Lucas
18:1
Então Jesus contou aos
seus discípulos uma parábola, para mostrar-lhes que eles deviam orar sempre e nunca desanimar.
A oração é fantástica! Orar
é maravilhoso!
Podemos olhar para a
oração e para o ato de orar sob muitos prismas. Hoje, neste texto, quero trazer
dois prismas, duas formas de entendermos a oração.
Primeiro, como
relacionamento e comunhão com Deus.
Depois, como processo e
mecanismo.
Através da oração nos
comunicamos com Deus. Amo o conceito de que Deus nos fala por Sua Palavra, e
nós Lhe falamos pela nossa oração! Este conceito ensina o diálogo divino/humano
e humano/divino. É como a própria Bíblia, que é uma construção divina/humana e
humana/divina.
Em nos comunicando com Deus
através da oração, criamos este diálogo humano/divino que falei acima, e
criamos também – a quatro mãos – um relacionamento, uma intimidade e uma
comunhão. Como humanos, somos seres relacionais, e Deus ama Se relacionar
conosco. Se assim não fosse, Ele não teria vindo ao nosso encontro humanamente em
e por Jesus de Nazaré, o Seu Cristo! “Eu e o Pai somos um”, Jesus falou em
João 10:30.
Então, pela oração
abrimos conversas com Deus, e Lhe podemos falar tudo – tudo mesmo! Podemos falar
dos nossos agradecimentos, das nossas alegrias, das nossas conquistas, das
nossas certezas em fé, e também podemos falar das nossas carências, das nossas
tristezas, das nossas perdas, das nossas dúvidas... Enfim, de tudo!
E, nestas conversas,
podemos ter a certeza em fé de que Ele nos responde. Primeiramente, nos
responde em Sua Palavra, se temos o hábito da leitura bíblica. E Ele nos
responde também nalguma pregação do Evangelho, nalgum diálogo com um irmão ou
irmã que compartilha a mesma fé, ou mesmo nalguma circunstância qualquer, mas
na qual “sabemos” que há ali uma resposta d’Ele. Para isso, temos que pedir por
sabedoria e discernimento – para “sabermos” quando Quem nos fala é Deus e
quando não é.
Então, primeiramente, a
oração nos traz este relacionamento pessoal com Deus.
Depois, a oração abre
caminho como um processo e um mecanismo que coloca a existência em movimento.
Esta segunda abordagem
merece muito cuidado. Cuidado da minha parte, que em palavras aqui procuro descrevê-la,
consciente das minhas limitações e das limitações das próprias palavras; e
cuidado da sua parte, que aqui lê, para que o faça com boa vontade de
compreensão e me perdoe pelas limitações. Vamos lá...
O ato de orar sempre
será um ato relacional com Deus, mas, concomitantemente, também será uma
declaração da parte de quem ora sobre o que crê e espera.
Pela oração, dizemos a
Deus e à existência que Ele criou/cria/criará sobre o que cremos e como cremos.
Quando dizemos das nossas carências, dizemos que temos consciência delas,
sabemos o que nos falta, e o pedimos a Deus, para que a existência por Ele
criada nos traga as petições. Assim, dizemos que sabemos que Deus traz à
existência o que ainda não existe, conforme Romanos 4:17 – ... e chama
à existência coisas que não existem, como se existissem. Da mesma
forma, quando dizemos não das nossas carências, mas daquilo que sabemos que temos
por fé, agradecemos antecipadamente por tudo – pelo que já temos e pelo que
ainda está por vir, na fé da obtenção. Veja que interessante a declaração do
que é fé: A fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das
coisas que não vemos (Hebreus 11:1). Ora, em a fé sendo a certeza daquilo
que esperamos, então podemos ter certeza sobre o que pedimos em oração,
esperando que o Senhor o traga à existência, ainda que naquele momento não o vejamos.
E, em assim sendo, a fé se torna a própria prova daquilo que ainda não é,
mas que já é em fé e na certeza de que Deus sabe do que necessitamos!
Assim, pela oração, “colocamos
em movimento” a existência! Os pensadores da espiritualidade moderna diriam que
“dizemos ao universo e o universo nos responde” – mas esta é uma colocação pobre
e simplista, reducionista demais! Não é ao universo que dizemos, mas a Deus, e não
é o universo quem nos responde, mas Deus, uma vez que Deus É Tudo o Que É!
Sim, Deus É Tudo o
Que É! Assim Ele o declarou em tempos antiquíssimos: Disse Deus a
Moisés: “Eu Sou o que Sou. É isto
que você dirá aos israelitas: Eu Sou
me enviou a vocês” (Êxodo 3:14). E assim Jesus o declara em oração: “Minha
oração não é apenas por eles. Rogo também por
aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles, para que todos sejam um, Pai, como tu estás em
mim e eu em ti. Que eles também estejam
em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. Dei-lhes a glória que me
deste, para que eles sejam um, assim
como nós somos um: eu neles e tu em mim. Que eles sejam
levados à plena unidade, para que o
mundo saiba que tu me enviaste, e os
amaste como igualmente me amaste” (João 17:20-23). Assim está dito por
Paulo, falando aos atenienses sobre Deus Ser a própria Criação em Si mesmo: “Pois nele vivemos, nos movemos e existimos” (Atos 17:28). E assim também está
dito na doutrina dos apóstolos: Porque ele “tudo sujeitou debaixo de seus pés”.
Ora, quando se diz que “tudo” lhe foi sujeito, fica claro que isso não inclui o
próprio Deus, que tudo submeteu a Cristo.
Quando, porém, tudo lhe estiver sujeito, então o próprio Filho se sujeitará àquele
que todas as coisas lhe sujeitou, a fim de que Deus seja tudo em todos
(1º Coríntios 15:27-28).
Caso preciso seja,
releia as declarações do parágrafo acima, dadas pela Palavra do Senhor, pedindo
a Deus a sabedoria para a compreensão delas como elas são.
Seguindo, portanto,
sabemos agora que a oração traz em si este processo e este mecanismo do pedir em
fé, esperar em fé, e alcançar por fé, segundo a vontade de Deus. Sim, isso é
importante: como a oração é este caminho paralelo de relacionamento/processo,
Deus nos concede o que Ele sabe que seja o melhor. Veja só: Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam (Romanos 8:28), significando dizer que Deus
traz à existência, em reposta à oração, aquilo que nos faz bem! Por isso do
apóstolo João nos dizer tão claramente: Esta é a confiança que temos ao nos aproximarmos de Deus: se pedirmos alguma coisa de acordo com a vontade de Deus, ele nos
ouvirá. E se sabemos que ele nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que temos o que dele pedimos (1º João 5:14-15). E é também por isso que Tiago nos desperta
para a realidade da oração quanto aos seus resultados: Entre vocês há alguém
que está sofrendo? Que ele ore. [...]
A oração feita com fé curará o doente;
o Senhor o levantará. E se houver cometido pecados, ele será perdoado. Portanto, confessem os seus pecados uns aos
outros e orem uns pelos outros para serem
curados. A oração de um justo é poderosa
e eficaz. Elias era humano como nós. Ele orou fervorosamente para que
não chovesse, e não choveu sobre a terra durante três anos e meio. Orou outra
vez, e os céus enviaram chuva, e a terra produziu os seus frutos
(Tiago 5:13-18).
E agora, para finalizar,
quero lembrar da parábola que Jesus contou em Lucas 18:1-8, que foi mencionada
lá no início do texto, como base para o que escrevo:
Então Jesus contou aos
seus discípulos uma parábola, para mostrar-lhes que eles deviam orar sempre e
nunca desanimar. Ele disse: “Em certa cidade havia um juiz que não temia a Deus
nem se importava com os homens. E havia naquela cidade uma viúva que se dirigia
continuamente a ele, suplicando-lhe: ‘Faze-me justiça contra o meu adversário’.
Por algum tempo ele se recusou. Mas finalmente disse a si mesmo: ‘Embora eu não
tema a Deus e nem me importe com os homens, esta viúva está me aborrecendo; vou
fazer-lhe justiça para que ela não venha me importunar’”. E o Senhor continuou:
“Ouçam o que diz o juiz injusto. Acaso Deus não fará justiça aos seus escolhidos,
que clamam a ele dia e noite? Continuará fazendo-os esperar? Eu lhes digo: ele
lhes fará justiça, e depressa. Contudo, quando o Filho do homem vier,
encontrará fé na terra?”
“Encontrará fé na terra?”,
é a pergunta retórica, que deve nos ser um alerta! Temos tido fé para “orar
sempre e nunca desanimar”? Seguindo o exemplo desta mulher que “se
dirigia continuamente a ele”, também nos dirigimos continuamente a Deus em
nossas orações?
Continuidade e perseverança,
sempre e sem desanimar...
Eu preciso entender que
a oração é relacionamento e tem este poder/processo de colocar a existência em
movimento.
E a existência em
movimento nem sempre me trará o que espero/oro, mas, por vezes e conquanto seja
melhor para mim, não trará o orado, mas me fará entender o que devo
entender/aprender.
Eu preciso entender, de
uma vez por todas, que devo orar até ser atendido ou até entender o que deve
ser entendido!
E, em fé e confiança
pacificada, devo saber que será sempre feita a vontade de Deus!
Graças a Deus por assim
ser!
Quero encerrar este
texto, porém, com dois exemplos práticos pelo que orar.
Primeiro, há os casos
pontuais que podem/devem ser objetos da nossa oração: uma situação pessoal, uma
situação com algum familiar, com um amigo, com um conhecido. Uma vez orado e
alcançado o pedido da oração, o tema se encerra em si mesmo. Agradece-se e
ponto. Há o início do processo e sua conclusão.
Você imagina quanto a
existência pode ser movimentada pela oração de uma pessoa, ou de cinco, ou de dez?!
E há, também os casos contínuos,
que podem/devem ser objetos da nossa oração: a pobreza extrema, situações de
guerra e conflitos que tolhem vidas, a fome que mata crianças na África, mortes
nos conflitos do Oriente Médio, doentes em hospitais, pessoas em situação de
rua. Acontecem com pessoas que nem conhecemos e são situações aparentemente sem
solução, pelo menos sem solução dada por nós, humanos. Nestes casos, os pedidos
da oração são alcançados diariamente, mas, assim como milhares podem ser
ajudados hoje, há novos milhares necessitando de nova ajuda amanhã, e depois, e
mês que vem, e ano que vem. Este é um belo exemplo do orai sem cessar,
que a Bíblia nos aconselha.
Você imagina o quanto a
existência pode ser movimentada pela oração de uma pessoa, ou de mil, ou de um
milhão, ou de dez milhões?!
Eu entendo assim: Deus
está sempre disponível a ajudar, e o faz por conta própria, quando quer, onde
quer, como quer e com quem quer. Mas Deus deixou na mão humana uma parte desta ação – pela
oração – como privilégio de contribuir em amor para que mais seja movido em direção
ao próximo. Eu entendo que Deus nos propõe uma ação em parceria, uma ação
conjunta.
Eu o convido: ore, ore
sempre, ore simples, ore grato – e saiba que o milagre já está
acontecendo!
Por ora é isso.
Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem!
Saudações,
Kurt Hilbert