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terça-feira, 8 de maio de 2012

Legalismo Cristão


Mateus 23:13

“Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês fecham o Reino dos céus diante dos homens! Vocês mesmos não entram, nem deixam entrar aqueles que gostariam de fazê-lo”.

Eu me preocupo por demais com o legalismo cristão. Legalismo é o apego exagerado a normas e procedimentos legais. Se você ler o capítulo 23 de Mateus, verá que Jesus teceu inúmeras críticas aos mestres da lei religiosa e aos fariseus (estes eram um ramo influente da comunidade religiosa judaica nos dias de Jesus; eram considerados peritos em religião; obedeciam com muito rigor às leis religiosas, bem como à tradição interpretativa que haviam estabelecido; Paulo, o futuro apóstolo de Cristo, era um jovem e atuante fariseu antes da sua conversão). Importante dizer que Jesus não criticou a todos os mestres da lei e fariseus; criticou aos hipócritas.

Em outro momento, esses mesmos caras haviam, sob a tutela do legalismo, jogado no meio da multidão e diante de Jesus uma mulher flagrada em adultério, passível de apedrejamento, segundo a Lei (João 8:3-11). Queriam testar Jesus, pegá-lo numa sinuca de bico, mas naufragaram em sua intenção, uma vez que Jesus deu-lhes um baile de verdadeira sabedoria e amor divino.

Os legalistas são perigosos. Eles costumam fechar portas, enquanto alegam que apenas querem “salvar” os “perdidos”. Às vezes acho que são eles que se “perderam” nas entrelinhas. Baseando-se na Palavra, consideram-se arautos divinos e – mesmo não querendo – batem a porta na cara de muitos. (Esse não é um assunto agradável, eu sei, mas é necessário. Tampouco eu quero me colocar como dono da razão – não quero ter razão, prefiro buscar a verdade...).

Hipocritamente, dizem que não fazem isso. Ouve-se muitas vezes deles coisas do tipo: “Deus ama o pecador, mas abomina o pecado...”. Eu também concordo com isso, pois é um argumento correto, com base legal, e com base no amor de Cristo também. O problema é que é muito difícil para nós, simples humanos, desassociar o “pecador” do seu alegado “pecado”. Quando dizemos que “amamos” a pessoa, mas “abominamos” determinada conduta ou quando “abominamos” a natureza dessa pessoa, não estamos misturando tudo? Estou só perguntando... (não venho trazer respostas – não tenho essa pretensão; venho fazer perguntas – para que possamos refletir, de forma desarmada, diante delas e encontrar as respostas juntos).

Ok, como seguidores de Cristo, temos a tarefa de instruir nossos semelhantes com base na Palavra, mas, para isso, não podemos afugentá-los. E às vezes é isso que se faz. Afugenta-se o alegado “pecador” primeiro, jogando sobre ele “o que Deus abomina”, ou “o que a Bíblia condena”. Joga-se isso em cima dele, isso o afasta, ele se sente afugentado, ofendido, discriminado e praticamente apedrejado pela abominação e condenação, e depois quer se correr atrás dele dizendo que ele é pecador, sim, mas que é um pecador muito amado... Bela maneira de dar o cartão de visitas do “amor”!

Primeiro, não deveríamos julgar nem chamar ninguém de “pecador”; isso cabe a Deus avaliar. Deveríamos chamar nosso semelhante apenas de irmão ou irmã; é isso que somos! Pecadores, todos somos, isso já está implícito na nossa natureza humana, não é preciso ficar reafirmando isso o tempo todo... Depois, deveríamos nos aproximar de todos com amor, com afeto, sem preconceitos, sem julgamentos de valor sobre a conduta ou a natureza de alguém. Deveríamos nos lembrar sempre que “seremos medidos da mesma forma que medirmos” (Mateus 7:2). Deveríamos criar, em primeiro lugar, um clima de harmonia; depois, uma vez bem próximos uns dos outros, aí, sim, podemos falar e compartilhar nossas crenças e pontos de vista, inclusive e mesmo com base na Palavra. Podemos até mesmo tocar em assuntos polêmicos, pois a brandura com que aquecemos o relacionamento nos permitirá isso.

Mas antes devemos tirar as barreiras que nós mesmos colocamos. Jesus “comia e bebia com pecadores”, e ensinava a seus discípulos a fazer o mesmo. Por certo Jesus não concordava com este ou aquele procedimento ou conduta desses “pecadores”, mas ele não permitia que isso os afugentasse. Antes ele tratava de abrir portas, criar aproximação, com sutileza e habilidade, depois Ele lhes abria o ensinamento. E ele nunca tentava impor sua doutrina a alguém. Nunca. Ele falava, e quem aceitasse, beleza. Quem não, ok, ele deixava nas mãos do Pai... Ou não era assim? E devemos admitir que o modus operandi de Jesus funcionava, não é mesmo?

Então, por que cargas d’água muitos cristãos legalistas hoje em dia se comportam como alguns dos mestres da lei e fariseus da época de Jesus? Why? Por que há tantos de nós que afugentam aqueles a quem supostamente “querem salvar”? Muitos querem jogar uma bóia salva-vidas para alguém, mas erram a mão e jogam uma âncora na cabeça da pessoa.

Quando nos colocamos como donos da razão, legalistas da Palavra, podemos ter uma certeza: a maioria das pessoas se afasta.

Tudo isso é um negócio delicado? É.

Temos que evangelizar, falar, ensinar, admoestar, mostrar o que diz a Palavra? Claro que sim! Devemos ser omissos? Claro que não! Tuttavia, carissimi frateli, piano, piano! Devagar, meus irmãos! Como todo bom batedor de faltas sabe, precisamos bater na bola com cuidado, tirá-la da barreira e do goleiro, só assim pode ser gol. Perto da grande área, com a barreira próxima, não adianta dar uma patada. Com patada na bola, ou a estouramos na barreira, ou a jogamos na arquibancada... Na imensa maioria das vezes, não é questão de força, é questão de jeito...

Lembrei de outra coisa: Cristo se apresentou a nós como um médico para os doentes (Mateus 9:12). Ótima metáfora! O que faz um médico? Examina o paciente, o diagnostica, depois receita o remédio, indicando qual remédio deve tomar e em que dose. Não basta saber apenas qual o remédio; saber a dose é fundamental. A Palavra é um remédio, mas devemos saber dosá-la. Diz um ditado que “a diferença entre o remédio e o veneno é a dose”.

Mas eu vou parando por aqui. Não quero exagerar na dose, esperando estar contribuindo com algum remédio e, no afã das palavras, transformá-lo em veneno.

Apenas gostaria de salientar uma última coisinha na palavra de Jesus citada acima: “Vocês mesmos não entram, nem deixam entrar aqueles que gostariam de fazê-lo”. Vamos tomar cuidado para que o nosso procedimento não nos impeça de entrar para junto de Deus, e que não impeçamos de entrar alguém que queira fazê-lo, apenas por julgarmos que esse alguém não se enquadra nos padrões cristãos formais.

Lembremos: antes de entrar, é preciso abrir a porta. E para que alguém se sinta bem-vindo, já ensina a etiqueta do bom comportamento que devemos abrir a porta com amor e com um sorriso!



Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.

Saudações,

Kurt Hilbert

UM LIVRE DISCÍPULO DE CRISTO

2 comentários:

  1. Parabensssss!!!!!! Exelente e muito bem aplicado a sua predica! Guardarei em meu coracao, para futuros didaticos. Deus o abencoe ricamente! Paz.

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