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terça-feira, 20 de novembro de 2012

Parábolas

Marcos 4:34

          Não lhes dizia nada sem usar alguma parábola. Quando, porém, estava a sós com os seus discípulos, explicava-lhes tudo.

 

Parábolas
                                                                           
Metáforas, alegorias...
Quero apenas que me entendas.
Semente, semeadura, semeador,
uma candeia com brilho,
talvez um pródigo filho.
Falo, por tua vida,
uma palavra de vida.                            
Pesca homens, lança a rede.
De mim tens todo o apoio.
Aparta o trigo do joio,
tudo em duas moedas.
O reino de Deus em um campo,
dentro de ti, um tesouro,
palavras que valem ouro,
em pouca filosofia.
Vida eterna e alegria!
Parábolas, porém, não fábulas.
Fica atento e vigia,
uma lâmpada com azeite,
como quem ao noivo espera.
Venho a qualquer momento,
muitos dons, muitos talentos.
Conto histórias bibliografadas,
transmito palavras sagradas.
Que tua fé não fique à míngua!
Trago a luz, em claridade,
simplesmente falo a verdade
parabolicamente em tua língua.


Kurt Hilbert
UM LIVRE DISCÍPULO DE CRISTO

sábado, 10 de novembro de 2012

UMA PALAVRA DE CONSOLO


     Muitas vezes vou a comunidades onde, apesar de não conhecer os pormenores, sinto que existem muitos pesos e preocupações. Ao ocupar-me com este assunto, deparei-me com uma palavra que achei ser adequada e consoladora para estas situações. A palavra encontra-se na Carta do apóstolo Paulo aos Coríntios e diz o seguinte: «…fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes, com a tentação, dará também o escape, para que a possais suportar.» (1ª aos Coríntios 10,13).Que maravilhosa promessa o apóstolo Paulo deu naquela altura.

     As tentações existem, e isso é algo que não podemos mudar. Quem poderia dizer de si próprio que nunca foi desafiado ou tentado. Todos os dias estamos expostos a tentações. Aí pode surgir a pergunta: por que é que o Senhor não ajuda? Por que é que Ele não direciona as coisas noutro sentido para que eu, a pessoa em questão, possa lidar melhor com elas?

     Mas Deus não permite que as tentações sejam maiores do que as nossas forças. O Senhor estabelece um limite e não permite que esse limite seja ultrapassado. E ainda faz com que as tentações tomem um rumo que nós possamos suportar. Por outras palavras: juntamente com as tentações, o Senhor também cria uma saída para que, por fim, as possamos ultrapassar.

     Quero aprofundar mais este tema: o Senhor nunca nos deixa sós. Ele oferece-nos sempre uma possibilidade para sairmos das situações, só que nem sempre é como nós desejamos. Nós preferíamos que todas as dificuldades desaparecessem e pudéssemos ficar livres de preocupações. Nem sempre é assim tão fácil, mas existe uma saída. O Senhor cria uma compensação, dando-nos consolo e proporcionando-nos vivências que nos dão força e confiança: afinal, é Ele que rege.

     Estou a pensar no povo de Israel quando se encontrava à frente do mar, depois de ter saído do Egito: à sua frente tinham água, atrás deles os perseguidores. Mas o Senhor preparou-lhes uma saída que ninguém esperava. As águas separaram-se e o povo pôde passar em segurança. Foi uma saída que permitiu que os israelitas fossem preservados. Também nós, por vezes, vivenciamos coisas idênticas: abrem-se caminhos que nos fazem, de repente, sentir forças para enfrentar as situações. Sentimo-nos com nova coragem, sentimos que está a acontecer algo que nos dá a certeza de que Deus está conosco.

     Apesar de todas as tentações, dificuldades, problemas, preocupações e aflições, com as quais nos possamos deparar, não desistamos: existe uma saída! O Senhor faz com que as coisas não se tornem demasiado difíceis. As tentações e as opressões hão de terminar.

Wilhelm Leber

Fonte: http://www.igrejanovaapostolica.org/site/ndice/portugus/palavra_do_ms/palavras_do_ms/view-details-id-49.htm


quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Um Cristianismo de Resultados Materiais

I João 2:15-17

Não amem o mundo nem o que nele há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Pois tudo o que há no mundo – a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens – não provêm do Pai, mas do mundo. O mundo e a sua cobiça passam, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.

Na passagem acima João fala do perigo de se amar o mundo. Primeiro, devemos entender o que é amar, no sentido empregado nesta passagem, e no sentido que esta palavra tem na Bíblia. Amar aqui não quer dizer apenas gostar, desejar, querer, ter próximo a si. Amar, no sentido bíblico, não quer dizer apenas possuir, mas deixar-se ser possuído. Quando amamos a Deus, possuímos, de certa forma, o próprio Deus, pois possuímos o Seu Espírito, o Seu amor, a Sua graça, o Seu perdão. Tudo isso possuímos. Mas também, quando nos damos em amor a Deus, Ele nos possui, pois nos colocamos livremente em Suas mãos, colocamos livremente a nossa vontade sob a Sua vontade. Então Deus nos possui. Estamos n’Ele e Ele em nós. É dessa conotação de amor que o Evangelho nos fala. É disso que João, em sua carta, falava.

Quando amamos ao mundo, nos permitimos ser possuídos pelo mundo, dominados pelo mundo. É nesse sentido que Tiago fala que quem quer ser amigo do mundo faz-se inimigo de Deus (Tiago 4:4). Assim, as coisas do mundo já não são nossas servas (ou nos servem), mas nós nos tornamos servos das coisas mundanas. Jesus já ensinava, em Mateus 6:24: “Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro”. O dinheiro que, segundo muitos, compra tudo e todos, é uma metáfora que representa bem o domínio do materialismo sobre os seres humanos. Enquanto o dinheiro nos serve, ok, mas quando servimos ao dinheiro, aí nos permitimos ser dominados por ele, perdemos nossa verdadeira liberdade. O que Jesus e João alertavam era isso: que não sejamos dominados pelo mundo. E o amor abre a guarda para o domínio. Ao amarmos a Deus, permitirmos, de livre vontade, ser dominados por Ele. E Ele não nos domina tiranicamente, mas em amor e segundo a nossa permissão. O mundo não, quando permitimos que ele nos domine, nos domina com tirania, e depois é muito difícil nos livrarmos desse domínio.

Quero extrair da passagem acima uma pequena parte e me concentrar nela: Pois tudo o que há no mundo – a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens – não provêm do Pai, mas do mundo. Dessa pequena parte, quero focar ainda outra dentro dela, que está grifada em negrito: a ostentação dos bens. Agora, quero comentar um pouco do business que ramos influentes do cristianismo praticam com a fé de incautos, um verdadeiro negócio da fé. É claro que, quando a fé de alguém está bem, em ordem, em equilíbrio, quando a fé cristã é praticada, todos os campos da vida sofrem influência positiva desse bem-estar da fé: nossa personalidade, toda a parte psicológica, a saúde emocional e física, inclusive a vida social e – por que não? – a vida financeira. Mas tudo isso é resultado, é conseqüência. Isso não quer dizer que quem está bem na fé necessariamente tem que estar bem financeiramente, assim como é claro que quem está mal financeiramente não está, necessariamente, mal na sua fé em Deus. Se essa fosse a regra, Bill Gates e Eike Batista teriam que ser expoentes notáveis de fé cristã – não estou dizendo que não são, apenas estou citando duas pessoas riquíssimas como uma referência bem conhecida. Da mesma forma, o cara que mora na casinha simples, pega três ônibus para trabalhar na faxina ou de servente de pedreiro – trabalhos honrosos, por sinal – aos olhos do mundo teria que estar em má situação de fé, por ter uma condição material humilde. Se essa fosse a regra, esses seriam exemplos aplicáveis. Mas essa não é a regra de fé. Acontece, porém, que muitas instituições eclesiásticas de fé cristã defendem essa regra, muitas vezes de forma inconsciente – outras não.

Ensinam, tais instituições, que quando podemos ostentar nossos bens materiais, é prova que somos muito abençoados. E essas instituições incentivam as pessoas a buscar essas coisas insidiosamente. Pergunto: onde fica buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça? (Mateus 6:33). Para sermos abençoados, ensinam elas, basta que nos tornemos patrocinadores do programa tal, que inscrevamos nossos nomes no livro das grandes conquistas tal, ou que depositemos fielmente o valor X na agência tal, do banco tal, conta tal, em nome da igreja tal. Quero deixar claro o seguinte: muitas instituições e líderes religiosos fazem bom uso de dízimos, ofertas e donativos. Há gente honesta e boa, como em todos os lugares. Muitos desses recursos financeiros são usados em ajudas humanitárias, em campanhas de evangelismo, são destinadas a nobres causas. Assim como há causas não tão nobres assim... mas isso é da vida. Não estou colocando tudo no mesmo balaio. Há muito trigo no meio do joio, claro. O que estou dizendo é que a finalidade máster do verdadeiro discípulo de Cristo não é ostentar bens, não é ter, mas ser. Ser amor, ser alegria, ser paz, ser paciência, ser amabilidade, ser bondade, ser fidelidade, ser mansidão e domínio próprio. Enfim, tendo o fruto do Espírito Santo (Gálatas 5:22-23), o cristão verdadeiro passa a ser o fruto do Espírito Santo. O verdadeiro cristão, no fim das contas, passa a não ter a bênção, mas ser a bênção.

Jesus não disse “eu tenho”, Ele disse “eu sou”. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (João 14:6). “Vocês são daqui de baixo; eu sou lá de cima. Vocês são deste mundo; eu não sou deste mundo. Eu lhes disse que vocês morrerão em seus pecados. Se vocês não crerem que Eu Sou, de fato morrerão em seus pecados” (João 8:23-24). Eu sou, Ele dizia. A ostentação material diz apenas eu tenho. A quem Cristo diz “vocês são daqui de baixo”? Àqueles que buscam as coisas materiais através do caminho da fé. Para estes Ele diz “eu sou lá de cima”. A quem Cristo diz “vocês são deste mundo”? Àqueles que buscam, pela fé, as coisas deste mundo, o materialismo apenas. Para todos nós Ele diz “eu não sou deste mundo”. Este mundo não amou Cristo, nem Ele foi dominado por este mundo; ao contrário, Ele nos ensinava a buscar as coisas eternas. Vivemos neste mudo, mas, concomitantemente, vivemos em Cristo; estamos no mundo, mas, ao mesmo tempo, estamos em Cristo. Não somos dominados pelo mundo, mas permitimos que Cristo, em Seu amor, domine em nós.

Não há nada de errado em sermos bem-sucedidos em termos materiais. Isso é ótimo! Mas esse não é o ponto central. O ponto central é nosso bom relacionamento com Deus, demonstrado pelo nosso relacionamento com o próximo. O mundo em que vivemos é apenas a estrada que nos leva ao destino de nossas almas, para junto ao absoluto de Deus através de Cristo. É claro que amamos a estrada, mas a amamos como estrada, não como morada definitiva. Enquanto caminhamos rumo à eternidade, podemos observar as belezas das paisagens que cercam a estrada, podemos desfrutar dos prazeres da viagem, mas sem tirar os olhos dos sinais que nos indicam o caminho, sem nos distrair, pois podemos correr o risco de sairmos da estrada, de perdermos o rumo, ou de pararmos enguiçados na estrada.

João, sabiamente, alertava que o business da fé que vivenciamos à fuzel nos dias de hoje não provêm do Pai, mas do mundo. A fé não deve ser um negócio; a fé é um modo de vida! Isso é bênção.

Eu desejo que possamos evoluir do cristianismo de resultados materiais, em direção ao verdadeiro cristianismo, em direção ao verdadeiro relacionamento com Deus, que é eterno.

 
Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.

Saudações,

Kurt Hilbert
     UM LIVRE DISCÍPULO DE CRISTO

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O Poder de Deus é Ilimitado

    Números 11:23

O SENHOR respondeu a Moisés: “Estará limitado o poder do SENHOR? Agora você verá se a minha palavra se cumprirá ou não”.

 
Esta passagem se dá no momento de uma das tantas murmurações do povo hebreu enquanto peregrinava do Egito em direção à terra de Canaã – a terra que lhes tinha sido prometida. Eta povinho resmungão, esse!

Vamos nos situar um pouco dentro do contexto histórico. Moisés havia conduzido o seu povo para fora da escravidão a que era submetido no Egito. Essa saída – ou êxodo – não foi moleza. Foi uma pedreira Moisés convencer o rei egípcio – o faraó – a libertar esse povo. Compreensível, pois, como escravos que eram, os hebreus serviam de “pau para toda obra” no Egito, fazendo de um tudo, inclusive fabricando tijolos para a construção civil – é notório o uso escravo de que os egípcios dispunham, especialmente na construção das pirâmides. Foi-se lá Moisés, por instrução divina, vindicar a liberdade do seu povo. E, óbvio, o faraó não iria liberá-los assim no más. Depois de dez pragas que assolaram a pátria egípcia, a última delas, enfim, fez com que o faraó capitulasse na sua teimosia. Depois da morte de todos os primogênitos egípcios, finalmente, o êxodo foi liberado. Logo de saída, o arrependimento do faraó por sua atitude abolicionista o fez ir com sua força armada atrás de mais de um milhão de hebreus. Encurralados entre o exército do faraó e o Mar Vermelho, este foi aberto pelo cajado mosaico e o povo atravessou o mar que, logo depois, cobriu e afogou a armada perseguidora. Depois, indo pelo deserto, o povo teve fome e sede. De um golpe numa rocha, Moisés fez brotar água para a turma toda, saciando a sede; caindo do céu durante a noite, Deus enviava o maná para alimentar o povo, saciando-lhe a fome. Tudo isso e otras cositas mas o povo hebreu via brotar à sua frente, mas, mesmo assim, consistentemente reclamava de Deus e de Moisés. “Temos saudades das cebolas e dos pepinos do Egito”, diziam. “Não agüentamos mais comer esse maná”, choramingavam – de barriga cheia, diga-se de passagem. Eta povinho resmungão, esse!

Devo dizer, minha consciência me força a isso, que nós mesmos, em tempos de século XXI, muitas vezes resmungamos de barriga cheia também, sentindo saudades de cebolas e pepinos de saudosos idos tempos, achando que o passado era melhor; ou ainda, assim como o povo hebreu, tememos o futuro e não confiamos na condução divina. Nós deste tempo aqui na nossa terrinha brasilis e os hebreus em seu tempo a caminho da terra em que manava leite e mel, não somos tão diferentes assim – muito antes pelo contrário. É por essas e outras que digo que a história do povo hebreu é um reflexo e um exemplo de todos os povos, em todas os locais e épocas neste nosso planetinha azul. Parágrafo aparte este, voltemos ao fio da meada sobre a qual falávamos.

Diante da reclamação popular – eles diziam que não agüentavam mais comer o maná, queriam porque queriam comer carne –, Moisés ficou um tanto quanto temeroso com relação ao futuro. Ele falou disso com Deus e Deus lhe apontou uma saída: disse que o povo, para aprender a não reclamar de barriga cheia, se fartaria de comer carne de forma que lhes saísse carne até pelo nariz! Duvida? Veja só: “Vocês não comerão carne apenas um dia, ou dois, ou cinco, ou dez ou vinte, mas um mês inteiro, até que lhes saia carne pelo nariz e vocês tenham nojo dela, porque rejeitaram o SENHOR, que está no meio de vocês, e se queixaram a ele, dizendo: ‘Por que saímos do Egito?’” (Números 11:19-20). Diante dessa resposta sui generis, cheia de um ácido humor divino – quem disse que Deus não tem senso de humor? – Moisés ficou ainda mais preocupado, pois dizia a Deus que, mesmo que muitas manadas de ruminantes fosse abatida ou mesmo que todos os peixes fossem pescados, não se teria carne suficiente para alimentar tanta gente. Humanamente falando, a preocupação mosaica procedia, mas Deus não está limitado à capacidade de raciocínio ou ação de um ser humano, muito antes pelo contrário. Daí a resposta acima, no cabeçalho deste texto: “Estará limitado o poder do SENHOR? Agora você verá se a minha palavra se cumprirá ou não”.

Seguindo-se a história, a Bíblia nos conta que Deus enviou uma imensa quantidade de codornizes, que caíam às pencas e aos borbotões, acumulando-se em volta dos sequiosos hebreus com desejos carnívoros, a ponto de cada um deles juntar dezenas de quilos. E, como era de se esperar, comeram até se fartarem, e até não agüentarem mais ver tanta codorniz à sua frente. Há estudos biológicos que nos mostram que, mesmo naquela época, haviam revoadas desses penosos bichinhos nas proximidades do Mar Vermelho – o que mostra que o “milagre” divino teve bases naturais. O que não foi “natural”, digamos assim, foi a quantidade. Tal qual como Jesus que, centenas de anos depois, multiplicou pães e peixes, Deus fizera naquele momento, promovendo uma verdadeira multiplicação de codornizes. Cumpriu-se, assim, a palavra do SENHOR!

E aí entra o ponto central desse texto: a ilimitação do poder divino e o cumprimento de Sua Palavra. Mesmo quando as condições a nosso redor não sejam nem um pouco propícias para que esperemos a atuação divina em nossa vida – assim como naquele caso particular na vida de Moisés –, Deus dá um jeitinho de fazer cumprir a Sua Palavra, as Suas promessas, o Seu amor. Tomara que Ele não nos encontre choramingosos com as situações da nossa vida – como no caso do povo hebreu naquele momento – mas nos encontre confiantes n’Ele e desejosos, isso sim, de vivermos a concretização da Sua Palavra em nossa vida e a experimentarmos o Seu ilimitado poder.

Para isso, é necessário que vivamos a Sua Palavra. É necessário que nos portemos e nos conduzamos segundo os Seus conselhos. Para isso, meu irmãozinho e minha irmãzinha, é necessário ler e estudar a Sua Palavra. Não tem jeito, essa é a nossa tarefa. E esta é uma tarefa boa, basta que demos o pontapé inicial. E poderemos comprovar, in loco, o cumprimento do que Ele disse: “Estará limitado o poder do SENHOR? Agora você verá se a minha palavra se cumprirá ou não”.

 
Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.

Saudações,

Kurt Hilbert
     UM LIVRE DISCÍPULO DE CRISTO

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Estrangeiros...


           A cidade onde moro atualmente concentra um grande número de imigrantes. Ao passear pela vizinhança durante um Sábado, encontrei um grupo de estrangeiros vestindo trajes típicos de seu país, reunidos em uma área aberta para algo que me pareceu uma festa. Fiquei surpreso ao saber, conversando com um morador local, que não se tratava de uma festa, e sim de um encontro realizado semanalmente, com o intuito de manter a cultura e as raízes, transmitindo às crianças e aos jovens o valor e a importância de estar ligado a uma pátria, que muitos deles nem conhecem pessoalmente.
 
          Acredito que aquele grupo de estrangeiros tem seu dia-a-dia normal, onde muitos trabalham, estudam, se divertem, tudo isso junto aos demais habitantes da cidade, mas há um momento em que se separam desse mundo exterior e se concentram em fortalecer aquilo que eles são originalmente e, talvez a parte mais bonita de todas, fortalecem uns aos outros.

           As perguntas que me faço diante dessa experiência são: qual cultura eu trato de preservar? a que grupo eu pertenço? quem me fortalece? quem eu fortaleço?

           Neste momento, fico feliz com cada uma das minhas respostas!

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Os Filhos de Deus


Gálatas 3:26-28
Todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus, pois os que em Cristo foram batizados, de Cristo se revestiram. Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus.

Há um dito popular, repetido às pencas por aí, que diz que “todos somos filhos de Deus”. Normalmente, quando alguém se julga meritório de desfrutar de alguma regalia ou de uma pequena extravagância, diz, como que a si mesmo, que “afinal, eu também sou filho de Deus”. Nada disso está muito errado, mas tampouco está muito certo. Explico.
Do ponto de vista criacional, todos somos filhos de Deus. Se formos tomar como base justificativa deste argumento que Deus nos criou, estamos certos. Mas, neste caso, também temos que dizer que as plantas, os animais, os minerais, os planetas e o Universo são igualmente filhos de Deus, uma vez que Deus criou tudo. Seguindo ainda nessa linha, temos que concordar que os anjos são filhos de Deus – biblicamente são mesmo e, – pasmemos! –, até mesmo os demônios e seu “chefe” são filhos de Deus, uma vez que Deus também os criou, pois Deus é a causa primeva de tudo – tudo mesmo –, até daquilo que se desviou, que caiu, que se corrompeu, que foi destituído da Sua graça. Sim, do ponto de vista da criação, todos – e tudo – são filhos de Deus.
Mas não é disto que a Palavra acima trata. Ela não trata da criação, mas da regeneração. Assim como a Bíblia nos ensina que Jesus Cristo, o Filho de Deus, não foi criado, mas gerado, que Ele existe desde o princípio junto a Deus – e é Ele mesmo Deus –, assim essa Palavra nos fala não mais como seres criados, mas gerados – regenerados – através da fé em Cristo. É segundo essa visão que a Bíblia nos diz que somos filhos de Deus, e nos diz também quem são os filhos de Deus.
Quando fomos batizados em Cristo, isso é similar à Sua (de Cristo) condição humana, que foi sepultado de forma corruptível – como um ser humano natural – e ressuscitou de forma incorruptível – ainda como um ser humano, mas de forma sobrenatural. Cristo, depois de ressuscitar, não deixou de ser um ser humano, assim como enquanto andava na terra como um ser humano normal, não deixara de ser Deus. Assim, quando somos “sepultados e ressuscitados” mediante o batismo em Cristo, não deixamos de ser seres humanos como os outros, mas nos revestimos de Cristo, isto é, da Sua divindade. Sintetizando, somos, ao mesmo tempo, seres humanos e seres divinos.
É por isso que a Bíblia diz que somos deuses! Com base em quê digo isso? Com base em João 10:33-36: Responderam os judeus: “Não vamos apedrejá-lo por nenhuma boa obra, mas pela blasfêmia, porque você é um simples homem e se apresenta como Deus”. Jesus lhes respondeu: “Não está escrito na Lei de vocês: ‘Eu disse: vocês são deuses’? Se ele chamou ‘deuses’ àqueles a quem veio a palavra de Deus (e a Escritura não pode ser anulada), que dizer a respeito daquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo? Então, por que vocês me acusam de blasfêmia porque eu disse: sou Filho de Deus?”; e no Salmo 82:6 – que é a palavra na “Lei de vocês” à qual Jesus se referia na passagem acima – diz: “Eu disse: vocês são deuses, todos vocês são filhos do Altíssimo”. Esses são os filhos de Deus, os que, através de Cristo, são regenerados (gerados de novo) como filhos do Altíssimo. Continuaremos sendo humanos e morrendo como humanos (Salmo 82:7), mas agora já em um estágio mais avançado. São filhos de Deus os que foram revestidos – e permanecem revestidos, não tiram essa veste figurativa – de Cristo.
Espero que eu e você possamos ser encontrados entre esses filhos de Deus.
Tudo isso nos remete à unidade: Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus. Com isso, somos ensinados que todos somos um. O que é ser um? É saber-se como parte de Deus, através do Cristo, e como parte do meio em que vivemos, como parte da natureza, do planeta, do Universo – e do outro ser humano, o nosso semelhante, o nosso próximo, para usarmos expressões bíblicas. Sermos um é termos consciência que tudo aquilo que fazemos – ou deixamos de fazer – tem relação direta com o outro, com todos os seres da criação deste Universo criado por Deus. Isso é sermos um.
O conceito de sermos todos um, não é simplesmente um papo esotérico, místico, panteísta, de Nova Era, Era de Aquário ou coisas do tipo... nada disso. É um papo que Deus bate conosco há tempos, em Sua Palavra. É o conceito de sermos filhos de Deus.

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
Saudações,
Kurt Hilbert
UM LIVRE DISCÍPULO DE CRISTO

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Deleitar-se em Deus


      Salmo 37:4
Deleite-se no SENHOR, e ele atenderá aos desejos do seu coração.

          Com o que nos deleitamos? Caramba, talvez você pense, deleitar? Não nos deparamos com essa palavra todos os dias. Tem algo a ver com leite? (desculpe, eu sei que a piada é ruim, mas não resisti...). Falando sério, segundo o dicionário, deleitar-se é deliciar-se, é sentir um prazer íntimo e suave e, ao mesmo tempo, pleno e intenso; deleitar-se é estar num estado de leveza e plenitude.
          Agora que o significado de deleite e deleitar-se está mais claro, volto à pergunta do início do parágrafo anterior: Com o que nos deleitamos? O que nos causa um sentimento de delícia, de suavidade e prazer, de intensidade, leveza e plenitude? Seguramente cada um de nós pode elencar algumas coisas que causem esse estado de alma. Como somos diferentes uns dos outros, as respostas também serão diferentes umas das outras. O que causa esse estado em mim, pode não causar em você, e vice-versa. O que para um é de relevante significado quando o ponto é causar um estado de deleite, para outro pode significar pouco. É assim mesmo. Não nos deleitamos com as mesmas coisas, isso é ponto concordante.
          O salmista, entretanto, nos convida a focarmos um ponto comum de deleite. No tempo do salmista já era assim, as pessoas deleitavam-se com coisas naturalmente diferentes, mas ele fazia um convite: continuem com seus deleites em coisas diferentes, mas permitam-se a ter em comum algo – ou alguém – com o que ou quem se deleitar: o SENHOR.
          Deleitar-se em Deus significa abrir espaço no mais íntimo do nosso coração para buscar encontrar ali a essência da vida; é abrir espaço e tempo para que Ele, em Seu Espírito, toque e mova os nossos sentimentos. É orar. É meditar. É ouvir o coração, o nosso e o de Deus. É buscar “enxergar” o invisível. Deleitar-se em Deus é elevar os mais particulares pensamentos a Ele, na calma certeza que Ele nos entende. Que Ele nos escuta e responde. Que Ele interage conosco. Deleitar-se em Deus é suspirar profundamente e sorrir. Sorrir mesmo. Simplesmente aproximar as duas extremidades laterais da boca das duas orelhas ao mesmo tempo. Não é forçar um sorriso; e deixá-lo fluir. Deleitar-se em Deus é sorrir para o próximo e dizer a ele, com esse sorriso ainda estampado: Valeu!!!
          Antes que você rotule o parágrafo acima como poesia barata ou blábláblá de auto-ajuda, lhe digo que não é nada disso. Deleitar-se em Deus é uma atitude, é uma postura de vida!
          O salmista fala que, quando nos deleitamos em Deus, Ele atenderá aos desejos do seu coração. Alguém poderia dizer que atender aos desejos do coração é uma redundância, pois onde estão os desejos, senão no coração? É uma redundância, sim, mas Deus é tão simples que até as Suas redundâncias são deleitosas. Até a simplicidade de Deus é plena. Quando o salmista diz que Ele atenderá aos desejos do seu coração, ele nos diz que quando estamos num estado de deleite de relacionamento com Deus, abrimos espaço para uma intimidade tal entre nós e Ele, que Ele se porá em sintonia com nossos sentimentos. Deus contemplará nossos desejos da mesma forma que contemplamos os Seus mandamentos. E Ele atenderá nossos desejos, da mesma forma que – por amor a Ele – obedecermos aos Seus mandamentos, à Sua Palavra. Deus estabelecerá uma parceria conosco tão intrínseca, que basta que desejemos, e Ele já “aciona” a engenharia do Universo para trazer à realidade o que desejamos.
          Mas – e há sempre um mas – nossos desejos precisam estar alinhados com o amor que Cristo nos tem ensinado (sempre que você tiver alguma dúvida de como é este amor, faça uma visitinha ao capítulo 13 de I Coríntios). Não adianta de nada desejarmos coisas diferentes do que está em comunhão com esse amor.
          Mas – e este é um bom mas – se estivermos em deleite em nosso relacionamento com Deus, é simplesmente impossível que em nossos sentimentos se intrometa algum sentimento destoante do amor divino.
          É uma prática constate, brothers and sisters. Deleite é um substantivo, mas deleitar é um verbo. Verbo denota ação. Deleite-se em Deus, deseje, e perceba-O interagindo com você, e o que você desejar, já é.

       Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
          Saudações,

Kurt Hilbert
     UM LIVRE DISCÍPULO DE CRISTO

sábado, 18 de agosto de 2012

O Deus de Toda a Humanidade


Jeremias 32:27
“Eu sou o SENHOR, o Deus de toda a humanidade. Há alguma coisa difícil demais para mim?”

Os escritos do profeta Jeremias datam de aproximadamente 600 anos a.C.
Num tempo em que o povo hebreu tinha como certa a sua exclusividade de “povo de Deus”, havia lampejos de percepção mais universais a esse respeito. E Jeremias teve um desses lampejos quando falou que Deus é o Deus de toda a humanidade.
Entendo que os escritos do Antigo Testamento, de um modo geral, abrangem as peripécias de um povo que é um reflexo de todos os povos, em todos os tempos. Vou tentar me explicar: toda a trajetória hebraica, desde os patriarcas, passando por seus líderes libertadores, seus condutores e juízes, seus reis e profetas, suas pessoas simples numa terra estranha, invadindo uma terra que lhes fora prometida, lutando contra seus nativos, sofrendo influências das culturas políticas e religiosas em derredor, tudo isso é o reflexo da própria história da humanidade, em todos os tempos. A história de qualquer povo, em qualquer época, se repete ciclicamente mais ou menos como a história do povo hebreu. É como se o povo hebreu “representasse”, de alguma forma, a humanidade como um todo. Enquanto esse povo hebreu se manteve fiel aos seus princípios de conduta moral e à sua legislação e unidade (sintetizadas em Deus e na lei mosaica), foi afortunado em suas empreitadas. Quando se desviava e se corrompia com as concupiscências humanas em sua volta, seu êxito estancava e, não raro, retrocediam. Foram – e, de certa forma, ainda são – um povo que teve suas origens, seu desenvolvimento, seus sucessos e fracassos, suas conquistas e derrotas, suas quedas e retomadas, como praticamente todos os povos no decorrer da História. Me faço entender? Na esperança de que sim, vamos prosseguir.
Esse povo, com suas idiossincrasias próprias, teve um profeta que afirmou que Deus era universal, não só pela criação, mas pelo apego à humanidade como um todo. Era o Deus do povo hebreu, sim, mas, ao mesmo tempo, de todos os povos, de toda a humanidade.
Abordo esse assunto numa época em que há muitas religiões vindicando para si a exclusividade de serem “a religião certa”. O judaísmo afirma ser a “religião certa”; o islã, idem; o cristianismo, também – cito aqui apenas as três grandes religiões ocidentais. E, dentro do próprio cristianismo, não raro aparece uma determinada denominação eclesiástica alegando ser ela – e só ela – a “verdadeira igreja de Cristo”. Não desejo provocar polêmica, apenas estou citando fatos facilmente perceptíveis.
Mas o que quero dizer com isso? Quero dizer que seria bom que tivéssemos a visão que Jeremias teve, a de que Deus é o Deus de todos os homo sapiens – e possivelmente de seus predecessores também! Quero dizer que a percepção de Jeremias nos faz pensar, em pleno século XXI, que a “alma de Deus” vibra em cada alma humana, independente da fé que esse humano professe. Quero dizer que deveríamos parar de pensar em “religiões certas” e começar a pensar em “atitudes certas”, baseadas no sentir divino, em relação a todos os nossos semelhantes neste planetazinho querido em que vivemos.
A questão da “religião certa” é complexa. Fazendo uma analogia com a aritmética, é claro que para um determinado cálculo existe apenas uma resposta correta. Mas existem respostas que, ainda que não absolutamente corretas, aproximam-se muito desta resposta correta. Nem mesmo o cristianismo – como religião – pode vindicar a si a premissa de ser a resposta correta, pois o mais difundido dos seus apóstolos – Paulo – afirma que agora somente conhecemos em parte (I Coríntios 13:12). Ainda na analogia com a aritmética, esta é uma ciência exata; seria a religião uma “ciência exata”? Só para pensar um pouquinho...
Um parágrafo aparte: antes que alguém me xingue, não estou dizendo que Cristo não seja a resposta correta; creio que Cristo é o caminho, a verdade e a vida, como Ele mesmo afirma em João 14:6 e, portanto, Cristo é a resposta correta para a aritmética da nossa vida. Mas Cristo não fundou uma religião em si, o que Ele veio nos trazer transcende a religiosidade: Ele veio nos trazer a vida eterna! E quero dizer neste parágrafo aparte que, como cristão e como livre discípulo de Cristo, acredito que o cristianismo – enquanto religião – é a que mais se aproxima da resposta correta. O ser humano, com suas idiossincrasias, é que comete erros dentro do próprio cristianismo – e em outras religiões também – contribuindo para que o resultado não seja 100% correto. Mas somos imperfeitos e produzimos imperfeições, é a condição humana que nos compete. O consolo que temos é que Deus, por Sua graça – e se permanecemos n’Ele –, cobre as nossas imperfeições. Neste parágrafo, era isso. Ponto, nova linha.
Voltando à questão titular desta crônica, Jeremias percebeu, em meio a uma sociedade e a uma época particulares, que Deus é o Deus de toda a humanidade. De fato, Jeremias por si só não poderia perceber isso. Não era da cultura da sua época, não era uma profissão da fé hebraica, nem mesmo a percepção de Jeremias teve influência da religiosidade de povos vizinhos conterrâneos seus. Não. O que de fato houve é que Deus fez com que Jeremias percebesse e registrasse isso. Foi Deus que “disse” a Jeremias que Ele era – e é – o Deus de toda a humanidade. E, numa época em que a busca pelo relacionamento do ser humano com o Ser divino anda em tão grande crise, Deus nos “diz” de novo hoje que Ele é de toda a humanidade, independente da forma religiosa que as partes desta humanidade possui.
Deus é Deus e ponto; não há “raças de deuses”, nem “religiosidades de deuses”. O ser humano é o ser humano e ponto; não há “raças de seres humanos”, nem deveria haver “religiosidades humanas” que provocassem cismas entre os próprios humanos. Deus é Trino – Pai, Filho e Espírito Santo – e Uno ao mesmo tempo; é a unidade na diversidade. A humanidade é diversa, mas deveria ser una ao mesmo tempo; também deveria haver unidade na diversidade humana! É isso que Ele diz: há um só Deus para a humanidade e há uma só humanidade para Deus. Não há um ou outro “povo de Deus”; há uma “humanidade de Deus”. “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16).
Passados 26 séculos desde que Jeremias percebeu isso – e 20 desde que Cristo o confirmou –, que possamos perceber isso também!
No final do versículo citado no título, Deus pergunta: “Há alguma coisa difícil demais para mim?” Pergunto a mim mesmo: perceber a acessibilidade a Deus por e para todos os seres humanos é uma coisa difícil demais para mim?

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.

Saudações,

Kurt Hilbert
     UM LIVRE DISCÍPULO DE CRISTO

sábado, 11 de agosto de 2012

On-line com Deus


I Tessalonicenses 5:17

Orem continuamente.



Orem continuamente é uma orientação que o apóstolo Paulo dá à comunidade de Tessalônica. Orem continuamente é uma forma clara e simples de falar, entendível a todos. É um versículo minúsculo – um dos menores da Bíblia – mas de um conteúdo maiúsculo. Em traduções mais eruditas das Escrituras diz orai sem cessar. É o mesmo, mais poético, mas tem a mesma orientação.

Há algum tempo falava com meu amigo Claudiomiro – pastor em Gramado – sobre esse versículo. Como é possível orar continuamente, orar sem cessar? Orar é um ato consciente, deve ser feito com reverência, de coração; orar não é um repetir automático, quase ad infinitum, de algumas palavras. “Não usem vãs repetições”, ensinava Jesus (Mateus 6:7). Orar é um ato onde devemos estar presentes de corpo, mente e alma. Como, então, é possível orar sem cessar?

Não devemos esquecer que Paulo orientava com esse ensinamento não apenas a uma pessoa, mas a uma comunidade inteira. Bem, se formos pensar que uma comunidade inteira fique orando sem cessar, já nos parece mais factível, não é mesmo? Afinal, quando um indivíduo cessa de orar, o outro pode retomar a oração, e assim sucessivamente. Seria, sim, possível a uma comunidade orar em tempo integral. E, se pensarmos na grande comunidade cristã espalhada pelo terceiro planeta do sistema solar, fica ainda mais plausível orar sem cessar, 24 horas por dia. Afinal, enquanto aqui no Brasil dormimos, em outras partes do mundo – como no Japão, por exemplo – as pessoas estão em plena atividade, orando, inclusive. Concluímos, então, que orar sem cessar, continuamente, é possível para a humanidade.

Agora vamos inverter a questão. No parágrafo anterior falávamos que Paulo ensinava a uma comunidade inteira, não apenas a uma pessoa; e concluímos que uma comunidade inteira – pequena ou grande – pode orar sem cessar. Mas o ensinamento também vale para uma pessoa, um ser humano individual. Assim como a Escritura ensina que a comunidade cristã de Tessalônica, de Gramado, do Rio Grande do Sul, do Brasil e do mundo todo deve orar sem cessar, ela também ensina que o Kurt, o Claudiomiro, a Camila, a Bianca, cada um de nós, individualmente, oremos sem cessar. E agora? Como se faz isso?

 Seria bom se tivéssemos algum mecanismo, um botão de liga/desliga, um on/off, que nos conectasse a Deus. Talvez assim pudéssemos estar ligados n’Ele em tempo integral. Talvez assim pudéssemos orar sem cessar. A boa notícia é que nós temos esse mecanismo, esse botão. Aposto que, talvez, não tivéssemos nos dado conta disso. Mas nós temos esse botão mágico pelo qual, se estamos conscientes dele, podemos ficar on-line com Deus em tempo integral, e em banda larga. Esse botão é o Espírito Santo. Vamos ver como isso é possível.

A respeito do Espírito Santo, Jesus falava: “Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai que está nos céus dará o Espírito Santo a quem o pedir!” (Lucas 11:13). Jesus ensinava que, para termos em nós o Espírito Santo, basta pedir por ele! Se pedirmos para que tenhamos o Espírito Santo ativo em nós, full-time, Deus se encarregará de nos colocar diante da forma de como tornar isso possível. O Espírito Santo é o botão liga/desliga; e é o nosso dedo – o nosso querer – que o pode manter ligado sempre. Jesus também falava: “Mas o Conselheiro, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, lhes ensinará todas as coisas e lhes fará lembrar tudo o que eu lhes disser” (João 14:26). Ele nos faz lembrar tudo o que é necessário, no momento oportuno. E, se faz lembrar em nós e a nós o que é necessário, também faz lembrar – por assim dizer – em Deus e a Deus o que nós necessitamos. Chegamos agora ao ponto do estado on-line com Deus; veja como o Espírito Santo leva à presença de Deus nossas orações: Da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis (Romanos 8:26). Podemos ficar tranqüilos quanto a fórmulas de oração – as fórmulas não são necessárias. Não precisamos nem mesmo ser lá muito formais em nossas orações; podemos falar com Deus como falamos com nossos amigos, de forma simples e coloquial; podemos ter um bate-papo com Ele; podemos elevar um pensamento a Ele; podemos pedir que Ele sempre leve em consideração cada pensamento que tivermos durante o dia, cada e todo pensamento; cada pensamento, se quisermos, pode ser uma oração – e nós pensamos em tempo integral... Podemos, assim, orar sem cessar! Viu só?

Ainda: orar sem cessar é um ato contínuo – sem cessar – de demonstrar amor a Deus. Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam (Romanos 8:28).

Orar sem cessar é possível. Basta direcionar o pensamento a Deus. Pode ainda surgir uma dúvida: Direcionar os pensamentos conscientes a Deus, ok, entendi. Mas e os pensamentos inconscientes, aqueles que temos sem nos darmos conta que os temos? Como direcioná-los a Deus? É fácil: encomendando-os a Deus a cada início de dia. Falando em nossa primeira oração do dia – de maneira formal – que Ele receba como oração todos os nossos pensamentos. Pronto! Estão encomendados e direcionados a Deus. Nosso botão liga/desliga, on/off, estará então ligado, on em tempo integral, possibilitando orar sem cessar. Estaremos conectados on-line com Deus, e em modo wireless, sem necessidade de cabo consciente.

Uma última dica: monitore seus pensamentos para que sejam agradáveis a Deus – afinal, se estamos on-line via pensamento (oração) com Ele, pode escapar algum pensamento meio feinho, e não queremos isso, não é? Mas até para evitar simples pensamentos feinhos Deus nos dá uma dica: Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas (Filipenses 4:8). Patrulhemos os pensamentos, para ver se eles se enquadram nos adjetivos acima. Quando não, vamos redirecioná-los para que se enquadrem.

Essas orações feitas via pensamento em tempo integral, de forma ininterrupta e informal, não dispensam as orações chamadas formais, por assim dizer. É importantíssimo que não nos esqueçamos de fazer as orações formais – ao acordar, antes de dormir, em grupo, em família, na Igreja, as pessoais, onde tiramos um tempo reservado para isso. É o que Jesus ensinava quando dizia para “entrar no quarto, fechar a porta e orar” (Mateus 6:6). Uma coisa não substitui a outra, mas a complementa.

Uma parte de minha oração pessoal a cada manhã é assim: “Senhor, receba todos os meus pensamentos de hoje em oração. Perdoe aqueles que são contrários à Sua vontade; fortaleça os que são de acordo com a Sua vontade, para que estes sobrepujem os outros”.

Buenas, espero que tenha conseguido me fazer entender. Então, mãos à oração!

Ah, ia me esquecendo: podemos nos conectar também entre nós, irmãos e irmãs em Cristo, pela oração. Como? “... orem uns pelos outros...” (Tiago 5:16).

Então, até a próxima oração!  



Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.

Saudações,

Kurt Hilbert

UM LIVRE DISCÍPULO DE CRISTO