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domingo, 14 de abril de 2024

O Fim da Lei


Romanos 10:4

Porque o fim da Lei é Cristo, para a justificação de todo o que crê.

 

Cristo não veio revogar a Lei, mas cumpri-la, o que é dito em Suas próprias palavras: “Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir. Digo-lhes a verdade: Enquanto existirem céus e terra, de forma alguma desaparecerá da Lei a menor letra ou o menor traço, até que tudo se cumpra” (Mateus 5:17-18).

Aí você, que aqui lê, pergunta: Então, por que é dito o que é dito, nesta Palavra aos irmãos da Igreja em Roma, usada aqui como mote para este texto?

Para termos uma resposta mais clara a esta pergunta, temos que conhecer o contexto do que é dito.

Como pseudo-cumpridores da Lei de Moisés, os israelitas criam que podiam se autojustificar diante de Deus, e que a sua justificação não tinha a ver com a graça divina – um amor não merecido –, mas com seus próprios méritos.

Por isso, logo antes o apóstolo Paulo diz assim: Irmãos, o desejo do meu coração e a minha oração a Deus pelos israelitas é que eles sejam salvos. Posso testemunhar que eles têm zelo por Deus, mas o seu zelo não se baseia no conhecimento. Porquanto, ignorando a justiça que vem de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se submeteram à justiça de Deus (Romanos 10:1-3).

Aí entra esta Palavra: Porque o fim da Lei é Cristo, para a justificação de todo o que crê (Romanos 10:4).

E, logo em seguida a ela, ele segue: Moisés descreve desta forma a justiça que vem da Lei: “O homem que fizer estas coisas viverá por meio delas”. Mas a justiça que vem da fé diz: “Não diga em seu coração: ‘Quem subirá aos céus?’ (isto é, para fazer Cristo descer) ou ‘Quem descerá ao abismo?’” (isto é, para fazer Cristo subir dentre os mortos). Mas o que ela diz? “A palavra está perto de você; está em sua boca e em seu coração”, isto é, a palavra da fé que estamos proclamando: Se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo. Pois com o coração se crê para justiça, e com a boca se confessa para salvação (Romanos 10:5-10).

Dentro de um texto como esse que lhes escrevo, é comum as pessoas quererem “pular” os textos bíblicos que estão inseridos nele, especialmente quando estes textos são um pouco longos, como os acima. Mas são justamente estes textos que nos colocam no contexto do que é dito, e não se mal-iterpretam pontos isolados.

Pois bem, seguimos.

Cristo disse que não veio revogar a Lei, mas cumpri-la. E mais, Ele afirma que nenhuma letra ou traço dela desapareceriam sem esse cumprimento.

E agora? Como entender isso? Não é tão difícil, se lermos o Antigo Testamento tendo Jesus como chave de interpretação. Aliás, costumo dizer – e já disse isso em vários momentos – que Jesus deve ser a chave de interpretação para ler toda a Bíblia, e para ler a vida de uma forma geral.

Vamos avançar no nosso entendimento: a Lei do Antigo Testamento, conhecida também como a Lei de Moisés, desdobrava-se em mais de seiscentos decretos, mandamentos e ordenanças, e era baseada nos célebres “dez mandamentos” do monte Sinai. Continha também algumas orientações do “código de Hamurabi” e decretos egípcios, pois não podemos esquecer que Moisés havia sido ensinado na cultura egípcia. Essa Lei de Moisés tinha como finalidade regulamentar questões religiosas, políticas e sociais do povo israelita.

Esta Lei nunca foi cumprida a contento – por isso eu disse acima que os israelitas eram pseudo-cumpridores da Lei –, pois, por desobediência a ela, eles caíram em desgraças as mais variadas.

 Agora vem um ponto importante a ser observado: essa Lei e suas variantes, como os livros dos Profetas, os Salmos, os Provérbios e outros livros do Antigo Testamento, tinham, em conjunto, uma finalidade muito mais nobre e elevada: apontar para o surgimento do Cristo!

Este era, em instância maior, o fim (ou finalidade) da Lei!

Então, sim, o fim e finalidade da Lei é Cristo!

Cristo é o fim (finalidade) da Lei, e é também o fim (fim mesmo, de final) da mesma Lei!

Sim, porque em Cristo, o antigo pacto, a antiga aliança, o Antigo Testamento, finalizam, e se inicia um novo pacto, uma nova aliança, um Novo Testamento.

E este é o “para” da Palavra aqui: o fim da Lei é Cristo, para a justificação de todo o que crê.

Assim como a antiga aliança (a da Lei) não podia em si mesma justificar (tornar justo) alguém, a nova aliança (a de Cristo) pode justificar (fazer justo) alguém por um único meio: a fé do que crê!

Ainda, como exemplo objetivo, vale ressaltar aqui o que o profeta Isaías escrevia a respeito d’Ele sete séculos antes:

(Sim, eu sei, é um pouco longa a citação bíblica que segue, mas leia, por favor!)

Quem creu em nossa mensagem? E a quem foi revelado o braço do SENHOR? Ele cresceu diante dele como um broto tenro, e como uma raiz saída de uma terra seca. Ele não tinha qualquer beleza ou majestade que nos atraísse, nada havia em sua aparência para que o desejássemos. Foi desprezado e rejeitado pelos homens, um homem de dores e experimentado no sofrimento. Como alguém de quem os homens escondem o rosto, foi desprezado, e nós não o tínhamos em estima. Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas doenças; contudo nós o consideramos castigado por Deus, por Deus atingido e afligido. Mas ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniquidades; o castigo que nos trouxe a paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados. Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho; e o SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós. Ele foi oprimido e afligido; e, contudo, não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado para o matadouro, e como uma ovelha que diante de seus tosquiadores fica calada, ele não abriu a sua boca. Com julgamento opressivo ele foi levado. E quem pode falar dos seus descendentes? Pois ele foi eliminado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo ele foi golpeado. Foi-lhe dado um túmulo com os ímpios, e com os ricos em sua morte, embora não tivesse cometido nenhuma violência nem houvesse nenhuma mentira em sua boca. Contudo, foi vontade do SENHOR esmagá-lo e fazê-lo sofrer, e, embora o SENHOR tenha feito da vida dele uma oferta pela culpa, ele verá sua prole e prolongará seus dias, e a vontade do SENHOR prosperará em sua mão. Depois do sofrimento de sua alma, ele verá a luz e ficará satisfeito; pelo seu conhecimento meu servo justo justificará a muitos, e levará a iniquidade deles. Por isso eu lhe darei uma porção entre os grandes, e ele dividirá os despojos com os fortes, porquanto ele derramou sua vida até a morte, e foi contado entre os transgressores. Pois ele levou o pecado de muitos, e pelos transgressores intercedeu (Isaías 53:1-12).

E, depois, o evangelista Mateus faz referência a este profeta, confirmando o que ele dissera: E assim se cumpriu o que fora dito pelo profeta Isaías: “Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas doenças (Mateus 8:17).

Então, mais uma vez, fica claro: Cristo é o cumprimento!

 

É isso. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem!

Saudações,

Kurt Hilbert

domingo, 7 de abril de 2024

143 – Israel Reclama um Rei (1º Samuel 8 – 10)


Quando1(versículo de Samuel 8) envelheceu, Samuel nomeou seus filhos como líderes de Israel. Mas3 os filhos dele não andaram em seus caminhos. Eles se tornaram gananciosos, aceitaram suborno e perverteram a justiça.

Por4 isso, todas as autoridades de Israel reuniram-se e foram falar com Samuel, em Ramá. E5 disseram-lhe: “Tu já estás idoso, e teus filhos não andam em teus caminhos; escolhe agora um rei para que nos lidere, à semelhança das outras nações”.

Quando6, porém, disseram: “Dá-nos um rei para que nos lidere”, isto desagradou a Samuel; então ele orou ao SENHOR. E7 o SENHOR lhe respondeu: “Atenda a tudo o que o povo está lhe pedindo; não foi a você que rejeitaram; foi a mim que rejeitaram como rei I”.

Samuel disse aos anciãos que um rei tornaria a vida deles mais difícil, mas não quiseram escutá-lo.

Depois21 de ter ouvido tudo o que o povo disse, Samuel o repetiu perante o SENHOR. E22 o SENHOR respondeu: “Atenda-os e dê-lhes um rei”. 

Havia1(versículo de Samuel 9) um homem de Benjamim II, rico e influente, chamado Quis, filho de Abiel, neto de Zeror, bisneto de Becorate e trineto de Afia. Ele2 tinha um filho chamado Saul, jovem de boa aparência, sem igual entre os israelitas; os mais altos batiam nos seus ombros.

E3 aconteceu que jumentas de Quis, pai de Saul, extraviaram-se. E ele disse a Saul: “Chame um dos servos e vá procurar as jumentas”.

Saul procurou em vários distritos, mas não encontrou as jumentas. Quando estava para voltar para casa, o servo falou sobre o profeta Samuel, que talvez pudesse ajudá-los. Pediram orientação e, ao chegarem à cidade do profeta, Samuel estava vindo ao encontro deles.

No15 dia anterior à chegada de Saul, o SENHOR havia revelado isto a Samuel: “Amanhã16, por volta desta hora, enviarei a você um homem da terra de Benjamim. Unja-o como líder sobre meu povo Israel; ele libertará o meu povo das mãos dos filisteus. Atentei para o meu povo, pois seu clamor chegou a mim”.

Quando17 Samuel viu Saul, o SENHOR lhe disse: “Este é o homem de quem lhe falei; ele governará o meu povo”.

Saul18 aproximou-se de Samuel na entrada da cidade e lhe perguntou: “Por favor, pode me dizer onde é a casa do vidente?”

Respondeu19 Samuel: “Eu sou o vidente”.

Enquanto27 desciam para a saída da cidade, Samuel disse a Saul: “Diga ao servo que vá na frente”. O servo foi. Samuel prosseguiu: “Fique você aqui um instante, para que eu lhe dê uma mensagem da parte de Deus”.

 Então1(versículo de Samuel 10) Samuel apanhou um jarro de óleo, derramou-o sobre a cabeça de Saul e o beijou, dizendo: “O SENHOR o tem ungido III como líder da herança dele IV”.

Samuel17 convocou o povo de Israel ao SENHOR, em Mispá, e18 lhes disse: “Assim diz o SENHOR, o Deus de Israel: ‘Eu tirei Israel do Egito, e libertei vocês do poder do Egito e de todos os reinos que os oprimiam’. Mas19 vocês agora rejeitaram o Deus que os salva de todas as suas desgraças e angústias. E disseram: ‘Não! Escolhe um rei para nós’. Por isso, agora, apresentem-se perante o SENHOR, de acordo com as suas tribos e clãs”.

Tendo20 Samuel feito todas as tribos de Israel se aproximarem, a de Benjamim foi escolhida. Então21 fez ir à frente a tribo de Benjamim, clã por clã, e o clã de Matri foi escolhido. Finalmente foi escolhido Saul, filho de Quis. Quando, porém, o procuraram, ele não foi encontrado.

Então22 consultaram novamente o SENHOR: “Ele já chegou?”

E o SENHOR disse: “Sim, ele está escondido no meio da bagagem”.

Então23 correram e o tiraram de lá. Quando ficou de pé no meio do povo; os mais altos do povo batiam-lhe nos ombros. E24 Samuel disse a todos: “Vocês veem o homem que o SENHOR escolheu? Não há ninguém como ele entre todo o povo”.

Então todos gritaram: “Viva o rei!”

 

v     Para entender a história

A exigência de Israel por um rei equivale à rejeição da liderança de Deus. A forma de governo não era para ser uma monarquia, onde um rei reina, mas uma teocracia, onde Deus reina. Mesmo assim, Deus atende ao pedido e providencia um líder nacional para os israelitas, que unirá as tribos e os libertará de seus inimigos.

 

v     Curiosidades

                                      I.     Foi a mim que rejeitaram como rei – A aliança que Deus fez com Israel, por intermédio de seu servo Moisés, foi formulada da mesma maneira que os tratados do antigo Oriente Médio eram feitos entre reis e vassalos. Deus era o rei de Israel. Moisés e Josué governaram Israel, mas a autoridade deles vinha de Deus. Na época dos Juízes, a liderança tornou-se mais regional.

                                   II.      “Um homem de Benjamim” – Benjamim foi o mais novo dos doze filhos de Jacó e o único irmão consanguíneo de José. Nos tempos de Samuel, Benjamim era a menor das tribos de Israel. Foi praticamente dizimada pelo restante de Israel, depois que os benjamitas deixaram de castigar um brutal caso de estupro. Os seiscentos homens que sobreviveram foram dados a viúvas de outras tribos (Juízes caps. 19 – 21).

                                III.     “O tem ungido” – Ungir pessoas ou objetos com óleo os consagrava a Deus. Jacó ungiu a pedra em Betel (Gênesis 35:14), e Arão foi ungido como o primeiro sacerdote de Israel (Êxodo 30:30). A unção de Saul significa a sua ordenação por Deus para governar Israel. Os reis de Israel eram conhecidos como “ungidos pelo Senhor”.

                                IV.     “Líder da herança dele” – Samuel usa a palavra “líder”, em vez de “rei”. A implicação é que somente Deus pode ser rei sobre Israel. Os israelitas – e a terra em que vivem – pertencem a Deus. A monarquia de Israel não será igual às de outras nações. Saul governará como representante terreno de Deus.


                    Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

sábado, 30 de março de 2024

História da Páscoa



Páscoa é uma das mais importantes festividades do calendário cristão. Essa data comemorativa originou-se com os judeus e teve seu sentido ressignificado após a crucificação de Cristo. Algumas características da Páscoa moderna também possuem elementos herdados de povos pagãos. A Páscoa é uma celebração de data móvel, e o seu significado mais conhecido – o cristão – relembra a crucificação e ressurreição de Cristo. A palavra “Páscoa” no idioma português deriva dos termos em três idiomas: “Pessach”, no hebraico, “Pascha”, no latim, e “Paskha”, no grego.

 

Páscoa Judaica

A Páscoa comemorada pelos judeus possui um sentido completamente distinto daquele assumido na comemoração cristã. A Páscoa judaica é chamada de “Pessach” (que significa “passagem”, no hebraico) e comemora a libertação dos hebreus da escravidão no Egito. Essa festa judaica era comemorada tradicionalmente próximo ao período em que se inicia a primavera no hemisfério norte.

A realização dessa festa na tradição judaica aconteceu por uma ordem expressa de Deus a Moisés, que a repassou para o povo hebreu. A descrição da forma como a comemoração deveria ser realizada e todo o seu contexto estão no livro bíblico de Êxodo. De qualquer forma, essa festa faz menção à passagem do anjo da morte pelo Egito durante a execução da décima praga, que foi responsável pela dizimação de todos os primogênitos daquela terra.

 

Páscoa Cristã

Apesar de sua derivação da comemoração judaica, o sentido da Páscoa cristã é diferente, pois relembra os atos da crucificaçãomorte e ressurreição de Cristo. A ressurreição de Cristo é, inclusive, um dos pilares da fé cristã e, por isso, a Páscoa é uma festividade tão importante para os cristãos.

Dentro da tradição cristã, Cristo é visto como o Cordeiro de Deus que foi enviado com a missão de se oferecer em sacrifício para salvar a humanidade dos pecados. Depois de ter sido crucificado e morto, Cristo ressuscitou após três dias. Todos esses eventos teriam ocorrido durante a realização da Páscoa judaica (comemorada durante sete dias), o que criou um paralelo entre as duas comemorações.

Na comemoração da tradição cristã, a Páscoa encerra o período da Quaresma, que é marcado por jejuns e no qual muitos fazem votos. A última semana desse período é conhecida como Semana Santa e inicia-se com o Domingo de Ramos, que relembra a entrada triunfal de Cristo em Jerusalém.

 Os dias finais da Semana Santa são a “última ceia”, que aconteceu na quinta-feira santa; a crucificação e morte de Cristo acontece na sexta-feira santa, e a ressurreição de Cristo aconteceu no Domingo de Páscoa.

A data de comemoração da Páscoa, como todos sabem, é uma data móvel e pode acontecer entre o período de 22 de março e 25 de abril. A determinação da Páscoa como comemoração em data móvel foi estipulada durante o Concílio de Niceia, organizado em 325 d.C. Ali se estabeleceu que a Páscoa aconteceria no primeiro domingo após a lua cheia do equinócio da primavera (baseado no hemisfério norte).

 

Outras influências na Páscoa moderna

Além da tradição judaica e cristã, a Páscoa moderna agregou elementos de outras culturas não cristãs, isto é, pagãs. Esse processo aconteceu, sobretudo, a partir da cristianização dos povos germânicos na Europa. Os historiadores afirmam que, durante esse processo, uma série de elementos das culturas desses povos foi sendo apropriada pelo cristianismo.

No caso da Páscoa, existem historiadores que estabelecem uma conexão entre essa festividade no norte da Europa e o culto a uma deusa germânica chamada Eostern. Os termos em alemão e inglês para Páscoa muito provavelmente têm origem nesse culto. Em alemão, o termo para Páscoa é Ostern; em inglês, o termo para Páscoa é Easter.

Alguns historiadores relatam que durante o equinócio da primavera, ou seja, próximo da época em que os cristãos comemoravam a Páscoa, povos germânicos realizavam festividades em homenagem à deusa Eostern, o que criou um paralelo entre as comemorações nessas localidades do hemisfério norte.

Outros símbolos tradicionais da Páscoa moderna – o coelho e os ovos – também são atribuídos a influências pagãs. Acredita-se que coelhos e ovos eram tradicionais símbolos que representavam a fertilidade para diferentes povos e, à medida que esses povos foram sendo cristianizados, esses símbolos foram sendo agregados à comemoração cristã.

 

Fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/pascoa/historia-pascoa.htm

domingo, 24 de março de 2024

Os Ramos


João 12:12-13

No dia seguinte, a grande multidão que tinha vindo para a festa ouviu falar que Jesus estava chegando a Jerusalém. Pegaram ramos de palmeiras e saíram ao seu encontro, gritando: “Hosana!” “Bendito é o que vem em nome do Senhor!” “Bendito é o Rei de Israel!”

 

A cena é esta: Jesus estava entrando em Jerusalém, montado em um jumentinho, e aquela seria a última semana de Sua vida como mortal na terra.

A população havia ouvido a respeito da ressurreição de Lázaro, que Ele promovera, bem como acerca de outros milagres d’Ele, e estava muito curiosa com tudo isso, ansiando vê-Lo.

Muitos judeus se reuniam naquela semana em Jerusalém, vindos de várias regiões, e mesmo de outras nações, onde residiam, pois era a semana que antecedia a comemoração da Páscoa judaica – onde o povo relembrava da saída/êxodo do Egito, conduzidos que foram por Moisés. Esta era uma tradição de séculos já, e era celebrada todos os anos.

Pois bem. Lá estava Jesus, entrando na cidade, acompanhado de Seus discípulos e mais uma multidão de gente. Na antiguidade, no Oriente Médio, quando um rei adentrava uma cidade, era costume ele ser recebido com honrarias especiais, e estenderem-se ramos e mantos pelo chão do caminho que trilhava era uma dessas honrarias. Dá para imaginar o alvoroço que isso tudo causou, especialmente entre os religiosos do Templo, sempre zelosos pelas tradições.

E o povo, além destas honrarias, também prestava saudações.

“Hosana!”, gritavam eles, uma expressão hebraica de louvor que significa “Salve!”, relembrando o Salmo 118:25.

“Bendito é o que vem em nome do Senhor!”, era outro grito da multidão, relembrando a expressão também constante no Salmo 118:26.

Ainda, o povo dava a Jesus de Nazaré uma saudação dedicada à realeza: “Bendito é o Rei de Israel!”

De forma simbólica, aquele pregador de Nazaré estava sendo recebido em Jerusalém como se fosse um rei.

Pois é. Durma-se com um barulho desses! – especialmente na mente dos religiosos, que já tramavam formas de se livrarem desse incômodo “mestre popular”.

Bem, depois conhecemos a história e o desenrolar daquela semana, que culminaria com a crucificação e a ressurreição.

Hoje, quero me ater a esta entrada triunfal de Jesus de Nazaré em Jerusalém, e me ocorrem algumas perguntas: Qual o motivo daquela agitação popular toda? Eles de fato sabiam Quem Ele era? O que eles esperavam d’Ele? Mais milagres? Surpresas? Que Ele promovesse a libertação de Israel das mãos dos romanos?

Das seis perguntas acima, tenho minhas percepções a respeito, a saber: Para a primeira, a resposta é “variada”, pois uma agitação popular quase nunca tem um motivo único. Para a segunda, creio que “não sabiam” de fato. Para a terceira, também há “várias possibilidades” de expectativa, pois sobre Ele ouviram muitas histórias. Para a quarta, “sim”, seguramente os milagres eram também uma grande expectativa. Para a quinta pergunta, a resposta é “sim” também, pois Jesus costumava surpreender por Seus ensinamentos e Suas atitudes. A para a última pergunta, creio que “sim” também é a resposta, pois muitos esperavam d’Ele algum ato sobrenatural que corresse com os romanos dali – inclusive creio que Judas, o discípulo que O traiu, esperava isso também.

E, agora, chegamos a nós, a mim que escrevo este texto e a você que o lê.

Em Jesus adentrando nossas vidas diariamente, o que esperamos d’Ele? Como O recebemos? Ficamos “agitados” com a Sua presença ou ela passa despercebida? Sabemos de fato Quem Ele É? O que esperamos d’Ele? Milagres? Surpresas? O que esperamos que Ele promova em nossa vida?

Tenho cá minhas respostas pessoais.

E convido a você a pensar sobre as suas.

Vamos refletir nisso nesta semana, uma semana que traz recordações tão importantes a quem tem em Jesus o seu Mestre e Senhor!

 

É isso. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem!

Saudações,

Kurt Hilbert

domingo, 17 de março de 2024

142 – Israel Governada Por Reis


 

O povo de Israel estava insatisfeito com a sua liderança, que havia passado do profeta Samuel para seus filhos. Por essa época, também sofria repetidos ataques dos filisteus, os seus antigos inimigos (cerca de 1100 a.C.). Numa tentativa de unir os grupos tribais contra os filisteus, os anciãos israelitas passaram a exigir um rei. Apesar dos alertas de Samuel com relação à taxação e recrutamento, o povo de Israel decidiu tornar-se uma nação sob o governo de Saul, o primeiro rei de Israel. O reinado atingiu o auge durante a época do rei Salomão, quando se transformou num enorme império comercial.

 

Os primeiros reis

Samuel desempenhou um importante papel no estabelecimento da monarquia. Ajudou a escolher os dois primeiros reis, Saul (cerca de 1050 – 1010 a.C.) e Davi (cerca de 1010 – 970 a.C.), que reinaram, cada um, por volta de quarenta anos. Davi escolheu o filho Salomão para ser o terceiro rei de Israel. Ele também reinou durante quarenta anos (cerca de 970 – 930 a.C.).

 

A unção de reis

Os israelitas costumavam ungir os seus sacerdotes, o que consistia em esfregar um óleo sagrado (*) na pele deles. Esse ato simbolizava a consagração a Deus, para o ofício religioso. A partir da época de Samuel, também ungiam os seus reis. Essa prática indicava que os reis não eram escolhidos pelo povo, mas por Deus.

A unção também significava a fidelidade de um rei a Deus e sua dedicação ao povo de Israel. O rei de Israel passou a ser conhecido como o “messias”, termo hebraico para o “ungido”. A palavra grega para “messias” é “christos”, da qual derivou “Cristo”.

 

O reinado de Saul

Saul pertencia à tribo de Benjamim, a menor das doze tribos de Israel. Os benjamitas ocupavam a terra entre Efraim, ao norte, e Judá, ao sul. Saul foi, portanto, uma boa opção de rei para um Israel unido, pois agradaria tanto às tribos do norte quanto às do sul.

 

Saul, o soldado

Saul era um excelente líder militar. Das diferentes tribos de Israel, ele formou um único exército, que, embora tivesse armamento inferior, combateu com sucesso os amonitas e os filisteus. Entretanto, as vitórias de Saul merecem apenas uma breve menção na Bíblia. Por outro lado, ele é duramente criticado por sua desobediência a Deus (1º Samuel, caps. 13 – 15). Deus o rejeitou, o que fez com que ele se tornasse cada vez mais desconfiado e enciumado, principalmente de Davi, que o servia em seu palácio. Saul perdeu muito tempo perseguindo Davi, e a nação de Israel sofreu com isso. Nos anos finais de seu reinado, ele via Davi como uma ameaça ao seu poder.

 

O reinado de Davi

Após a morte de Saul, Davi foi ungido como rei pelos seus conterrâneos da tribo de Judá. Ele herdou, porém, um reino dividido. Isbaal, um dos filhos de Saul, foi proclamado rei das tribos do norte de Israel, por Abner, o comandante do exército de Saul. Isbaal acabou sendo morto, e Davi foi ungido pelas tribos do norte.

 

Conquistas militares de Davi

Davi foi um soldado corajoso e um general habilidoso. Subjugou nações vizinhas de todos os lados. Derrotou os amonitas, os moabitas e os edomitas no leste; os filisteus, no oeste e os sírios (armênios) no norte. O declínio do Egito e o poder enfraquecido de outras grandes civilizações permitiram que Davi fizesse alianças bem-sucedidas, para garantir as suas fronteiras do Nilo ao Eufrates.

 

Davi conquista Jerusalém

Davi tomou dos jebuseus a antiga cidade de Jerusalém e a tornou o centro religioso e político do seu reinado. Sua localização era ideal, instalada bem no centro, entre as tribos do norte e do sul de Israel. A antiga capital israelita era Hebron, que ficava muito ao sul. Jerusalém também estava convenientemente situada num planalto e era densamente fortificada. Davi instalou a Arca da Aliança (contendo as Leis de Moisés) em sua nova capital.

 

Oposição a Davi

Davi transformou a sociedade tribal israelita em um estado centralizado. Também aumentou os impostos para pagar as suas campanhas militares e projetos de construção. Isso provocou muita hostilidade entre as tribos israelitas, que não sentiram os benefícios de suas reformas. Uma revolta foi liderada por Seba, um benjamita que pretendia dividir o reino e destruir a monarquia. Mas Davi derrotou os revoltosos em Abel-Bet-Maaca.

O reinado de Davi também foi obscurecido por problemas dentro de sua família. Absalão, um de seus filhos, tentou tomar o trono, e Davi foi forçado a fugir de Jerusalém. Esses problemas internos sublinharam a instabilidade da monarquia dessa época.

 

O reinado de Salomão

Davi indicou o filho Salomão para sucedê-lo. O seu reinado foi pacífico e ele expandiu o reino através de tratados assinados com outras nações. Salomão, entretanto, tinha tendência a ser ditatorial, e as pessoas o viam como um soberano opressor. Salomão propiciou grade riqueza e prestígio ao seu reino. Também se destacou por sua sabedoria e erudição. Muitos dos textos de Salomão fazem parte da Bíblia. Formou uma coletânea de provérbios, poemas de amor e salmos.

 

O comércio de Salomão

Salomão iniciou um sistema de acordos comerciais com países vizinhos. Algumas operações comerciais eram realizadas por terra, utilizando caravanas de camelos, mas a maior parte era feita por mar. Ele construiu uma enorme frota de navios, com a ajuda do rei Hirão, de Tiro. As operações comerciais de Salomão o levaram a entrar em contato com a rainha de Sabá (1º Reis 10:1-3).

 

Salomão, o construtor

Não houve guerras durante o reinado de Salomão, o que lhe facilitou a execução de grandes projetos arquitetônicos. O seu palácio, uma série de cinco estruturas, levou treze anos para ser concluído. Construiu cidades-entrepostos e fortalezas para proteger o reino, como as de Hasor, Megido e Geser. Salomão usou escravos estrangeiros como mão-de-obra para esses projetos. Também recrutou israelitas para recolherem materiais de construção no Líbano.

 

O Templo de Jerusalém

O Templo foi o mais importante dos projetos arquitetônicos de Salomão. Hoje em dia, nada resta desse prédio magnífico, mas o livro dos Reis o descreve em grades detalhes (1º Reis, cap. 6). Era dividido em três setores principais: o Santo dos Santos, o Recinto Sagrado e os Átrios Externos. Seu desenho era semelhante ao do Tabernáculo (o santuário portátil dos israelitas). Salomão foi ajudado por Hirão-Abi, um habilidoso artífice de Tiro.

 

(*) Óleos de unção: O Antigo Testamento fornece instruções detalhadas para se fazer o óleo especial de unção (Êxodo 30:22-33). Os ingredientes eram mirra líquida, canela, cana aromática e cássia, que deviam ser misturadas com azeite de oliva puro.

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS. 

domingo, 10 de março de 2024

Meu Amigo Jesus de Nazaré


João 15:14

“Vocês serão meus amigos, se fizerem o que eu lhes ordeno”.

 

Jesus chamou Seus discípulos de amigos. Ainda que Ele fosse Senhor sobre eles, Ele agora preferia uma relação mais próxima, de amigos: Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido” (João 15:15).

Ele preferia Se aproximar muito mais deles, tendo mais que uma relação de um senhorio sobre sua vassalagem, ou um mestrado sobre seu discipulado – Ele preferia fazê-los amigos de Deus!

Alguns sinais claros disso Ele já dava em Sua conversa com eles, por declarações do tipo: “Como o Pai me amou, assim eu os amei; permaneçam no meu amor. Se vocês obedecerem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como tenho obedecido aos mandamentos de meu Pai e em seu amor permaneço (João 15:9-10). “Tenho lhes dito estas palavras para que a minha alegria esteja em vocês e a alegria de vocês seja completa (João 15:11) Vocês não me escolheram, mas eu os escolhi para irem e darem fruto, fruto que permaneça, a fim de que o Pai lhes conceda o que pedirem em meu nome (João 15:16).

Costumo dizer que, nas Escrituras, Deus vai Se apresentando de forma cada vez mais próxima do ser humano, conforme a consciência deste vai evoluindo: Ele Se apresenta como Deus, como Criador, como SENHOR, como Salvador, como Pai, como Irmão e como Amigo. Em Jesus de Nazaré, estas designações ganham seu significado mais amplo!

Mesmo em hierarquias humanas, onde existe uma distância de organograma entre superior e subordinado, quando há amizade entre eles, esta distância tende a diminuir consideravelmente e, em alguns casos, mesmo desaparecer. Permanece, sim, a subordinação e a obediência cabíveis, mas não há o “peso” do “maior” sobre o “menor”. Há, sim, uma paridade consentida do superior em relação ao subordinado.

Ora, se nas hierarquias humanas já pode ser assim, quanto mais será na “hierarquia” divina, onde só Cristo é o Senhor – e tem o senhorio –, e os demais são tão-somente irmãos!

E a iniciativa da paridade é d’Ele – e só poderia partir d’Ele!

Essa paridade classifica a nossa relação com Cristo como uma relação de amigos. Continuamos sabendo que Ele é o Senhor e o Mestre, e Ele sabe que nós somos os servos e os discípulos, mas nossa abordagem agora é de amigos: Ele é nosso amigo e nós somos amigos d’Ele! Isso é único!

Até nossa condição de discípulos é potencializada por esta relação agora tão próxima com o Mestre: “O discípulo não está acima do seu mestre, nem o servo acima do seu senhor. Basta ao discípulo ser como o seu mestre, e ao servo, como o seu senhor” (Mateus 10:24-25).

Note que, nesta Palavra, Jesus fala que o discípulo é “como” o seu mestre, e o servo é “como” o seu senhor. Ora, isso só pode partir de um Amigo!

Há, no entanto, uma condicional para sermos amigos de Jesus, há um “se”.

Veja: com relação ao amor que Deus tem para conosco, não há nenhuma condicional – pois Seu amor é incondicional – mas para termos uma “amizade” com Ele, há, sim, uma condicional, há, sim, um “se”.

Ele diz que seremos Seus amigos “se” fizermos o que Ele nos ordena, lembra? “Vocês serão meus amigos, se fizerem o que eu lhes ordeno”.

E que ordenação é esta? Este é o meu mandamento: Amem-se uns aos outros (João 15:17).

Assim, a condição que Ele nos coloca para sermos Seus amigos é esta: o amor fraterno!

Somos Seus amigos se somos amigos dos demais irmãos humanos!

Para isso, claro, precisamos de disposição. Precisamos deixar de lado o orgulho. Precisamos de empatia, colocarmo-nos no lugar do outro. Precisamos de perdão: perdoar e aceitarmos perdão. Precisamos querer!

Em suma, é isso que precisamos: querer.

Lembro também do que Ele fala sobre o “querer”: Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me (Lucas 9:23).

E aí? Você quer esta amizade?

 

É isso. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem!

Saudações,

Kurt Hilbert