Salmo 66:8-12
Bendigam o nosso Deus, ó
povos, façam ressoar o som do seu louvor; foi
ele quem preservou a nossa vida impedindo que os nossos pés escorregassem.
Pois tu, ó Deus, nos submeteste à prova
e nos refinaste como a prata.
Certo
dia, um pai levou seu filho para passear pelas montanhas. Cada um levava uma
mochila contendo algumas coisas básicas: água, alimento, material de primeiros
socorros, um protetor solar e um agasalho extra, para o caso de esfriar. Ainda
sobrava algum espaço na mochila de cada um. Saíram cedo pela manhã, pois o
menino estava ansioso pelo passeio, e na noite anterior mal dormira imaginando
a aventura que seria. E foi.
Com
os primeiros raios de sol, já se encontravam à subida, por trilhas estreitas,
íngremes muitas vezes, com algumas pedras soltas, que os forçava a tomar
cuidado aonde pisassem. O caminho algumas vezes levava para bem perto da
ribanceira, o que aumentava a emoção, ao se avistar a altura em que se
encontravam, mas também aumentava a atenção, pois algum descuido poderia ser
perigoso.
No
início da caminhada, o menino ia de mãos dadas com o pai. Mas, conforme passava
o tempo e conforme iam subindo, o menino passou a se sentir mais e mais seguro,
a ponto de largar a mão do pai e de não mais querer segurá-la. Até certo ponto,
o pai o permitiu, vendo que um pouco de segurança e autoconfiança fariam bem ao
filho. Era importante que o infante desse passos por conta própria. Mas, claro,
sempre estava à vista paterna.
Mas
aí veio o momento em que a autoconfiança se transformou em sensação de
invulnerabilidade, o que fez com que o menino não mais estivesse tão atento ao
caminho como no princípio, quando andava de mãos dadas ao pai, nem mesmo quando
estava dando alguns passos sem segurar sua mão, quando ainda prestava atenção
aonde pisava. Agora não. Agora beirava a displicência e, óbvio, começava a
correr perigo. O pai lhe falava para estar atento, para não ir tão perto da
beirada do desfiladeiro, enfim, para ter cuidado e atenção. Mas, quanto mais o
pai lhe chamava a atenção, menos lhe parecia que o filho escutava. O cenário e
o comportamento eram, evidentemente, perigosos! E o filho seguia borboleteando,
sem cuidado algum, montado em sua falsa sensação de segurança e
invulnerabilidade. Aquela coisa de que “comigo nada vai acontecer”, que muitas
vezes nós mesmos temos em alguns momentos da nossa vida.
O
pai, ao invés de ficar nervoso e perturbado com o que via, tratou de resolver a
questão de forma simples e eficaz. Afinal, experiente e calejado que era, via
aí a oportunidade de ensinar uma importante lição ao filho.
O
que ele fez? Falou que estava na hora de sentarem-se um pouco para descansar, beber
uma água e, quem sabe, comer alguma coisa. Sentaram os glúteos sobre uma pedra
que avizinhava-se, àquela altura, confortável e convidativa, e deram um
tempinho ali. Enquanto ali estavam e, sem que o menino percebesse, o pai
apanhou algumas pedras – não muito grandes, lógico – e as colocou na mochila do
filho. Como era de se esperar, a mochila pesou um pouco mais, impedindo que o
menino serelepeasse como antes. Agora, em função da carga extra, voltava a
andar de mãos dadas ao pai, que o apoiava, o puxava quando preciso, até
chegarem ao topo da montanha, seguros, sãos e salvos.
Ao
chegarem ao alto, o filho abriu a mochila e percebeu a carga extra. Pensou em
falar ao pai que aquilo era uma sacanagem. Mas o pai antecipou-se a ele e
tratou de lhe explicar o motivo de tudo isso. E demonstrou que, quando as
palavras falham em seu objetivo, há sempre uma atitude sábia que pode salvar a
situação. Esta experiência e este ensinamento paterno jamais saíram da mente
daquele menino e, mesmo quando adulto, lembrava-se da simplicidade da lição do
pai e de como há momentos na vida em que, mesmo quando carregamos algum peso
que a princípio não entendemos, este está lá por algum motivo. E, se tivermos
paciência para percorrermos a jornada até o fim, ser-nos-á demonstrado que foi um
gesto de amor que pode ter salvo a nossa vida.
Acho
que a passagem do Salmo acima está explicada, de forma simples assim.
Por
hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
Saudações,
Kurt
Hilbert