Como a ira do Cordeiro contra os judeus registrada
em Apocalipse, testemunhamos uma pausa surpreendente no drama terrível.
Quatro anjos estão retendo o vento “da terra”, quer dizer, de Israel
(7.1-3). Esse ato é uma imagem simbólica, que relata o que Robert Thomas
chama de “apocalíptico pitoresco”.
Os anjos não estão literalmente segurando
os ventos, mas os ventos de destruição (v. Jr. 49.36,37; 51.1,2). Os
primeiros seis selos representam a fase inicial da guerra dos judeus, em
que Vespasiano lutou a seu modo pela Galileia em direção a Jerusalém. Mas
antes de ele ter uma oportunidade para sitiar Jerusalém, a ação é
interrompida enquanto esses anjos selam os 144.000 das doze tribos de
Israel (Ap. 7.3).
O número 144.000, como a maioria dos estudiosos
concorda, é certamente simbólico. Na realidade, em Apocalipse todos os
milhares perfeitamente arredondados parecem ser simbólicos. Dez é o
número quantitativo de perfeição, e mil o cubo de dez. Com freqüência as
Escrituras usam o número 1.000 como valor simbólico, e não expressa uma
enumeração literal (e.g., Êx. 20.6; Dt. 1.11; 7.9; 32.30; Js. 23.10; Jó
9.3; Sl. 50.10; 84.10; 90.4; 105.8; Ec. 7.28; Is. 7.23; 30.17; 60.22; 2Pe.
3.8). Além disso, nesse livro altamente simbólico, deveríamos notar que
exatamente 12.000 pessoas vêm de cada uma das doze tribos. Mas o que
simboliza o número? E quem são essas pessoas? Qual é o significado desse
episódio?
Para avaliar essas perguntas corretamente, temos de
lembrar os seguintes fatos:
1) Os acontecimentos estão ocorrendo no século I,
conforme João tão claramente afirma (1.1,3; 22.6,10);
2) Os julgamentos estão caindo sobre Israel e
se direcionando para Jerusalém;
3) O cristianismo apostólico tendeu a se focalizar
em Jerusalém (v. At. 1.4,8; 18.21; 20.16; 24.11);
4) João considera os judeus não-cristãos como
os que “se dizem judeus mas não são”, pois são membros da “sinagoga de
Satanás” (Ap. 2.9; 3.9; v. Jo. 8.31-47).
Por conseguinte, esses “servos de Deus” das “doze
tribos de Israel” (7.4-8) são a raça de judeus que aceitam o Cordeiro de
Deus para a salvação (aparecem posteriormente com ele no Monte Sião,
14.1-5).
Quando comparamos seu número especificamente
definido (144.000) com “a grande multidão que ninguém podia contar” (7.9),
esse número é relativamente pequeno. Mas eles representam um número
perfeito, especialmente amado por Deus e que pertencem a ele (são
verdadeiros judeus, o remanescente, v. Rm. 2.28,29; 9.6,27; 11.5). Assim,
o Senhor coloca seu selo (espiritual) neles (Ap. 7.3; v. 2Co. 1.22; Ef.
1.13; 4.30; 2Tm. 2.19). De certo modo, o selar deles é a resposta à
pergunta: “Quem poderá suportar?” (Ap. 6.17). A resposta: Somente aqueles
que Deus protege – precisamente como o pano de fundo do AT (Ez.
9.4-9).
Em outras palavras, antes que a guerra dos judeus
alcance e subjugue Jerusalém, Deus, providencialmente, proporciona rápida
cessação de hostilidades, permitindo aos judeus cristãos na Judeia escapar
(como Jesus deseja em Mt. 24.16-22). Isso aconteceu quando o imperador
Nero se matou (68 d.C.), fazendo os generais romanos Vespasiano e Tito
cessar as operações e bater em retirada por um ano devido ao tumulto em
Roma. Sabemos mediante os pais da igreja Eusébio e Epifânio que os
cristãos fugiram para Pella antes da guerra subjugar Jerusalém.
Fonte: Apocalipse, C. Marvin Pate (organizador),
Editora Vida, p. 58-60.5
Comentário adicional - Rev. Kenneth L. Gentry, Jr:
Os 144.000 representam os primeiros frutos do
evangelho de judeus convertidos em Israel. Claro que, como tal são o
começo da nova fase de aliança da igreja, mas eles não simbolizam a igreja.
Lucas traduz a terminologia hebraica de Mateus
24.15 de forma que entendemos o que acontece ”Quando virem Jerusalém
rodeada de exércitos, vocês saberão que as sua devastação está próxima” (Lucas
21.20), e naquele momento seus seguidores irão fugir (Lucas 21.21; cf. Mt.
24.16). Em 68 d.C., os generais Vespasiano e Tito “tinham fortalecido
todos os lugares ao redor de Jerusalém [...] cercando a cidade por todos
os lados”. Mas quando Vespasiano e Tito são “informados que Nero estava
morto” , não “continuaram com sua expedição contra os judeus” até que
posteriormente Vespasiano se tornasse o imperador em 69. Após isso “Vespasiano
voltou sua atenção ao que permaneceu subjugado na Judeia”.
Este texto foi
enviado pelo irmão na fé Carlos Caleri, desde São Paulo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário