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terça-feira, 29 de maio de 2012

Judeu Para Judeus, Grego Para Gregos

1º Coríntios 9:20-23
Tornei-me judeu para os judeus, a fim de ganhar os judeus. Para os que estão debaixo da Lei, tornei-me como se estivesse sujeito à Lei (embora eu mesmo não esteja debaixo da Lei), a fim de ganhar os que estão debaixo da Lei. Para os que estão sem lei, tornei-me como que sem lei (embora não esteja livre da lei de Deus, e sim sob a lei de Cristo), a fim de ganhar os que não têm a Lei. Para os fracos tornei-me fraco, para ganhar os fracos. Tornei-me tudo para com todos, para de alguma forma salvar alguns. Faço tudo isso por causa do evangelho, para ser co-participante dele.

Dia desses, li um relato de uma pessoa que, nos corredores da faculdade onde estudava, via sempre alguém pregando o evangelho incansavelmente. Chamava-lhe a atenção a forma como este pregador pregava, com entusiasmo, de forma efusiva, apaixonada, incansável. Depois de muitos meses deparando-se com a constância dessas pregações, não resistiu e foi perguntar a esse homem: “Quantos você já conseguiu converter com as suas pregações?” “Ninguém”, respondeu o homem. E concluiu: “Mas isso não importa; importa é que estou fazendo a minha parte”.
Aquele pregador estava seguro de que estava fazendo a sua parte; saber disso lhe bastava. Certamente o fazia com dedicação e com sincera devoção. Mas ele se esqueceu da coisa mais importante: a “mensagem” não chegava a nenhum destinatário. E a sua pregação, ainda que sincera e devota, era inútil. Mas como, se todos, inclusive o relator do caso, o viam, o ouviam e podiam perceber sua incansável tarefa? Como a mensagem não chegava? A resposta é simples: a mensagem não chegava, pois o pregador não tinha a menor idéia com quem ele falava. E, como ele não sabia quem era o receptor da mensagem, ele não tinha como adequar a mensagem para que ela chegasse.
Para que uma palavra seja ouvida, não basta apenas falá-la, pois todo aquele que não é deficiente auditivo é capaz de escutar a vibração das moléculas do ar provocando o som, pela vibração das cordas vocais de alguém; se o código da mensagem, ou seja, as palavras, forem no seu idioma, então não há dúvida de que ele escutou a mensagem, certo? Aí é que está: nem sempre. O receptor pode ter escutado a palavra, mas para que ele “dê ouvidos” a ela, ela deve fazer algum sentido, deve despertar o interesse, deve dizer-lhe algo com o que ele se identifica. O emissor de uma mensagem só terá êxito, se tiver ciência de que a mensagem faz sentido ou promove identificação com o receptor. Aí deixará de ser uma palavra codificada e passará a ser verdadeiramente uma mensagem. Aí a mensagem chegou e foi recebida.
O apóstolo Paulo sabia disso. Na passagem citada no início deste texto, ele fala exatamente disso. Paulo tratava primeiro de identificar-se com as pessoas a quem ele desejava pregar. Ele como que se tornava uma delas, criava empatia, procurava saber o que elas entendiam e como entendiam.
Jesus fazia isso também. Mas Ele tinha uma vantagem sobre Paulo e sobre todos nós, demais mortais: Jesus tinha o dom de perceber, de saber o que as pessoas pensavam e sabiam. Como Ele fazia isso? Não sei ao certo; muito provavelmente, penso, era um dom divino despertado pelo Santo Espírito. Mas sei que funcionava. Cristo era capaz de desnudar os corações, de perceber, de revelar sentimentos e pensamentos: “... de modo que o pensamento de muitos corações será revelado...” (Lucas 2:35). Assim, Ele sabia o que dizer e como dizer, pois sabia como estava a alma do receptor da Sua mensagem.
Mas como nem Paulo, nem você e nem eu temos esse dom do Cristo, como podemos fazer? O que fazer para que possamos saber o que e como dizer? É simples de novo: perguntando. Antes de simplesmente sairmos a pregar e pregar, como o rapaz do corredor da universidade, é preciso fazer algumas perguntas. É preciso que conheçamos as pessoas a quem desejamos transmitir uma mensagem da doutrina de Cristo. Primeiro, é preciso termos certeza de que a pessoa quer ouvir, se ela permite que lhe falemos. Uma vez conseguida essa permissão, precisamos descobrir no que ela acredita – se é que acredita – e como ela entende, por sua experiência de vida, a Palavra de Deus. Em outras palavras, precisamos descobrir em que nível ela está, para colocarmos uma palavra que faça sentido. Usando um exemplo simples: não adianta querer falar de “quantas” e de “dobras temporais” a uma criança de dez anos, que acha que Física Quântica quer dizer quanta física ela deve fazer nas aulas de Educação Física que a professora Eunice dá. Assim como não adianta querermos ensinar “tabela periódica dos elementos” a alguém que já está fazendo pós-graduação em Química, pois disso ele já sabe. Saberemos em que nível está a pessoa, perguntando. Não tem outro jeito. Agindo assim, de certa forma estamos nos tornando como a outra pessoa, criando empatia e abrindo as portas. Estamos sendo judeus para judeus, gregos para gregos, para que, juntos, possamos ser cristãos para cristãos.
É isso que Paulo nos ensina quando diz: Tornei-me judeu para os judeus... Para os que estão sem lei, tornei-me como que sem lei... Para os fracos tornei-me fraco... Tornei-me tudo para com todos”. Fazendo isso, ele lhes pregava de acordo com a base que eles já tinham – ou não tinham. Ele conseguia, assim, fazer com que a mensagem do evangelho fosse recebida e entendida.
Ainda: é sempre importante que, antes de falarmos a alguém sobre a Palavra do Senhor, oremos para pedirmos que Ele abençoe nosso ativar.
Muito obrigado pelo privilégio que você me concede de poder compartilhar a Palavra!

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
Saudações,
Kurt Hilbert
UM LIVRE DISCÍPULO DE CRISTO

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Efeito Dominó


2º Pedro 1:5-9
Por isso mesmo, empenhem-se para acrescentar à sua fé a virtude; à virtude o conhecimento; ao conhecimento o domínio próprio; ao domínio próprio a perseverança; à perseverança a piedade; à piedade a fraternidade; e à fraternidade o amor. Porque, se essas qualidades existirem e estiverem crescendo em suas vidas, elas impedirão que vocês, no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo, sejam inoperantes e improdutivos. Todavia, se alguém não as tem, está cego, só vê o que está perto, esquecendo-se da purificação dos seus antigos pecados.

Gostaria de partilhar com todos uma reflexão sobre essa passagem das Escrituras. Pedro é muito direto e prático no que fala. Gosto muito dessa abordagem, sem rodeios ou floreios desnecessários. Ele vai direto ao ponto, e a alguns pontos muito importantes. Como eu disse, queria trocar um dedinho de prosa sobre esses pontos.
Inicia com a . Segundo Hebreus 11:1, “a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos”. Em tendo fé, necessitamos criar certeza. Cria-se certeza ouvindo (e lendo) sobre a Palavra, dando-se ouvidos a ela – o que é mais do que só ouvir, é permitir que ela nos preencha os pensamentos e sentimentos –, depois colocando-a em prática na nossa vida. Tendo conseguido a certeza sobre o que esperamos do nosso relacionamento com Deus, precisamos estar seguros; criar segurança em nós mesmos, pois aquilo que esperamos e ainda não vemos, deve ser sentido como se já estivesse plenamente em nossa vida. Aí, deu-se à luz a fé.
À fé deve ser acrescentada a virtude. Virtude é a disposição firme e constante para a prática do bem; é a força moral; é a qualidade própria para produzir o que se deseja; é a própria causa e razão que valida e legitima os atos. Tudo isso é a virtude. Aproveitando que estamos falando de virtude, há, como um complemento, as chamadas virtudes teologais que são, em si mesmas, a , a esperança e o amor. Então Pedro nos ensina que, junto à fé, deve vir a virtude, com suas características práticas, citadas acima.
À esta virtude, deve ser acrescentado o conhecimento. Já falei sobre o conhecimento – e a falta dele – em um texto anterior. Sobre o conhecimento de Deus, quero salientar apenas as seguintes palavras: “Vocês erram porque não conhecem as Escrituras nem o poder de Deus!” (Mateus 22:29), ditas diretamente por Jesus que, seguramente conhecendo as Escrituras, lembrou-se do que o profeta Oséias já havia dito: “Meu povo foi destruído por falta de conhecimento” (Oséias 4:6). Só esses dois pontos já nos mostram o quanto perdemos por não buscar o verdadeiro e mais sublime conhecimento.
Aliado a esse conhecimento, deve vir o domínio próprio. Domínio próprio, como o nome já diz, significa a capacidade que desenvolvemos e termos autoridade sobre nossos atos, sobre nós mesmos. Termos domínio sobre nossas palavras, como está em Tiago (3:1-12), é vital para todo o nosso corpo e a nossa vida. Nos perguntemos: Temos mesmo domínio sobre nós mesmos? Conseguimos refrear a língua antes de soltarmos aquele palavrão, aquele xingamento? Ou falar mal de alguém ou de alguma coisa? Conseguimos mesmo fazer o que sabemos que deve ser feito? Conseguimos, a despeito das circunstâncias, nos portar como gostaríamos? Será? Sejamos honestos conosco mesmos. Se formos, veremos que ainda temos muito a crescer nesse aspecto. Mas, cresçamos, ora bolas! Façamos um esforço para isso. Ter domínio próprio significa, em instância ainda mais elevada, termos domínio sobre nossos pensamentos e sentimentos. Aprendamos a seguinte regra básica: os pensamentos são formados de palavras e são “criados” pelas nossas palavras, e disto vem os sentimentos. Estes três – palavras, pensamentos e sentimentos – inter relacionam-se e “produzem” quem e o que nós somos. É simples assim, mas, paradoxalmente, também complexo assim. Quando dominarmos a arte de ter domínio próprio sobre nossas palavras, pensamentos e sentimentos, teremos chegado lá. Como fazemos isso? Permitindo que o Espírito Santo ative em nós. Há dúvidas em você de que você tenha em si o Espírito Santo? Não tem problema, apenas o peça: “... o Pai que está nos céus dará o Espírito Santo a quem o pedir!” (Lucas 11:13).
Junto ao domínio próprio, deve vir a perseverança. Perseverar é nos conservarmos firmes e constantes; é continuarmos sendo cristãos no mais amplo significado do termo, é ficarmos firmes apesar de qualquer coisa; é permanecer sem mudar ou variar de intento; é seguir adiante, é perdurar. Acho que isso, por si só, já nos dá uma boa definição de perseverança.
Segue o texto ensinando que aliemos à perseverança a piedade. Piedade é uma palavra, às vezes, mal interpretada ou entendida apenas em parte. Piedade, no sentido cristão, significa termos amor e respeito às coisas divinas. E também significa compaixão pelo próximo.
Junto à piedade deve vir a fraternidade. Fraternidade é criarmos um “parentesco espiritual” onde consideramos a todos como irmãos e irmãs; é o amor ao próximo colocado em prática; é promovermos harmonia e concórdia; é comungarmos as mesmas idéias e crenças, a mesma fé; é vivermos unidos.
E, aliado à fraternidade – e, por “efeito dominó”, a todos as outras características citadas e comentadas anteriormente – vem o amor. O amor é um substantivo que nasceu de um verbo: amar. Amar é ter a praticar o amor; é estarmos predispostos a desejar o bem do próximo; é dedicação absoluta ao nosso semelhante; é inclinar-se, apegar-se profundamente, é devoção extrema. O amor a Deus – nunca nos esqueçamos disso – é manifestado por meio do amor ao próximo. O amor é, em instância mais elevada, tudo o que realmente há; é tudo o que, ao final, restará; é o que há de maior. “Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor (1º Coríntios 13:13).
Segue a Palavra: Porque, se essas qualidades existirem e estiverem crescendo em suas vidas, elas impedirão que vocês, no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo, sejam inoperantes e improdutivos. Todavia, se alguém não as tem, está cego, só vê o que está perto, esquecendo-se da purificação dos seus antigos pecados. Essas qualidades devem existir e crescer. Se assim for, seremos operantes nas coisas divinas e produtivos. Quem não as tem e não oportuniza para que se manifestem em sua vida, diz Pedro, está cego, só vê o que está perto. O Pedro foi radical. Ele não diz que aquele que só vê o que está perto – não podendo ver o que está longe – é míope; ele diz que este alguém é cego. É, ele foi radical, mas, ao mesmo tempo, foi no ponto. Não sejamos cegos! Que possamos ver claramente, à luz de Cristo. Pedro segue falando que podemos nos esquecer da purificação dos nossos antigos pecados. Pecado é falha. Sempre que pecamos, significa que falhamos, de alguma forma, em nosso relacionamento com Deus e com o nosso próximo. E falhas separam. Quando as falhas são purificadas, são abolidas, a falha desaparece e, em desaparecendo a falha, a separação, dá-se novamente a união, a comunhão com Deus e com o nosso próximo.
Lembremos novamente da seqüência dominó:à virtude à conhecimento à domínio próprio à perseverança à piedade à fraternidade à amor. Quando verdadeiramente vivemos isso, expandimos nossa visão, e vemos muito mais longe. Enxergamos o que não é visto e vivemos a comunhão plena.

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
Saudações,
Kurt Hilbert
UM LIVRE DISCÍPULO DE CRISTO

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Palavra para o mês de Maio


Deixa o mundo!  01.05.2012

     Dia de Ascensão – uma festa que nos toca no coração. O Senhor terminou o Seu percurso na terra e foi levado para o céu, tirado do círculo dos Seus apóstolos.

     De repente, assim relata a Escritura Sagrada, foi elevado ao céu diante dos seus olhos. Logo a seguir, foi dada uma explicação vinda do céu: «por que estais olhando para o céu? Esse Jesus ... há-de vir.» (Vide Atos 1). Assim, estava demarcado o caminho para o futuro. E assim também nós queremos proceder: não ficarmos parados nos acontecimentos de outrora, mas antes reconhecermos, aqui, uma indicação que remete para o nosso futuro triunfal.
    
     Para os apóstolos foi uma força, pois o acontecimento deu-lhes coragem para o seu caminho de fé. O texto bíblico é uma indicação para nós: o Senhor voltará. Estamos à espera que isso aconteça.
Certa vez, o filho de Deus explicou, em palavras muito breves, no que consistia a Sua missão: «Saí do Pai, e vim ao mundo; outra vez deixo o mundo, e vou para o Pai.» (João 16,28). Ele saiu do Pai e veio ao mundo. Por isso é que pôde, mais tarde, voltar para o Pai. Mas o que significa o que o Filho de Deus disse aqui: «outra vez deixo o mundo»? Certamente, Ele referia-se à área terrestre; Ele deixou o mundo terrestre e voltou para o Pai. Quero adotar isso como nosso lema: queremos deixar o mundo. No entanto, tenho de diferenciar: não como o Filho de Deus o fez, pois isso não nos é possível. Nós queremos deixar o mundo no sentido de dizermos: queremos deixar a natureza não divina.
     
     O que significa deixar o mundo? Não se trata de aspetos exteriores, se fazemos ou deixamos de fazer isto ou aquilo. O que importa diante de Deus, e o que prevalece, é o que temos no coração. Nesse sentido, temos de deixar a natureza que não é divina para que possamos ter a nossa «ascensão».
     Agora, coloca-se uma questão: o que é a natureza não divina? «Mundo», a natureza não divina é, antes de mais, quando se colocam ídolos ao mesmo nível do Senhor. Mesmo atualmente, continua a ser válido o mandamento: «Eu sou o Senhor, teu Deus ... Não terás outros deuses diante de mim.» (Êxodo 20,2.3). Que deuses, que ídolos são esses? Na nossa vida também existem coisas que querem tomar o primeiro lugar e podem tornar-se o único conteúdo de vida: alguns interesses, algumas tendências, algumas coisas que se tem no coração, que são importantes para nós. Queremos evitar isso, evitar que tenhamos outros deuses, qualquer tipo de ídolo para além do Senhor. Tentemos manter o Senhor sempre em primeiro plano.
   
       Deixemos o mundo mantendo-nos afastados destes ídolos e coloquemos o Senhor no centro da nossa vida. Outra natureza não divina é também a altivez do tempo em que vivemos, que faz as pessoas achar que podem levar uma vida sem Deus. Queremos reconhecer a nossa carência, queremos reconhecer sempre que necessitamos da Sua graça. Queremos sempre estar atentos para que não nos enalteçamos e achemos que somos grandes aos olhos de Deus. Deixaremos o mundo se não dermos qualquer chance a este tipo de altivez. Outra característica parecida do tempo em que vivemos é quando alguém acha que o seu comportamento, a sua conduta, já lhe concede qualquer tipo de direito a reivindicar o reino dos céus. Este pensamento, de achar que só se pode contar consigo próprio, com a sua força e capacidade, de não se confiar no Senhor, é uma característica que pode ser circunscrita com o termo «mundo». Tentemos deixar esta característica e confiar no Senhor.
     
     Estas são as características mundanas: quando temos outros deuses além do Senhor, quando nos entregamos à altivez e achamos que não necessitamos do Senhor, quando confiamos apenas nas nossas próprias forças e prescindimos da confiança no Senhor. Deixemos tudo isso! Faço votos para que o Senhor nos dê a Sua graça para que todos o consigamos.

Autor: Wilhelm Leber
Fonte: http://www.igrejanovaapostolica.org/site/ndice/portugus/palavra_do_ms/palavras_do_ms/view-details-id-43.htm

terça-feira, 8 de maio de 2012

Legalismo Cristão


Mateus 23:13

“Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês fecham o Reino dos céus diante dos homens! Vocês mesmos não entram, nem deixam entrar aqueles que gostariam de fazê-lo”.

Eu me preocupo por demais com o legalismo cristão. Legalismo é o apego exagerado a normas e procedimentos legais. Se você ler o capítulo 23 de Mateus, verá que Jesus teceu inúmeras críticas aos mestres da lei religiosa e aos fariseus (estes eram um ramo influente da comunidade religiosa judaica nos dias de Jesus; eram considerados peritos em religião; obedeciam com muito rigor às leis religiosas, bem como à tradição interpretativa que haviam estabelecido; Paulo, o futuro apóstolo de Cristo, era um jovem e atuante fariseu antes da sua conversão). Importante dizer que Jesus não criticou a todos os mestres da lei e fariseus; criticou aos hipócritas.

Em outro momento, esses mesmos caras haviam, sob a tutela do legalismo, jogado no meio da multidão e diante de Jesus uma mulher flagrada em adultério, passível de apedrejamento, segundo a Lei (João 8:3-11). Queriam testar Jesus, pegá-lo numa sinuca de bico, mas naufragaram em sua intenção, uma vez que Jesus deu-lhes um baile de verdadeira sabedoria e amor divino.

Os legalistas são perigosos. Eles costumam fechar portas, enquanto alegam que apenas querem “salvar” os “perdidos”. Às vezes acho que são eles que se “perderam” nas entrelinhas. Baseando-se na Palavra, consideram-se arautos divinos e – mesmo não querendo – batem a porta na cara de muitos. (Esse não é um assunto agradável, eu sei, mas é necessário. Tampouco eu quero me colocar como dono da razão – não quero ter razão, prefiro buscar a verdade...).

Hipocritamente, dizem que não fazem isso. Ouve-se muitas vezes deles coisas do tipo: “Deus ama o pecador, mas abomina o pecado...”. Eu também concordo com isso, pois é um argumento correto, com base legal, e com base no amor de Cristo também. O problema é que é muito difícil para nós, simples humanos, desassociar o “pecador” do seu alegado “pecado”. Quando dizemos que “amamos” a pessoa, mas “abominamos” determinada conduta ou quando “abominamos” a natureza dessa pessoa, não estamos misturando tudo? Estou só perguntando... (não venho trazer respostas – não tenho essa pretensão; venho fazer perguntas – para que possamos refletir, de forma desarmada, diante delas e encontrar as respostas juntos).

Ok, como seguidores de Cristo, temos a tarefa de instruir nossos semelhantes com base na Palavra, mas, para isso, não podemos afugentá-los. E às vezes é isso que se faz. Afugenta-se o alegado “pecador” primeiro, jogando sobre ele “o que Deus abomina”, ou “o que a Bíblia condena”. Joga-se isso em cima dele, isso o afasta, ele se sente afugentado, ofendido, discriminado e praticamente apedrejado pela abominação e condenação, e depois quer se correr atrás dele dizendo que ele é pecador, sim, mas que é um pecador muito amado... Bela maneira de dar o cartão de visitas do “amor”!

Primeiro, não deveríamos julgar nem chamar ninguém de “pecador”; isso cabe a Deus avaliar. Deveríamos chamar nosso semelhante apenas de irmão ou irmã; é isso que somos! Pecadores, todos somos, isso já está implícito na nossa natureza humana, não é preciso ficar reafirmando isso o tempo todo... Depois, deveríamos nos aproximar de todos com amor, com afeto, sem preconceitos, sem julgamentos de valor sobre a conduta ou a natureza de alguém. Deveríamos nos lembrar sempre que “seremos medidos da mesma forma que medirmos” (Mateus 7:2). Deveríamos criar, em primeiro lugar, um clima de harmonia; depois, uma vez bem próximos uns dos outros, aí, sim, podemos falar e compartilhar nossas crenças e pontos de vista, inclusive e mesmo com base na Palavra. Podemos até mesmo tocar em assuntos polêmicos, pois a brandura com que aquecemos o relacionamento nos permitirá isso.

Mas antes devemos tirar as barreiras que nós mesmos colocamos. Jesus “comia e bebia com pecadores”, e ensinava a seus discípulos a fazer o mesmo. Por certo Jesus não concordava com este ou aquele procedimento ou conduta desses “pecadores”, mas ele não permitia que isso os afugentasse. Antes ele tratava de abrir portas, criar aproximação, com sutileza e habilidade, depois Ele lhes abria o ensinamento. E ele nunca tentava impor sua doutrina a alguém. Nunca. Ele falava, e quem aceitasse, beleza. Quem não, ok, ele deixava nas mãos do Pai... Ou não era assim? E devemos admitir que o modus operandi de Jesus funcionava, não é mesmo?

Então, por que cargas d’água muitos cristãos legalistas hoje em dia se comportam como alguns dos mestres da lei e fariseus da época de Jesus? Why? Por que há tantos de nós que afugentam aqueles a quem supostamente “querem salvar”? Muitos querem jogar uma bóia salva-vidas para alguém, mas erram a mão e jogam uma âncora na cabeça da pessoa.

Quando nos colocamos como donos da razão, legalistas da Palavra, podemos ter uma certeza: a maioria das pessoas se afasta.

Tudo isso é um negócio delicado? É.

Temos que evangelizar, falar, ensinar, admoestar, mostrar o que diz a Palavra? Claro que sim! Devemos ser omissos? Claro que não! Tuttavia, carissimi frateli, piano, piano! Devagar, meus irmãos! Como todo bom batedor de faltas sabe, precisamos bater na bola com cuidado, tirá-la da barreira e do goleiro, só assim pode ser gol. Perto da grande área, com a barreira próxima, não adianta dar uma patada. Com patada na bola, ou a estouramos na barreira, ou a jogamos na arquibancada... Na imensa maioria das vezes, não é questão de força, é questão de jeito...

Lembrei de outra coisa: Cristo se apresentou a nós como um médico para os doentes (Mateus 9:12). Ótima metáfora! O que faz um médico? Examina o paciente, o diagnostica, depois receita o remédio, indicando qual remédio deve tomar e em que dose. Não basta saber apenas qual o remédio; saber a dose é fundamental. A Palavra é um remédio, mas devemos saber dosá-la. Diz um ditado que “a diferença entre o remédio e o veneno é a dose”.

Mas eu vou parando por aqui. Não quero exagerar na dose, esperando estar contribuindo com algum remédio e, no afã das palavras, transformá-lo em veneno.

Apenas gostaria de salientar uma última coisinha na palavra de Jesus citada acima: “Vocês mesmos não entram, nem deixam entrar aqueles que gostariam de fazê-lo”. Vamos tomar cuidado para que o nosso procedimento não nos impeça de entrar para junto de Deus, e que não impeçamos de entrar alguém que queira fazê-lo, apenas por julgarmos que esse alguém não se enquadra nos padrões cristãos formais.

Lembremos: antes de entrar, é preciso abrir a porta. E para que alguém se sinta bem-vindo, já ensina a etiqueta do bom comportamento que devemos abrir a porta com amor e com um sorriso!



Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.

Saudações,

Kurt Hilbert

UM LIVRE DISCÍPULO DE CRISTO

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Jó 22:21-30

Sujeite-se a Deus, fique em paz com ele, e a prosperidade virá a você.
Aceite a instrução que vem da sua boca e ponha no coração as suas palavras.
Se você voltar para o Todo-Poderoso, voltará ao seu lugar.
Se afastar da sua tenda a injustiça, lançar ao pó as suas pepitas, o seu ouro puro de Ofir às rochas dos vales, o Todo-Poderoso será o seu ouro, será para você prata seleta.
É certo que você achará prazer no Todo-Poderoso e erguerá o rosto para Deus.
A ele orará, e ele o ouvirá, e você cumprirá os seus votos.
O que você decidir se fará, e a luz brilhará em seus caminhos.
Quando os homens forem humilhados e você disser: “Levanta-os!”, ele salvará o abatido. Livrará até o que não é inocente, que será livre graças à pureza que há em você, nas suas mãos.


Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
Saudações,
Kurt Hilbert
UM LIVRE DISCÍPULO DE CRISTO