Provérbios 3:5
Confie
no SENHOR de todo o seu coração e não se apoie em seu próprio entendimento.
Se você observar acima, eu grifei em negrito todo o versículo 5 do terceiro capítulo de Provérbios. Eu
não sou de fazer isso. Normalmente, eu grifo, quando julgo oportuno, uma parte
de um versículo que ache mais relevante em relação ao todo, ou, às vezes, nem
grifo parte alguma. Mas esta é a primeira vez em que grifo o versículo inteiro,
ao usá-lo como mote de um texto a ser publicado ou divulgado.
O que escrevi no parágrafo acima, num primeiro momento, poderia
nem parecer tão relevante assim. Mas é. Vejamos os motivos.
Inicia o texto bíblico falando para confiar no SENHOR. Muitas
vezes dizemos que cremos em Deus, que Ele está no controle de tudo, que
deixamos as coisas em Suas mãos. Ok. Mas, e confiamos realmente? Confiar é ter
segurança no íntimo, é depositar crédito, é esperar, é ter fé, é fiar-se, é
poder confidenciar. Tudo isso é ter confiança, é confiar. E aí? Temos segurança
íntima em Deus, aconteça o que acontecer, passe o que passar? Depositamos
crédito n’Ele, acreditando que Ele faz o melhor para nós, mesmo que, algumas vezes,
possamos não O compreender? Esperamos n’Ele, com paciência e confiança, mesmo
quando os muros caem à nossa volta? Temos fé n’Ele, isto é, sentimos que n’Ele
está a certeza daquilo que esperamos e a
prova das coisas que não vemos (Hebreus 11:1)? Podemos sempre fiar-nos
n’Ele, considerá-Lo nosso fiador, sabendo que em Cristo tudo está feito?
Podemos, seja qual for o assunto, confidenciar tudo a Ele em oração, na certeza
que Ele nos está ouvindo? Confiamos n’Ele? E aí? Quais são as nossas respostas?
Segue dizendo que cofiemos n’Ele de todo o coração. O que
é isso? O coração, nesta passagem, obviamente não corresponde ao músculo que
bombeia o sangue. O coração, nesta passagem, representa nosso espírito, nossa
alma, nosso ser. Quando o coração está dividido, as coisas não subsistem, como
Jesus já ensinava: Todo reino dividido
contra si mesmo será arruinado, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma
não subsistirá (Mateus 12:25). É preciso inteireza, inteireza essa que o
Senhor nos promete conforme diz em Ezequiel 11:19, onde se lê: Darei a eles um coração não dividido e porei um novo espírito dentro deles.
Se nos encontramos divididos agora – o que pode acontecer, é perfeitamente
normal – peçamos a Deus este coração não dividido, pois Ele nos ensina que nos
dará. Não será, em última instância, uma conquista nossa, mas será uma dádiva
de Deus. E Ele nos concede as dádivas que pedimos, quando forem da Sua vontade,
como Ele nos ensina: Esta é a confiança
que temos ao nos aproximarmos de Deus: se pedirmos alguma coisa de acordo com a vontade de Deus, ele
nos ouvirá. E se sabemos que ele nos
ouve em tudo o que pedimos, sabemos que temos o que dele pedimos (I João 5:14-15). Peçamos, pois, a
Ele, um coração inteiramente d’Ele!
Agora, dentro da importância total da passagem grifada, um ponto
especialmente importante: não nos apoiarmos em nosso próprio
entendimento. Em traduções bíblicas mais ortodoxas e eruditas, fala-se,
ao invés de apoiar-se, em estribar-se. Estribar-se, significa
colocar o estribo no cavalo sobre o qual montaremos. Em outras palavras, quer
dizer que não devemos montar em cima do nosso próprio entendimento. São outras
palavras, mas o significado é o mesmo. Quer seja apoiar-se, quer seja
estribar-se, o ensinamento é um só: que não usemos o nosso próprio entendimento
como base ou como apoio. E por que não? Porque o nosso coração – aquele que
deve confiar no Senhor sem estar dividido – pode ser enganado e enganoso, como diz em
Jeremias 17:9. Podemos ser enganados e – mesmo com sinceridade – nos enganarmos
a nós mesmos.
Por isso não gosto muito da literatura de auto-ajuda. Acho que,
mais do que auto-ajuda, é auto-engano. Primeiro, porque foram escritos por
homens que, com frases feitas e bonitinhas, nos querem convencer o quão
perfeito é um mundo construído em cima de percepções fabulosas. Depois, porque
assim como o que lê pode se auto-enganar com o que lê, o que escreve pode se
auto-enganar com o que escreve. Tanto o que lê como o que escreve podem –
sinceramente – achar que estão fazendo a coisa certa, mas estarem –
sinceramente – errados. E por que estariam? Porque não se conhece a fonte da
inspiração. Mas, quando confiamos no Senhor, sabemos Quem é a fonte de
inspiração!
Outra coisa: por mais conhecimento que tenhamos, ainda assim
podemos estar errados. Se a fonte do conhecimento for outra que não Deus,
podemos estar sendo induzidos ao erro. Quando procuramos entender a vida
apoiados tão-somente em conhecimentos humanos, podemos estar bebendo da fonte
errada, podemos estar bebendo água contaminada. Jesus nos ensinava que Ele é a água para a vida eterna (João 4:14). O
conhecimento humano é sempre útil às coisas da vida humana enquanto somos
bípedes andantes neste terceiro planetinha do sistema solar. Mas, quando se
trata de vida eterna – do que versa toda a Escritura – o conhecimento humano
será sempre parcial, enquanto que o conhecimento divino nos dará entendimento
com visão para mais longe.
Temos que tomar o cuidado de não permitirmos que as coisas que
absorvemos nos dividam. Uma mente e um coração divididos – nunca é demais
repetir – nos enfraquecem e nos naufragam.
Muitas filosofias da assim chamada Nova Era querem nos fazer crer que tudo depende de nós. Ensinam que
nós somos o centro do nosso Universo, que nós podemos criar, fazer e acontecer,
que nós é que importamos. Ao invés de colocar Deus no centro, colocam o homem
no centro; ao invés de colocar o Criador no cerne, colocam no cerne a criatura.
E fazem isso, na maior parte das vezes, com muito amor. Mesmo que denote uma
boa dose de egocentrismo e individualismo, o mostram pelo prisma do amor. Quem
anda por esses caminhos – tanto os que o criam quanto os que o recebem – o podem
estar fazendo com sinceridade, na maior boa intenção. Mas, se assim como é
verdade que em parte as coisas dependem de nós, é mais verdade ainda que o é só
em parte. Pois na totalidade, dependem da nossa decisão de estarmos em comunhão
com Deus através de Cristo. Eu sou a
videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer
em mim e eu nele, esse dará muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma (João 15:5). Ele
mesmo nos ensina isso. Se nos estribarmos em cima dos Seus ensinamentos, aí sim,
podemos andar seguros.
Assim, confiemos de todo o coração no que nos ensina o Senhor, e
entenderemos o que Ele nos ensina. Conheceremos
a Deus, pois Ele Se nos dá a conhecer: Meu
filho, se você aceitar as minhas
palavras e guardar no coração os
meus mandamentos; se der ouvidos à
sabedoria e inclinar o coração para
o discernimento; se clamar por
entendimento e por discernimento
gritar bem alto; se procurar a sabedoria como se procura a prata e buscá-la como quem busca um tesouro escondido, então você entenderá o que é temer o SENHOR e achará o conhecimento de Deus (Provérbios 2:1-5).
Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos
acompanhem.
Saudações,
Kurt Hilbert
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