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sábado, 2 de janeiro de 2016

Uma Crítica aos Cristãos


          O apóstolo Paulo, na carta aos Romanos, no capítulo 2, dos versículos 17 a 29, escreve a seguinte crítica aos judeus zelosos da Lei, que transcrevo abaixo:
          Ora, você leva o nome de judeu, apóia-se na Lei e orgulha-se de Deus. Você conhece a vontade de Deus e aprova o que é superior, porque é instruído pela Lei. Você está convencido de que é guia de cegos, luz para os que estão em trevas, instrutor de insensatos, mestre de crianças, porque tem na Lei a expressão do conhecimento e da verdade. E então? Você, que ensina os outros, não ensina a si mesmo? Você, que prega contra o furto, furta? Você, que diz que não se deve adulterar, adultera? Você, que detesta ídolos, rouba-lhes os templos? Você, que se orgulha da Lei, desonra a Deus, desobedecendo à Lei? Pois, como está escrito: “O nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vocês”.
A circuncisão tem valor se você obedece à Lei; mas, se você desobedece à Lei, a sua circuncisão já se tornou incircuncisão. Se aqueles que não são circuncidados obedecem aos preceitos da Lei, não serão eles considerados circuncidados? Aquele que não é circuncidado fisicamente, mas obedece à Lei, condenará você que, tendo a Lei escrita e a circuncisão, é transgressor da Lei.
          Não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é meramente exterior e física. Não! Judeu é quem o é interiormente, e circuncisão é a operada no coração, pelo Espírito, e não pela Lei escrita. Para estes o louvor não provém dos homens, mas de Deus.
          Fiz questão de grifar alguns termos: judeu, Lei, gentios, circuncisão, incircuncisão e circuncidados. Por quê? Logo você entenderá. Agora, para quem não sabe, uma pequena explicação sobre cada um dos termos.
          Judeu era considerado não apenas o descendente da tribo de Judá, mas, etimologicamente, todo aquele que praticava a religião oficial de Israel.
          A Lei eram as Escrituras Sagradas dos judeus, concernentes àquilo que eles podiam ou não fazer, religiosa e socialmente.
          Gentio era considerado todo aquele que não era judeu.
          Circuncisão era o corte do prepúcio do pênis do menino, aos 8 dias de vida, e era um sinal visível da sua consagração religiosa a Deus.
          Logo, incircuncisão ou incircuncisos eram os não-judeus, e circuncidados eram os que passaram pela circuncisão.
          Agora, quero apresentar alguns termos usados entre os que se dizem cristãos, termos que toda a cristandade conhece – ou deveria conhecer: cristão, Evangelho, não-cristãos, conversão, incorversão e convertidos. Vou explicá-los a seguir.
          Cristão é considerado todo aquele que segue a Jesus Cristo, e que pratica os Seus ensinamentos.
          Evangelho é a boa-nova que anuncia a vinda de Cristo para a salvação de todos os homens que n’Ele creem, mostra Seus ensinamentos, o modo como Ele viveu, e o Seu exemplo de vida. Como boas-novas a todos os homens, considera-se Evangelho também aquilo que está escrito no Novo Testamento da Bíblia cristã. Também, sendo o Antigo Testamento a preparação e o apontamento da vinda do Cristo, também este pode ser considerado parte integrante do Evangelho, tanto que consta na Bíblia cristã. Sobretudo, Jesus Cristo é o Evangelho e o Evangelho é Jesus Cristo. Evangelho é a proclamação do feito único e válido de Jesus por toda a humanidade (a Bíblia é só o livro que o contém, mesmo tendo partes dele chamadas de Evangelho).
          Não-cristão é, obviamente, todo aquele que não professa a fé cristã.
          Conversão é a decisão que cada um toma quando decide se tornar um cristão. Normalmente é representado, de forma visível a todos, pelo ato do batismo. A conversão só se torna possível quando nos abrimos ao Senhor, pois esta é uma ação do Espírito Santo. Por nós mesmos, não nos convertemos; é Deus que o opera em nós, assim que nos decidimos por isso.
          Logo, inconversão ou inconvertidos são os não-cristãos, e convertidos são os que passaram pela conversão.
          Isto apresentado e explicado, quero pedir licença ao apóstolo Paulo para, usando o mesmo texto que ele escreveu aos Romanos acerca dos judeus e descrito acima, substituir os primeiros termos grifados (judeu, Lei, gentios, circuncisão, incircuncisão e circuncidados) pelos segundos (cristão, Evangelho, não-cristãos, conversão, incorversão e convertidos). Coloco no final desta crônica o texto com essas substituições, parafraseando Paulo, para que você possa ler e tirar suas próprias conclusões.
          Quando a mim, a conclusão que tiro é esta: Este texto, assim constituído, é uma crítica a todos os cristãos, assim como o era, na sua originalidade, uma crítica a todos os judeus. Pode ser uma crítica com interpretação negativa, quando nos portamos segundo os judeus alvos das palavras de Paulo, que cultivavam a aparência e não a essência. E pode ser uma crítica com interpretação positiva, se buscamos estar atentos a portarmo-nos segundo os ensinamentos de Cristo, cultivando a essência do Evangelho, sendo a aparência algo naturalmente decorrente da essência vivida.
          Finalizando, segue o texto adaptado, e conclua por você mesmo:
          Ora, você leva o nome de cristão, apóia-se no Evangelho e orgulha-se de Deus. Você conhece a vontade de Deus e aprova o que é superior, porque é instruído pelo Evangelho. Você está convencido de que é guia de cegos, luz para os que estão em trevas, instrutor de insensatos, mestre de crianças, porque tem no Evangelho a expressão do conhecimento e da verdade. E então? Você, que ensina os outros, não ensina a si mesmo? Você, que prega contra o furto, furta? Você, que diz que não se deve adulterar, adultera? Você, que detesta ídolos, rouba-lhes os templos? Você, que se orgulha do Evangelho, desonra a Deus, desobedecendo ao Evangelho? Pois, como está escrito: “O nome de Deus é blasfemado entre os não-cristãos por causa de vocês”.
A conversão tem valor se você obedece ao Evangelho; mas, se você desobedece ao Evangelho, a sua conversão já se tornou inconversão. Se aqueles que não são convertidos obedecem aos preceitos do Evangelho, não serão eles considerados convertidos? Aquele que não é convertido fisicamente, mas obedece ao Evangelho, condenará você que, tendo o Evangelho escrito e a conversão, é transgressor do Evangelho.
          Não é cristão quem o é apenas exteriormente, nem é conversão a que é meramente exterior e física. Não! Cristão é quem o é interiormente, e conversão é a operada no coração, pelo Espírito, e não pelo Evangelho escrito. Para estes o louvor não provém dos homens, mas de Deus.

          Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
          Saudações,

          Kurt Hilbert

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