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domingo, 10 de fevereiro de 2019

Isaías



Isaías é, merecidamente, conhecido como o profeta evangélico, visto que nos proporciona a mais ampla e clara exposição do evangelho de Jesus Cristo registrada no Antigo Testamento. Semelhante, em determinados aspectos, à epístola aos Romanos no Novo Testamento, Isaías serve de compêndio das grandes doutrinas da era pré-cristã, e se ocupa de quase todos os pontos cardiais na escala da teologia. Acentua de modo especial a doutrina de Deus, Sua onipotência, Sua onisciência e Seu amor redentor.
Em confronto com os deuses imaginários dos adoradores pagãos de ídolos, Deus Se revela como o verdadeiro Deus, o Soberano Criador do Universo, que ordena todos os acontecimentos da história de acordo com um plano-mestre que Ele próprio estabeleceu. Mediante a demonstração de Sua autoridade e inspiração de Sua Palavra, cumpre maravilhosamente as predições pronunciadas muito antes pelos profetas. Ele é o mantenedor da lei moral, que traz a juízo todas as nações ímpias dos pagãos, inclusive as mais ricas e poderosas dentre elas, e destina-as ao montão de cinzas da eternidade, ao passo que Seu povo escolhido vive para Lhe glorificar o nome.
É, acima de tudo, o Santo de Israel que Isaías apresenta como o Senhor que o inspirou a profetizar. Em Sua qualidade de Santo, exige, acima das formalidades da adoração mediante sacrifícios, o sacrifício vivo de uma vida piedosa. Para este fim, apresenta as mais vigorosas persuasões dirigidas à consciência de Seu povo, tanto na forma de advertência e apelos proféticos, como nas ameaças de castigo destinadas a levá-los ao arrependimento. Mas, na qualidade do Santo de Israel, apresenta-Se como inalteradamente obrigado para com Seu povo da aliança, e o fiador fiel de Suas misericordiosas promessas de perdoar-lhes, quando se arrependerem, e libertá-los do poder do inimigo. Está preparado para resgatá-los dos assaltos de seus arrogantes opressores gentios, e trazê-los, da escravidão e do exílio, para a Terra Prometida.
Entretanto, na análise final, até mesmo os crentes israelitas, instruídos nos ensinos do Antigo Testamento e usufruindo de incomparáveis privilégios de acesso a Deus, demonstram ser inerentemente pecaminosos e incapazes de salvarem-se a si mesmos do mal. Seu livramento final só pode provir do Salvador, do Messias divino e humano. Este Emanuel, nascido de uma virgem, que é o próprio poderoso Rei, estabelecerá Seu trono como rei de toda a terra, e porá em vigor as exigências da santa lei de Deus, ao estabelecer a paz universal, a bondade e a verdade sobre o mundo todo.
Contudo, este Messias soberano obterá o triunfo somente como Servo de Deus, rejeitado e desprezado por Seu próprio povo, oferecendo Seu corpo sagrado como expiação pelos pecados deles. Mediante o sofrimento e a morte, libertará a alma não somente dos verdadeiros crentes de Israel como nação, mas também de todos os gentios de terras distantes que abrirem o coração para receberem a verdade. Tanto os judeus como os gentios formarão um rebanho de fé e constituirão os súditos felizes de Seu reino milenar, que está destinado a estabelecer o governo de Deus e assegurar a paz de Deus sobre toda a terra.
Isaías, filho de Amós, provinha, ao que parece, de uma rica e respeitável família de Jerusalém, visto que não somente se registra o nome de seu pai, mas ainda desfrutava de estreita relação com a família real e com os mais altos funcionários do governo. Embora, talvez, tenha iniciado seu ministério profético no final do reinado de Uzias, menciona o ano da morte deste rei, provavelmente 740 a.C., como a época em que recebeu a unção e incumbência especial de Deus no templo (cap. 6). Foi-lhe ordenado que pregasse com intrepidez e de modo inflexível uma mensagem de advertência e denúncia contra seu povo, pela impiedade de conduta e pela idolatria, chamando a nação para um sincero arrependimento e reforma. O idólatra rei Acaz odiou-o e criou-lhe obstáculos, mas foi favorecido e respeitado pelo rei Ezequias (716-698 a.C.), o qual, contudo, não levou em conta as advertências do profeta contra a aliança com o Egito. Isaías foi, provavelmente, martirizado pelo rei Manassés, brutal e depravado filho de Ezequias, isso por volta do ano 680 a.C.

Gleason L. Archer Jr.

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