Gálatas
3:26-28
Todos vocês são filhos de Deus mediante a fé
em Cristo Jesus, pois os que em Cristo foram batizados, de Cristo se
revestiram. Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus.
Há um dito popular, repetido às
pencas por aí, que diz que “todos somos filhos de Deus”. Normalmente, quando
alguém se julga meritório de desfrutar de alguma regalia ou de uma pequena
extravagância, diz, como que a si mesmo, que “afinal, eu também sou filho de
Deus”. Nada disso está muito errado,
mas tampouco está muito certo.
Explico.
Do ponto de vista criacional,
todos somos filhos de Deus. Se formos tomar como base justificativa deste
argumento que Deus nos criou, estamos
certos. Mas, neste caso, também temos que dizer que as plantas, os animais, os
minerais, os planetas e o Universo são igualmente filhos de Deus, uma vez que
Deus criou tudo. Seguindo ainda nessa linha, temos que concordar que os anjos
são filhos de Deus – biblicamente são mesmo e, – pasmemos! –, até mesmo os
demônios e seu “chefe” são filhos de Deus, uma vez que Deus também os criou,
pois Deus é a causa primeva de tudo – tudo mesmo –, até daquilo que se desviou,
que caiu, que se corrompeu, que foi destituído da Sua graça. Sim, do ponto de
vista da criação, todos – e tudo – são filhos de Deus.
Mas não é disto que a Palavra acima trata. Ela não trata da criação, mas da regeneração.
Assim como a Bíblia nos ensina que Jesus Cristo, o Filho de Deus, não foi criado,
mas gerado, que Ele existe desde o princípio junto a Deus – e é Ele mesmo Deus
–, assim essa Palavra nos fala não mais como seres criados, mas gerados –
regenerados – através da fé em Cristo. É segundo essa visão que a Bíblia nos
diz que somos filhos de Deus, e nos diz também quem são os filhos de Deus.
Quando fomos batizados em Cristo,
isso é similar à Sua (de Cristo) condição humana, que foi sepultado de forma
corruptível – como um ser humano natural – e ressuscitou de forma incorruptível
– ainda como um ser humano, mas de forma sobrenatural. Cristo, depois de
ressuscitar, não deixou de ser um ser humano, assim como enquanto andava na
terra como um ser humano normal, não deixara de ser Deus. Assim, quando somos
“sepultados e ressuscitados” mediante o batismo em Cristo, não deixamos de ser
seres humanos como os outros, mas nos revestimos de Cristo, isto é, da Sua
divindade. Sintetizando, somos, ao mesmo tempo, seres humanos e seres divinos.
É por isso que a Bíblia diz que
somos deuses! Com base em quê digo isso? Com base em João 10:33-36: Responderam os judeus: “Não vamos
apedrejá-lo por nenhuma boa obra, mas pela blasfêmia, porque você é um simples
homem e se apresenta como Deus”.
Jesus lhes respondeu: “Não está escrito na Lei de vocês: ‘Eu disse: vocês são deuses’? Se ele chamou
‘deuses’ àqueles a quem veio a palavra
de Deus (e a Escritura não pode ser anulada), que dizer a respeito daquele
a quem o Pai santificou e enviou ao mundo? Então, por que vocês me acusam de
blasfêmia porque eu disse: sou Filho de Deus?”; e no Salmo 82:6 – que é a palavra
na “Lei de vocês” à qual Jesus se referia na passagem acima – diz: “Eu disse: vocês são deuses, todos vocês são filhos do Altíssimo”. Esses são os filhos de Deus, os que,
através de Cristo, são regenerados (gerados de novo) como filhos do Altíssimo. Continuaremos
sendo humanos e morrendo como humanos (Salmo 82:7), mas agora já em um estágio
mais avançado. São filhos de Deus os que foram revestidos – e permanecem
revestidos, não tiram essa veste figurativa – de Cristo.
Espero que eu e você possamos ser
encontrados entre esses filhos de Deus.
Tudo isso nos remete à unidade: Não há judeu nem grego, escravo nem livre,
homem nem mulher; pois todos são um
em Cristo Jesus. Com isso, somos ensinados que todos somos um. O que é ser um? É saber-se como parte de Deus,
através do Cristo, e como parte do meio em que vivemos, como parte da natureza,
do planeta, do Universo – e do outro ser humano, o nosso semelhante, o nosso próximo,
para usarmos expressões bíblicas. Sermos um é termos consciência que tudo
aquilo que fazemos – ou deixamos de fazer – tem relação direta com o outro, com
todos os seres da criação deste Universo criado por Deus. Isso é sermos um.
O conceito de sermos todos um, não é simplesmente um
papo esotérico, místico, panteísta, de Nova Era, Era de Aquário ou coisas do
tipo... nada disso. É um papo que Deus bate conosco há tempos, em Sua Palavra. É
o conceito de sermos filhos de Deus.
Por hora é isso, pessoal. Que a
liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
Saudações,
Kurt Hilbert
UM
LIVRE DISCÍPULO DE CRISTO