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domingo, 10 de junho de 2018

A Mesa dos Maltrapilhos



Gosto de pensar que esta mesa é o ambiente mais propício pra alguém como eu que, não poucas vezes, se sente desqualificado, proscrito, escória, mendigo, leproso, pródigo, um gadareno.
Alguém que foi alcançado pela graça que o convidou pra se sentar ao redor da mesa, da mesa a qual, até o que cai dela pode salvar, pode curar.
Alguém que se contenta com as migalhas que caem da mesa.
Gosto de pensar nesta mesa assim, isto é, lugar dos imperdoáveis aos olhos da sociedade, os que ofendem, os que traem, os que roubam, os que matam, os que transgridem, os pecadores confessos, os que não seriam convidados pra mesa dos nobres.
Gosto de pensar nesta mesa como a mesa da reconciliação, a mesa que recebe de volta quantas vezes for necessário todos os que se sabem pecadores e, por serem pecadores, pecam.
Gosto de pensar nesta mesa assim.
Não uma mesa de gente pura, limpa, qualificada, graduada; não, gosto de pensar nesta mesa como a mesa dos descredenciados.
Esta pra mim é a mesa do Senhor.
A mesa do Senhor que, no meu entender, é pra qualquer um, um qualquer que queira se aproximar e, mesmo aos que não querem se aproximar, há espaços e convite permanente.
Gosto de pensar nesta mesa como a mesa adequada pros que não prestam e os que se sabem perdidos e que, mesmo nos ombros do Senhor, ainda perdidos são e vivem a cometer delitos.
Gosto de pensar nesta mesa como a mesa dos pecadores.
Gosto de pensar nesta mesa como a mesa dos maltrapilhos.
Gosto de pensar nesta mesa como a mesa onde o amor alcança todos e qualquer um o tempo todo, sem limites.
Gosto de pensar nesta mesa como a mesa dos que se encontram na certeza que, nada do que façam ou deixem de fazer, deixam de ser amados pelo Senhor e que nada nem aumenta nem diminui o amor do Pai por cada um.
Gosto de pensar nesta mesa como a mesa dos desesperados por amor e que, só assim, são encontrados pelo amor escandaloso do Pai.
Bem vindos todos à mesa dos maltrapilhos!
E perdoem-me os que não se sentem assim, maltrapilhos, e estejam livres pra procurar uma mesa que lhes seja mais adequada.


Um texto de Carlos Bregantim

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