênfase à boa
relação entre vizinhos e os seus benefícios para toda a comunidade, principalmente
no caso de indivíduos necessitados de ajuda.
Eclesiastes
O Eclesiastes é um livro
que faz reflexões sobre o sentido da vida e a existência humana. Alguns
estudiosos atribuem a obra ao rei Salomão. Seu título em hebraico, “O Livro de
Koheleth”, sugere que o autor é um pregador. “Eclesiastes” é a palavra grega
para “professor” que fala para uma assembleia.
A mensagem do livro é que
a vida é efêmera; não tem propósito ou significado se Deus não for o centro
dela.
O autor conclui que, em
geral, a vida é injusta, mas que deve ser desfrutada e não suportada. Garante-se
que Deus é o derradeiro juiz, e os que n’Ele mantêm a fé nada têm a temer.
Profecia
Por todo o Antigo
Testamento, uma sucessão de pregadores carismáticos, chamados de profetas,
vaticinam os propósitos de Deus para o povo de Israel.
Os profetas costumavam
prever terríveis consequências quando o povo se afastava de Deus. Nem sempre eram
ouvidos e, geralmente, eram perseguidos. Mas os profetas também prometiam a graça
derradeira de Deus: a chegada de um salvador, o Messias.
Os profetas têm procedências
diversas: Amós era pastor, Ezequiel, um sacerdote, e Isaías tinha um passado
aristocrático. Muitos são anônimos. Os profetas que merecem um livro na Bíblia são
conhecidos como “profetas escritores”. Em geral, a mensagem que trouxeram foi
registrada muito tempo depois de suas épocas.
Relação
dos profetas:
· Samuel e Natã(*) (1050 a.C.
a 1010 a.C.): Samuel pegou os tempos dos reis Saul e Davi, e Natã os
tempos de Davi e Salomão.
· Elias(*) (870 a.C. a 852
a.C.): pegou os tempos dos reis Acabe e Acazias.
· Eliseu(*) (855 a.C. a 798
a.C.): pegou os tempos dos reis Jorão, Jeú, Joacaz, Jeoás e Joás.
· Amós (760 a.C. a 750 a.C.): pegou os tempos do
rei Jeroboão II.
· Jonas (760 a.C. a 750 a.C.): pegou os tempos do
rei Jeroboão II.
· Oséias (760 a.C. a 722 a.C.): pegou os tempos dos
reis Jeroboão II e Oséias.
·
Em
722 a.C. ocorreu a queda do reino do norte de Israel.
· Isaías (740 a.C. a 680 a.C.): pegou os tempos
dos reis Uzias, Jotão, Acaz, Ezequias e Manassés.
· Miquéias (740 a.C. a 687 a.C.): pegou os
tempos dos reis Uzias, Jotão, Acaz, Ezequias e Manassés.
· Sofonias (640 a.C. a 610 a.C.): pegou os
tempos do rei Josias.
· Naum (630 a.C a 612 a.C.): pegou os tempos do
rei Josias.
· Jeremias (626 a.C. a 587 a.C.): pegou os
tempos dos reis Josias, Jeoacaz, Jeoaquim, Joaquim e Zedequias.
· Habacuque (600 a.C.): pegou os tempos do rei
Jeoaquim.
·
Em
586 a.C. ocorreu a queda do reino de Judá.
· Daniel (604 a.C. a 535 a.C.): pegou os tempos
do exílio.
· Ezequiel (592 a.C. a 570 a.C.): pegou os tempos
do exílio.
· Obadias (587 a.C.): pegou os tempos do exílio.
· Ageu (520 a.C.): pegou a reconstrução do
segundo Templo.
· Zacarias (520 a.C.): pegou a reconstrução do
segundo Templo.
· Malaquias (450 a.C.): pegou os tempos do
segundo retorno de Neemias à Pérsia.
· Joel (data desconhecida).
(*):
Indica que o profeta não tem um livro na Bíblia com o seu nome.
Publicada
inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta
Street, London WC2E 8PS.
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