O primeiro livro da
Bíblia é o Gênesis. O seu nome foi tirado da primeira palavra do texto original
em hebraico, “bereshith”, que significa “no princípio”. “Gênesis” é a tradução
da palavra hebraica. Esse livro descreve a criação do mundo, a queda da
humanidade e os primórdios da história da nação de Israel. Também institui
temas importantes, recorrentes por toda a Bíblia, tais como pecado, redenção,
ira e compaixão. E fornece pistas para a compreensão dos demais textos
hebraicos.
A
Estrutura do Gênesis
O Gênesis inicia-se
com a História da Criação, que funciona como uma introdução ao livro e à Bíblia
como um todo. Seguem-se dez partes, cada qual começando com as palavras “eis a
narrativa de”.
Cada narrativa conta a
história de uma ou mais pessoas e seu relacionamento com Deus. As dez partes
podem ser arrumadas em dois grupos de cinco. O primeiro grupo é conhecido como
a “história primeva” (de Adão a Abraão). O segundo é chamado de “história
patriarcal” (a história dos antepassados de Israel).
A
História da Criação
A narrativa da Criação
está registrada em dois capítulos do livro do Gênesis. Alguns estudiosos
bíblicos sustentam que eles se originam de duas diferentes tradições. O Gênesis
1 fornece uma visão geral da origem do universo, descrevendo a criação do céu e
da terra, que ocorre num período de seis dias; o Gênesis 2 concentra-se mais na
criação da espécie humana e o seu lugar dentro do universo.
Mitos
do antigo Oriente Médio
Partes do Gênesis
assemelham-se a outros textos literários do antigo Oriente Médio. Os elementos
mais comuns são os conceitos da separação da terra do céu, e a criação do homem
a partir da terra. Um poema babilônio conhecido como “Os Akrakhasis” é bem
próximo ao relato bíblico. Descreve como ao homem é ordenado labutar a terra
(Gênesis 3), que depois é destruída por uma grande enchente (Gênesis 7-9).
O
Jardim do Éden
Adão e Eva viveram no
Jardim do Éden, que passou a representar o paraíso na terra. Quando o texto
hebraico foi traduzido para o grego, a palavra usada para jardim foi
“paradeisos”. Então, em algumas versões, tornou-se “paraíso”.
O
objetivo do Gênesis
Inicialmente, o
Gênesis foi escrito para ensinar os israelitas sobre suas origens, sua fé e
suas responsabilidades como povo escolhido de Deus. Seu conteúdo foi disposto
em partes claramente definidas para ajudar os leitores ou ouvintes a lembrar as
instruções de Deus. O texto contém repetições e palavras e frases padronizadas,
que também reforçam a mensagem de Deus.
O
Deus do Gênesis
Na Bíblia, há muitas
palavras para significar Deus. No Gênesis, seis diferentes palavras hebraicas
se referem a Deus, cada uma enfatizando um aspecto diferente de sua natureza. A
mais importante é Yahweh (Êxodo 3:14), que significa “Eu Sou o Que Sou”. Esse
nome é tão sagrado para os judeus, que eles evitam usá-lo e, em vez disso,
dizem “Adonai”, que significa “Senhor”. Às vezes, Deus é chamado simplesmente
de “El”, a expressão de Seu poder.
É também usado o tetragrama
YHWH para representar o nome de Deus – Yahweh.
Como
Deus aparece?
Na Bíblia, poucos
encontram-se com Deus em pessoa e, nessas ocasiões, ele fica oculto atrás de um
brilho radiante. Em geral, Deus manifesta-se através de várias formas da
natureza, tais como trovão, relâmpago e fumaça. Moisés alerta os israelitas a
não olharem diretamente para Deus, pois podem perecer (Êxodo 19:21).
Deus também aparece
para o seu povo em visões e sonhos. O profeta Isaías teve uma visão de Deus
entronizado (Isaías 6:1), e Jacó, em um sonho, viu Deus no topo de uma alta
escadaria (Gênesis 28:12).
Autoria
do Gênesis
O livro do Gênesis não
faz referência ao seu autor. Entretanto, as tradições judaica e cristã creditam
os cinco primeiros livros da Bíblia a Moisés. O material primitivo teria sido
transmitido por via escrita ou oral e, posteriormente, registrado por Moisés.
Para fazer sentido, os
textos do Gênesis devem ser vistos de acordo com o contexto da época em que
foram escritos, ou seja, após os israelitas terem recebido a Lei de Moisés. Os
leitores hebreus conseguiam reconhecer quaisquer referências a essas leis
porque estavam familiarizados com elas. As leis continham instruções detalhadas
para culto, sacrifícios e obrigações civis e morais.
Sacrifícios
Os israelitas
ofereciam animais ou outras posses em sacrifício, a fim de obter o perdão de
Deus para seus pecados. As primeiras ofertas mencionadas na Bíblia são feitas
por Caim e Abel. Deus aceita o sacrifício de Abel, os seus primeiros e melhores
cordeiros, mas rejeita os “frutos da terra”, o presente de Caim (Gênesis 4:3).
O livro do Levítico
contém exigências detalhadas para os sacrifícios rituais. Caim desagradou a
Deus porque não lhe ofereceu o melhor de sua colheita (Levítico 23:10).
Puros
e impuros
Para consumo alimentar
e outras finalidades, havia uma distinção entre animais “puros” e “impuros”.
Animais impuros incluem quadrúpedes de casco partido, aqueles que não ruminam,
peixes sem barbatanas e escamas, aves de rapina, insetos alados e alguns
“animais que rastejam” (Levítico cap. 11).
Genealogias
O Gênesis contém
muitas listas de nomes. Uma delas rastreia os descendentes de Cam, Jafé e Sem,
os filhos de Noé (Gênesis cap. 10). Os descendentes de Sem ficaram conhecidos
como semitas. Os de Cam são associados aos povos hamita e cananeu, ao passo que
os de Jafé são identificados como os povos da Ásia Menor, Grécia e ilhas do
Mediterrâneo.
Nomes
de Deus
· El
Elyon: Significa “Altíssimo” (Gênesis 14:18-20).
· Shapat:
Significa “Juiz” (Gênesis 18:25).
· El Olam:
Significa “O Deus Eterno” (Gênesis 21:33).
· Yahweh-Jireh:
Significa “O Senhor Proverá” (Gênesis 22:14).
· El
Elohe-Yisra’el: Significa “O Deus de Israel” (Gênesis 33:20).
· El
Shaddai: Significa “Deus Todo-Poderoso” (Gênesis 49:25).
Publicada
inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta
Street, London WC2E 8PS.