Romanos
14:1
Aceitem
o que é fraco na fé, sem discutir
assuntos controvertidos.
O que é um assunto controvertido? Conceitualmente,
é algo que é alvo de uma disputa, que tem uma característica específica ou uma
particularidade; é algo que causa polêmica.
No tempo do “politicamente correto”, pode ser
qualquer coisa com a qual não afinamos, sobre a qual tenhamos posições diferentes,
e que temos que tratar “cheios de dedos”, sob pena de sermos “cancelados” nas
mídias sociais ou mesmo na internet toda. E agora virou moda as pessoas “cancelarem”
umas às outras, seja lá qual for o significado e o impacto psicológico que isso
cause.
Aqui, agora, neste espaço, desejo falar daqueles
que podem ser assuntos controvertidos dentro da fé, mesmo sem entrar neste ou naquele
tema específico.
Dentro da própria fé cristã, podemos encontrar
vários assuntos controvertidos, conquanto encontremos pessoas com diferentes opiniões
formadas.
E é bom que haja opiniões formadas! Ruim é
quando um se deixa guiar pela cabeça do outro e, neste caso, pode ser que ambos
sejam cegos, espiritualmente falando, achando juntos o mesmo buraco. Sobre
estes, Jesus diz: “Deixem-nos; eles são guias cegos. Se um
cego conduzir outro cego, ambos cairão num buraco”
(Mateus 15:14). Somente Cristo deve ser a cabeça a nos guiar, segundo os
ensinamentos dos Evangelhos: Cristo é o
cabeça da igreja, que é o seu corpo, do qual ele é o Salvador (Efésios
5:23).
A Palavra usada aqui
como mote deste texto diz para “aceitarmos o que é fraco na fé”. Isso não
significa dizer que quem esteja nesta condição – a de estar fraco na fé – seja
inferior, apenas que está em outro estágio no caminho, que é Cristo.
Cada um de nós é um
ser individual, único e, portanto, percebedor das coisas de formas
particulares. Cada um de nós olha a vida pelas suas próprias lentes. Cada um de
nós é como é, pois foi educado por pessoas diferentes, com valores distintos,
com uma história de vida diferente e única. Cada um de nós viveu suas próprias
experiências, tristezas, alegrias, conquistas, perdas, traumas, sanidades e insanidades.
Ninguém é como eu sou
– nem como você é.
Ninguém também é mais
ou menos do que eu, apenas pode estar num degrau diferente na elevação
espiritual.
Cada um, em amor, deve
ser tratado de forma particular e especial. Gosto de uma expressão que diz que
“a melhor maneira de tratar a todos igualmente, é tratar os diferentes de forma
diferente”. Esta frase, se analisada sem preconceitos e de forma profunda,
contém um grande ensinamento de vida!
Assim, quando alguém
se abre ao Evangelho, deve ser tratado de forma particular e especial.
Jesus é o nosso Mestre
também neste quesito. Ele tinha doze discípulos, enviados como apóstolos, mas,
apesar de a todos tratar de forma igualitária – “Vocês sabem que os governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre
elas. Não será assim entre vocês. Ao
contrário, quem quiser tornar-se
importante entre vocês deverá ser
servo.” (Mateus 20:25-26) – tratava alguns de forma diferente: Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e os
levou a um alto monte, onde ficaram a
sós. Ali ele foi transfigurado
diante deles (Marcos 9:2). Até mesmo nalgumas ocasiões do dia a dia Ele
fazia assim, mostrando que há ocasiões em que apenas alguns devem estar
presentes: Quando chegou à casa de Jairo,
não deixou ninguém entrar com ele, exceto Pedro, João, Tiago e o pai e a
mãe da criança (Lucas 8:51).
Muitas vezes temos a
oportunidade de falar com alguém em particular sobre o Evangelho. E aí, nesta
ocasião, veremos, por perguntar, por ouvir e por empatia, como anda a situação desta
pessoa na sua vida de fé. E dialogaremos nesse nível, em amor.
Por exemplo, quando
você for falar sobre Jesus Cristo com alguém, pergunte como esta pessoa entende
Jesus. O que lhe ensinaram, como ela enxerga o tema, como ela viveu sua fé, qual
o impacto que o tema causa – tudo isso fará diferença na forma em que você
abordará o assunto. Se você falar de forma muito simplória a alguém que já
trilhou longo caminho na fé, sua abordagem parecerá por demais infantil e
superficial. Se você for mais fundo no tema com alguém que está dando os
primeiros passos, sua fala será infrutífera, pois a pessoa não o compreenderá.
Quer um conselho? Pergunte às pessoas. Suas respostas lhe apontarão a forma de
abordagem.
Seja como for, evite falar de assuntos
controvertidos – especialmente nos primeiros momentos.
Assuntos como dízimos, guardar sábados, formas
de batismo, dom de línguas, curas físicas, não são bons temas para primeiras
conversas, além de pouco – ou nada – contribuírem.
Quer um tema central e que dá bons resultados?
Este: “‘Ame o Senhor, o seu
Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento’.
Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: ‘Ame o
seu próximo como a si mesmo’. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os
Profetas” (Mateus 22:37-40). Discorrer sobre esta fala de
Jesus rende longos e bons papos!
Eu tenho uma premissa básica, que levo a todos
os lugares: “Em termos de fé cristã, havendo dez questões, possivelmente
concordaremos em seis ou sete delas. Trabalho nestas questões. E sobre as
discordantes – ou controversas –, deixo que o amor de Deus, aliado ao tempo, se
encarregue de nos trazer a devida luz”.
Primeiramente, o Evangelho deve acolher, não rejeitar;
deve ser inclusivo, não exclusivo; deve abraçar, não afastar.
Assim, iniciemos nos aceitando como somos,
segundo o amor de Cristo!
Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o
amor de Cristo nos acompanhem.
Saudações,
Kurt Hilbert
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