Isaías 29:16
Vocês
viram as coisas pelo avesso! Como se fosse possível
imaginar que o oleiro é igual ao barro!
Quero
pedir emprestada esta Palavra que o profeta Isaías falava ao seu povo em idos
tempos, falando em nome do Senhor, para tergiversar um pouco – não sei se
exatamente em nome do Senhor, mas, certamente, em nome do sentimento que Ele
desperta em meu coração pelo Seu Espírito; não fosse assim, por mim mesmo, nada
poderia escrever sobre o tema.
Pois
bem. Esta Palavra inicia com uma constatação divina bem direta, e que deixei
grifada em negrito de propósito, pois salta aos olhos: Vocês viram as coisas pelo avesso!
Não
quero falar de temas muito variados para aplicar esta Palavra, somente um:
espiritualidade. Poderia falar de valores éticos, morais, até mesmo políticos
ou quaisquer outros societários, pois somos serem que vivemos em sociedades
agregadoras – para o bem e para o mal. Quero falar apenas de como esta Palavra
se aplica à nossa espiritualidade. E acho que já é muito, pois a
espiritualidade de alguém – ou a falta dela – implica em toda a sua vida,
passando pelos tangentes psicológicos até os físicos.
Espiritualmente
falando, o mundo tem virado as coisas pelo avesso. E o que chamo de “mundo”
aqui é tudo aquilo que Jesus dizia de onde “Ele não era”. Em João 8:23, está
registrado que Ele disse: “Eu não sou
deste mundo”. Assim, é natural que “este mundo” esteja invertendo as
coisas, por seus líderes espirituais de “nova era”. E como invertem as coisas?
Como as viram pelo avesso?
Basta
que lancemos mão de um pouco das suas mais variadas literaturas, que nos
depararemos com este ponto central: igualam o homem a Deus. Deus deixa de ser o
centro e o homem passa a ocupar este lugar. Dizem que “somos Deus”.
Não,
não somos Deus! “Pois os meus pensamentos
não são como os pensamentos de vocês, nem os seus caminhos são os meus
caminhos”, declara o SENHOR. “Assim como os céus são mais altos do que a terra,
também os meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos, e os meus
pensamentos, mais altos do que os seus pensamentos” (Isaías 55:8-9). “Deus
não é homem para que minta, nem filho de homem para que se arrependa. Acaso ele
fala, e deixa de agir? Acaso promete, e deixa de cumprir?” (Números 23:19).
Ora,
se os pensamentos de Deus “não são nossos pensamentos”, e se “os nossos
caminhos não são os caminhos d’Ele”, e se “Deus não é homem” – no sentido de
ser comportamentalmente como um –, então, obviamente, não temos os Seus
pensamentos e não andamos em Seus caminhos – e não somos Ele!
Apenas
passamos a conhecer “Seus pensamentos” e “andar em Seus caminhos”, quando nos
achegamos a Ele por Jesus: “Eu sou o
caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim” (João
14:6). Se acatarem a minha repreensão, eu
lhes darei um espírito de sabedoria e lhes revelarei os meus pensamentos
(Provérbios 1:23). E passaremos a “ser um” com Ele quando e enquanto estivermos
em Cristo. “Não ficarei mais no mundo,
mas eles ainda estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, protege-os em teu
nome, o nome que me deste, para que
sejam um, assim como somos um” (João 17:11). Quero adensar uma coisa
aqui: “somos um”, ou “somos todos um” – um dos mantras da “nova era” – apenas
quando podemos estar incluídos na oração de Jesus, cuja parte está neste João
17:11. Só assim.
Não
é preciso pensar muito para concluirmos que não somos Deus. Uma passagem que os
pregadores espirituais da “nova era” usam para embasar o seu pressuposto é esta
– a tenho encontrado aos borbotões em suas literaturas: “Eu disse: vocês são deuses, todos vocês são filhos do Altíssimo”
(Salmo 82:6). Ok, porém, vamos atentar para uma coisa aqui: não diz “vocês são
Deus”, mas “vocês são deuses”. Como somos deuses? “Mas a própria Palavra de
Deus confirma que somos como Ele, ou seja, deuses”, argumentam os pensadores da
“nova era”. Com isso concluem que, se “somos deuses”, logo, “somos como Deus”.
Mas não é assim. Se continuarmos no contexto da Palavra citada e usada, logo se
explica como somos deuses: vocês são filhos do Altíssimo. Ora,
“filhos do Altíssimo”, ou “filhos de Deus”, somente podemos ser por e em
Cristo. Assim ó: Aquele que é a Palavra
estava no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o
conheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus,
os quais não nasceram por descendência natural, nem pela vontade da carne nem
pela vontade de algum homem, mas nasceram de Deus (João 1:10-13).
Somente
por e em Cristo – e por Sua obra de redenção na cruz – é que podemos ser
“filhos de Deus”, corroborando o salmista que, por inspiração divina, percebe
que “somos deuses”. Assim somos, se somos “filhos de Deus”, e só podemos ser
feitos “filhos de Deus”, por recebermos Jesus Cristo – e tudo o que isso
implica!
O
irônico da literatura da “nova era” era é que eles colocam, sutil e habilmente,
Jesus e Sua vida dada por nós, para escanteio. Basta que leiamos e perceberemos.
(Se bem que nem aconselho este tipo de literatura, mesmo que eu tenha passeado
por ela, mas para mim foi bom tê-lo feito para discernir o espírito dela).
Assim, em negando Aquele que nos torna “deuses”, como podemos ser “deuses”? E
mais: como podemos “ser Deus”? Isso não faz sentido: é vaidade e correr atrás do
vento, parafraseando um eclesiástico bíblico.
Há
muitos “profetas” de “nova era” virando as coisas do avesso! Jesus, em Seu tempo,
prevenia sobre os falsos profetas: “Pois
aparecerão falsos cristos e falsos profetas que realizarão grandes sinais e maravilhas para, se possível, enganar
até os eleitos. Vejam que eu os avisei
antecipadamente” (Mateus 24:24-25).
Há
muitas “falsas doutrinas” grassando à solta por aí. O apóstolo Paulo já
prevenia seu pupilo acerca delas, incentivando para que fizesse o que fosse
certo: Pregue a palavra, esteja preparado
a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda a paciência e
doutrina. Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; ao contrário,
sentindo coceira nos ouvidos, juntarão
mestres para si mesmos, segundo os seus próprios desejos. Eles se recusarão a
dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos. Você, porém, seja moderado em tudo, suporte os
sofrimentos, faça a obra de um
evangelista, cumpra plenamente o seu ministério (II Timóteo 4:2-5).
Quero
arrematar, usando a outra parte da Palavra de base para este texto: Como se fosse possível imaginar que o oleiro
é igual ao barro! Definitivamente, não somos iguais a Deus, muito menos
somos Deus!
Contudo
– e isso é o que vale – podemos ser e fazer muita coisa, se e enquanto estivermos
em Cristo. Deixo nas Palavras d’Ele a forma:
“Eu sou a videira; vocês
são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dará muito fruto;
pois sem mim vocês não podem fazer coisa
alguma”
(João 15:5).
“Digo-lhes a verdade:
aquele que crê em mim fará também as
obras que tenho realizado. Fará coisas ainda
maiores do que estas, porque eu
estou indo para o Pai. E eu farei o que
vocês pedirem em meu nome, para que o Pai seja glorificado no Filho. O que
vocês pedirem em meu nome, eu farei” (João 14:12-14).
“O discípulo não está
acima do seu mestre, mas todo aquele que for bem preparado será como o seu mestre” (Lucas 6:40).
Depois
destas palavras do Mestre, creio que posso encerrar por aqui.
Por
hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
Saudações,
Kurt Hilbert