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sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Os 144 Mil Selados (Ap. 7)


Como a ira do Cordeiro contra os judeus registrada em Apocalipse, testemunhamos uma pausa surpreendente no drama terrível. Quatro anjos estão retendo o vento “da terra”, quer dizer, de Israel (7.1-3). Esse ato é uma imagem simbólica, que relata o que Robert Thomas chama de “apocalíptico pitoresco”.
Os anjos não estão literalmente segurando os ventos, mas os ventos de destruição (v. Jr. 49.36,37; 51.1,2). Os primeiros seis selos representam a fase inicial da guerra dos judeus, em que Vespasiano lutou a seu modo pela Galileia em direção a Jerusalém. Mas antes de ele ter uma oportunidade para sitiar Jerusalém, a ação é interrompida enquanto esses anjos selam os 144.000 das doze tribos de Israel (Ap. 7.3). 

O número 144.000, como a maioria dos estudiosos concorda, é certamente simbólico. Na realidade, em Apocalipse todos os milhares perfeitamente arredondados parecem ser simbólicos. Dez é o número quantitativo de perfeição, e mil o cubo de dez. Com freqüência as Escrituras usam o número 1.000 como valor simbólico, e não expressa uma enumeração literal (e.g., Êx. 20.6; Dt. 1.11; 7.9; 32.30; Js. 23.10; Jó 9.3; Sl. 50.10; 84.10; 90.4; 105.8; Ec. 7.28; Is. 7.23; 30.17; 60.22; 2Pe. 3.8). Além disso, nesse livro altamente simbólico, deveríamos notar que exatamente 12.000 pessoas vêm de cada uma das doze tribos. Mas o que simboliza o número? E quem são essas pessoas? Qual é o significado desse episódio?

Para avaliar essas perguntas corretamente, temos de lembrar os seguintes fatos: 
1) Os acontecimentos estão ocorrendo no século I, conforme João tão claramente afirma (1.1,3; 22.6,10); 
2) Os julgamentos estão caindo sobre Israel e se direcionando para Jerusalém; 
3) O cristianismo apostólico tendeu a se focalizar em Jerusalém (v. At. 1.4,8; 18.21; 20.16; 24.11);
4) João considera os judeus não-cristãos como os que “se dizem judeus mas não são”, pois são membros da “sinagoga de Satanás” (Ap. 2.9; 3.9; v. Jo. 8.31-47). 

Por conseguinte, esses “servos de Deus” das “doze tribos de Israel” (7.4-8) são a raça de judeus que aceitam o Cordeiro de Deus para a salvação (aparecem posteriormente com ele no Monte Sião, 14.1-5).
Quando comparamos seu número especificamente definido (144.000) com “a grande multidão que ninguém podia contar” (7.9), esse número é relativamente pequeno. Mas eles representam um número perfeito, especialmente amado por Deus e que pertencem a ele (são verdadeiros judeus, o remanescente, v. Rm. 2.28,29; 9.6,27; 11.5). Assim, o Senhor coloca seu selo (espiritual) neles (Ap. 7.3; v. 2Co. 1.22; Ef. 1.13; 4.30; 2Tm. 2.19). De certo modo, o selar deles é a resposta à pergunta: “Quem poderá suportar?” (Ap. 6.17). A resposta: Somente aqueles que Deus protege – precisamente como o pano de fundo do AT (Ez. 9.4-9). 

Em outras palavras, antes que a guerra dos judeus alcance e subjugue Jerusalém, Deus, providencialmente, proporciona rápida cessação de hostilidades, permitindo aos judeus cristãos na Judeia escapar (como Jesus deseja em Mt. 24.16-22). Isso aconteceu quando o imperador Nero se matou (68 d.C.), fazendo os generais romanos Vespasiano e Tito cessar as operações e bater em retirada por um ano devido ao tumulto em Roma. Sabemos mediante os pais da igreja Eusébio e Epifânio que os cristãos fugiram para Pella antes da guerra subjugar Jerusalém.

Fonte: Apocalipse, C. Marvin Pate (organizador), Editora Vida, p. 58-60.5

Comentário adicional - Rev. Kenneth L. Gentry, Jr:
Os 144.000 representam os primeiros frutos do evangelho de judeus convertidos em Israel. Claro que, como tal são o começo da nova fase de aliança da igreja, mas eles não simbolizam a igreja.
Lucas traduz a terminologia hebraica de Mateus 24.15 de forma que entendemos o que acontece ”Quando virem Jerusalém rodeada de exércitos, vocês saberão que as sua devastação está próxima” (Lucas 21.20), e naquele momento seus seguidores irão fugir (Lucas 21.21; cf. Mt. 24.16). Em 68 d.C., os generais Vespasiano e Tito “tinham fortalecido todos os lugares ao redor de Jerusalém [...] cercando a cidade por todos os lados”. Mas quando Vespasiano e Tito são “informados que Nero estava morto” , não “continuaram com sua expedição contra os judeus” até que posteriormente Vespasiano se tornasse o imperador em 69. Após isso “Vespasiano voltou sua atenção ao que permaneceu subjugado na Judeia”. 


Este texto foi enviado pelo irmão na fé Carlos Caleri, desde São Paulo.

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