Gosto de pensar que esta mesa é o ambiente mais
propício pra alguém como eu que, não poucas vezes, se sente desqualificado,
proscrito, escória, mendigo, leproso, pródigo, um gadareno.
Alguém que foi alcançado pela graça que o
convidou pra se sentar ao redor da mesa, da mesa a qual, até o que cai dela
pode salvar, pode curar.
Alguém que se contenta com as migalhas que caem da
mesa.
Gosto de pensar nesta mesa assim, isto é, lugar
dos imperdoáveis aos olhos da sociedade, os que ofendem, os que traem, os que roubam,
os que matam, os que transgridem, os pecadores confessos, os que não seriam
convidados pra mesa dos nobres.
Gosto de pensar nesta mesa como a mesa da
reconciliação, a mesa que recebe de volta quantas vezes for necessário todos os
que se sabem pecadores e, por serem pecadores, pecam.
Gosto de pensar nesta mesa assim.
Não uma mesa de gente pura, limpa, qualificada,
graduada; não, gosto de pensar nesta mesa como a mesa dos descredenciados.
Esta pra mim é a mesa do Senhor.
A mesa do Senhor que, no meu entender, é pra
qualquer um, um qualquer que queira se aproximar e, mesmo aos que não querem se
aproximar, há espaços e convite permanente.
Gosto de pensar nesta mesa como a mesa adequada
pros que não prestam e os que se sabem perdidos e que, mesmo nos ombros do
Senhor, ainda perdidos são e vivem a cometer delitos.
Gosto de pensar nesta mesa como a mesa dos
pecadores.
Gosto de pensar nesta mesa como a mesa dos
maltrapilhos.
Gosto de pensar nesta mesa como a mesa onde o
amor alcança todos e qualquer um o tempo todo, sem limites.
Gosto de pensar nesta mesa como a mesa dos que
se encontram na certeza que, nada do que façam ou deixem de fazer, deixam de
ser amados pelo Senhor e que nada nem aumenta nem diminui o amor do Pai por
cada um.
Gosto de pensar nesta mesa como a mesa dos
desesperados por amor e que, só assim, são encontrados pelo amor escandaloso do
Pai.
Bem vindos todos à mesa dos maltrapilhos!
E perdoem-me os que não se sentem assim, maltrapilhos, e estejam livres pra
procurar uma mesa que lhes seja mais adequada.
Um texto de Carlos
Bregantim
Nenhum comentário:
Postar um comentário