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domingo, 22 de junho de 2025

173 – A Fornalha de Nabucodonosor (Daniel 3)


 

O1(versículo de Daniel 3) rei Nabucodonosor fez uma imagem de ouro de vinte e sete metros de altura e dois metros e setenta centímetros de largura, e a ergueu na planície de Dura, na província da Babilônia. Depois2 convocou os sátrapas, os prefeitos, os governadores, os conselheiros, os tesoureiros, os juízes, os magistrados e todas as autoridades provinciais para assistirem à dedicação da imagem que mandara erguer.

Nesse8 momento alguns astrólogos se aproximaram e denunciaram os judeus, dizendo9 ao rei Nabucodonosor: “Ó rei, vive para sempre! Há12 alguns judeus que nomeaste para administrar a província da Babilônia, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que não te dão ouvidos, ó rei. Não prestam culto aos teus deuses nem adoram a imagem de ouro que mandaste erguer”.

Furioso13, Nabucodonosor mandou chamar Sadraque, Mesaque e Abede-Nego.

Nabucodonosor14 lhes disse: “É verdade, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que vocês não prestam culto aos meus deuses nem adoram a imagem de ouro que mandei erguer? Agora15, porém, quando vocês ouvirem o som da trombeta, do pífaro, da cítara, da harpa, do saltério, da flauta dupla e de toda espécie de música, se vocês se dispuserem a prostrar-se em terra e a adorar a imagem que eu fiz, será melhor para vocês. Mas, se não a adorarem, serão imediatamente atirados numa fornalha em chamas I. E que deus poderá livrá-los das minhas mãos?”

Sadraque16, Mesaque e Abede-Nego responderam ao rei: “Ó Nabucodonosor, não precisamos defender-nos diante de ti. Se17 formos atirados na fornalha em chamas, o Deus a quem prestamos culto pode livrar-nos, e ele nos livrará das suas mãos, ó rei”.

Nabucodonosor19 ficou tão furioso com Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que o seu semblante mudou. Deu ordens para que a fornalha fosse aquecida sete vezes mais do que de costume e20 ordenou que alguns dos soldados mais fortes do seu exército amarrassem Sadraque, Mesaque e Abede-Nego e os atirassem na fornalha em chamas. E21 os três homens, vestidos com seus mantos, calções, turbantes e outras roupas, foram amarrados e atirados na fornalha extraordinariamente quente.

Mas24 logo depois o rei Nabucodonosor, alarmado, levantou-se e perguntou aos seus conselheiros: “Não foram três homens amarrados que nós atiramos no fogo?”

Eles responderam: “Sim, ó rei”.

E25 o rei exclamou: “Olhem! Estou vendo quatro homens, desamarrados e ilesos, andando pelo fogo, e o quarto se parece com um filho dos deuses”.

Então26 Nabucodonosor aproximou-se da entrada da fornalha em chamas e gritou: “Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, servos do Deus Altíssimo, saiam! Venham aqui!”

E Sadraque, Mesaque e Abede-Nego saíram do fogo. Os27 sátrapas, os prefeitos, os governadores e os conselheiros do rei se ajuntaram em torno deles e comprovaram que o fogo não tinha ferido o corpo deles. Nem um só fio do cabelo tinha sido chamuscado, os seus mantos não estavam queimados, e não havia cheiro de fogo neles.

Disse28 então Nabucodonosor: “Louvado seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que enviou o seu anjo e livrou os seus servos!”

 

v     Para entender a história

Deus providencia salvação àqueles que desejaram manter-se fieis à sua fé, independentemente do tamanho do desafio, ainda que, aos olhos humanos, pudesse parecer algo sobrenatural.

 

v     Curiosidades

                                      I.     “Fornalha em chamas” – Enormes fornalhas coziam os tijolos usados nos prédios da Babilônia. A temperatura era elevada com o uso de foles. Na Bíblia, fogo e fornalha estão associados ao castigo divino (Salmo 21:9) e à salvação (Isaías 43:2).

 

- Construções de Nabucodonosor: Nabucodonosor era famoso pelas suas obras ambiciosas, que incluíam um vasto sistema de irrigação e suntuosos templos para os seus deuses. Quando a sua mulher passou a sentir saudades das colinas de sua terra natal, ele escolheu as planícies da Babilônia para construir o seu famoso “jardim suspenso”, uma das sete maravilhas do mundo antigo.

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

domingo, 15 de junho de 2025

A Angústia da Alma Que Não Escolhe Confiar


 

Jesus disse em João 7:17 que todo e qualquer ser humano só pode saber se o Seu ensino é Verdade ou não, se o praticar em fé. E assim dizendo Ele encerrou todos os debates infrutíferos acerca da “verdade”, pois disse que a Verdade só pode ser “experimentada”, e só então se fará atestar como tal. Portanto, sem a experiência da Verdade na vida, nenhuma Verdade de Deus é Verdade para mim, e não se manifestará como fruto de libertação e liberdade, e conforme o reino de Deus, que é justiça, paz e alegria no Espírito Santo.

Sim, eu serei cristão, mas não saberei o que é ser discípulo de Jesus!

A questão é que neste ponto somos colocados diante de uma escolha, ainda que com muitas caras, e que é a seguinte: Tenho eu coragem de reduzir minha existência a uma só coisa, a uma única certeza?

Ora, nossa natureza adoecida pela insegurança que a experiência da Queda nos causou, é incapaz de tal simplificação, pois nos parece loucura, e suicídio existencial.

Só um louco a praticaria, mesmo que fosse pela fé.

Todavia, Jesus disse que essa é a boa parte que de ninguém é tirada. Jesus também disse que isto só aconteceria se o ser fizesse sua síntese em Deus, ao invés de ficar servindo a dois senhores, ou, às vezes, a muitos senhores.

Assim aprendemos que é essa tentativa de bigamia da alma, ora amando a um e aborrecendo ao(s) outro(s) (e outras vezes invertendo o processo), de fato, o centro da angústia do ser.

É como a alma que tenta ter dois amores e que se devota a um na mesma medida em que despreza o outro. E assim vai, sempre existindo na alternância deste mesmo processo, e sempre sem paz. Ora, ela só terá paz em Deus, pois, se escolher qualquer outro amor, lhe será angústia, posto que, por mais que me devote a ele, mesmo assim clama em mim o lugar essencial do único amor, do amor do Autor da Vida.

No mundo visível o Dinheiro expressa bem essa paixão e essa devoção. É o culto ao imediato e ao Poder nas mãos. É o altar do sucesso recebendo o holocausto da ambição que foi gerada pela insegurança de quem não consegue confiar. O Dinheiro é confiança na própria mão. Por isto ele se expressa um terrível senhor. Pois quem pensa que o tem nas mãos, já há muito está nas mãos dele.

Enfim, Jesus disse que tenho que reduzir minha existência a uma só coisa, a fim de que a boa parte não me seja tirada. E disse que somente a entrega à vontade do Pai é que poderia pacificar a alma e dar a ela sentido de significação eterna. No entanto, Ele também disse que, a fim de poder saber se Ele é a Verdade ou não, a pessoa tem que decidir antes, e pular de cabeça. Tem que escolher, e mergulhar sem medo. Pois, assim que o fizer, experimentará a graça do contentamento e da paz. O ser terá se unificado, e o contentamento tomará na alma o lugar das angústias antes geradas pelos serviços prestados aos muitos senhores; e prevalecerá a paz.

Ora, quando chegamos aqui, neste chão, onde de nós se demanda uma decisão, uma tomada de consciência, a pessoa tem que saber para onde olhar e como haverá de ponderar suas escolha e decisões de fé. Muitas vezes, e de modos muito diferentes, todos nós, durante a viagem no caminho, temos que escolher quem é o nosso Senhor. Na maioria das vezes, O negamos; razão pela qual nossos seres vão apagando em sua luz interior, e o coração quase só amadurece como ente amargurado.

Paulo disse que atentava não nas coisas que se viam, mas nas que se não viam, pois as coisas que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas.

Essa era a maneira dele olhar e ver nas muitas vezes em que tinha que escolher. E o sentido da escolha é o seguinte: temos que eleger nesta vida as coisas que se preservam para a vida eterna – como amor, misericórdia, justiça, alegria e paz –, pois o nosso corpo envelhece e morre, mas há escolhas feitas durante essa jornada que são eleições que nós fazemos acerca de nós mesmos para a eternidade.

Assim, se alguém se dispuser a pular e praticar a Palavra de Jesus, simplificando a sua própria existência, saberá o que é a Verdade e experimentará a libertação – não antes. Ele ensinou que esta é uma decisão da fé que segue, que se lança, que não sabe mais como voltar.

No entanto, a maneira de se preservar isto é não dividindo o ser entre dois ou muitos senhores. A alma só deixa de existir nesse movimento de angústia de devoções pendulares – Deus ou riquezas, por exemplo – se for pacificada diante de um único e supremo Senhor. Fazendo, desse modo, pela fé, todas as coisas serem fruto de amor a Ele. E o coração caminha em paz.

E isto só acontece se vamos ganhando coragem de interpretar a vida não privilegiando como cenário as coisas que se veem, pois são temporais, mas sim atentando nas coisas que não se veem, e que são permanentes. Isto é galardão na terra. É glória no ser. É Cristo em nós.

Mas ninguém saberá se não tiver a coragem de pular...

“Vem, e segue-me...”

“Para onde iremos nós, Senhor? Só tu tens as palavras da vida eterna!”

 

(um texto de Caio Fábio D´Araújo Filho)

domingo, 8 de junho de 2025

172 – Daniel na Babilônia (Daniel 1 – 2)


 

Nabucodonosor1(versículo de Daniel 1), rei da Babilônia, veio a Jerusalém e a sitiou.

Então3 o rei ordenou que Aspenaz, o chefe dos oficiais da sua corte, trouxesse alguns dos israelitas da família real e da nobreza; jovens4 sem defeito físico, de boa aparência, cultos, inteligentes, que dominassem os vários campos do conhecimento e fossem capacitados para servir I no palácio do rei. Ele devia ensinar-lhes a língua e a literatura dos babilônios.

Entre6 esses estavam alguns que vieram de Judá: Daniel, Hananias, Misael e Azarias. O7 chefe dos oficiais deu-lhes novos nomes: a Daniel deu o nome de Beltessazar; a Hananias, Sadraque; a Misael, Mesaque; e a Azarias, Abede-Nego.

A17 esses quatro jovens Deus deu sabedoria e inteligência para conhecerem todos os aspectos da cultura e da ciência. E Daniel, além disso, sabia interpretar todo tipo de visões e sonhos.

No1(versículo de Daniel 2) segundo ano de seu reinado, Nabucodonosor teve sonhos; sua mente ficou tão perturbada que ele não conseguia dormir. Por2 isso o rei convocou os magos, os encantadores, os feiticeiros e os astrólogos para que lhe dissessem o que ele havia sonhado.

Então4 os astrólogos responderam em aramaico II ao rei: “Ó rei, vive para sempre! Conta o sonho aos teus servos, e nós o interpretaremos”.

O5 rei respondeu aos astrólogos: “Esta é a minha decisão: Se vocês não me disserem qual foi o meu sonho e não o interpretarem, farei que vocês sejam cortados em pedaços e que as suas casas se tornem montes de entulho. Mas6, se me revelarem o sonho e o interpretarem, eu lhes darei presentes e recompensas e grandes honrarias”.

Os10 astrólogos responderam ao rei: “Não há homem na terra que possa fazer o que o rei está pedindo!”

Isso12 deixou o rei tão irritado e furioso que ele ordenou a execução de todos os sábios da Babilônia. E13 assim foi emitido o decreto para que fossem mortos os sábios; os encarregados saíram à procura de Daniel e dos seus amigos, para que também fossem mortos.

Então19 o mistério foi revelado a Daniel de noite, numa visão.

Daniel24 foi falar com Arioque, a quem o rei tinha nomeado para executar os sábios da Babilônia, e lhe disse: “Não execute os sábios. Leve-me ao rei, e eu interpretarei para ele o sonho que teve”.

O26 rei perguntou a Daniel, também chamado Beltessazar: “Você é capaz de contar-me o que vi no meu sonho e interpretá-lo?”

Daniel27 respondeu: “Nenhum sábio, encantador, mago ou adivinho é capaz de revelar ao rei o mistério sobre o qual ele perguntou, mas28 existe um Deus nos céus que revela os mistérios. Tu31 olhaste, ó rei, e diante de ti estava uma grande estátua: uma estátua enorme, impressionante, e sua aparência era terrível. A32 cabeça da estátua era feita de ouro puro, o peito e o braço eram de prata, o ventre e os quadris eram de bronze, as33 pernas eram de ferro, e os pés eram em parte de ferro e em parte de barro. Enquanto34 estavas observando, uma pedra soltou-se, sem auxílio de mãos, atingiu a estátua nos pés de ferro e de barro e os esmigalhou. Então35 o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro foram despedaçados, viraram pó, como o pó da debulha do trigo na eira durante o verão. O vento os levou sem deixar vestígio. Mas a pedra que atingiu a estátua tornou-se uma montanha e encheu a terra toda. Foi36 esse o sonho, e nós o interpretaremos para o rei. Tu37, ó rei, és rei de reis. O Deus dos céus te tem dado domínio, poder, força e glória; nas38 tuas mãos ele colocou a humanidade, os animais selvagens e as aves do céu. Onde quer que vivam, ele fez de ti o governante deles todos. Tu és a cabeça de ouro. Depois39 de ti surgirá um outro reino, inferior ao teu. Em seguida surgirá um terceiro reino, reino de bronze, que governará sobre toda a terra. Finalmente40, haverá um quarto reino, forte como o ferro, pois o ferro quebra e destrói tudo; e assim como o ferro a tudo despedaça, também ele destruirá e quebrará todos os outros. Na44 época desses reis, o Deus dos céus estabelecerá um reino que jamais será destruído e que nunca será dominado por nenhum outro povo. Destruirá todos esses reinos e os exterminará, mas esse reino durará para sempre”.

Então46 o rei Nabucodonosor caiu prostrado diante de Daniel, prestou-lhe honra e ordenou que lhe fosse apresentada uma oferta de cereal e incenso. O47 rei disse a Daniel: “Não há dúvida de que o seu Deus é o Deus dos deuses, o Senhor dos reis e aquele que revela os mistérios, pois você conseguiu revelar esse mistério”.

Então48 o rei colocou Daniel num alto cargo e o cobriu de presentes. Ele o designou governante de toda a província da Babilônia e o encarregou de todos os sábios da província. Além49 disso, a pedido de Daniel, o rei nomeou Sadraque, Mesaque e Abede-Nego administradores da província da Babilônia, enquanto o próprio Daniel permanecia na corte do rei.

 

v     Para entender a história

Daniel, na Babilônia, lembra José no Egito. Ambos viveram no exílio sob as ordens de soberanos estrangeiros, e ambos permaneceram fieis ao Deus de Israel. Como José, Daniel interpreta os sonhos do rei e conquista um alto posto numa terra estrangeira. Nenhum dos dois procurou a grandeza, mas levou glória a Deus diante dos olhos de soberanos pagãos.

 

v     Curiosidades

                                      I.     “Capacitados para servir” – Nabucodonosor escolhe os jovens mais dotados das mais importantes famílias de Judá para serem funcionários da corte. Essa política eficaz eliminou a ameaça de um governante em potencial liderar uma revolução judaica.

                                   II.      Responderam em aramaico” O aramaico, uma língua próxima do hebraico, originou-se em Aram (Síria). Tornou-se a língua diplomática dos assírios, após eles conquistarem a Síria. Na época de Nabucodonosor, o aramaico era a língua comum do império babilônio.

 

- O portão da Babilônia: A imponente cidade da Babilônia foi construída por Ninrode, no rio Eufrates (Gênesis 10:10). Nabucodonosor a tornou a capital do seu império, construindo o maciço portão de Istar. Decorado com tijolos vitrificados, dava ingresso aos séquitos que se dirigiam à cidade.

- Novos nomes: Os nomes hebraicos de Daniel e de seus amigos continham todos a palavra “Deus”. Um deus babilônio diferente passou a fazer parte de cada um dos seus novos nomes. A troca de nomes e o treinamento especial foram uma tentativa de afastá-los de sua herança judaica.

- O sonho de Nabucodonosor: Tradicionalmente, os quatro reinos representados pela estátua são identificados como os da Babilônia (ouro), Pérsia (prata), Grécia (bronze) e Roma (ferro). A duração cada vez maior desses impérios é simbolizada pelo aumento da resistência dos metais. A pedra que cresceu até se tornar uma montanha representa o reino de Deus, que durará para sempre.

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

domingo, 1 de junho de 2025

A Manifestação do Espírito


1º Coríntios 12:7

A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum.

 

Neste capítulo da primeira carta à igreja em Corinto, o apóstolo Paulo cita os dons do Espírito Santo e, nesta passagem, também os chama de “manifestação do Espírito”, pois cada dom é também uma manifestação pontual.

Na íntegra, esta passagem diz assim: A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum. Pelo Espírito, a um é dada a palavra de sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra de conhecimento; a outro, , pelo mesmo Espírito; a outro, dons de curar, pelo único Espírito; a outro, poder para operar milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a outro, variedade de línguas; e ainda a outro, interpretação de línguas. Todas essas coisas, porém, são realizadas pelo mesmo e único Espírito, e ele as distribui individualmente, a cada um, como quer (1º Coríntios 12:7-11).

Quero ressaltar, uma vez mais, quais são estes dons/manifestações, citados nesta passagem: palavra de sabedoria, palavra de conhecimento, fé, dons de curar, poder para operar milagres, profecia, discernimento de espíritos, variedades de línguas e interpretação de línguas.

Há teólogos que defendem que estes dons cessaram – são os chamados “cessacionistas”. E há teólogos que defendem que estes dons não cessaram – são os chamados “continuístas”. E há ainda um “grupo do meio”, que são teólogos que defendem a ideia de que os dons não cessaram totalmente, mas que desvaneceram com o passar do tempo.

Bem, como eu não surfo na onda da Teologia, vou pela posição bíblica, e esta não nos diz em parte alguma que os dons e as manifestações do Espírito cessariam. Ao contrário, o apóstolo Pedro, em sua pregação no início da formação da Igreja, nos dá seguras indicações sobre isso: “Isto é o que foi predito pelo profeta Joel: ‘Nos últimos dias, diz Deus, derramarei do meu Espírito sobre todos os povos. Os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os jovens terão visões, os velhos terão sonhos. Sobre os meus servos e as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e eles profetizarão. Mostrarei maravilhas em cima, no céu, e sinais em baixo, na terra: sangue, fogo e nuvens de fumaça. O sol se tornará em trevas e a lua em sangue, antes que venha o grande e glorioso dia do Senhor. E todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo!’” (Atos 2:16-21). Ora, como o sol ainda não se tornou em trevas, nem a lua em sangue, e o grande e glorioso dia do Senhor – a Sua volta – ainda não se deu, os dons e as manifestações do Espírito continuam válidos e operantes.

Mas não é este o ponto central deste texto – até porque ele pode suscitar, para muitos, mais discussões do que conclusões.

O ponto central deste texto é justamente a validade e a atualidade da manifestação do Espírito, tanto em revelação para compreender a Palavra, como em inspiração para pregar a Palavra e também em atuação para os efeitos da Palavra em nós. Sobre isto, temos a fala de Jesus: Não se preocupem quanto ao que dizer, ou como dizê-lo. Naquela hora lhes será dado o que dizer, pois não serão vocês que estarão falando, mas o Espírito do Pai de vocês falará por intermédio de vocês” (Mateus 10:19-20). Assim, se aqui, neste espaço, podemos escrever, ler e compreender sobre a Palavra e suas implicações, isto nos é dado a dizer e a entender pela atuação do Espírito em nós.

Se, dentre os dons/manifestações do Espírito, temos a “palavra de sabedoria” e a “palavra de conhecimento”, esta sabedoria e conhecimento vêm do Senhor, por Seu Espírito, manifesto em nós. Sim, manifesto em nós!

O apóstolo Paulo ainda fala que cada um destes dons se manifesta conforme a vontade divina, para a edificação da Igreja: Quando vocês se reúnem, cada um de vocês tem um salmo, ou uma palavra de instrução, uma revelação, uma palavra em língua ou uma interpretação. Tudo seja feito para a edificação da igreja (1º Coríntios 14:26). E ele fala ainda que o Espírito dá estes dons e estas manifestações conforme Ele quer: Todas essas coisas, porém, são realizadas pelo mesmo e único Espírito, e ele as distribui individualmente, a cada um, como quer (1º Coríntios 12:11).

Ou seja, tanto os dons como a manifestação destes dons não são méritos nossos nem dependem diretamente de nós, mas são méritos de Deus. Nós somos apenas ferramentas usadas nestes processos.

Outra coisa muito importante: os dons do Espírito, uma vez manifestados nalguma pessoa, não passam a ser propriedade nem característica distintiva daquela pessoa. Por exemplo, se através da oração de um pessoa, alguém alcança a cura, o dom de cura, naquele momento manifestado, não passa a ser uma distinção da pessoa que orou. Esta pessoa não passará, a partir daquele momento, a curar indistintamente as pessoas orando sobre elas, mas foi uma manifestação pontual. Pode ocorrer noutro momento, sim, mas não será regra pétrea. Afinal, o Espírito distribui individualmente, a cada um, como quer – e quando quer e onde quer. Ninguém, por ter orado sobre alguém e este alguém ser curado, tornou-se um “curandeiro evangélico ou espiritual”. Tudo é pontual e circunstancial.

Desta forma acontece nos demais casos também, pois as manifestações dos dons do Espírito se dão visando ao bem comum.

 Assim, quando é a vontade de Deus que se manifeste em nós uma palavra de sabedoria ou uma palavra de conhecimento, estas são para aquelas pessoas com quem estamos em contato naquele momento, para que elas e nós possamos usufruir deste benefício.

Da mesma forma acontece com a , pois Jesus mesmo diz que ninguém pode vir a Ele se o Pai não operar esta atração: Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, não o atrair (João 6:44). A fé, no entanto, junto com o amor e a esperança, permanece continuamente: Assim, permanecem agora estes três: a , a esperança e o amor (1º Coríntios 13:13).

Portanto, se você estiver em dúvida com relação à sua fé, relaxe! A fé é um dom que você recebe, não é um mérito seu nem é por esforço próprio! Se você está lendo aqui com sincero interesse, por exemplo, saiba que a fé já está incutida em você. Você pode ainda ser um homem – ou uma mulher – de pequena fé, mas já tem fé, ainda que a mesma seja do tamanho de um grão de mostarda!

Agora, o que “fazer” com a fé que lampeja em você é com você, é uma decisão sua. Você pode dizer “sim” a Deus e seguir a Jesus, dia a dia, reafirmando a sua fé... ou não, deixando tudo isso para lá. Qual sua resposta?

 

Por ora é isso.

Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem!

Saudações,

Kurt Hilbert

domingo, 25 de maio de 2025

171 – A Queda de Jerusalém (2⁰ Crônicas 36 e 2⁰ Reis 25)

 

O15(versículo de 2⁰ Crônicas 36) SENHOR, o Deus dos seus antepassados, advertiu-os várias vezes por meio de seus mensageiros, pois ele tinha compaixão de seu povo e do lugar de sua habitação. Mas16 eles zombaram dos mensageiros de Deus, desprezaram as palavras dele e expuseram ao ridículo os seus profetas I, até que a ira do SENHOR se levantou contra o seu povo, e já não houve remédio. Ele17 enviou contra eles o rei dos babilônios.

Então1(versículo de 2⁰ Reis 25), no nono ano do reinado de Zedequias, no décimo dia do décimo mês, Nabucodonosor, rei da Babilônia, marchou contra Jerusalém com todo o seu exército. Ele acampou em frente da cidade e construiu rampas de ataque ao redor dela. A2 cidade foi mantida sob cerco até o décimo primeiro ano do reinado de Zedequias. No3 nono dia do quarto mês, a fome na cidade havia se tornado tão severa que não havia nada para o povo comer. Então4 o muro da cidade foi rompido, e todos os soldados fugiram de noite pela porta entre os dois muros próximos ao jardim do rei, embora os babilônios estivessem em torno da cidade. Fugiram na direção da Arabá, mas5 o exército babilônio perseguiu o rei II e o alcançou nas planícies de Jericó. Todos os seus soldados o abandonaram, e6 ele foi capturado. Foi levado até o rei da Babilônia, em Ribla, onde pronunciaram a sentença contra ele. Executaram7 os filhos de Zedequias na sua frente; depois furaram seus olhos, prenderam-no com algemas de bronze e o levaram para a Babilônia.

No8 sétimo dia do quinto mês do décimo nono ano do reinado de Nabucodonosor, rei da Babilônia, Nebuzaradã, comandante da guarda imperial, conselheiro do rei da Babilônia, foi a Jerusalém. Incendiou9 o templo do SENHOR, o palácio real, todas as casas de Jerusalém e todos os edifícios importantes. Todo10 o exército babilônio que acompanhava Nebuzaradã derrubou os muros de Jerusalém. E11 ele levou para o exílio o povo que sobrou na cidade, os que passaram para o lado do rei da Babilônia e o restante da população. Mas12 alguns dos mais pobres do país o comandante deixou para trás, para trabalharem nas vinhas e nos campos.

Os soldados babilônios saquearam o templo e levaram tudo o que havia de valor. Destruíram até mesmo as maciças colunas e levaram o bronze para a Babilônia.

Assim21(versículo de 2⁰ Reis 25), Judá foi para o exílio, para longe de sua terra.

A21(versículo de 2⁰ Crônicas 36) terra desfrutou os seus descansos sabáticos III; descansou durante todo o tempo de sua desolação, até que os setenta anos se completaram, em cumprimento da palavra do SENHOR anunciada por Jeremias.

 

v     Para entender a história

O exílio de Judá e a destruição de Jerusalém e de seu Templo são castigos de Deus para um povo rebelde. Mas, por intermédio do profeta Jeremias, Deus oferece esperança no futuro. O exílio de Judá da “terra prometida” não será permanente. Após setenta anos, Deus trará o seu povo de volta da Babilônia.

 

v     Curiosidades

                                      I.     “Expuseram ao ridículo os seus profetas” – Os profetas incluíam Isaías, Amós, Oséias e Miquéias. Todos eles escreveram livros proféticos, alertando os reis do século VIII a.C. para as consequências de sua falta de fé. Apesar das lições aprendidas com a queda do reino do norte em 722 a.C. e da reforma religiosa levada a efeito por Josias, os últimos reis de Judá retornaram ao culto pagão.

                                   II.      O rei” – Os reis que seguiram a orientação de Jeremias se tornaram vassalos do Egito e, depois, da Babilônia. O rei Zedequias foi colocado no trono de Judá por Nabucodonosor em 597 a.C., após uma rebelião liderada pelo rei Joaquim, sobrinho de Zedequias. Posteriormente, Zedequias ingressou em uma aliança contra os babilônios, juntamente com Edom, Moabe, Amon, Tiro e Sidom. Nabucodonosor revidou, atacando Judá e sitiando Jerusalém.

                                III.     “Desfrutou os seus descansos sabáticos” – Este trecho, com base na Lei de Moisés (Levítico cap. 26), descreve o destino de Israel se o povo ignorar Deus e suas ordens: “A terra ficará deserta deles e guardará os sábados, enquanto permanecer desolada sem eles. Eles pagarão pelos seus pecados, pois rejeitaram minhas leis e abandonaram os meus decretos”.

                                                       

- O império babilônio: O rei caldeu Nabopolassar derrotou a Assíria em 612 a.C. O novo império babilônio atingiu o auge por volta de 600 a.C., com o seu filho Nabucodonosor, e continha a maior parte dos territórios assírios.

- O rei Nabucodonosor: Nabucodonosor (605 – 562 a.C.) foi um soberano cruel, porém habilidoso. Derrotou o Egito e formou uma aliança com a Média, seus dois principais adversários. O profeta Jeremias o viu como um instrumento da ira de Deus e aconselhou os reis de Judá a se submeterem a ele, em vez de enfrentarem a destruição.

- O profeta Jeremias e os últimos reis de Judá: Jeremias foi sacerdote e profeta. Profetizou para os cinco últimos reis de Judá, durante um período de quarenta anos – de 626 a.C. até a queda de Jerusalém (586 a.C.). Ele apoiou Josias na tentativa de reformar e renovar a religião de Judá, mas enfrentou oposição, perseguição e prisão por parte dos sucessores de Josias. Jeremias previu a ruína e as deportações desses reis, como também a queda de Jerusalém e a duração do exílio de Judá na Babilônia.

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

domingo, 18 de maio de 2025

De Moisés a Jesus


 

Josué 22:5

Guardem fielmente o mandamento e a lei que Moisés, servo do SENHOR, lhes deu, que amem o SENHOR, o seu Deus, andem em todos os seus caminhos, obedeçam aos seus mandamentos, apeguem-se a ele e o sirvam de todo o coração e de toda a alma”.

 

Quando entraram na “terra prometida”, depois da saída do Egito e depois de peregrinarem por quarenta anos no deserto, já não era mais Moisés quem conduzia o povo, mas Josué.

Antes de atravessarem o Jordão, no entanto, Moisés dera às tribos de Rúben, de Gade e metade da tribo de Manassés as terras daquele lado do rio, com a condição de que os homens daquelas tribos, capazes de integrarem o exército israelita, atravessassem junto aos seus irmãos das demais tribos, para lutarem juntos pela ocupação das demais terras. Eles assim concordaram e assim fizeram. Depois de o povo todo estar assentado e de as terras pertencentes a cada tribo terem sido definidas, chegava a hora de aqueles guerreiros retornarem à sua parte da terra. Foi nesse momento – e a eles – que Josué disse o que disse na Palavra que uso como mote para este texto.

Mas esta palavra não servia apenas àqueles que retornavam, pois, de um modo amplo, servia para todos os israelitas – e, de certa forma, vale para eles até hoje.

Esta mesma Palavra, sob a luz dos ensinamentos de Jesus, adaptada a esta mais ampla e completa revelação em Cristo, tem validade para nós, cristãos deste século XXI, também. Sempre enfatizo que tudo aquilo que, no Antigo Testamento, se coaduna com Jesus, Seus ensinamentos e Seus exemplos, tem validade eterna.

Pois bem, sob a ótica de Jesus, vamos trabalhar esta Palavra e ver como ela nos fala muito!

Ela inicia dizendo para que seja “guardado” fielmente o mandamento e a lei que Moisés dera. Sabemos, obviamente, que os cristãos não estão sujeitos à lei mosaica, mas ao Evangelho de Jesus Cristo. Assim, nos é dito por esta mesma Palavra que “guardemos” fielmente os mandamentos de Jesus e o Seu Evangelho. “Se vocês me amam, guardarão os meus mandamentos”, diz Ele em João 14:15. Ora, guardar – ou obedecer – os mandamentos do Senhor está intrinsicamente ligado a amar a Deus. “Se vocês me amam”, disse Ele, significando que a demonstração do amor que temos por Ele é dada pelo ato contínuo da obediência às Suas Palavras.

Estando, assim, o guardar/obedecer ligados ao amor, vem a sequência desta Palavra: amem o SENHOR, o seu Deus”. Pelo Evangelho, sabemos que amar a Jesus e ao Pai é a mesma coisa, uma vez que Jesus mesmo diz Ser em unidade absoluta com Deus: Eu e o Pai somos um (João 10:30).

 Além disso, o Senhor nos mostra como este amor se desdobra em amor a Deus, em amor ao próximo e em amor próprio: “‘Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento’. Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas (Mateus 22:37-40). Vejamos agora este desdobre: inicia falando que este amor a Deus deve ser integral – não em partes nem apenas nalguns momentos –, pois deve ser “de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento”, mandamento este que vem desde o Antigo Testamento, em Deuteronômio 6:5. Depois, vem o amor ao próximo: “ame o seu próximo”, aludindo a Levítico 19:18, também no Antigo Testamento. E, em seguida, vem o amor próprio, em alusão à mesma passagem levítica: “como a si mesmo”. Sim, pois o amor ao próximo deve ter a mesma qualidade do amor próprio. Não posso me amar, se não amar ao próximo, mas também não posso amar ao próximo como devo, se eu não amar a mim mesmo.

Faço aqui um novo parágrafo para grifar a conclusão do que Jesus diz nesta passagem: Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas. Ora, esta parte é pouco citada nas pregações e, muitas vezes, nem mesmo percebida! O que Jesus está dizendo para todos os humanos é que das escolhas, das decisões e das atitudes de amar a Deus e ao próximo como a si mesmo dependem todos os Escritos Sagrados constantes na Bíblia! Tudo o que se coaduna a estes dois mandamentos é Palavra Eterna, e tudo o que não tem a ver com o espírito/sentido/essência destes dois mandamentos – e com o próprio Cristo – é tão-somente informação de contexto!

Segue Josué dizendo que andem em todos os seus caminhos” e, à luz do Novo Testamento, sabemos o que isto quer dizer e qual o caminho pelo qual temos que andar: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim” (João 14:6).

Aconselhando ainda que obedeçam aos seus mandamentos”, sabemos que obediência e amor andam de mãos dadas, além de isto se alinhar perfeitamente ao que Jesus dizia aos judeus que haviam crido n’Ele, e que – logicamente e por tabela – diz a todos nós: Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, verdadeiramente serão meus discípulos. E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará (João 8:31-32).

Apeguem-se a ele” seguem sendo as palavras de Josué. Em Jesus, este “apegar-se” vai além, pois descreve uma atitude de “estar-se” n’Ele e “permanecer” n’Ele, sendo condição necessária para que façamos qualquer coisa que seja manifestação do Evangelho em nossas vidas: “Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dará muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma (João 15:5).

Por fim, Josué fala também para você e para mim: “o sirvam de todo o coração e de toda a alma”. Com relação a isto, quero trazer uma Palavra ainda mais excelente de Jesus a respeito da relação d’Ele conosco: Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido” (João 15:15). Em Jesus, já galgamos um degrau para além da condição de servos: somos Seus amigos! Eu e você, que aqui lê o que escrevo, temos que estar conscientes desta “boa nova”, deste “evangelho”: Somos considerados amigos de Jesus!

Ora, sendo amigos de Jesus, estamos imbuídos agora de amá-Lo e servi-Lo, através do ato de amar e servir ao nosso próximo, seja ele quem for, pois o Senhor escolhe ser amado e servido no nosso próximo: “Digo-lhes a verdade: o que vocês fizeram a alguns dos meus menores irmãos, a mim o fizeram (Mateus 25:40). “Digo-lhes a verdade: o que vocês deixaram de fazer a alguns destes mais pequeninos, também a mim deixaram de fazê-lo (Mateus 25:45).

Convido a todos a separarmos um bom tempo para refletirmos sobre isso – talvez seja muito útil e apropriado reler este texto noutros dias também –, no sincero e dedicado propósito de aplicar estes ensinamentos do Senhor em nossas vidas, já a partir de agora!

 

Por ora é isso.

Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem!

Saudações,

Kurt Hilbert

domingo, 11 de maio de 2025

170 – O Rei Josias (2⁰ Crônicas 34 – 35)


Josias1(versículo de 2⁰ Crônicas 34) tinha oito anos de idade quando começou a reinar, e reinou trinta e um anos em Jerusalém.

No3 oitavo ano do seu reinado, sendo ainda bem jovem, ele começou a buscar o Deus de Davi, seu predecessor. No décimo segundo ano, começou a purificar Judá e Jerusalém dos altares idólatras, dos postes sagrados, das imagens esculpidas e dos ídolos de metal. Sob4 as suas ordens foram derrubados os altares dos baalins; além disso, ele despedaçou os altares de incenso que ficavam acima deles. Também despedaçou e reduziu a pó os postes sagrados, as imagens esculpidas e os ídolos de metal, e os espalhou sobre os túmulos daqueles que lhes haviam oferecido sacrifícios. Depois5 queimou os ossos I dos sacerdotes sobre esses altares, purificando assim Judá e Jerusalém.

No8 décimo oitavo ano do seu reinado, a fim de purificar o país e o templo, ele enviou Safã, filho de Azalias, e Maaséias, governador da cidade, junto com Joá, filho do arquivista real Joacaz, para restaurarem o templo do SENHOR, do seu Deus.

Eles9 foram entregar ao sumo sacerdote Hilquias a prata que havia sido trazida ao templo de Deus e que os porteiros levitas haviam recolhido das ofertas do povo de Manassés e de Efraim, e de todo o remanescente de Israel, e também de todo o povo de Judá e de Benjamim e dos habitantes de Jerusalém. Então10 confiaram a prata aos homens nomeados para supervisionarem a reforma no templo do SENHOR, que pagavam os trabalhadores que faziam os reparos no templo. Também11 deram dessa prata aos carpinteiros e aos construtores para comprarem pedras lavradas, e madeira para as juntas e as vigas dos edifícios que os reis de Judá haviam deixado ficar em ruínas.

Esses12 homens fizeram o trabalho com fidelidade. Eram dirigidos por Jaate e Obadias, levitas descendentes de Merari, e Zacarias e Mesulão, descendentes de Coate. Todos os levitas que sabiam tocar instrumentos musicais estavam13 encarregados dos operários e supervisionavam todos os trabalhadores em todas as funções. Outros levitas eram secretários, oficiais e porteiros.

Enquanto14 recolhiam a prata que tinha sido levada para o templo do SENHOR, o sacerdote Hilquias encontrou o livro da Lei do SENHOR II que havia sido dada por meio de Moisés. Hilquias15 disse ao secretário Safã: “Encontrei o livro da Lei no templo do SENHOR”. E o entregou a Safã.

Então16 Safã levou o livro ao rei e lhe informou: “Teus servos estão fazendo tudo o que lhes foi ordenado”. E18 Safã leu trechos do livro para o rei.

Assim19 que o rei ouviu as palavras da Lei, rasgou suas vestes e20 deu estas ordens a Hilquias, a Aicam, filho de Safã, a Abdom, filho de Mica, ao secretário Safã e ao auxiliar real Asaías: “Vão21 consultar o SENHOR por mim e pelo remanescente de Israel e de Judá acerca do que está escrito neste livro que foi encontrado. A ira do SENHOR contra nós deve ser grande, pois os nossos antepassados não obedeceram à palavra do SENHOR e não agiram de acordo com tudo o que está escrito neste livro”.

Hilquias22 e aqueles que o rei tinha enviado com ele foram falar com a profetisa Hulda, mulher de Salum, responsável pelo guarda-roupa do templo, filho de Tocate e neto de Harás. Ela morava no bairro novo III de Jerusalém.

Ela23 lhes disse: “Assim diz o SENHOR, o Deus de Israel: ‘Digam ao homem que os enviou a mim: Assim24 diz o SENHOR: Eu vou trazer uma desgraça sobre este lugar e sobre seus habitantes; todas as maldições escritas no livro que foi lido na presença do rei de Judá. Porque25 me abandonaram e queimaram incenso a outros deuses, provocando-me a ira por meio de todos os ídolos que as mãos deles têm feito, minha ira arderá contra este lugar e não será apagada’. Digam26 ao rei de Judá, que os enviou para consultar o SENHOR: Assim diz o SENHOR, o Deus de Israel, acerca das palavras que você ouviu: ‘Já27 que o seu coração se abriu e você se humilhou diante de Deus quando ouviu o que ele falou contra este lugar e contra os seus habitantes, e você se humilhou diante de mim, rasgou as suas vestes e chorou na minha presença, eu o ouvi’, declara o SENHOR. ‘Portanto28, eu o reunirei aos seus antepassados, e você será sepultado em paz. Seus olhos não verão a desgraça que trarei sobre este lugar e sobre seus habitantes’”.

Então eles levaram a resposta a Josias.

Em29 face disso, o rei convocou todas as autoridades de Judá e de Jerusalém. Depois30 subiu ao templo do SENHOR acompanhado por todos os homens de Judá, todo o povo de Jerusalém, os sacerdotes e os levitas: todo o povo, dos mais simples aos mais importantes. Para todos o rei leu em voz alta todas as palavras do Livro da Aliança, que havia sido encontrado no templo do SENHOR. Ele31 tomou o seu lugar IV e, na presença do SENHOR, fez uma aliança, comprometendo-se a seguir o SENHOR e obedecer de todo o coração e de toda a alma aos seus mandamentos, seus testemunhos e seus decretos, cumprindo as palavras da aliança escritas naquele livro.

Josias1(versículo de 2⁰ Crônicas 35) celebrou a Páscoa do SENHOR em Jerusalém, e o cordeiro da Páscoa foi abatido no dia catorze do primeiro mês.

A18 Páscoa não havia sido celebrada dessa maneira em Israel desde os dias do profeta Samuel; e nenhum dos reis de Israel havia celebrado uma Páscoa como esta, como o fez Josias, com os sacerdotes, os levitas e todo o Judá e Israel que estavam ali com o povo de Jerusalém.

Depois20 de tudo o que Josias fez, e depois de colocar em ordem o templo, Neco, rei do Egito, saiu para lutar em Carquemis, junto ao Eufrates, e Josias marchou para combatê-lo. Neco21, porém, enviou-lhe mensageiros, dizendo: “Não interfiras nisso, ó rei de Judá. Desta vez não estou atacando a ti V, mas a outro reino com o qual estou em guerra. Deus me disse que me apressasse; por isso pára de te opores a Deus, que está comigo; caso contrário ele te destruirá”.

Josias, no entanto, atacou as forças egípcias. Ele foi gravemente ferido na batalha e levado para Jerusalém, onde morreu. Toda Judá e Jerusalém o prantearam.

 

v     Para entender a história

Josias tenta remediar o dano feito a Judá pelo comportamento descrente do seu pai e do seu avô. A descoberta do livro perdido da Lei de Deus torna-se o ponto central de sua reforma religiosa, mas ela não resistirá por muito tempo. Hulda profetiza que Judá acabará seguindo o mesmo destino de Israel.

 

v     Curiosidades

                                      I.     “Queimou os ossos” – Josias queimou os ossos dos sacerdotes que haviam feito sacrifícios nos altares pagãos. Isso fora profetizado três séculos antes, durante o reinado de Jeroboão, o primeiro rei do reino do norte de Israel (1⁰ Reis 13:2).

                                   II.      O livro da Lei do SENHOR– Há uma controvérsia entre estudiosos se esse livro era o Pentateuco completo ou apenas o livro do Deuteronômio. É provável que Manassés e Amon, ambos adoradores de deuses pagãos, tenham tentado destruir todos os textos sagrados de Judá.

                                III.     “No bairro novo” – Hulda era casada com o roupeiro do Templo. Ela vivia numa área recém-construída entre a primeira e a segunda muralha, na parte noroeste da cidade. A segunda muralha, a “muralha larga”, foi, acredita-se, construída pelo rei Ezequias quando Judá estava sob ataque da Assíria. Posteriormente, a muralha foi reconstruída por Manassés (2⁰ Crônicas 33:14).

                                IV.     “Ele tomou o seu lugar” – Há traduções que dizem “o rei colocou-se ao lado de sua coluna”. O rei Salomão havia erigido duas colunas decorativas no pórtico do Templo. Batizou uma de Jaquim (que quer dizer “ele instituiu”), e a outra, Boaz (que quer dizer “nele está a força”). Por tradição, o rei de Judá ficava ao lado de uma das colunas por ocasião de sua unção e quando o povo se reunia diante do Templo, para os discursos reais ou outras ocasiões oficiais.

                                   V.     “Não estou atacando a ti” – O faraó Neco governou o Egito entre 610 e 595 a.C. Uniu forças com a Assíria para fazer frente ao crescente poder da Babilônia. Durante o reinado de Josias, o império assírio estava em declínio. Os babilônios haviam conquistado Nínive em 612 a.C. – uma das várias derrotas que infligiram aos assírios. O enfraquecimento da Assíria permitiu que Judá se expandisse. O temor de um renascimento assírio foi o provável motivo para que Josias atacasse Neco.

 

- Josias: Neto do descrente rei Manassés, Josias subiu ao trono em 640 a.C., após o assassinato de Amon, o seu pai. Da mesma forma que o rei Ezequias, ele deu início a muitas reformas religiosas. Sob a sua administração, Judá desfrutou um período de expansão. O livro dos Reis descreve Josias como o mais eminente monarca de Judá (2⁰ Reis 23:25).

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.