João 1:10-14
Aquele que é a Palavra estava no mundo, e o mundo
foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu. Veio para o que era
seu, mas os seus não o receberam. Contudo, aos que o receberam, aos que creram
em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus, os quais não
nasceram por descendência natural, nem pela vontade da carne, nem pela vontade
de algum homem, mas nasceram de Deus. Aquele que é a Palavra tornou-se carne e
viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai,
cheio de graça e de verdade.
O
que era a Palavra
no
mundo estava.
Enquanto
falava
o
que é perfeito,
eis
que tudo foi feito!
Mas
quem o percebeu?
Quem
o reconheceu?
Não
o perceberam, não o reconheceram...
...
não o receberam!
Mas
(nem tudo está perdido!) alguns creram!
Foram
feitos, por ele, filhos,
de
ascendência sobrenatural.
Ontem
carnal, hoje divino!
Há
os que não o reconheceram...
Há
os que não o receberam...
Qual
deles decido ser?
Kurt Hilbert
Marcos
11:22-24
“Tenham fé em Deus. Eu lhes asseguro que
se alguém disser a este monte:
‘Levante-se e atire-se no mar’, e não
duvidar em seu coração, mas crer que
acontecerá o que diz, assim lhe
será feito. Portanto, eu lhes digo: tudo
o que vocês pedirem em oração, creiam
que já o receberam, e assim lhes sucederá”.
Já escrevi que a Bíblia não é um
manual pronto, onde basta apertar um ou dois botões e voilà. Não. Ela necessita do guia chamado Espírito Santo para nos
fazer perceber seus passos. Mas, vez ou outra, ela nos indica claramente alguns
passos de procedimento para realizarmos algo. E o Espírito nos fala tão
claramente que ficamos boquiabertos e nos perguntamos como não vimos isso antes.
Mas tudo o que o Senhor nos fala, Ele nos fala, por Sua Palavra, no momento
certo.
A passagem bíblica acima se dá no
dia seguinte ao que Jesus havia “amaldiçoado uma figueira”. Aconteceu que Ele e
seus discípulos passavam num certo lugar e, à beira do caminho, havia uma
figueira. Jesus teve fome e pensou em comer alguns figos, mas, como não era
época de figos, a figueira só continha folhas – nada de figos. Diante disso,
Jesus falou à figueira que “ninguém mais comesse frutos dela”. Os discípulos
ouviram aquilo. No dia seguinte, ao passarem por lá novamente, eis que a
figueira estava seca. “Veja”, falaram ao Mestre, “a figueira que amaldiçoaste
secou!”
Façamos um parágrafo aparte aqui.
Durante muito tempo fiquei encafifado com aquilo. Por qual motivo Jesus teria
amaldiçoado a figueira, uma vez que não era tempo de figos? É claro que ela não
poderia ter figos! Ele queria o quê? Coitada da figueira! A pobrezinha não
tinha nada a ver com aquilo! Por que amaldiçoá-la? Mas, como Ele não dá ponto
sem nó, depois de algum tempo entendi o porque. Simples: Ele queria ensinar aos
seus pupilos uma lição ímpar, que eles levariam por toda a vida. E a
figueirinha serviu de cobaia, por uma boa causa. Agora sim, eu havia entendido!
Voltando, Jesus ensinou uma
espécie de passo a passo para fazer as
coisas acontecerem. Esse passo a passo está no versículo acima, e agora
vamos destrinchá-lo.
Primeiro
passo: Ter fé em Deus. “Tenham fé em Deus”. A
fé é um dom do Espírito Santo, pelo qual devemos pedir em nossas orações; a fé
é a certeza do que esperamos e a esperança do que ainda não vemos; sem fé é
impossível agradar a Deus; a fé se dá por dar ouvidos à Palavra do Senhor; e a
fé é uma prática, um exercício diário. Diário. Não anual, mensal ou semanal.
Diário.
Segundo
passo: Dizer, determinar, usar a palavra. “Eu lhes asseguro que se alguém disser...” Esse é um grande
“segredo”. Temos que dizer. Falar. Usar a palavra – a nossa palavra. Isaías
fala que Deus executa a palavra de seus servos (Isaías 44:26). Então, temos que
falar. Falar em oração. Falar a nossa oração. Jesus falou à figueira, lembra?
Mas não é falar qualquer palavra. A palavra que falamos deve concordar com a
Palavra de Deus. Não podemos esperar sucesso falando diferente do que é a
Palavra do Senhor. Exemplo: não adianta querer falar, amaldiçoar algo ou
alguém, visto que Jesus nos ensinou a nem mesmo amaldiçoar os inimigos, mas
orar favoravelmente por eles. E, antes que alguém diga que Jesus amaldiçoou a
pobre figueirinha, lembro que Ele teve uma intenção nobre por trás disso. Se
Ele não a tivesse, não estaríamos lendo isso aqui hoje. Mas esse é o segundo
passo: dizer, determinar, usar a palavra.
Terceiro
Passo: Não duvidar. “... e não duvidar em seu
coração...” Dúvidas anulam o que desejamos, o que pedimos, o que falamos no
segundo passo. Mas eu tenho dúvidas, alguém pode dizer. Eu também, respondo. Eu
também as tenho. Mas temos que tratar de dissipá-las. Como? Pergunte-se: O que
eu pedi em minhas orações, já aconteceu para alguém? Já aconteceu “na Bíblia”?
Alguém já testemunhou que viveu essa experiência? O que eu pedi em minhas
orações, já sucedeu para alguém em algum lugar do planeta, neste ano, neste
mês, nesta semana? Se encontrarmos respostas positivas a essas perguntas, se
nos dermos conta que sim, que o que pedimos já aconteceu em algum momento a
alguém, então estamos começando a dissipar nossas dúvidas, percebendo que
nossos pedidos podem ser possíveis para nós também. Sigamos argumentando
conosco mesmos, mostrando a nós mesmos as possibilidades de concretização dos
nossos pedidos. Agindo assim, sucessivamente nossas dúvidas vão desaparecendo.
É um exercício. Haveria alguma coisa impossível para Deus?
Quarto
passo: Acreditar. Crer que acontecerá o que
falamos nas orações. “... mas crer que acontecerá o que diz...” Feito o terceiro
passo, trabalhar o quarto se torna mais fácil.
Esse passo está intimamente ligado ao quinto e último passo. Não se
surpreenda com a forma como chamei o quinto passo. Você vai logo entender o
porque.
Quinto
passo: Fazer de conta! Opa! Como assim, fazer
de conta? Usar a imaginação? Sim. Explico: vejamos o que Jesus disse: “Portanto, eu lhes digo: tudo o que vocês pedirem em oração, creiam que já o receberam, e assim lhes sucederá”. Vou repetir
a parte dessa citação que é a chave do quinto passo: “... já o receberam...” O
que é crer que já recebemos? Vamos supor que você recebeu uma boa grana. Ela
não está ainda em sua conta, só cairá daqui a dois meses, mas você já tem a
comprovação de que, dentro de dois meses, essa grana estará em sua conta, em
suas mãos. Beleza. O que você faz? É prudente que você não saia por aí
comprando antecipadamente, mas seguramente você se pegará várias vezes por dia
pensando, fantasiando, imaginando as coisas que você estará fazendo daqui a
dois meses. Vai dizer que não?! Mesmo que esses dois meses ainda estejam “no
futuro”, na sua imaginação esse “futuro” já estará bem “presente”. É como se
fosse agora! Você estará agindo mentalmente como se já o tivesse. É isso. Isso é o que Jesus dizia com “creiam que já o receberam”. E a
promessa d’Ele: “E assim lhes sucederá”.
Eu fico pensando aqui que Deus, antes de criar o Universo, “imaginou” como ele
seria... e assim sucedeu!
Outro parágrafo aparte. Desculpe
ter usado o exemplo da “grana que você poderia receber”. Evidentemente, o
ensinamento-mor de Jesus não é materialista. Jesus falava de coisas muito
superiores às simples coisas materiais, ainda que Ele não excluísse as coisas
materiais, afinal, usando a metáfora do monte – “... se alguém disser a este
monte: ‘Levante-se e atire-se no mar’...” – Ele se referia tanto a “montes”
espirituais como a materiais. Jesus, nos dando esse ensinamento, nele incluía
coisas de todas as ordens. Eu usei o exemplo da grana, pois certamente atiçaria
mais facilmente a sua imaginação. Mas nós podemos – e devemos – incluir nas nossas orações primordialmente nossos
pedidos por amor, paz, perdão, harmonia, fé, alegria, força, etc. Que tenhamos montes
disto! E também por saúde, trabalho, prosperidade, afinal, não há nada de
errado com isso também. Mas, por favor, tenhamos o cuidado que priorizar o que realmente é mais importante.
Feito esse aparte, concluo.
Vamos recapitular os passos: TER
FÉ, FALAR, NÃO DUVIDAR, CRER, AGIR COMO SE JÁ TIVÉSSEMOS. Nossa oração deve
conter esses elementos. Nossa vida deve conter esses elementos. Esse é o passo a passo para fazer acontecer.
E, por favor, sempre agradeçamos por tudo. O
agradecimento é a chave para o coração de Deus. Certa vez li nalgum lugar que,
se tivéssemos verdadeira e íntima ligação com Deus, nem precisaríamos pedir
nada, somente agradeceríamos pelo que sabemos que já temos... Talvez um dia
cheguemos a esse nível. Por hora, façamos o passo a passo completo.
Gostaria de colocar mais uma vez,
no parágrafo final, a sentença completa que Jesus ensinou, que é para nos
lembrarmos dela sempre.
“Tenham fé em Deus. Eu lhes asseguro que
se alguém disser a este monte:
‘Levante-se e atire-se no mar’, e não
duvidar em seu coração, mas crer que
acontecerá o que diz, assim lhe
será feito. Portanto, eu lhes digo: tudo
o que vocês pedirem em oração, creiam
que já o receberam, e assim lhes sucederá”.
Por hora é isso, pessoal. Que a
liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
Saudações,
Kurt Hilbert
Atos 23:11
Na noite seguinte o Senhor, pondo-se
ao lado dele, disse: “Coragem! Assim como você testemunhou a meu respeito em
Jerusalém, deverá testemunhar também em Roma”.
Coragem não é
ausência de medo,
coragem é agir
apesar do medo.
Coragem é sentir
que Cristo está ao lado.
Coragem é
permitir ser impulsionado.
É decidir que
todo caminho leva a Roma,
quando Roma é o
destino.
É escolher o caminho
que se precisa,
mesmo que seja
impreciso.
É ser Seu
testemunho,
é cerrar o
punho,
é ir em frente,
é enfrentar a
oportunidade... e aproveitá-la.
Coragem é
postura,
é não paralisar.
É ousadia, é
valentia, é bravura,
é intrepidez, é
atrevimento, é denodo,
é simplesmente
ir...
É a força na
fraqueza.
É ter-se certeza
de saber-se
parte de Deus!
Kurt Hilbert
II
Timóteo 3:16-17
Toda
a Escritura é inspirada por Deus e
útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na
justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda
boa obra.
As linhas que seguem abaixo são para aqueles que
estão iniciando suas leituras e estudos bíblicos. São para aqueles que se
depararão com dúvidas, angústias, questionamentos – o que é normal e muito
comum. As linhas a seguir não dissiparão nada disso – isso se dissipará com o
tempo –, mas podem ajudar um pouco. E, seguramente, serão encontradas, nas
viagens pelas páginas bíblicas, em muito maior quantidade, fé, amor, alegria,
paz, etc.
A Bíblia é um livro que nos oferece, dentro de suas
pontuais diferenças, a oportunidade de escolha. Em que pese as características
citadas, também nos oferece luz, sabedoria, elevação, destemor e a oportunidade
de viver o amor de Deus ensinado por Cristo. Ela é um livro que nos oportuniza
exercer o livre arbítrio, fazer as escolhas apropriadas a quem queremos ser.
Podemos escolher entre o Deus algumas vezes apresentado como encolerizado,
vingativo e destruidor do Antigo Testamento e o Deus apresentado pelo Filho,
compassivo e cheio de amor. Podemos escolher agir pelo medo da danação eterna
(inferno, demônio, castigo no lago de enxofre, etc.), ou agir sem medo disso,
mas pelo puro e simples amor descrito pelo Filho e poetizado por Paulo em I
Coríntios 13.
Ademais, Deus não se manifesta “por completo”, pois
aí não seria mais necessária a fé e o “jogo da vida” relativa acabaria. Do
mesmo modo, as Escrituras. Há contradições, contrapontos, partes incoerentes,
para que cresçamos e aprendamos a escolher, a discernir. Há aí também um pouco
de “joio no meio do trigo”, para que possamos aprender a identificar e agir sob
a ótica do ensinamento do amor de Cristo.
Ao lermos as Escrituras, podemos
e devemos “filtrar” o que nos “serve” para aquele momento, usando como filtro e
prova o amor ensinado por Cristo, um amor incondicional, uma espécie de “ética
cristã”. Em Mateus 22:37-40, Ele mesmo ensina que as Escrituras dependem dos
mandamentos másteres, os do amor: Respondeu
Jesus: “‘Ame o SENHOR, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua
alma e de todo o seu entendimento’. Este é o primeiro e maior mandamento. O
segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei
e os Profetas”.
Alguns
poderiam dizer que isso seria conveniência, comodidade e certa indução. Refuto
essa afirmação com base nas próprias Escrituras. Uso como exemplo o texto de
Hebreus 2:11-13, que diz: Ora, tanto o
que santifica quanto os que são santificados provém de um só. Por isso Jesus não se envergonha de chamá-los irmãos. Ele diz: “Proclamarei o teu
nome a meus irmãos; na assembléia te louvarei”(*). E também: “Nele porei a
minha confiança”(**). Novamente diz: “Aqui estou eu com os filhos que Deus me
deu”(***). A primeira citação(*) é do Salmo 22:22, a segunda(**) de Isaías
8:17 e a terceira(***) de Isaías 8:18, textos aparentemente desconexos entre si
– pelo menos entre o Salmo e os escritos pelo profeta –, tanto em que pese a
época em que foram escritos quanto ao teor, mas que o escritor aos Hebreus
justapõe para dar veracidade e coerência ao seu pensamento. São passagens
pinçadas que, ordenadas segundo o ponto de vista do escritor, conferem
autenticidade à sua afirmação. A Bíblia, especialmente no Novo Testamento, usa
desse subterfúgio, plenamente válido.
Por que não poderíamos
nós usar?
As Escrituras
são também um exercício de inteligência, interpretação e revelação pessoal. É o perguntar-se: “O que isto significa para mim
agora? O que Deus está querendo me
falar, me ensinar, me mostrar, neste
momento e aqui?”
As Escrituras
mostram situações “boas” e “ruins”, pessoas e povos com “acertos” e “erros”.
Penso que devemos avaliar o “certo” e o “errado” sempre à luz de Cristo, na sua
“lei de amor a Deus e ao próximo”.
A Bíblia não é
simplesmente uma fórmula pronta, mas ela mesma, por seus “erros” e
“incongruências”, nos dá a oportunidade de evoluirmos à luz de Deus. Nesse
contexto, faz sentido o “livre arbítrio” que Deus nos deu, tão propagado no
meio cristão. Quando falo em “erros”, refiro-me, logicamente, a erros
historicamente comprováveis; não estou dizendo que o Espírito “errou” ao
inspirar o texto, obviamente, mas que o ser humano que segurou a pena sobre o
pergaminho – para usar uma figura de linguagem – pode ter cometido seus
equívocos.
Aprender a ver
o intento de um escritor nalguma afirmação é útil. Isso faz com que não usemos
a “Palavra de Deus” para condenar o nosso semelhante, por suas inclinações ou
escolhas pessoais.
Se nos
aproximarmos da Bíblia para encontrarmos erros, encontraremos. Deus, em Sua
infinita sabedoria, deixou essa brecha aberta, se por ela quisermos entrar.
Porém, se quisermos encontrar na Bíblia o alimento eterno para nossa alma,
também o encontraremos, e em maior quantidade, quanto mais por ele buscarmos.
Deus, de novo em Sua infinita sabedoria, deixou escancarada essa porta para por
ela entrarmos e O encontrarmos. Tudo depende com qual intuito nos aproximamos
das Escrituras.
Ainda uma última coisinha:
façamos a experiência de ler e estudar a Bíblia. Nos surpreenderemos!
Por hora é isso, pessoal. Que a
liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
Saudações,
Kurt Hilbert